domingo, 10 de agosto de 2025

POEMA: ÍTACA - KAVÁFIS - COM GABARITO

 Poema: Ítaca

             Kaváfis

Se partires um dia rumo a Ítaca

Faz votos de que o caminho seja longo

Repleto de aventuras, repleto de saber.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfEp36NkD48SUgHCksy0ZGVysBfGyaG87vrtSHPEXp6TILVtANBtMdJS6jtomqddkcCH46Fh7MYvXsNXChSMJz9hJaSY1cJdYlHJ9a9YXiIiE0RbkUiXJyD4qCkmahnFp09y9tyomuDnOYDISDdazWxzrcAS_A-gq9p5ewFJWWwaxetUY5BQPvsk0So-o/s1600/images.jpg

Nem Lestrigões nem os Ciclopes

Nem o colérico Posseidon te intimidem;

Eles no teu caminho jamais encontrarás

Se altivo for o teu pensamento, se sutil

Emoção teu corpo e teu espírito toca.

Nem Lestrigões nem os Ciclopes

Nem o bravio Posseidon hás de ver,

Se tu mesmo não os levares dentro da alma

Se tua alma não os puser diante de ti.

 

Faz votos de que o caminho seja longo.

Numerosas serão as manhãs de verão

Nas quais, com que prazer, com que alegria,

tu hás de encontrar pela primeira vez um porto

para correr as lojas dos Fenícios

e belas mercadorias adquirir:

madrepérolas, corais, âmbares, ébanos

e perfumes sensuais de toda espécie

quanto houver de aromas deleitosos.

A muitas cidades do Egito peregrina

Para aprender, para aprender dos doutos.

 

Tem todo o tempo Ítaca na mente.

Estás predestinado a ali chegar

Mas não apresses a viagem nunca.

Melhor muitos anos levares de jornada

E findares na ilha velho enfim.

Rico de quanto ganhaste no caminho.

Sem esperar riquezas que Ítaca te desse.

Uma bela viagem deu-te Ítaca.

Sem ela não te ponhas a caminho.

Mais do que isso não lhe cumpre dar-te

Ítaca não te iludiu, se achas pobre.

Tu te tornaste sábio, um homem de experiência

E agora sabes o que significam Ítacas.

Kaváfis é um poeta grego contemporâneo. Esta poesia foi retirada de uma antologia de seus poemas publicados pela Editora Nova Fronteira.

Fonte: Programa de Formação de Professores Alfabetizadores. Coletânea de textos – Módulo 1. p. 167.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o desejo central que o eu lírico faz para quem parte rumo a Ítaca?

      O desejo central é que o caminho seja longo, "repleto de aventuras, repleto de saber", enfatizando a importância da jornada em si e das experiências acumuladas.

02 – Como o poema sugere que se evitem os perigos mitológicos (Lestrigões, Ciclopes, Posseidon)?

      O poema afirma que esses perigos não intimidarão nem serão encontrados se o pensamento for altivo e a emoção sutil. Mais crucialmente, eles não serão vistos se a própria pessoa não os levar dentro da alma ou se sua alma não os puser diante de si, indicando que os verdadeiros obstáculos são internos.

03 – Que tipo de experiências o eu lírico recomenda buscar durante a jornada?

      O eu lírico recomenda buscar intercâmbios comerciais ("correr as lojas dos Fenícios e belas mercadorias adquirir") e aprendizado ("A muitas cidades do Egito peregrina / Para aprender, para aprender dos doutos"), valorizando tanto a riqueza material quanto a intelectual.

04 – Qual a importância de "ter todo o tempo Ítaca na mente" sem apressar a viagem?

      Ter Ítaca na mente serve como um objetivo constante, mas o poema insiste em não apressar a viagem para que se possa acumular experiências e sabedoria ao longo dos anos. A lentidão permite que o viajante chegue à ilha "rico de quanto ganhaste no caminho".

05 – O que Ítaca realmente oferece ao viajante, segundo o poema?

      Ítaca não oferece riquezas materiais em si, mas sim a oportunidade de uma "bela viagem". O valor de Ítaca está em ser o motivo ou o destino que impulsiona a jornada, proporcionando o aprendizado e a experiência que transformam o viajante em alguém sábio.

06 – Qual o significado da frase "Ítaca não te iludiu, se achas pobre"?

      Essa frase sugere que a expectativa de riquezas materiais em Ítaca seria uma ilusão do próprio viajante. Ítaca cumpre seu papel ao oferecer a jornada; se o destino final parecer "pobre", a culpa não é da ilha, mas talvez da expectativa equivocada do indivíduo sobre o que a vida ou o destino devem entregar.

07 – Que transformação o viajante sofre ao final da jornada, e o que ele finalmente compreende sobre "Ítacas"?

      Ao final da jornada, o viajante se torna "sábio, um homem de experiência". Ele compreende que o verdadeiro valor de "Ítacas" (ou de qualquer objetivo na vida) não reside na chegada ou em bens materiais, mas nas lições, no crescimento e nas vivências.

