Poesia: VIOLA
CHINESA
Camilo Pessanha
Ao longo da viola morosa
Vai adormecendo a parlenda,
Sem que, amadornado, eu atenda
A lengalenga fastidiosa.
Sem que o meu coração se prenda,
Enquanto, nasal, minuciosa,
Ao longo da viola morosa,
Vai adormecendo a parlenda.
Mas que cicatriz melindrosa
Há nele, que essa viola ofenda
E faz que as asitas distenda
Numa agitação dolorosa?
Ao longo da viola, morosa...
Camilo Pessanha: poesia. Rio de Janeiro: Agir.
Entendendo a poesia:
01 – Considerando as duas
primeiras estrofes, percebemos que o poeta explora bastante certos fonemas,
produzindo uma musicalidade que se espalha por todos esses versos. Explique
esse trabalho de linguagem, apontando a ocorrência desse efeito sonoro.
Exploração dos
fonemas nasais, como nestes versos: “Vai adormecendo a parlenda, / Sem que,
amadornado, eu atenda / A lengalenga fastidiosa.” Um leitura em voz alta revela
claramente a musicalidade do texto.
02 – Em que estado se
encontra o eu lírico enquanto ouve a “viola morosa”?
Nenhum estado de
sonolência.
03 – O poeta simbolista está
sempre aberto aos estímulos sensoriais, que lhe despertam sugestões, emoções
indefinidas e vagas. Repare que, à medida que a conversa morre, fica no ar
apenas o som da viola. Em que versos da terceira estrofe revela o eu lírico a
inquietação que o som da viola produz em seu interior?
Observar que, no
último quarteto, o poeta diz: “Mas que cicatriz melindrosa / Há nele, que essa
viola ofenda.”, isto é, o som da viola mexe com algo que estava adormecido (a
cicatriz), provocando a inquietação no coração do poeta.
04 – O eu lírico define essa
inquietação ou apenas a registra? Justifique.
Ele apenas a
registra, não a define nem a explica.
05 – Em resumo: que
características tipicamente simbolistas você reconhece nesse texto?
A musicalidade
dos versos, a intenção de sugerir (e não de descrever), o intenso subjetivismo.
amo
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