domingo, 17 de março de 2019

POESIA: BALADA DO ESPLANADA - OSWALD DE ANDRADE - COM GABARITO

Poesia: Balada do Esplanada

          
                 Oswald de Andrade

Ontem à noite
Eu procurei
Ver se aprendia
Como é que se fazia
Uma balada
Antes de ir
Pro meu hotel.

É que este
Coração
Já se cansou
De viver só
E quer então
Morar contigo
No Esplanada.

Eu qu'ria
Poder
Encher
Este papel
De versos lindos
É tão distinto
Ser menestrel

No futuro
As gerações
Que passariam
Diriam
É o hotel
Do menestrel

Pra m'inspirar
Abro a janela
Como um jornal
Vou fazer
A balada
Do Esplanada
E ficar sendo
O menestrel
De meu hotel

Mas não há poesia
Num hotel
Mesmo sendo
'Esplanada
Ou Grand-Hotel

Há poesia
Na dor
Na flor
No beija-flor
No elevador

Oswald de Andrade.  ANDRADE, O. Obras completas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972.
Entendendo a poesia:
01 – No poema “Balada do Esplanada”, de que se trata?
      O eu lírico fala que não está venerando o amor e nenhuma mulher, mas sim está esperando um amor qualquer, que está em qualquer lugar.

02 – E no poema “Balada do Esplanada”, como o eu lírico se comporta? Explique e cite passagens justificando sua resposta.
      O eu lírico fracassa no desejo de ser menestrel, na escrita, embora tente fazê-lo na enunciação do poema.

03 – Nos versos: “Pra m'inspirar / Abro a janela / Como um jornal”. Que figura de linguagem há nestes versos?
      Elipse (supressão de um termo que pode ser facilmente subentendido pelo contexto linguístico ou pela situação).

04 – Quais são os dois substantivos no feminino e dois no masculino, que tem uma guinada irônica final no verso?
      Beija – flor; elevador - nós.

05 – Que é esplanada?
      É uma espécie de terreno plano, baldio.

06 – Nos versos: “Há poesia
                             Na dor
                             Na flor
                             No beija-flor
                             No elevador”.
        Por que nestes versos acontecem aliteração?
      Porque todos terminam com ou são repetidos o mesmo som.

07 – Por que o poema é uma imitação de estilo em regime lúdico?
      Porque o poeta imita a arte dos menestréis, produzindo uma balada ao estilo das tradicionais, onde insere palavras que apresentam elipse sonoras, a exemplo da pronúncia portuguesa: “Antes d’ir”; “Eu qu’ria”; “m’inspirar”; “splanada”.


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