POEMA: O ARTISTA INCONFESSÁVEL - JOÃO CABRAL NETO - COM GABARITO

 Poema: O Artista Inconfessável

              João Cabral Neto

Fazer o que seja é inútil.
Não fazer nada é inútil.
Mas entre fazer e não fazer
mais vale o inútil do fazer.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAVMq8dcn5HVsNrGYHkFWEUUrX-O3oTxcUQeAtRcYUZvIeWhwKQ2ytijbTzb8aMJW0Tm9GhMJVL3noe7Myz9Y15FmbBJ6jA0LMGvqFt0qsjDNoitcKuSrVzsVS_yu9RKUDiNH3qEs3w9_sVTn-bmthYByhUYLdoYxKJVvDPn7rqwgCeMfr8qciPJPRPkM/s1600/thumb_9788560281190.jpg


Mas não, fazer para esquecer
que é inútil: nunca o esquecer.
Mas fazer o inútil sabendo
que ele é inútil e que seu sentido
não será sequer pressentido,
fazer: porque ele é mais difícil
do que não fazer, e dificil-
mente se poderá dizer
com mais desdém, ou então dizer
mais direto ao leitor Ninguém
que o feito o foi para ninguém.

João Cabral de Melo Neto. Fonte: Programa de Formação de Professores Alfabetizadores. Coletânea de textos – Módulo 1. p. 153.

Entendendo o poema:

01 – Qual é a principal contradição expressa pelo eu lírico no início do poema?

      A principal contradição é a afirmação de que "Fazer o que seja é inútil" e "Não fazer nada é inútil". Essa dualidade inicial estabelece o dilema existencial do poema.

02 – Por que o eu lírico sugere que "mais vale o inútil do fazer"?

      O eu lírico sugere que "mais vale o inútil do fazer" não para esquecer a inutilidade, mas porque o ato de fazer, mesmo que inútil, é mais difícil do que a inação. Há um valor intrínseco no esforço e na dificuldade.

03 – Qual é a condição para o "fazer" que o poema propõe como mais significativo?

      A condição para o "fazer" mais significativo é fazer o inútil sabendo que ele é inútil e que seu sentido "não será sequer pressentido". É um fazer consciente da falta de propósito externo.

04 – A quem o poema se dirige com a frase "dizer mais direto ao leitor Ninguém"? Qual o efeito dessa escolha?

      O poema se dirige a um leitor “Ninguém", o que enfatiza a ideia de que a obra é feita sem expectativa de reconhecimento ou compreensão por parte de um público. Essa escolha reforça o tema da inutilidade e do desdém em relação à recepção da arte.

05 – Qual a conclusão final do poema sobre o propósito da criação para o "Artista Inconfessável"?

      A conclusão é que a criação, para o "Artista Inconfessável", não visa utilidade, reconhecimento ou esquecimento da inutilidade. Ela é realizada pela própria dificuldade do ato e como uma forma de expressar desdém ou de comunicar diretamente ao leitor “Ninguém" que o que foi feito é, em última instância, para ninguém.

 

 

 

POEMA: POEMA EM LINHA RETA - ÁLVARO DE CAMPOS (HETERÔNIMO DE FERNANDO PESSOA) - COM GABARITO

 Poema: Poema em linha reta

              Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa)

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.

Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGA7gWIiPTGsHa98fJ44GxCHCZXOWxv4qkB2-XR5LT55lha3YasDrfENDk5VYhR0sS_z9q8tP8lsc-5de9GsVeGYeJZf9S5r7pKKPqMgfwz16MSeY1EqJ71wudUjTpvE0hvHqcAlBMXFIlYn_-IktOpZpJmE9pKjXKHJGnom0YO_ccPoIjokjryDI2Mq8/s320/hq720.jpg


E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,

Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,

Indesculpavelmente sujo,

Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,

Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,

Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,

Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,

Que tenho sofrido enxovalhos e calado,

Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;

Eu, que tenho sido cômico às criadas do hotel,

Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,

Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedindo emprestado sem pagar,

Eu que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado

Para fora da possibilidade do soco;

Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,

Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda gente que eu conheço e que fala comigo

Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,

Nunca foi senão príncipe — todos eles príncipes — na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana

Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;

Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia

Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.

Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?

Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!

Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,

Podem ter sido traídos — mas ridículos nunca

E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,

Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?

Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,

Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Extraído de Poemas escolhidos, seleção e organização de Frederico Barbosa. Edit. Klick / Editora Klick, 2000, p.134 a 135.

Fonte: Programa de Formação de Professores Alfabetizadores. Coletânea de textos – Módulo 1. p. 248-249.

Entendendo o poema:

01 – Qual é a principal dicotomia explorada no poema?

      A principal dicotomia explorada no poema é a oposição entre a percepção idealizada que o eu lírico tem das outras pessoas (como "campeões", "príncipes", "semideuses" que nunca cometeram erros ou ridículos) e a autoimagem crua e desidealizada que ele possui de si mesmo, cheia de falhas, imperfeições e momentos vergonhosos ("reles", "porco", "vil", "parasita", "ridículo", "grotesco").

02 – Que tipo de linguagem o eu lírico utiliza para descrever a si mesmo? Dê exemplos.

      O eu lírico utiliza uma linguagem autodepreciativa e explícita para descrever a si mesmo, recorrendo a termos que contrastam fortemente com a imagem de perfeição que atribui aos outros. Exemplos incluem: "reles", "porco", "vil", "irrespondivelmente parasita", "indesculpavelmente sujo", "ridículo", "absurdo", "grotesco", "mesquinho", "submisso e arrogante", "cômico às criadas do hotel", "feito vergonhas financeiras", "agachado para fora da possibilidade do soco", e "vil, literalmente vil".

