Reportagem: Bloco Ilê Aiyê: 44 anos de "reafricanização" do carnaval brasileiro
Grupo faz da festividade um ato
político ao enfrentar o racismo
Juliana Gonçalves
Brasil de Fato l São Paulo
(SP) - 02 de Fevereiro de 2018 às 18:13
Nascido em 1974 e composto por ritmistas, cantores e dançarinos negros, o Ilê Aiyê é considerado patrimônio cultural da Bahia, sendo o primeiro bloco afro do Brasil. De origem iorubá, Ilê Aiyê pode ser traduzido como "Casa de Negro". E como local de resistência sempre esteve na linha de frente do combate ao racismo estrutural por meio da arte, da cultura e da educação.
Ilê Aiyê nasce no Curuzu, bairro
Liberdade, o de maior população negra do país, com aproximadamente 600 mil
habitantes. Seu surgimento é uma espécie de resposta à histórica
segregação de negros do carnaval baiano.
Em 1975, o bloco toma às ruas liderado
por um grupo de jovens. Entre eles estava Antônio Carlos dos Santos, conhecido
como Vovô do Ilê.
Enquanto no primeiro desfile
participaram menos de cem pessoas, hoje, apenas como associados o Ilê Aiyê
reúne cerca de 3 mil pessoas e segue provocando transformações nas relações
raciais em Salvador. O Ilê já foi premiado diversas vezes como melhor bloco
afro do carnaval baiano, tendo uma discografia de quatro álbuns, o último
lançado em 1998. A Band’ Aiyê conta hoje com mais de 100 músicos.
A musicalidade do bloco segue diálogo
com ritmos oriundos da tradição africana, que ajudam no que o bloco propaga
como "reafricanização" do Carnaval da Bahia.
A Band’Aiyê, que já teve Carlinhos
Brown como mestre de percussão, já deixou sua marca em obras de artistas como
Daniela Mercury, Martinho da Vila, e até a cantora islandesa Björk. A
sonoridade do grupo busca demonstrar que a música baiana vai além do axé
music.
Carlos Antônio, conhecido como Kehindê
Boa Morte, mestre de bateria e percussão, conta que a principal característica
do bloco é o samba-afro. "O mestre Bafo, o primeiro mestre de bateria do
Ilê Aiyê trouxe esse samba afro com baqueta de madeira que fazemos o toque, o
nosso ritmo. A gente usa também muito os toques de matrizes africana, o
ilu, aguere, ijexá...", explica.
2018
Neste ano, o tema do bloco é “Mandela.
A Azânia celebra o centenário de seu Madiba”. Azânia é um outro modo de se
referir a África do Sul, um nome africano sem conotações colonialistas.
A força do ex-presidente Nelson Mandela
também foi tema do concurso de beleza anual realizado pelo Ilê durante a
39ª Noite da Beleza Negra que ocorreu no último dia 20. Este ano, a vencedora
foi a estudante de 19 anos, Jéssica Nascimento que agora assume o posto de
Deusa do Ébano do bloco.
[...]
Jéssica afirma que o Ilê Aiyê
transformou o carnaval em uma manifestação política e ressalta a importância do
bloco. “É uma entidade que leva o discurso político e social para as pessoas,
de representatividade, de luta contra a discriminação e preconceito contra
aqueles que não veem a mulher negra como símbolo de beleza”, finaliza.
[...]
GONÇALVES, Juliana.
Bloco Ilê Aiyê: 44 anos de “reafricanização” do carnaval brasileiro. Brasil de
Fato. São Paulo, 2 fev. 2018. Disponível em: https://bit.ly/2D6jPlm.
Acesso em: 27 set. 2018.
Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 6º
ano – Ensino Fundamental – IBEP 5ª edição- 2018. p. 241-245.
Entendendo a reportagem:
01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:
·
Aguere: toques de atabaque.
·
Ijexá: ritmo musical, tocado para expressar a
religiosidade de matriz africana.
·
Ilu: tipo de atabaque feito com couro cru.
