Poema: Boiadeiro
De manhãzinha, quando eu sigo pela estrada
Minha boiada pra invernada eu vou levar:
São dez cabeças; é muito pouco, é quase nada
Mas não tem outras mais bonitas no lugar.
Vai boiadeiro, que o dia já vem,
Leva o teu gado e vai pensando no teu bem.
De tardezinha, quando eu venho pela estrada,
A fiarada tá todinha a me esperar;
São dez filhinho, é muito pouco, é quase nada,
Mas não tem outros mais bonitos no lugar.
Vai boiadeiro, que a tarde já vem
Leva o teu gado e vai pensando no teu bem.
E quando chego na cancela da morada,
Minha Rosinha vem correndo me abraçar.
É pequenina, é miudinha, é quase nada
Mas não tem outra mais bonita no lugar.
Vai boiadeiro, que a noite já vem,
Guarda o teu gado e vai pra junto do teu bem!
Armando Cavalcante e
Klecius Caldas. Boiadeiro. In: Beth Cançado.
Aquarela brasileira,
vol. I. Brasília: Editora Corte Ltda., 1994. p. 59.
Entendendo o poema:
01 – A toada Boiadeiro,
de Armando Cavalcante e Klecius Caldas, notabilizada pela interpretação de Luiz
Gonzaga em 1950, tem sua letra elaborada em versos de doze e de dez sílabas
métricas. Observe com atenção os seguintes versos na letra da toada:
I. Vai boiadeiro, que o dia já vem,
II. A fiarada tá todinha a me esperar;
III. Vai boiadeiro, que a tarde já vem
IV. É pequenina, é miudinha, é quase nada
Dos versos indicados, os que apresentam
dez sílabas métricas são apenas:
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II e III.
(D) I, II e III.
(E) II, III e IV.
02 – Embora em muitas
versões da letra de Boiadeiro apareça escrita no terceiro verso a palavra
cabeças, no plural, no canto essa palavra deve ser entoada no singular. Isso se
deve à necessidade de:
(A) eliminar o ruído sibilante do s, que é pouco musical.
(B) informar que se trata de poucos bois.
(C) deixar claro que, quando
se trata de “gado”, cabeça só se usa no singular.
(D) manter a sequência do verso com doze
sílabas.
(E) fazer a concordância com pouco e nada.
03 – Um dos melhores
recursos expressivos empregados na letra de Boiadeiro é o processo de repetição
da mesma estrutura sintática com a mudança de apenas um vocábulo, que faz
progredir o sentido, tal como se verifica, por exemplo, entre os versos 5, 11 e
17. Tal recurso é conhecido como:
(A) paralelismo.
(B) metáfora.
(C) comparação.
(D) pleonasmo.
(E) metonímia.
04 – São dez cabeças; é
muito pouco, é quase nada – São dez filhinho, é muito pouco, é quase nada – É
pequenina, é miudinha, é quase nada.
O efeito de anticlímax observável nos
três versos é explicável pela:
(A) divisão de cada um dos
versos indicados em três sequências sintáticas simétricas.
(B) repetição da forma
verbal “é” por três vezes nos versos mencionados.
(C) acentuação regular na
quarta, oitava e décima segunda sílabas nos versos.
(D) atenuação
gradativa do sentido que se verifica do início ao fim de cada um dos versos
apontados.
(E) referência a poucos objetos ou entidades nos três
versos.
05 – Mas não tem outras mais bonitas no lugar.
O emprego da forma verbal tem em vez de
há no verso mencionado se deve:
(A) à necessidade de
substituir um monossílabo tônico por um átono.
(B) à exigência métrica de uma sílaba a mais.
(C) à intenção de reforçar o sentido de “existir” nos
versos.
(D) à obediência ao disposto pela norma-padrão.
(E) ao objetivo
dos compositores de representar a fala regional, popular.
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