03 – Qual é o desejo do eu lírico em relação às outras pessoas?

      O eu lírico expressa um profundo desejo de encontrar autenticidade e humanidade nas outras pessoas. Ele anseia por ouvir uma "voz humana" que confesse "não um pecado, mas uma infâmia", que conte "não uma violência, mas uma cobardia". Em outras palavras, ele quer que as pessoas admitam suas falhas, fraquezas e momentos de vileza, que demonstrem ser tão imperfeitas e reais quanto ele se sente.

04 – Como o poema aborda a hipocrisia social?

      O poema aborda a hipocrisia social ao retratar a fachada de perfeição que as pessoas parecem apresentar na sociedade. O eu lírico percebe que todos ao seu redor se mostram como ideais, como se nunca tivessem tido um "ato ridículo" ou "sofrido enxovalho". Essa constatação o leva a sentir-se isolado em sua própria imperfeição, como se fosse o único "vil e errôneo nesta terra", evidenciando a pressão social para esconder as vulnerabilidades.

05 – Qual é o sentimento predominante do eu lírico ao longo do poema?

      O sentimento predominante do eu lírico ao longo do poema é de solidão e um profundo cansaço em relação à idealização e à falta de honestidade alheia. Ele se sente isolado em suas imperfeições, expressando um misto de angústia ("a angústia das pequenas coisas ridículas"), frustração ("Arre, estou farto de semideuses!") e um anseio por conexão genuína ("Quem me dera ouvir de alguém a voz humana").

06 – O que significa a expressão "Poema em linha reta" no contexto da obra de Fernando Pessoa/Álvaro de Campos?

      A expressão "Poema em linha reta" no contexto da obra de Fernando Pessoa/Álvaro de Campos sugere uma escrita direta, sem rodeios ou adornos, que expressa a verdade nua e crua do eu lírico. Em contraste com a complexidade e as múltiplas facetas de outros heterônimos, Álvaro de Campos, neste poema, apresenta uma confissão despojada de artifícios, uma linha direta de pensamento e sentimento que expõe suas imperfeições sem dissimulação.

07 – Qual é a principal crítica que o eu lírico faz à sociedade ou às pessoas ao seu redor?

      A principal crítica que o eu lírico faz à sociedade ou às pessoas ao seu redor é a ausência de autenticidade e a constante exibição de uma perfeição irreal. Ele lamenta a falta de coragem para admitir as falhas humanas, as "infâmias" e "cobardias", em vez de apenas "pecados" ou "violências". Essa crítica ressalta a superficialidade das relações humanas e a dificuldade de encontrar uma conexão genuína quando todos se esforçam para manter uma imagem impecável.

 

POESIA: CANTO DA ESTRADA ABERTA - WALT WHITMAN - COM GABARITO

 Poesia: Canto da estrada aberta

              Walt Whitman

A pé e de coração leve

Eu enveredo pela estrada aberta,

Saudável, livre, o mundo à minha frente,

A minha frente o longo atalho pardo

Levando-me aonde eu queira.

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzmfPNOjZJp6B05OORyfCjcXze9x2xue6OVWwyymKNh8oKLC54KRzPIOdUo0k4Q9NODNI_Kr2WES1GXR5fsV4qHG-M_xT_On2fYEeBF5zzFg7KSxgZ7ckoKYJzIhqOZcRETl5h6Q5XKCp_whaqANFf-f8FApNx27DkM41bHzutZFdQ-i9ysL7jUQXd5GA/s320/hq720.jpg

Daqui em diante não peço mais boa sorte,

Boa sorte sou eu.

Daqui em diante não lamento mais,

Não transfiro, não careço de nada;

Nada de queixas atrás das portas,

De bibliotecas, de tristonhas críticas;

Forte e contente vou eu

Pela estrada aberta.

Folhas das folhas de relva. São Paulo, Brasiliense, 193.

Fonte: Letra e Vida. Programa de Formação de Professores Alfabetizadores – Coletânea de textos – Módulo 3 – CENP – São Paulo – 2005. p. 253.

Entendendo a poesia:

01 – Como o eu lírico descreve seu estado de espírito ao iniciar sua jornada pela estrada aberta?

      O eu lírico se descreve "a pé e de coração leve", sentindo-se "saudável, livre" e com "o mundo à sua frente".

02 – O que o eu lírico afirma ser a "boa sorte" para ele, a partir de agora?

      Ele declara que, dali em diante, a própria "boa sorte" é ele mesmo, indicando uma autoconfiança e autonomia.

03 – De que elementos o eu lírico decide não precisar mais em sua jornada?

      O eu lírico decide não precisar mais de lamentos, de transferir responsabilidades ou culpas, e de queixas, bibliotecas ou críticas tristonhas.

04 – Qual a atitude geral do eu lírico em relação ao futuro e à sua caminhada?

      Ele demonstra uma atitude de força e contentamento, seguindo pela estrada aberta com determinação e otimismo.

05 – Qual a importância da "estrada aberta" para o eu lírico, simbolicamente?

      A "estrada aberta" simboliza a liberdade, a autonomia e a jornada da vida, onde ele pode ir aonde quiser, sem depender de fatores externos ou de restrições.