·
Iorubá: língua falada pelo povo negro do grupo sudanês da
África Oriental, trazido em grandes contingentes para o Brasil, a fim de ser
escravizado.
·
Segregação: separação ou
distanciamento de elementos considerados diferentes ou divergentes, em virtude
de fatores biológicos e sociais, como etnia, riqueza, religião, nacionalidade,
profissão, entre outros.
02 – Que fato originou a reportagem?
A comemoração de 44 anos do bloco de carnaval Ilê
Aiyê de Salvador.
03 – Releia o título da reportagem:
Bloco Ilê Aiyê: 44 anos de
"reafricanização" do carnaval brasileiro
Responda:
a) Em sua opinião, o que chama mais atenção no título da reportagem?
Resposta pessoal do aluno.
b) O prefixo re- pode ter o sentido de reforço, repetição ou recua. Pensando nisso e nas informações da reportagem, qual seria o significado da expressão “reafricanização do carnaval”?
Reforçar a ideia de que o carnaval é uma festa afro-brasileira
também.
c) De acordo com o texto, de que língua o nome “Ilê Aiyê” se originou e qual é seu significado?
O nome do bloco tem origem na língua Iorubá e o
significado é “Casa de Negro”.
04 – Releia o subtítulo (linha fina) da reportagem:
Grupo faz da festividade um ato político
ao enfrentar o racismo
a) Que fato é enfatizado nesse subtítulo?
O carnaval como ato político do grupo Ilê Aiyê contra o racimo.
b) Qual é a relação de sentido entre esse subtítulo e o título da reportagem?
O subtítulo explica a ideia de reafricanização do carnaval,
apresentada no título.
05 – O lide da reportagem
que você acabou de ler encontra-se no primeiro parágrafo. Releia-o e responda:
a) Qual é o acontecimento relatado?
44 anos do surgimento do primeiro bloco afro do carnaval do Brasil:
grupo Ilê Aiyê.
b) Quando e onde surgiu o bloco?
O bloco Ilê Aiyê surgiu em Salvador no ano de 1974.
c) Como é composto o bloco?
Esse bloco é composto por ritmistas, cantores e dançarinos negros.
d) Por que / Para que o bloco se formou?
Ele se formou para ser uma linha de frente no combate ao racismo
estrutural, por meio da arte, da cultura e da educação.
06 – O primeiro carnaval de
que o bloco Ilê Aiyê participou foi em 1975, com um grupo de jovens, entre eles
Antônio Carlos dos Santos, conhecido atualmente como Vovô do Ilê, contando com
menos de 100 pessoas. Responda:
a) Explique o contexto social e histórico do surgimento do bloco Ilê Aiyê na Bahia.
Ilê Aiyê nasce no Curuzu, bairro Liberdade, o de maior população
negra do país, com aproximadamente 600 mil habitantes. Seu surgimento é uma
espécie de resposta à histórica segregação de negros do carnaval baiano.
b) Quantos associados o bloco afro reúne atualmente?
O bloco conta com cerca de 3 mil pessoas.
c) Quantos músicos a Band’Aiyê, banda do bloco afro, possui atualmente?
A Band’Aiyê conta com mais de 100 músicos.
d) Quais premiações o bloco conquistou e quantos álbuns foram gravados?
O Ilê Aiyê já foi premiado diversas vezes como melhor bloco afro do
carnaval baiano, tendo uma discografia de quatro álbuns, o último lançado em
1998.
07 – O bloco Ilê Aiyê
apresenta uma manifestação artística voltada para os valores da cultura de
origem africana, especialmente no carnaval. Essas referências culturais se
manifestam nas músicas que eles produzem. Pesquise e responda:
a) Como ocorre a “reafricanização” na musicalidade do Ilê Aiyê?
Resposta pessoal do aluno.
b) No trabalho de quais artistas o bloco deixou sua marca?
Resposta pessoal do aluno.
c) Como o mestre de bateria e percussão do bloco Ilê Aiyê caracteriza o estilo musical que eles produzem? Explique.
