Reportagem: Hiperconectividade pode afetar convívio social na adolescência
Adolescentes lideram o ranking no uso de celulares e internet, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
Diário do Nordeste – 16:00 –
08/08/2018
De acordo com dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os adolescentes lideram
o ranking no uso de celulares e internet. Porém, a hiperconectividade em uma
idade tão precoce, em que o cérebro ainda está em desenvolvimento, pode ser mais
perigoso do que se imagina. Segundo a neuropsicóloga Thaís Quaranta,
especialista em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), um dos aspectos mais
prejudicados relacionados ao uso excessivo do celular na adolescência é o
desenvolvimento das habilidades sociais e afetivas.
“A tecnologia tem seus benefícios.
Entretanto, o uso excessivo, em uma idade em que o indivíduo ainda está em
formação, pode acarretar em problemas na interação social, aumentar a solidão,
o risco de desenvolver depressão, além de outras condições, como a dependência
da internet, reconhecida com um Transtorno do Controle de Impulsos”.
Um
mundo paralelo
“O que vemos no dia a dia são
adolescentes que trocam encontros pessoais e deixam de sair para usar as redes
sociais. Acabam até mesmo se isolando do próprio convívio familiar para viver
numa espécie de mundo “paralelo”. O mundo real se confunde com o mundo virtual.
Procuram lidar com os sentimentos, típicos dessa fase da vida, com os amigos
‘virtuais’ ou ainda com recursos que encontram na internet, que, infelizmente,
nem sempre são confiáveis ou os mais indicados”, comenta a neuropsicóloga.
A verdade é que o uso sem moderação da
tecnologia só reforça ainda mais o isolamento social, além de interferir no
desenvolvimento das habilidades sociais, que são cruciais para a vida adulta.
Thaís lembra que é justamente na
adolescência que o convívio social se amplia. “Os adolescentes que trocam a
vida real pela virtual têm sua capacidade de socialização comprometida e isso
irá se refletir, por exemplo, na vida profissional e nos relacionamentos
afetivos quando chegarem na vida adulta”.
Riscos
Uma pessoa que na adolescência teve
oportunidades de construir relacionamentos sociais reais e usou a tecnologia
dentro dos limites, certamente irá levar essas habilidades para a fase adulta.
“Por outro lado, o uso excessivo da
tecnologia por adolescentes pode levar ao desenvolvimento de características
como comportamento antissocial, agressividade, distúrbios do sono, ansiedade,
depressão, problemas de aprendizagem e dependência da internet”, ressalta a
psicóloga.
Thaís lembra ainda que o uso desmedido
da tecnologia e sem controle dos pais, pode incentivar o bullying e o acesso a
conteúdos inapropriados para menores de idade.
Porto
Seguro
A família é e sempre deve ser o porto
seguro para o adolescente. Ao contrário do que se possa pensar, é justamente
nessa fase da vida que os pais devem prestar mais atenção aos comportamentos
dos filhos e impor limites e regras.
“Muitos pais trabalham fora de casa e
não conseguem acompanhar o que o filho adolescente faz durante o dia.
Entretanto, é preciso encontrar maneiras de estabelecer limites para tudo, não
só para o uso das tecnologias. Os pais também precisam dar o exemplo, ou seja,
não adianta exigir que o adolescente não use o celular o tempo todo se os pais
não largam o aparelho nem para comer”, reflete Thaís.
Veja algumas dicas da neuropsicóloga para os
pais:
Idade:
A maioria das redes sociais exige que a pessoa tenha mais de 18 anos para
entrar. Porém, se seu (sua) filho (a) tem um perfil e é menor de idade,
lembre-se que você é responsável. Assim, tenha acesso ao login e senha e
monitore o acontece por lá.
Tempo:
Estabeleça um tempo por dia para usar o celular, jogar videogame, etc.
Lembre-se de não abrir exceções. Se for o caso, retire o dispositivo do
adolescente se as regras não forem respeitadas.
Controle:
Procure pelo histórico de acessos aos sites que tipo de conteúdo o adolescente
acessa. Hoje, há alguns aplicativos que ajudam a bloquear certos conteúdos.
Além disso, é bom entender que tipo de informação é procurada.
A melhor estratégia é você manter com o
adolescente uma relação de confiança, respeito e autoridade. Converse, entenda
as dificuldades do momento, procure ajudar como puder.
Incentivo:
Procure incentivar os encontros pessoais com os amigos, com familiares, etc.
Planeje programas que possibilitem conhecer pessoas novas para que o adolescente
possa treinar sua socialização fora do ambiente virtual.
Fale
com a escola: Não espere as reuniões para saber se está tudo bem na escola.
Ligue, mande e-mail, procure os coordenadores para verificar o andamento
escolar, o comportamento, as amizades. Inclusive, várias escolas usam
aplicativos que facilitam essa comunicação.