 

POESIA: FINÁ DE ATO - AUTOR DESCONHECIDO - COM GABARITO

 Poesia: Finá de ato

Adispôs de tanto amor
De tanto cheiro cheiroso
De tanto beijo gostoso, nós briguemos
Foi uma briga fatá; eu disse: cabou-se!
Ele disse; cabou-se!
E nós dois fiquemos mudo, sem vontade de falá.
Xinguemos, sim, nós se xinguemos

Como se pode axingá:

_ Ô, mandinga de sapo seco!
_ Ô, baba de cururu!
_ Tu fica no Norte
Que eu vô pru sul
Não quero te ver nem pintado de carvão
Lá no fundo do quintá
E se eu contigo sonhar
Acordo e rezo o Creio em Deus Pai
Pru modi não me assombrá.
É... o Brasil é muito grande
Bem pode nos separar!

Eu engoli um salucio
Ele, engoliu bem uns quatro.
Larguemo o pé pelo mato
Passou-se tantos tempo
Que nem é bom recordar...

Onti, nós se encontremus
Nenhum tentou disfarçá
Eu parti pra riba dele
Cum fogo aceso nu oiá
Que se num fosse um cabra de osso
Tava aqui dois pedaço.

Foi tanto cheiro cheiroso...
Foi tanto beijo gostoso...
Antonce nós si alembremos
O Brasil... é tão pequeno
Nem pode nos separa!

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNxUEsbTbmvvwpZ1dj0MTpal8JHWKIOC0fD0TzWqBxciXcd6DT18G4OAmxVLjOYX00maSVsftICz_yt0fPZXoe7MTRrkoopt0GeGYylx3V2gjMS-ClTL-DzH5QlRn9bRBNqq6v0sfvnRzzY3Oq0z6irimcx3OBXZ08IoR8UVDS6jHskVVV_y2QbwK4d3E/s320/40813367-uma-casal-sentar-juntos-esboco-desenho-vetor.jpg

Texto original de autor desconhecido. Adaptação de Gertrudes da Silva Jimenez Vargas.

Fonte: Programa de Formação de Professores Alfabetizadores. Coletânea de textos – Módulo 1. p. 75.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema central do poema?

      O tema central do poema é a reconciliação de um casal após uma briga intensa, explorando a complexidade das emoções envolvidas, desde o ódio momentâneo até a redescoberta do amor.

02 – Como o poema retrata a briga inicial do casal?

      A briga inicial é retratada como fatal ("Foi uma briga fatá") e marcada por xingamentos fortes ("mandinga de sapo seco", "baba de cururu") e uma decisão mútuo de separação, indicando um rompimento abrupto e doloroso.

03 – Que expressões populares e regionalismos são utilizados para dar autenticidade à linguagem do poema?

      O poema utiliza diversas expressões populares e regionalismos, como "cabou-se", "axingá", "mandinga de sapo seco", "baba de cururu", "vô pru sul", "nem pintado de carvão", "pru modi não me assombrá", "salucio", "larguemo o pé pelo mato", "onti", "se encontremus", "parti pra riba dele", "cum fogo aceso nu oiá", "cabra de osso", "Antonce nós si alembremos". Essas expressões conferem um tom coloquial e autêntico à narrativa.

04 – Qual o significado da frase "O Brasil é muito grande / Bem pode nos separar!" no início do poema e como ela se contrapõe à frase final?

      No início, a frase "O Brasil é muito grande / Bem pode nos separar!" expressa a desesperança e a intenção de um distanciamento definitivo após a briga, usando a vastidão territorial como metáfora para a impossibilidade de reencontro. No final, a contraposição com "O Brasil... é tão pequeno / Nem pode nos separa!" demonstra a superação da distância e a força do amor, que faz com que qualquer barreira, mesmo um país continental, pareça insignificante diante do desejo de estarem juntos.

05 – Que elementos sensoriais são destacados no poema para evocar a lembrança do afeto?

      O poema destaca principalmente os elementos sensoriais do olfato ("tanto cheiro cheiroso") e do paladar/toque ("tanto beijo gostoso"), que são repetidos no início e no final para ressaltar a memória dos momentos de carinho e a intensidade do reencontro.

06 – Como o reencontro do casal é descrito no poema?

      O reencontro é descrito como intenso e sem disfarces, com uma explosão de emoções ("Eu parti pra riba dele / Cum fogo aceso nu oiá"). Inicialmente, há uma agressividade latente, que rapidamente se transforma na redescoberta do afeto perdido, culminando na lembrança dos "cheiros" e "beijos" que os uniram.

07 – Qual a principal mensagem que o poema transmite sobre o amor e as relações humanas?

      A principal mensagem do poema é que o amor verdadeiro pode superar até as brigas mais intensas e as distâncias mais longas. Ele sugere que, apesar dos conflitos e das tentativas de separação, a força dos sentimentos genuínos e das memórias afetivas pode prevalecer, levando à reconciliação e à redescoberta da conexão.

 

POESIA: TEMPO DE ESCOLA ´GRACE MOTTA - COM GABARITO

 Poesia: Tempo de escola

             Grace Motta

Eu vou lhe contar agora

Um pouquinho do passado

Do meu tempo de escola

De aluno educado.

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgp77NAIWNBO6_qQ_UJAly2TEGv1vFAsxJ_4qdny_asz7u11H6L4_jsgDTDvcSmXznjx4hXP_aSY4mXfysN1YA4jdGvzejyXQngFRGkvj33rI9dAu4bRcZJWrnBbxC2bJkcXCFxwSVq5BvePiug2wshWXJnVuYGczjkHsmBNiVRomboZ2GExHfkuh1RHYE/s1600/mais-tempo-escola.jpg

Logo cedo eu chegava

Com farda original

Alegre e sempre em fila

Cantava o Hino Nacional.

 

A minha escola era grande

Com um enorme jardim em frente

Na hora do recreio

Juntava era muita gente.

 

Tinha uma cartilha azul

Colorida e engraçada

Com as letras muito grandes

Que eu lia salteadas.

 

Pro Maria era calma

Meiga como uma flor

Quando a gente errava

Ela dizia "faz de novo, meu amor".

 

Mas... lá tinha uma diretora

Com uma grande palmatória

Quando a gente aprontava

Então... era outra história.

 

Ao lembrar da minha escola

Revivo muitas lembranças

Dos colegas, dos professores

Do meu tempo lindo de criança.

Professora Grace Motta Salvador – BA.

Fonte: Programa de Formação de Professores Alfabetizadores. Coletânea de textos – Módulo 1. p. 20.

Entendendo a poesia:

01 – Sobre o que o eu lírico vai contar na poesia "Tempo de escola"?

      O eu lírico vai contar um pouco sobre seu passado, especificamente sobre o seu tempo de escola como aluno educado.

02 – Como o eu lírico descreve sua chegada à escola e o que faziam logo cedo?

      Ele descreve que chegava logo cedo, com farda original, e que, alegre e sempre em fila, cantava o Hino Nacional.

03 – Como era o ambiente físico da escola do eu lírico, especialmente na hora do recreio?

      A escola era grande, com um enorme jardim em frente, e na hora do recreio juntava muita gente.

04 – Qual era a característica marcante da cartilha usada pelo eu lírico?

      A cartilha era azul, colorida e engraçada, com as letras muito grandes que ele lia salteadas.

05 – Quais as duas figuras de autoridade na escola mencionadas e como elas se diferenciavam no tratamento aos alunos?

      As duas figuras de autoridade mencionadas são a Professora Maria e a diretora. A Professora Maria era calma e meiga como uma flor, e quando os alunos erravam, ela dizia "faz de novo, meu amor". Já a diretora tinha uma grande palmatória e, quando os alunos "aprontavam", "era outra história", indicando um tratamento mais rígido.

 

REPORTAGEM: A COMPOSIÇÃO ESTÁ EM CRISE? FRAGMENTO - CLARISSA MACAU - COM GABARITO

 Reportagem: A composição está em crise? – Fragmento

        Artistas discutem sinais de esgotamento criativo na música popular brasileira e especulam caminhos para sua renovação

        Clarissa Macau – 01 de Junho de 2014

        [...]

        O axé, o funk, o tecnobrega e o pagode são mais rítmicos, oriundos das periferias das cidades brasileiras. Sobre eles, o cantor Tom Zé observou, no documentário Palavra encantada: “Antigamente, a canção era consumida pelo auditivo e cognitivo, hoje é consumida por partes do corpo. Como aparece uma canção que não toca na alma, mas na carne?”.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxu65CT7Qh7wZRiaTHkUfv00KOkUH1eZfqQON1spFOVagZxYiYlWrFzsByT_N9M5NjD053M-5lW720F3SYlB8PXgXomAB_RBqYYKt3mn6HBruOrXOryJzKbZng5jbbvmZO-wPc8PCNRrUAjGRrElZ90kkTlFA42hwzIeJSC_WKftkwk-lCSn7sG_TyqKg/s320/1f79eb92bfa45931ba7111c99cc306dc.jpeg


        O pianista Taubkin se preocupa com a “invasão” dessas músicas como carro-chefe do gosto popular. “As pessoas estão perdendo o ouvido, quase não reconhecem quando alguém está desafinado. Tem baterista que toca sem ritmo, guitarrista com acorde errado e vocalista desafinado, e a máquina de gravação conserta tudo!

        Se não fosse importante consertar esses detalhes, não precisava acertar o ritmo, nem acertar a afinação. Estão aniquilando a ideia de criação e radicalizando o conceito de produto. Um tecnobrega está há milhões de quilômetros longe da qualidade de um samba de Cartola.”

        Mas, seja qual for a origem de uma canção, sempre há a chance do nascimento de uma obra de arte. É o que defende Luiz Tatit. “De repente, ainda é possível o surgimento de uma canção admirável no campo da produção em série, ao povão. Caso de músicas como Dia de domingo, de Michael Sullivan e Paulo Massadas, interpretada por Tim Maia e Gal Costa, e “É o amor”, dos sertanejos Zezé de Camargo e Luciano. Lembremos: quase todo o repertório de Lupicínio Rodrigues, compositor de uma música chamada “de piranha”, considerado cafona nos anos 1950, hoje é cult.

        [...]

MACAU, Clarissa. A composição está em crise? Revista Continente Online, 6 jun. 2014. Disponível em: http://www.revistacontinente.com.br/index.php/component/content/article/479-sonoras/8931-a-composicao-esta-em-crise.html. Acesso em: 3 mar. 2015.