Resposta pessoal do aluno.
08 – Releia o trecho da
reportagem a seguir:
Neste
ano (2018), o tema do bloco é “Mandela. A Azânia celebra o centenário de seu
Madiba”. Azânia é um outro modo de se referir a África do Sul, um nome africano
sem conotações colonialistas.
a) Pesquise, na internet ou na biblioteca da escola, quem foi Nelson Mandela e qual é sua importância na luta contra o racismo.
Nelson Mandela (1918-2013) foi presidente da África do Sul no período
de 1994 a 1999. Ele foi líder do movimento contra o “Apartheid”, legislação que
segregava a população negra daquele país. O que ocasionou a sua prisão em 1964.
Após grande pressão internacional, Mandela foi liberado em 1990. Ele recebeu o
prêmio Nobel da Paz em 1993 pela sua luta contra o racismo.
b) Escolha e copie, entre as alternativas abaixo, a que melhor explica o sentido da expressão “Conotações colonialistas” nesse trecho da reportagem. Se necessário, consulte um dicionário.
· A expressão se refere ao interesse ou paixão pelas colônias.
· A expressão faz referência a uma característica da língua falada na África do Sul.
·
A expressão evoca submissão de uma
comunidade, um território, um país ou uma nação a outra que o/a domina.
c) Por que a escolha do nome “África do Sul” teria conotações colonialistas de acordo com o bloco?
Porque o nome “África do Sul” está associado a um país da África que
foi por muito tempo colônia da Inglaterra e também ao “Apartheid” – sistema
legalizado que discriminava racialmente os negros e garantia o domínio da
minoria branca na região.
09 – Observe atentamente as
fotos e as legendas que as acompanham na reportagem.
a) Descreva o que você vê nas duas fotos.
Na primeira foto, há músicos negros com instrumentos de percussão à
frente de um microfone. De acordo com a legenda, o bloco se apresentou na
“Noite da Beleza Negra”. Na segunda foto, há a estudante Jéssica Nascimento, a
escolhida para ser a “Deusa do Ébano, rainha do Ilê Aiyê”.
b) O que as roupas, cabelo e adereços das pessoas nas fotos revelam sobre a “reafricanização” do carnaval que o bloco Ilê Aiyê propaga?
Os cabelos, as roupas com suas estampas, os adereços (bijuterias e
turbantes) remetem às culturas dos povos africanos. Dessa forma, enfatizam e
valorizam os valores da origem africana na cultura brasileira e na luta contra
o racismo.
10 – Releia o depoimento de
Jéssica Nascimento que ganhou o posto de “Deusa do Ébano do Ilê Aiyê” em um
concurso de beleza negra promovido pelo bloco afro.
Jéssica
afirma que o Ilê Aiyê transformou o carnaval em uma manifestação política e
ressalta a importância do bloco. “É uma entidade que leva o discurso político e
social para as pessoas, de representatividade, de luta contra a discriminação e
preconceito contra aqueles que não veem a mulher negra como símbolo de beleza”,
finaliza. Responda:
a) Em sua opinião, falta representatividade da mulher negra nas diferentes mídias?
Resposta pessoal do aluno.
b) Como você acha que pode se revelar o preconceito e a discriminação contra a mulher negra?
Resposta pessoal do aluno.
c) O que você acha sobre a promoção de eventos, como esse, para exaltar a beleza da mulher negra?
Resposta pessoal do aluno.
11 – O jornal Brasil de Fato
apresentou um forte destaque ao papel político contra o racismo nas
manifestações artístico-culturais do bloco Ilê Aiyê. Responda:
a) O que essa abordagem política do jornal pode revelar sobre o nível de parcialidade na apresentação das informações?
Pode revelar um nível alto de parcialidade, pois demonstra que as
bandeiras políticas do Ilê Aiyê também são identificadas pelo jornal.
b) Em sua opinião, qual é a visão assumida pelo jornal para tratar sobre a questão racial no Brasil?
Resposta pessoal do aluno.
Muito bom
ResponderExcluirMuito obrigado
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