Conto: A história da arte – Fragmento
Gombrich
[...]
Todos nós somos inclinados a aceitar
formas ou cores convencionais como as únicas corretas. Por vezes, as crianças
pensam que as estrelas devem ter o formato estelar, embora não o tenham
naturalmente. As pessoas que insistem em que, num quadro, o céu deve ser azul e
a grama verde, não são muito diferentes dessas crianças. Indignam-se se veem
outras cores num quadro, mas se tentarmos esquecer tudo o que ouvimos a
respeito de grama verde e céu azul, e olharmos o mundo como se tivéssemos
acabado de chegar de outro planeta numa viagem de descoberta e o víssemos pela
primeira vez, talvez concluíssemos que as coisas são suscetíveis de apresentar
as cores mais surpreendentes.
Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiajZK0WliMvDYET-gG5dfFwlJ9aiQUzIMrD0hB0urr51boKd67kCh2WbaHzkOtr-0rQqOpCClHNpDZWxdCSImR3rk4qCr6PsGhL_Zb1ZDRNl_YTDh8Pkx3SeKLhW4JAWfFnSF85y0x6Od_bC5BadYgg7n_K6vlxSuZ-01I2MQeSzEc3yUa05peeocZABQ/s320/Historiadaarte.jpg Ora, os pintores sentem, às vezes, como
se estivessem empreendendo tal viagem de descoberta. Querem ver o mundo como se
fosse uma novidade e rejeitar todas as noções aceitas e todos os preconceitos
sobre a carne ser rosada e as maçãs amarelas ou vermelhas. Não é fácil
libertarmo-nos dessas ideias preconcebidas, mas os artistas que melhor
conseguem fazê-lo produzem frequentemente as obras mais excitantes. São eles
quem nos ensinam a ver na natureza novas belezas de cuja existência nunca
havíamos sonhado. Se os acompanharmos e aprendermos através deles, até mesmo um
relance de olhos para fora de nossa própria janela poderá converter-se numa
aventura emocionante.
GOMBRICH, Ernest H. A história
da Arte. Trad. Álvaro Cabral. 16. ed. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e
Científicos, 1999. p. 29.
Fonte: Português. Série
novo ensino médio. Volume único. Faraco & Moura – 1ª edição – 4ª impressão.
Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 420-421.
Entendendo o conto:
01 – Qual a tendência comum
que o autor identifica em relação à percepção das cores?
O autor observa
que as pessoas tendem a aceitar cores convencionais como as únicas corretas,
como o céu azul e a grama verde, sem questionar a variedade de cores presentes
na natureza.
02 – Como o autor compara a
visão das crianças com a de algumas pessoas em relação à arte?
O autor compara a
crença infantil de que as estrelas têm formato estelar com a insistência de
algumas pessoas em que a arte deve representar o mundo de forma realista, com
cores convencionais.
03 – Qual a proposta do autor
para uma nova forma de observar o mundo?
O autor sugere que devemos olhar o mundo
como se o víssemos pela primeira vez, livres de preconceitos e noções
pré-concebidas, para perceber as cores surpreendentes da natureza.
04 – Qual o papel dos artistas
na nossa percepção da natureza, segundo o autor?
Segundo o autor,
os artistas nos ensinam a ver novas belezas na natureza, mostrando-nos aspectos
que antes não percebíamos, e transformando nossa visão do mundo.
05 – Qual o impacto da arte na
nossa vida cotidiana, de acordo com o autor?
O autor afirma que, ao aprendermos a ver
o mundo através dos olhos dos artistas, até mesmo a paisagem da nossa janela
pode se tornar uma aventura emocionante.
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