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 7º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 75-76.

Entendendo a reportagem:

01 – Qual a principal questão abordada na reportagem em relação à música popular brasileira?

      A reportagem discute os sinais de esgotamento criativo na música popular brasileira e especula sobre os caminhos para sua renovação.

02 – Qual a observação de Tom Zé sobre gêneros como axé, funk, tecnobrega e pagode, e o que isso implica sobre a forma de consumo da música?

      Tom Zé observa que "Antigamente, a canção era consumida pelo auditivo e cognitivo, hoje é consumida por partes do corpo." Isso implica que esses gêneros "não tocam na alma, mas na carne", focando mais no ritmo e na fisicalidade.

03 – Qual a preocupação do pianista Taubkin em relação à "invasão" de certas músicas no gosto popular?

      A preocupação de Taubkin é que as pessoas estão "perdendo o ouvido", quase não reconhecem desafinação, e que a tecnologia de gravação corrige erros de ritmo, acorde e afinação. Ele argumenta que isso está aniquilando a ideia de criação e radicalizando o conceito de produto, em detrimento da qualidade.

04 – Apesar das críticas, o que Luiz Tatit defende sobre a possibilidade de surgimento de obras de arte na produção musical popular?

      Luiz Tatit defende que, seja qual for a origem da canção, sempre há a chance do nascimento de uma obra de arte. Ele acredita que ainda é possível o surgimento de uma canção admirável mesmo na produção em série para o "povão".

05 – Quais exemplos de músicas ou artistas Luiz Tatit cita para ilustrar sua defesa de que a qualidade pode surgir na música popular massificada?

      Luiz Tatit cita "Dia de domingo", de Michael Sullivan e Paulo Massadas, interpretada por Tim Maia e Gal Costa, e "É o amor", dos sertanejos Zezé de Camargo e Luciano. Ele também menciona Lupicínio Rodrigues, que teve sua obra considerada "cafona" no passado e hoje é "cult".

REPORTAGEM: POR QUE FAZEMOS AMIGOS? FRAGMENTO - CAMILLA COSTA E BRUNO GARTTONI - COM GABARITO

 Reportagem: Por que fazemos amigos? – Fragmento

        Pura, sincera, desinteressada. A amizade humana não nasceu assim. Mas um improviso do cérebro revolucionou tudo – e fez a humanidade ser o que é hoje

Por Camilla Costa e Bruno Garattoni

        [...]

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzihNKcP6rshQQ7FELRx9fZJxlwTX2KrilbeateeGXSKBqtmv27YZsOmlJ5ITCqSlzKjAEVigl8rmtPCV1zwDxAL_vbt5pQ4vlr-1woMZ7bYeOtdlA3hnCDukFyACBKhChqY5Km_E1N2zpUtEgJZ5KDNL9kwxw2aKhKbOQDcLmob64p2wCAMI0VrCPrqU/s320/1571984182890.png

        Bem menos que 1 milhão

        Ter amigos só traz benefícios. Quanto mais, melhor. Mas há um limite. Um estudo feito na Universidade de Oxford comparou o tamanho do cérebro humano, mais precisamente do neocórtex (área responsável pelo pensamento consciente), com o de outros primatas. Ele cruzou essas informações com dados sobre a organização social de cada uma das espécies ao longo do tempo. E chegou a uma conclusão revelador 150 é o máximo de amigos que uma pessoa consegue ter ao mesmo tempo.

        Para que você mantenha uma amizade com alguém, precisa memorizar informações sobre aquela pessoa (desde o nome até detalhes da personalidade dela), que serão acionadas quando vocês interagirem. Por algum motivo, o cérebro não comporta dados sobre mais de 150 pessoas. Os relacionamentos que extrapolam esse número são inevitavelmente mais casuais. Não são amizade. Outros pesquisadores foram além e constataram que, dentro desse grupo de 150, há uma série de círculos concêntricos de amizades 5, 15, 50 e 150 pessoas, cada um com características diferentes.

        O curioso é que esses círculos já haviam sido mencionados por filósofos como Confúcio, Platão e Aristóteles – e também estão presentes em várias formas de organização humana. Na Antiguidade clássica, já era considerado o número máximo de amigos íntimos que alguém poderia ter. Tirando o futebol, 12 a 15 pessoas é a quantidade de jogadores na maioria dos esportes coletivos. Cinquenta é o número médio de pessoas nos acampamentos de caça em comunidades primitivas (como os aborígenes da Austrália, por exemplo). Cento e cinquenta é o tamanho médio dos grupos do período neolítico, dos clãs da sociedade pré-industrial, das menores cidades inglesas no século 11 e, até hoje, de comunidades camponesas tradicionais como os amish que dividem uma comunidade em duas quando ela ultrapassa as 150 pessoas. Os 150 podem, inclusive, ser a chave do sucesso profissional. Como no caso da Gore-Tex, uma empresa têxtil americana que se divide e abre uma nova sucursal cada vez que seu número de funcionários passa de 150 pessoas. A vantagem disso é que todos os empregados se conhecem, têm relações amistosas e cooperam melhor. “As coisas ficavam confusas quando havia mais de 150 pessoas”, explicou o fundador da empresa, William Gore, numa entrevista concedida alguns anos antes de morrer, em 1986.

[...].