Ajuda
especializada: Como dizem por aí, os pais não nascem com manual de como
serem pais. Então, se você percebeu que a situação está fora do controle,
procure um psicólogo. O profissional está qualificado para orientar os pais,
assim como para trabalhar as dificuldades junto ao adolescente.
“A tecnologia existe e pode ser usada
de forma positiva. Proibir não é o caminho. É preciso ensinar o adolescente a
usar de forma consciente e responsável, com limites e regras bem delimitados”,
conclui Thaís.
HIPERCONECTIVIDADE
pode afetar convívio social na adolescência. Diário do Nordeste, Fortaleza, 8
ago. 2018. Disponível em: https://bit.ly/2Fgth7z.
Acesso em: 29 set. 2018.
Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 8º
ano – Ensino Fundamental – IBEP 5ª edição – São Paulo, 2018, p. 49-52.
Entendendo a reportagem:
01 – Leia o título do texto. O termo hiperconectividade está associado a
que tipo de comportamento?
O termo está associado ao uso constante da
internet, quando a pessoa passa a maior parte do dia ou mesmo o dia todo
conectado.
02 – Nesse título, o termo está relacionado à adolescência. A
hiperconectividade nessa fase da vida é positiva ou negativa?
Resposta pessoal do aluno.
03 – Qual é o assunto principal dessa reportagem?
O uso exagerado de celulares e internet pelos
adolescentes e os prejuízos desse comportamento ao desenvolvimento das habilidades
sociais e afetivas.
04 – De acordo com o texto, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) apontam a liderança dos adolescentes no ranking de uso de
celulares e internet. A realidade apontada pela pesquisa lhe surpreende? Explique
sua resposta.
Resposta pessoal do aluno.
05 – De acordo com a neuropsicóloga Thaís Quaranta, de que modo a
tecnologia pode levar ao desenvolvimento de comportamento antissocial,
agressividade, distúrbios do sono, ansiedade, depressão, etc.?
Quando usada de forma excessiva.
06 – No texto há uma afirmação de que há adolescentes que confundem o
mundo real com o mundo virtual vivendo numa espécie de mundo “paralelo”. Como
isso acontece?
Os adolescentes se isolam do convívio familiar e
buscam amigos virtuais ou recursos que encontram na internet para lidar com
seus sentimentos.
07 – Releia o trecho a seguir:
“Uma
pessoa que na adolescência teve oportunidades de construir relacionamentos sociais reais e usou a tecnologia dentro dos
limites, certamente irá levar essas habilidades para a fase adulta.”. Você
se vê capaz de exercitar ou já exercita as habilidades destacadas nesse trecho?
Resposta pessoal
do aluno.
08 – Ainda que no texto a
neuropsicóloga aponte algumas dicas para os pais, o que está em foco nessa
orientação é seu comportamento diante do uso da tecnologia. Observe a dica
relacionada ao tempo de uso do celular, jogos, entre outros:
“Tempo:
Estabeleça um tempo por dia para usar o celular, jogar videogame, etc.
Lembre-se de não abrir exceções. Se for o caso, retire o dispositivo do
adolescente se as regras não forem respeitadas.”. Em sua opinião, esse limite é
necessário? Justifique.
Resposta pessoal
do aluno.
09 – Leia as informações do
quadro a seguir sobre o gênero textual reportagem:
A
reportagem é um gênero textual do campo jornalístico e mediático que traz
informações sobre fatos de interesse público, podendo incluir depoimentos,
dados estatísticos, análises de dados e pesquisa, opiniões e interpretações do
autor, entrevistas, relação de causa e consequência, entre outros, com vista a
aprofundar as informações que compõem o texto.
O que difere uma reportagem de uma
notícia é o fato de que, na reportagem, o texto não visa necessariamente
abordar um assunto pontual, algo que esteja acontecendo no momento em que está
sendo noticiado, podendo ser lida vários anos depois e mesmo assim continuar
interessante.
Considerando que a
reportagem lida foi escrita em 2018 e que a pesquisa do IBGE a que faz
referência foi realizada em 2016, responda:
a) O tema abordado no texto lido é de interesse público? Explique.
Sim. O tema é de interesse público porque aborda um assunto que
envolve os adolescentes e pais de maneira geral. É uma espécie de alerta contra
o uso sem moderação da tecnologia.
b) Mesmo decorrido esse tempo, o assunto desenvolvido na reportagem continua a despertar interesse?
Resposta pessoal do aluno.
c) Em sua opinião, a informação de que os adolescentes lideram o ranking no uso de celulares e internet ainda prevalece? Houve alterações no perfil do jovem brasileiro desde então? Pesquise se, nesse intervalo, alguma outra pesquisa com a mesma abrangência sobre esse perfil chegou a ser publicada. Se sim, compare com os colegas e o professor os dados apresentados na reportagem lida com os dados divulgados nessa investigação mais recente.
Resposta pessoal do aluno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário