Artigo de opinião: A calamidade dos acidentes de trabalho no Brasil
São
5 mil mortes por dia, três vidas perdidas a cada minuto
Ingrid Coelho
A Organização Mundial do Trabalho (OIT)
aponta que em todo o mundo, por ano, cerca de 270 milhões de trabalhadores são
vitimados em decorrência de acidentes no exercício de suas funções laborais.
Desse total, cerca de dois milhões perdem suas vidas. São 5 mil mortes por dia,
três vidas perdidas a cada minuto, aproximadamente o dobro dos óbitos
registrados pelas guerras e mais do que as perdas provocadas pela Aids. Ainda a
se lamentar o fato de que 12 mil dessas vítimas são crianças.
No Brasil, segundo números do
Ministério da Previdência Social, aconteceram 705.239 acidentes de trabalho com
2.731 mortes no ano de 2012. Desses, 14.755 trabalhadores ficaram
permanentemente incapacitados para o trabalho. O setor com maior número de
acidentes é o de comércio e reparação de veículos automotores, com 95.659
registros, seguido pelo de saúde e serviços sociais, com 66.302 casos. Em
terceiro aparece o da construção civil, que apresentou aumento, passando de
60.415 em 2011, para 62.874 em 2012.
É importante destacar em relação ao
nosso país que essas estatísticas levam em conta somente os acidentes que
vitimaram trabalhadores formais, com vínculo celetista, o que corresponde a 30%
da População Economicamente Ativa (PEA). Por isso mesmo é possível indicar que
os números reais revelam verdadeira calamidade quanto a esse quadro no Brasil. Hoje,
portanto, quando se celebra o Dia em Memória às Vítimas de Acidentes de
Trabalho, faz-se necessária reflexão sobre a temática, principalmente ao se
levar em conta que a saúde do trabalhador está contemplada no direito universal
à saúde como uma conquista da cidadania brasileira, garantida na Constituição
Federal, em seu artigo 200.
Como competência do Sistema Único de
Saúde (SUS), questões ligadas a esse campo extrapolam a mera relação entre
trabalhador e empregador, passando a ser também um objeto de saúde pública. É
preciso que isso seja efetivado de fato.
COELHO, Ingrid. A calamidade dos acidentes de trabalho no Brasil. O Povo
On-line, 28 abr. 2014. Disponível em: www.20.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2014/04/28/noticiasjornalopiniao,3242550/a-calamidade-dos-acidentes-de-trabalho-no-brasil.shtml. Acesso em: 2 ago. 2019.
Entendendo
o artigo:
01
– Quantas mortes por acidentes de trabalho ocorrem por dia no mundo, segundo a
OIT?
Segundo a Organização
Mundial do Trabalho (OIT), ocorrem 5 mil mortes por dia devido a acidentes de
trabalho.
02
– Qual é a proporção de mortes causadas por acidentes de trabalho em comparação
com as guerras e a Aids?
As mortes por
acidentes de trabalho são aproximadamente o dobro das registradas por guerras e
mais do que as provocadas pela Aids.
03
– Quantas crianças são vítimas de acidentes de trabalho anualmente, de acordo
com a OIT?
Anualmente, 12
mil crianças são vítimas de acidentes de trabalho.
04
– Quantos acidentes de trabalho ocorreram no Brasil em 2012, segundo o
Ministério da Previdência Social?
Em 2012,
ocorreram 705.239 acidentes de trabalho no Brasil.
05
– Qual foi o número de mortes por acidentes de trabalho no Brasil em 2012?
Em 2012, houve
2.731 mortes por acidentes de trabalho no Brasil.
06
– Quais foram os três setores com maior número de acidentes de trabalho no
Brasil em 2012?
Os três setores
com maior número de acidentes de trabalho em 2012 foram: comércio e reparação
de veículos automotores (95.659 registros), saúde e serviços sociais (66.302
casos), e construção civil (62.874 casos).
07
– Por que as estatísticas de acidentes de trabalho no Brasil podem não refletir
a realidade completa?
As estatísticas
de acidentes de trabalho no Brasil podem não refletir a realidade completa
porque consideram apenas os acidentes que vitimaram trabalhadores formais com
vínculo celetista, o que corresponde a apenas 30% da População Economicamente
Ativa (PEA).