sábado, 14 de maio de 2022

POEMA: A RONDA NOTURNA - OLAVO BILAC - COM GABARITO

 Poema: A ronda noturna

          Olavo Bilac


Noite cerrada, tormentosa, escura, 

Lá fora. Dorme em trevas o convento. 

Queda imoto o arvoredo. Não fulgura 

Uma estrela no torvo firmamento. 

 

Dentro é tudo mudez. Flébil murmura, 

De espaço a espaço, entanto, a voz do vento: 

E há um rasgar de sudários pela altura, 

Passo de espectros pelo pavimento... 

 

Mas, de súbito, os gonzos das pesadas 

Portas rangem... Ecoa surdamente 

Leve rumor de vozes abafadas. 

 

E, ao clarão de uma lâmpada tremente, 

Do claustro sob as tácitas arcadas 

Passa a ronda noturna, lentamente... 

 

BILAC, Olavo. In: CANDIDO, Antônio. Presença da literatura brasileira. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1972. v. 2.

Fonte: Livro – Viva Português 2° – Ensino médio – Língua portuguesa – 1ª edição 1ª impressão – São Paulo – 2011. Ed. Ática. p. 180-1.

Entendendo o poema:

01 – Complete a frase: "A ronda noturna" é um poema que ..............

a)   Conta uma história de terror. 

b)    Apenas descreve um ambiente. 

c)   Defende um ponto de vista. 

d)   Expõe um sentimento. 

e)   Apresenta narração e descrição. 

02 – A resposta à questão anterior pode ser justificada por uma das seguintes afirmações sobre o poema. Escreva-a no caderno.

a)    Trata-se apenas da descrição impessoal, distanciada, da atmosfera que envolve um convento. 

b)    Trata-se de uma tentativa de convencer os leitores de que o eu lírico viu fantasmas percorrendo os corredores de um convento. 

c)     Trata-se da expressão emocionada e pessoal de um eu lírico fascinado pela visão noturna de um convento.

d)    Trata-se de um poema narrativo em que predomina a descrição pouco pessoal do entorno e da atmosfera noturna de um convento, seguida de um evento que quebra parte do silêncio que envolve o local. 

03 – Nas duas primeiras estrofes é descrito o clima que circunda o convento. Observe que em cada uma delas predomina um aspecto. 

a)   Na primeira estrofe, o que circunda o convento? Que palavras ou expressões do texto justificam sua resposta?

A escuridão circunda o convento: noite, cerrada, escura, trevas, não fulgura, torvo.

b)   Na segunda estrofe, o que envolve o convento? Que expressões do texto justificam sua resposta? 

O silêncio, quebrado apenas pelos ruídos do vento: mudez, murmura, voz do vento. 

c)   Releia todo o poema e observe que a escolha do vocabulário e sua organização nos versos produzem uma sonoridade coerente com o clima da cena descrita. Considere que determinados sons podem ser associados ao significado das próprias palavras em que eles se repetem. Depois, copie as frases abaixo em seu caderno e completa-as com as informações corretas:  

·        A ocorrência da consoante v nos três últimos versos da primeira estrofe e no segundo e terceiro versos da segunda estrofe 2.

·        A ocorrência da consoante r em praticamente todos os versos do poema 1.

·        A grande ocorrência da vogal u e o predomínio da vogal o em quase todos os versos do poema 3.

(1) Pode sugerir um rumor que permeia todo o poema. 

(2) Pode sugerir o som do vento. 

(3) Podem reforçar a ideia de escuridão e de som murmurado, fechado, que ecoa pouco. 

04 – Releia: 

“De espaço a espaço, entanto, a voz do vento: 

E há um rasgar de sudários pela altura, 

Passo de espectros pelo pavimento..." 

        Esses versos sugerem som (voz do vento, passo) e movimento (rasgar, espaço, passo). Por que, no entanto, numa primeira leitura, eles apenas reforçam a ausência de vida? 

      Porque se trata, a princípio, apenas do som do vento e do movimento vindo de coisas sem vida – o sudário, espectros (fantasmas), etc.      

05 – Há perfeita oposição entre elementos das duas primeiras estrofes e elementos das duas últimas: a escuridão, a imobilidade e o silêncio murmurado que, nas primeiras estrofes, envolvem o convento são quebrados por eventos que ocorrem nas duas últimas. Estabeleça a correspondência:

a)   O que quebra o silêncio?

O ranger das dobradiças da porta e o rumor de vozes abafadas.

b)   O que quebra a escuridão? 

O clarão de uma lâmpada tremente.

c)   O que quebra a imobilidade? 

O movimento da porta e, sobretudo, a passagem da ronda noturna.

06 – Escreva no caderno apenas as afirmações que poderiam completar corretamente a frase abaixo: 

        O poema “A ronda noturna" .......................

a)   Trata do medo da morte, representada pela angústia do eu lírico com a atmosfera sombria e fantasmagórica do convento. 

b)   Pode ser visto como metáfora da presença vigilante da vida, mesmo em situações em que parece haver o predomínio de um cenário de morte. 

c)   Procura surpreender ao mostrar luz e movimento suaves em um cenário de escuridão e imobilidade pesadas. 

d)   Trata da oposição noite e dia. Assim, as duas primeiras estrofes representam o dia e as duas últimas, a noite. 

 

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