FÁBULA: BURRICE
Monteiro Lobato
Caminhavam dois burros, um com carga de açúcar, outro com
carga de esponjas.
Dizia o primeiro:
— Caminhemos com cuidado, porque a estrada é perigosa.
O outro redarguiu*:
— Onde está o perigo? Basta andarmos pelo rastro dos que
hoje passaram por aqui.
— Nem sempre é assim. Onde passa um, pode não passar
outro.
— Que burrice! Eu sei viver, gabo-me disso, e minha
ciência toda se resume em só imitar o que os outros fazem.
— Nem sempre é assim, nem sempre é assim… continuou a
filosofar o primeiro.
Nisto alcançaram o rio, cuja ponte caíra na véspera.
— E agora?
— Agora é passar a vau*.
O burro do açúcar meteu-se na correnteza e, como a carga
se ia dissolvendo ao contato da água, conseguiu sem dificuldade pôr pé na
margem oposta.
O burro da esponja, fiel às suas ideias, pensou consigo:
— Se ele passou, passarei também — e lançou-se ao rio.
(Mas sua carga, em vez de esvair-se como a do primeiro,
cresceu de peso a tal ponto que o pobre tolo foi ao fundo.)
— Bem dizia eu! Não basta querer imitar, é preciso poder
imitar — comentou o outro.
MONTEIRO, Lobato. Burrice. Em ______. Fábulas. São Paulo:
Universo dos Livros, 2019.
Fonte:
Livro - APROVA BRASIL - Língua Portuguesa, 7º ano, 3ª ed. São Paulo: Moderna,
2019, p.42-3.
Glossário
* redarguiu: respondeu
argumentando.
* vau: parte
rasa do rio.
1. A fábula “Burrice” tem como tema principal
( A ) os perigos encontrados na estrada pela qual os
burros precisavam passar.
( B ) a teimosia de um dos burros, que
acreditava poder sempre imitar os outros.
( C ) o fato de o açúcar se dissolver quando entra em
contato com a água.
( D ) o fato de as esponjas aumentarem de peso quando
estão cheias de água.
2. No trecho “Nem sempre é assim. Onde passa um, pode não passar outro.”, o termo destacado
indica
( A ) lugar.
( B ) tempo.
( C ) modo.
( D ) causa.
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