Conto: A história da arte – Fragmento
Gombrich
[...]
Todos nós somos inclinados a aceitar
formas ou cores convencionais como as únicas corretas. Por vezes, as crianças
pensam que as estrelas devem ter o formato estelar, embora não o tenham
naturalmente. As pessoas que insistem em que, num quadro, o céu deve ser azul e
a grama verde, não são muito diferentes dessas crianças. Indignam-se se veem
outras cores num quadro, mas se tentarmos esquecer tudo o que ouvimos a
respeito de grama verde e céu azul, e olharmos o mundo como se tivéssemos
acabado de chegar de outro planeta numa viagem de descoberta e o víssemos pela
primeira vez, talvez concluíssemos que as coisas são suscetíveis de apresentar
as cores mais surpreendentes.

Ora, os pintores sentem, às vezes, como
se estivessem empreendendo tal viagem de descoberta. Querem ver o mundo como se
fosse uma novidade e rejeitar todas as noções aceitas e todos os preconceitos
sobre a carne ser rosada e as maçãs amarelas ou vermelhas. Não é fácil
libertarmo-nos dessas ideias preconcebidas, mas os artistas que melhor
conseguem fazê-lo produzem frequentemente as obras mais excitantes. São eles
quem nos ensinam a ver na natureza novas belezas de cuja existência nunca
havíamos sonhado. Se os acompanharmos e aprendermos através deles, até mesmo um
relance de olhos para fora de nossa própria janela poderá converter-se numa
aventura emocionante.
GOMBRICH, Ernest H. A história
da Arte. Trad. Álvaro Cabral. 16. ed. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e
Científicos, 1999. p. 29.
Fonte: Português. Série
novo ensino médio. Volume único. Faraco & Moura – 1ª edição – 4ª impressão.
Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 420-421.
Entendendo o conto:
01 – Qual a tendência comum
que o autor identifica em relação à percepção das cores?
O autor observa
que as pessoas tendem a aceitar cores convencionais como as únicas corretas,
como o céu azul e a grama verde, sem questionar a variedade de cores presentes
na natureza.
02 – Como o autor compara a
visão das crianças com a de algumas pessoas em relação à arte?
O autor compara a
crença infantil de que as estrelas têm formato estelar com a insistência de
algumas pessoas em que a arte deve representar o mundo de forma realista, com
cores convencionais.
03 – Qual a proposta do autor
para uma nova forma de observar o mundo?
O autor sugere que devemos olhar o mundo
como se o víssemos pela primeira vez, livres de preconceitos e noções
pré-concebidas, para perceber as cores surpreendentes da natureza.
04 – Qual o papel dos artistas
na nossa percepção da natureza, segundo o autor?
Segundo o autor,
os artistas nos ensinam a ver novas belezas na natureza, mostrando-nos aspectos
que antes não percebíamos, e transformando nossa visão do mundo.
05 – Qual o impacto da arte na
nossa vida cotidiana, de acordo com o autor?
O autor afirma que, ao aprendermos a ver
o mundo através dos olhos dos artistas, até mesmo a paisagem da nossa janela
pode se tornar uma aventura emocionante.
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