Para Carr, internet atua no comércio da distração
Autor de “A Geração Superficial” analisa a influência da tecnologia na mente
Segundo
jornalista americano Nicholas Carr, a internet pode ser capaz de homogeneizar as
fronteiras culturais
ELISANGELA ROXO– DE SÃO PAULO
O jornalista americano Nicholas Carr acredita que a
internet não estimula a inteligência de ninguém.
Ele fez um apanhado teórico sobre a superficialidade que
a web provoca no livro “A Geração Superficial — O que a internet está fazendo
com os nossos cérebros”, lançado agora no Brasil pela Agir.
Na obra, o autor explica
descobertas científicas sobre o funcionamento do cérebro humano e teoriza sobre
a influência da internet sobre nossa forma de pensar.
Graças a este livro, Carr se
tornou referência quando o assunto é oposição aos avanços e às possibilidades criadas
pela internet.
Para ele, a rede torna o raciocínio de quem navega mais
raso, além de fragmentar a atenção de seus usuários.
Mais: Carr afirma que há empresas
obtendo lucro com a recente fragilidade da nossa atenção.
“Quanto mais tempo passamos on-line
e quanto mais rápido passamos de uma informação
para a outra, mais dinheiro empresas de internet, como Google e Facebook,
fazem”, avalia.
“Essas
empresas estão no comércio da distração e são experts em nos manter cada vez
mais famintos por informação fragmentada em partes pequenas. É claro que elas
têm interesse em nos estimular e tirar vantagem da nossa compulsão por
tecnologia.”
A crítica de Carr começou
com o artigo “O Google Está nos Deixando Mais Burros?”, publicado em 2008 na
revista “The Atlantic Review”. A repercussão foi tamanha que a história virou
livro.
Fronteiras
No ano passado, a obra
figurou entre as mais vendidas nos EUA e foi finalista da categoria de não ficção
do Prêmio Pulitzer, o “Oscar literário”. O livro foi traduzido para mais de 20
línguas.
Segundo Carr, a internet, com seu alcance ilimitado, pode
ser uma ameaça às fronteiras culturais.
“Nosso
uso de tecnologia é influenciado por normas sociais e culturais. Mas, a longo
prazo, a tecnologia tende a homogeneizar tudo. Ela já começa a apagar as
diferenças culturais e estimula um uso padrão em todo lugar”,
ressalta Carr.
“Acho que, ultimamente, a internet é usada de forma
igual, com efeitos semelhantes, independentemente do lugar e da cultura.”
Off-line
Para tentar recuperar o
raciocínio perdido, o próprio jornalista resolveu se desconectar um pouco.
Fechou suas contas no
Facebook e no Twitter e mantém apenas a atualização de um blog pessoal.
Carr afirma não ter
interesse em voltar para nenhuma das duas redes sociais. Ele as considera fontes
de “limitação do pensamento”.
Apesar disso, o autor aderiu
recentemente à nova rede social do Google, o Google+, que diz ter achado “muita
chata”.
“Entrei porque escrevo sobre tecnologia e quero entender
esse serviço. Apesar de não ser tão banal quanto o Facebook, espero poder
encerrar logo minha conta.”
A GERAÇÃO SUPERFICIAL
AUTOR Nicholas Carr
EDITORA Agir
TRADUÇÃO Mônica Gagliotti Fortunato Friaça
QUANTO R$ 49,90 (312 páginas)
[...]
ROXO, Elisangela. Para Carr,
internet atua no comércio da distração. Folha de S.Paulo,
São Paulo, 18 fev. 2012. Ilustrada. p. E3.
Fonte: Livro: Língua Portuguesa: linguagem e interação/ Faraco, Moura, Maruxo Jr. – 3.ed. São Paulo:Ática, 2016. p.42-3.
ENTENDENDO O TEXTO
1.De que assunto trata o texto?
O texto apresenta as principais ideias de
Nicholas Carr tratadas em seu livro A geração superficial.
2. Podemos dizer que o texto
se divide em algumas partes, bem marcadas pela diagramação. releia-o, observe
seu formato na foto que traz a matéria na página do jornal e responda:
a) Que partes são essas?
O título, as breves (abaixo do
título, duas linhas-finas), o nome do redator, o corpo do texto, subdividido em
três partes (marcadas por intertítulos), uma parte final, com a ficha técnica
do livro resenhado.
b) A partir do primeiro
parágrafo, iniciado em “o jornalista americano (linhas 1-3)”, o texto apresenta
três subdivisões internas. Qual é o tema predominante em cada uma das três
partes do texto?
Primeira
parte: apresentam-se as ideias que originaram o livro A geração superficial; segunda
parte: informa sobre a trajetória do livro e também traz algumas das ideias
defendidas por seu autor; terceira parte: a necessidade de o autor se
desconectar para recuperar a capacidade de raciocínio.
c) Existe, em sua opinião,
alguma relação de sentido entre esses temas? Explique.
Resposta pessoal. Espera-se
que os alunos percebam que sim: em cada parte apresenta-se um dos aspectos do
livro resenhado e das ideias do autor.
3. A
noção de internet aparece expressa no texto já no título. Com base na ideia de coesão
referencial, localize as palavras que, na primeira parte do texto, parecem
retomar a noção de internet ao longo do texto.
Internet, web,
rede.
“Nosso uso de tecnologia é influenciado por normas
sociais e culturais.
Mas, a longo prazo, a tecnologia tende a homogeneizar
tudo. Ela já começa a apagar as diferenças culturais e estimula um uso padrão
em todo lugar”, ressalta Carr. (linhas 49-53)
Responda:
a) O pronome ela em “ela já começa [...]” é um elemento de coesão referencial. Explique por quê.
O pronome retoma tecnologia, palavra expressa anteriormente.
b) Há um tema apresentado no início do trecho que se repete até o final. Que tema é esse?
O tema tecnologia,
que aparece no início do trecho (“nosso uso da tecnologia”) e é retomado no
segundo enunciado por duas vezes (“ela já começa”... e “estimula um uso...”).
MT bom goste dms
ResponderExcluir