COSTA, Camila; GARATTONI, Bruno. Por que fazemos amigos? Superinteressante. São Paulo, p. 48-49, fev. 2011. (Fragmento adaptado).

Fonte: Língua Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e Shirley Goulart – 7º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 321-322.

Entendendo a reportagem:

01 – Qual é a ideia central da reportagem sobre a origem da amizade humana?

      A reportagem sugere que a amizade humana, hoje vista como pura e desinteressada, nem sempre foi assim. Ela evoluiu de um "improviso do cérebro" que revolucionou a humanidade.

02 – Qual é a relação entre o tamanho do cérebro humano e o número de amigos que uma pessoa pode ter?

      Um estudo da Universidade de Oxford comparou o neocórtex (área responsável pelo pensamento consciente) de humanos e outros primatas, concluindo que 150 é o número máximo de amigos que uma pessoa consegue ter ao mesmo tempo.

03 – Por que existe um limite para o número de amizades que o cérebro consegue manter?

      Para manter uma amizade, o cérebro precisa memorizar informações sobre a pessoa (desde o nome até detalhes da personalidade). Por algum motivo, o cérebro não comporta dados sobre mais de 150 pessoas, tornando relacionamentos que extrapolam esse número mais casuais.

04 – Além do limite de 150 amigos, o que outros pesquisadores descobriram sobre a organização das amizades?

      Outros pesquisadores foram além e constataram que, dentro do grupo de 150, existem círculos concêntricos de amizades: 5, 15, 50 e 150 pessoas, cada um com características diferentes.

05 – Como os filósofos antigos e as comunidades primitivas se relacionam com os números de amizade identificados no estudo?

      É curioso que esses círculos de amizade já haviam sido mencionados por filósofos como Confúcio, Platão e Aristóteles. Além disso, eles também estão presentes em várias formas de organização humana, como o número médio de pessoas em acampamentos de caça de comunidades primitivas (50 pessoas) e o tamanho médio dos grupos do período neolítico (150 pessoas).

06 – Cite exemplos históricos e modernos que reforçam a teoria dos limites de amizade ou de grupo.

      Exemplos incluem o número de jogadores na maioria dos esportes coletivos (12 a 15 pessoas), o tamanho médio de clãs na sociedade pré-industrial (150 pessoas), e o modo como comunidades camponesas tradicionais como os amish se dividem ao ultrapassar 150 pessoas.

07 – Como a empresa Gore-Tex utilizou o conceito do número de Dunbar para seu sucesso profissional?

      A Gore-Tex, uma empresa têxtil americana, adotou o princípio de se dividir e abrir uma nova sucursal cada vez que seu número de funcionários ultrapassa 150 pessoas. Isso garante que todos os empregados se conheçam, mantenham relações amistosas e cooperem melhor, evitando a "confusão" que William Gore, o fundador, percebeu em grupos maiores.

 

 

TEXTO: A HISTÓRIA DOS LIVROS - PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES ALFABETIZADORES - COM GABARITO

 Texto: A história dos livros

        Quando pensamos em um livro, geralmente imaginamos um conjunto de folhas impressas em papel. Nossa ideia de livro está associada a um tipo de material, o papel, e à técnica de impressão. Assim, não nos referimos a livro quando lemos um texto escrito no computador nem quando o texto é escrito à mão.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6o127PYZ-Dm-_X6Swu34i-mkPRCYV9dZKICkVlRAX02Fa93jmO1MXD1z8JfO_8eFPFn0j7AStfY3U-NkuTYWoFkTWCMnACI4AsSCG7Naye-c9u7sZL3gQgjd5hu75XGVFa3zYwO7Jo2QBpX3z3WYcWcvlZXyvAH-esIt7F4CbPS-FkIlbutEC-er8t0Q/s320/historia-do-livro-o-que-foi-origem-escrita-e-primeiras-obras.jpg

        No entanto, a palavra "livro", que vem da forma latina liber, designava a camada externa da casca das árvores, o que nos dá uma pista de como se escrevia antigamente. Os livros nem sempre tiveram o formato atual. Foi durante a Idade Média que passaram a ter um aspecto parecido ao de hoje. Antigamente, como os livros eram escritos à mão, eles não eram muito difundidos, porque havia poucos exemplares. A partir da invenção da imprensa, no século XV, foi possível imprimir livros em grande quantidade, tornando-os acessíveis a um maior número de pessoas.

        No ano de 1436, na Alemanha, um joalheiro chamado Johannes von Gutenberg inventou a imprensa. Graças a essa invenção, puderam ser feitas muitas cópias de um mesmo livro, não sendo mais necessário copiá-los à mão. Esses manuscritos, anteriores à invenção de Gutenberg, são chamados códices. E os livros que foram impressos na segunda metade do século XV, entre 1436 e 1500, são chamados incunábulos.

        Graças ao desenvolvimento de novas tecnologias, atualmente não existem livros apenas de papel, mas também em suporte informático, isto é, podem ser lidos na tela de um computador.

        Quem escrevia os livros?

        Inicialmente, os homens escreviam para anotar a quantidade de animais que tinham. Assim, podiam guardar a informação e controlar os animais que eram vendidos, que se perdiam ou que morriam. O que se escrevia na Antiguidade, portanto, não eram livros, mas breves anotações comerciais.

