Poesia: Para Mascar Com Chiclets – Fragmento
João Cabral de Melo Neto
Quem subiu, no novelo do
chiclets,
ao fim do fio, ou do
desgastamento,
sem poder não sacudir fora,
antes,
a borracha infensa e imune ao
tempo;
imune ao tempo ou o tempo em
coisa,
em pessoa, encarnado nessa
borracha,
de tal maneira, e conforme ao
tempo,
o chiclets ora se contrai, ora
se dilata,
e consubstante ao tempo, se
rompe,
interrompe, embora logo se
remende,
e fique a romper-se, a remendar-se,
sem usura nem fim, do fio de
sempre.
No entanto quem, e saberente
que ele
não encarna o tempo em sua
borracha,
quem já ficou num primeiro
chiclets,
sem reincidir nessa coisa (ou
nada).
[...]

Melo neto, João Cabral
de. Obra completa. Rio de Janeiro, Aguilar, 1994.
Fonte: Português. Série
novo ensino médio. Volume único. Faraco & Moura – 1ª edição – 4ª impressão.
Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 403.
Entendendo a poesia:
01 – Qual a metáfora central
do poema?
A metáfora
central do poema é a do chiclete como representação do tempo e da experiência
humana. O chiclete, com sua capacidade de se esticar, romper e remendar,
simboliza a natureza efêmera e contínua do tempo.
02 – Como o tempo é
personificado no poema?
O tempo é personificado
na borracha do chiclete, que se contrai, dilata, rompe e remenda, refletindo a
natureza mutável e cíclica do tempo.
03 – Qual a reflexão sobre a
experiência humana presente no poema?
O poema reflete
sobre a tendência humana de repetir experiências, mesmo sabendo que elas não
encarnam a essência do tempo. A pergunta "quem já ficou num primeiro
chiclets, sem reincidir nessa coisa (ou nada)" sugere a dificuldade de
romper com padrões repetitivos.
04 – Qual a visão do poeta
sobre a natureza do tempo?
O poeta apresenta
uma visão do tempo como algo que está em constante movimento, transformação e
renovação. O tempo é visto como uma força que molda a experiência humana, mas
que não pode ser completamente compreendida ou controlada.
05 – Qual a importância da
repetição no poema?
A repetição de
palavras e frases, como "imune ao tempo", "romper-se, a
remendar-se" e "fio de sempre", enfatiza a natureza cíclica do
tempo e a persistência da experiência humana. A repetição também cria um ritmo
que imita o movimento contínuo do chiclete e do tempo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário