terça-feira, 11 de maio de 2021

REPORTAGEM: PARA CARR, INTERNET ATUA NO COMÉRCIO DA DISTRAÇÃO - NICHOLAS CARR- ELISANGELA ROXO - COM GABARITO

 Para Carr, internet atua no comércio da distração


Autor de “A Geração Superficial” analisa a influência da tecnologia na mente

Segundo jornalista americano Nicholas Carr, a internet pode ser capaz de homogeneizar as fronteiras culturais

ELISANGELA ROXO– DE SÃO PAULO

O jornalista americano Nicholas Carr acredita que a internet não estimula a inteligência de ninguém.

Ele fez um apanhado teórico sobre a superficialidade que a web provoca no livro “A Geração Superficial — O que a internet está fazendo com os nossos cérebros”, lançado agora no Brasil pela Agir.

Na obra, o autor explica descobertas científicas sobre o funcionamento do cérebro humano e teoriza sobre a influência da internet sobre nossa forma de pensar.

Graças a este livro, Carr se tornou referência quando o assunto é oposição aos avanços e às possibilidades criadas pela internet.

Para ele, a rede torna o raciocínio de quem navega mais raso, além de fragmentar a atenção de seus usuários.

Mais: Carr afirma que há empresas obtendo lucro com a recente fragilidade da nossa atenção.

“Quanto mais tempo passamos on-line e quanto mais rápido  passamos de uma informação para a outra, mais dinheiro empresas de internet, como Google e Facebook, fazem”, avalia.

“Essas empresas estão no comércio da distração e são experts em nos manter cada vez mais famintos por informação fragmentada em partes pequenas. É claro que elas têm interesse em nos estimular e tirar vantagem da nossa compulsão por tecnologia.”

A crítica de Carr começou com o artigo “O Google Está nos Deixando Mais Burros?”, publicado em 2008 na revista “The Atlantic Review”. A repercussão foi tamanha que a história virou livro.



Fronteiras

No ano passado, a obra figurou entre as mais vendidas nos EUA e foi finalista da categoria de não ficção do Prêmio Pulitzer, o “Oscar literário”. O livro foi traduzido para mais de 20 línguas.

Segundo Carr, a internet, com seu alcance ilimitado, pode ser uma ameaça às fronteiras culturais.

“Nosso uso de tecnologia é influenciado por normas sociais e culturais. Mas, a longo prazo, a tecnologia tende a homogeneizar tudo. Ela já começa a apagar as diferenças culturais e estimula um uso padrão em todo lugar”, ressalta Carr.

“Acho que, ultimamente, a internet é usada de forma igual, com efeitos semelhantes, independentemente do lugar e da cultura.”

Off-line

Para tentar recuperar o raciocínio perdido, o próprio jornalista resolveu se desconectar um pouco.

Fechou suas contas no Facebook e no Twitter e mantém apenas a atualização de um blog pessoal.

Carr afirma não ter interesse em voltar para nenhuma das duas redes sociais. Ele as considera fontes de “limitação do pensamento”.

Apesar disso, o autor aderiu recentemente à nova rede social do Google, o Google+, que diz ter achado “muita chata”.

“Entrei porque escrevo sobre tecnologia e quero entender esse serviço. Apesar de não ser tão banal quanto o Facebook, espero poder encerrar logo minha conta.”

A GERAÇÃO SUPERFICIAL

AUTOR Nicholas Carr

EDITORA Agir

TRADUÇÃO Mônica Gagliotti Fortunato Friaça

QUANTO R$ 49,90 (312 páginas)

[...]

ROXO, Elisangela. Para Carr,

internet atua no comércio da distração. Folha de S.Paulo,

São Paulo, 18 fev. 2012. Ilustrada. p. E3.

Fonte: Livro: Língua Portuguesa: linguagem e interação/ Faraco, Moura, Maruxo Jr. – 3.ed. São Paulo:Ática, 2016. p.42-3.


ENTENDENDO O TEXTO

1.De que assunto trata o texto?

O texto apresenta as principais ideias de Nicholas Carr tratadas em seu livro A geração superficial.

2. Podemos dizer que o texto se divide em algumas partes, bem marcadas pela diagramação. releia-o, observe seu formato na foto que traz a matéria na página do jornal e responda:

a) Que partes são essas?

 O título, as breves (abaixo do título, duas linhas-finas), o nome do redator, o corpo do texto, subdividido em três partes (marcadas por intertítulos), uma parte final, com a ficha técnica do livro resenhado.

b) A partir do primeiro parágrafo, iniciado em “o jornalista americano (linhas 1-3)”, o texto apresenta três subdivisões internas. Qual é o tema predominante em cada uma das três partes do texto?

Primeira parte: apresentam-se as ideias que originaram o livro A geração superficial; segunda parte: informa sobre a trajetória do livro e também traz algumas das ideias defendidas por seu autor; terceira parte: a necessidade de o autor se desconectar para recuperar a capacidade de raciocínio.

c) Existe, em sua opinião, alguma relação de sentido entre esses temas? Explique.

Resposta pessoal. Espera-se que os alunos percebam que sim: em cada parte apresenta-se um dos aspectos do livro resenhado e das ideias do autor.

3. A noção de internet aparece expressa no texto já no título. Com base na ideia de coesão referencial, localize as palavras que, na primeira parte do texto, parecem retomar a noção de internet ao longo do texto.

Internet, web, rede.

 4. Releia este trecho do texto:

“Nosso uso de tecnologia é influenciado por normas sociais e culturais.

Mas, a longo prazo, a tecnologia tende a homogeneizar tudo. Ela já começa a apagar as diferenças culturais e estimula um uso padrão em todo lugar”, ressalta Carr. (linhas 49-53)

Responda:

a)   O pronome ela em “ela já começa [...]” é um elemento de coesão referencial. Explique por quê.

O pronome retoma tecnologia, palavra expressa anteriormente.

b)   Há um tema apresentado no início do trecho que se repete até  o final. Que tema é esse?

                  O tema tecnologia, que aparece no início do trecho (“nosso uso da tecnologia”) e é retomado no segundo enunciado por duas vezes (“ela já começa”... e “estimula um uso...”).

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