Música (Atividades): Expresso 2222
Gilberto Gil
Começou a circular o Expresso
2222
Que parte direto de Bonsucesso pra depois
Começou a circular o Expresso 2222
Da Central do Brasil
Que parte direto de Bonsucesso
Pra depois do ano 2000

Dizem que tem muita gente de
agora
Se adiantando, partindo pra lá
Pra 2001 e 2 e tempo afora
Até onde essa estrada do tempo vai dar
Do tempo vai dar
Do tempo vai dar, menina, do tempo vai
Segundo quem já andou no
Expresso
Lá pelo ano 2000 fica a tal
Estação final do percurso-vida
Na terra-mãe concebida
De vento, de fogo, de água e sal
De água e sal, de água e sal
Ô, menina, de água e sal
Começou a circular o Expresso
2222
Que parte direto de Bonsucesso pra depois
Começou a circular o Expresso 2222
Da Central do Brasil
Que parte direto de Bonsucesso
Pra depois do ano 2000
Dizem que parece o bonde do
morro
Do Corcovado daqui
Só que não se pega e entra e senta e anda
O trilho é feito um brilho que não tem fim
Oi, que não tem fim
Que não tem fim
Ô, menina, que não tem fim
Nunca se chega no Cristo
concreto
De matéria ou qualquer coisa real
Depois de 2001 e 2 e tempo afora
O Cristo é como quem foi visto subindo ao céu
Oi, subindo ao céu
Num véu de nuvem brilhante subindo ao céu
Começou a circular o Expresso
2222
Que parte direto de Bonsucesso pra depois
Começou a circular o Expresso 2222
Da Central do Brasil
Que parte direto de Bonsucesso
Pra depois do ano 2000.
Composição: Gilberto Gil.
Fonte: Gramática da
Língua Portuguesa Uso e Abuso. Suzana d’Avila – Volume Único. Editora do Brasil
S/A. Ensino de 1º grau. 1997. p. 132.
Entendendo a música:
01
– Qual é o significado simbólico do "Expresso 2222" na música,
considerando sua partida de um lugar real ("Bonsucesso") para um
destino futurista ("pra depois do ano 2000")?
O Expresso 2222 é
uma metáfora para o Tempo, a Evolução ou o Caminho Espiritual/Existencial. Ele
usa o cotidiano brasileiro (Bonsucesso, Central do Brasil) como ponto de
partida para uma jornada que transcende o presente material e se dirige ao futuro,
ao desconhecido e à busca pela transcendência.
02
– De que forma a letra enfatiza que o Expresso 2222 não é um trem comum,
material?
A letra deixa
claro que o trem é um veículo imaginário ou espiritual. Ele é comparado ao
bonde do morro, mas se distingue por ser inatingível: "não se pega e entra
e senta e anda," e seu trilho é descrito poeticamente como um "brilho
que não tem fim". Isso sublinha que a viagem é de natureza metafísica e
infinita.
03
– Segundo o poema, onde fica a "Estação final do percurso-vida" e de
quais elementos essa "terra-mãe" é concebida?
A estação final
do "percurso-vida" fica "Lá pelo ano 2000". Essa
"terra-mãe" (que representa o destino final, a origem ou o paraíso) é
concebida pelos quatro elementos primordiais e bíblicos: "De vento, de
fogo, de água e sal."
04
– O que a repetição de versos como "Pra 2001 e 2 e tempo afora / Até onde
essa estrada do tempo vai dar" sugere sobre a percepção do futuro na
canção?
Sugere uma
percepção infinita e aberta do futuro. O ano 2000 é um marco significativo, mas
a viagem vai "tempo afora," indicando que a evolução, o progresso ou
a busca espiritual/temporal não têm um fim definitivo, mas se estendem para o
desconhecido e o ilimitado.
05
– Por que Gilberto Gil escolhe lugares cotidianos do Rio de Janeiro, como
Bonsucesso e a Central do Brasil, como ponto de partida para uma viagem tão
metafísica?
A escolha desses
lugares comuns e populares (o ponto de partida da vida cotidiana, da realidade
do povo) serve para ancorar a fantasia e a visão de futuro na cultura e na
realidade brasileira. Gilberto Gil sugere que a transcendência e a jornada para
o futuro devem começar no chão do presente, na experiência do povo.
06
– Como o poema trata a imagem do Cristo e o que essa descrição implica sobre a
espiritualidade da jornada?
O poema contrasta o
"Cristo concreto" (a estátua material do Corcovado, que "nunca
se chega") com a ideia de ascensão. Depois de 2000, o Cristo é a figura
que "foi visto subindo ao céu / Num véu de nuvem brilhante". Isso
implica que a jornada do Expresso busca uma espiritualidade desmaterializada,
pura e transcendente, indo além da mera adoração de ícones físicos.
07
– A canção utiliza a repetição cíclica de toda a primeira estrofe (o refrão).
Qual é a função poética e rítmica dessa repetição?
A repetição tem
uma função rítmica (típica do samba/música popular) e uma função poética de
insistência. Ela reafirma continuamente a premissa da viagem e o seu ponto de
partida, conferindo à jornada um caráter cíclico, inevitável e contínuo na
mente e no destino do eu lírico.
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