sexta-feira, 10 de outubro de 2025

POESIA: VELHA CASA - MARILDA PAULÍNIA - COM GABARITO

 Poesia: Velha casa

            Marilda Paulínia

A casa é velha,

      pesada,

           chata,

                 branca.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEja2PASUwxar6hyphenhyphenbN6RDMhCurzQNs75soCjazDtYL-PNbiVRjR_q6qIXIpA192ah05S2EWbz0bpzRgvx_JEic-BhOKKD9-odPEqKcj7T41WcJhPyRsRtvqQJi-SPxah2TI6SBtdlnNYsGTa27dLApqkKs2W_28PViRzkQqj67hspzrEBx_Kf_ZJguRdD1I/s320/CASA.jpg


Olha o rio,

       olha a ponte,

             olha as árvores

                   com os olhos apagados e vazios das janelas abertas.

Quando a noite abre

      um grande guarda-sol preto sobre a terra,

            começa a melopeia sonora dos sapos.

Outras vezes,

      no terreiro varrido do céu,

            correm vaga-lumes,

                 piscam-piscam,

                      e se apagam.

Outras vezes,

      chove luar.

Uma chuva

      mansa e luminosa,

           que enche de pó-de-arroz a face branca da velha casa

           e enverniza de prata as águas do rio

           e as folhas verdes das árvores.

E a velha casa

      cerra os olhos apagados das janelas

          e adormece.

Gilberto de Mendonça Teles (org.). A poesia em Goiás. Goiânia, UFG, s/d.

Fonte: Português – 1º grau – Descobrindo a gramática 8. Gilio Giacomozzi; Gildete Valério; Cláudia Reda Fenga. São Paulo. FTD, 1992. p. 195.

Entendendo a poesia:

01 – Como o eu lírico descreve a casa no início do poema e qual o efeito da disposição gráfica dos adjetivos?

      A casa é descrita com adjetivos que sugerem peso, monotonia e falta de vida: "velha, / pesada, / chata, / branca." A disposição gráfica em que os adjetivos são isolados, um abaixo do outro, enfatiza cada característica, tornando-as mais contundentes e definitivas. Isso reforça a impressão de que a casa é um lugar de carga, enfado e estagnação.

02 – Que figura de linguagem o poema utiliza ao descrever a casa olhando para a paisagem ("Olha o rio, / olha a ponte...")? O que isso sugere sobre a relação da casa com o mundo exterior?

      O poema utiliza a personificação ou prosopopeia, pois atribui à casa a ação humana de "olhar." No entanto, esse olhar é feito "com os olhos apagados e vazios das janelas abertas." Isso sugere uma relação passiva e melancólica com o mundo exterior. A casa está ali, presente, observando a vida que passa (o rio, a ponte), mas o seu olhar é desprovido de emoção ou vitalidade, refletindo um estado de solidão ou desinteresse.

03 – Quais são os três fenômenos noturnos descritos pelo eu lírico, e o que eles trazem para a atmosfera do poema?

      Os três fenômenos noturnos são:

      A abertura de um "grande guarda-sol preto" (a escuridão da noite).

      A "melopeia sonora dos sapos" (um som repetitivo e noturno).

      A corrida e o pisca-pisca dos vaga-lumes.

      A "chuva de luar" mansa e luminosa.

      Juntos, eles criam uma atmosfera de tranquilidade e mistério. A natureza assume o protagonismo, e os fenômenos, especialmente a "chuva de luar," adicionam um toque de magia e beleza sutil à monotonia da casa.

04 – O que a metáfora da "chuva de luar" que "enche de pó-de-arroz a face branca da velha casa" significa?

      A "chuva de luar" é uma imagem sinestésica e altamente poética, que associa a luminosidade do luar (visual) à ideia de uma chuva suave (tátil/auditiva). A metáfora do "pó-de-arroz" evoca a ideia de um leve adorno, maquiagem ou disfarce. Sugere que o luar não apenas ilumina, mas também embeleza e suaviza a aparência gasta da casa, conferindo-lhe um aspecto mais etéreo ou digno na noite.

05 – Por que a "velha casa / cerra os olhos / apagados das janelas / e adormece" no final do poema?

      O ato de "cerrar os olhos" (fechar as janelas) e adormecer representa o descanso e a conclusão de um ciclo. Depois de absorver as impressões passivas do dia e ser banhada pela beleza suave da noite (a chuva de luar), a casa (personificada) se recolhe. O adormecer simboliza a aceitação da sua condição silenciosa e isolada, encontrando paz em seu próprio vazio.

 

 

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