        Com exceção dos documentos comerciais, apenas os sacerdotes podiam escrever livros, porque se acreditava que a escrita era um dom concedido pelos deuses. Essas pessoas eram as únicas que tinham permissão para ler os livros sagrados. Assim, durante a Idade Média, na Europa, os monges foram encarregados de copiar tais obras, à mão.

        Esses monges eram chamados copistas. Já nos países do Oriente, como na Pérsia, por exemplo, os encarregados de copiar e ilustrar livros não eram os monges, mas sim algumas famílias. E todos os membros deviam se dedicar a esse trabalho.

        Além de livros religiosos, também começaram a ser escritos tratados científicos e filosóficos, que analisavam e explicavam o universo, as leis da natureza e questões da existência humana, tal como se pensava até então.

        Graças à invenção da imprensa, foi possível imprimir e divulgar cada vez mais livros. Atualmente, qualquer pessoa pode escrever sobre os mais variados assuntos. A informática tem facilitado ainda mais a atividade dos escritores.

        Os livros e os conflitos

        Conhecemos, ao longo da história, muitos episódios em que alguns povos, para dominar outros, destruíam ou pilhavam suas bibliotecas. Dessa forma, eles não podiam preservar a sua história nem aprender com a experiência dos seus antepassados, contida nos livros.

        Um exemplo disso foi o que aconteceu com a famosa Biblioteca de Alexandria, no Antigo Egito: quando os romanos invadiram a cidade de Alexandria para conquistá-la, queimaram a sua imensa biblioteca. Na Europa, no período da Inquisição, entre os séculos XV e XVI, a Igreja Católica também ordenou a queima de livros considerados contra a fé cristã. Quase em meados do século XX, durante a Segunda Guerra Mundial, milhares de livros foram queimados em praça pública pelo regime nazista, por serem considerados contrários ao sistema político.

Extraído de: Aprendendo Português. Conteúdos essenciais para o Ensino Fundamental de 1ª a 4ª série, de Cesar Coll e Ana Teberosky, São Paulo, Ática, 2000, p. 113, 114 e 115.

Códice é o nome dado aos livros escritos à mão, antes da invenção da imprensa. A maioria desses livros foi escrita por monges, chamados escribas.

Incunábulo é o nome dado aos livros impressos entre 1436 e 1500.

Livro sagrado é um livro que reúne a história e os ensinamentos de uma religião.

Copista era o homem que, na Idade Média, se dedicava a copiar os livros, quando ainda não existia a imprensa e era necessário fazê-los à mão.

Fonte: Programa de Formação de Professores Alfabetizadores. Coletânea de textos – Módulo 1. p. 89-90.

Entendendo o texto:

01 – Qual a etimologia da palavra "livro" e o que ela nos revela sobre os materiais de escrita antigos?

      A palavra "livro" vem do latim liber, que designava a camada externa da casca das árvores. Isso revela que, antigamente, a casca de árvores era um dos materiais utilizados para a escrita, antes do papel.

02 – Quando os livros começaram a ter um formato semelhante ao atual e qual invenção revolucionou sua produção?

      Os livros começaram a ter um formato parecido com o atual durante a Idade Média. A invenção da imprensa por Johannes von Gutenberg na Alemanha, em 1436, revolucionou a produção, permitindo a impressão em grande quantidade e tornando os livros mais acessíveis.

03 – Qual a diferença entre "códices" e "incunábulos"?

      Códices são os livros que foram escritos à mão antes da invenção da imprensa por Gutenberg. Incunábulos são os livros que foram impressos na segunda metade do século XV, especificamente entre 1436 e 1500.

04 – Quem eram os primeiros a escrever e ler livros na Antiguidade e na Idade Média, e qual era o propósito inicial da escrita?

      Inicialmente, os homens escreviam breves anotações comerciais para controlar animais. Com exceção desses documentos, na Antiguidade, apenas os sacerdotes podiam escrever e ler livros, pois a escrita era vista como um dom divino. Na Idade Média, os monges copistas na Europa e famílias específicas no Oriente (como na Pérsia) eram encarregados de copiar obras, principalmente religiosas.

05 – Além dos livros religiosos, que outros tipos de obras começaram a ser escritos?

      Além dos livros religiosos, também começaram a ser escritos tratados científicos e filosóficos. Essas obras analisavam e explicavam o universo, as leis da natureza e questões da existência humana, refletindo o conhecimento da época.

06 – Como a informática tem influenciado a atividade dos escritores e o acesso aos livros atualmente?

      Atualmente, a informática facilitou a atividade dos escritores, permitindo que qualquer pessoa escreva sobre diversos assuntos. Além disso, a tecnologia possibilitou o surgimento de livros em suporte informático, ou seja, que podem ser lidos em telas de computador, ampliando o acesso e a forma de consumo da leitura.

07 – De que forma os livros e as bibliotecas foram alvos de destruição em momentos de conflito na história?

      Cite exemplos mencionados no texto. Os livros e as bibliotecas foram alvos de destruição para dominar povos e impedir a preservação de sua história e conhecimento. Exemplos incluem a queima da Biblioteca de Alexandria pelos romanos, a ordem da Igreja Católica para queimar livros considerados contrários à fé cristã durante a Inquisição (séculos XV e XVI), e a queima de milhares de livros pelo regime nazista no século XX por serem contrários ao sistema político.