sábado, 23 de março de 2019

POESIA: VIOLA CHINESA - CAMILO PESSANHA - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poesia: VIOLA CHINESA
              Camilo Pessanha


Ao longo da viola morosa
Vai adormecendo a parlenda,
Sem que, amadornado, eu atenda
A lengalenga fastidiosa.

Sem que o meu coração se prenda,
Enquanto, nasal, minuciosa,
Ao longo da viola morosa,
Vai adormecendo a parlenda.

Mas que cicatriz melindrosa
Há nele, que essa viola ofenda
E faz que as asitas distenda
Numa agitação dolorosa?

Ao longo da viola, morosa...
              Camilo Pessanha: poesia. Rio de Janeiro: Agir.
Entendendo a poesia:

01 – Considerando as duas primeiras estrofes, percebemos que o poeta explora bastante certos fonemas, produzindo uma musicalidade que se espalha por todos esses versos. Explique esse trabalho de linguagem, apontando a ocorrência desse efeito sonoro.
     Exploração dos fonemas nasais, como nestes versos: “Vai adormecendo a parlenda, / Sem que, amadornado, eu atenda / A lengalenga fastidiosa.” Um leitura em voz alta revela claramente a musicalidade do texto.

02 – Em que estado se encontra o eu lírico enquanto ouve a “viola morosa”?
      Nenhum estado de sonolência.

03 – O poeta simbolista está sempre aberto aos estímulos sensoriais, que lhe despertam sugestões, emoções indefinidas e vagas. Repare que, à medida que a conversa morre, fica no ar apenas o som da viola. Em que versos da terceira estrofe revela o eu lírico a inquietação que o som da viola produz em seu interior?
      Observar que, no último quarteto, o poeta diz: “Mas que cicatriz melindrosa / Há nele, que essa viola ofenda.”, isto é, o som da viola mexe com algo que estava adormecido (a cicatriz), provocando a inquietação no coração do poeta.

04 – O eu lírico define essa inquietação ou apenas a registra? Justifique.
      Ele apenas a registra, não a define nem a explica.

05 – Em resumo: que características tipicamente simbolistas você reconhece nesse texto?
      A musicalidade dos versos, a intenção de sugerir (e não de descrever), o intenso subjetivismo.

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