História: EVA TUPINAMBÁ – Fragmento
Ronald Raminelli
A
FAMÍLIA INDÍGENA
Para os europeus, as relações de
parentesco nas comunidades indígenas eram pouco rígidas, já que o tio poderia
desposar a sobrinha. Entretanto, os casamentos entre filho e mãe, filho e irmã
e pai e filha eram proibidos. Os enlaces matrimoniais seguiam uma regra muito
simples, segundo Léry. Desejando se unir, os varões se dirigiam a uma mulher,
viúva ou donzela, e perguntavam sobre sua vontade de casar. Se o interesse
fosse recíproco, pediam a permissão do pai ou do parente mais próximo. Depois
de obtida a permissão dos parentes, os noivos consideravam-se casados. Não
havia cerimônias, nem promessa recíproca de indissolubilidade ou perpetuidade
da relação. O marido poderia expulsar a mulher e vice-versa. Se ficassem fartos
do convívio, a união estaria desfeita. Ambos poderiam, então, procurar outros
parceiros, sem maiores constrangimentos. Entre os selvagens era costume, quando
o esposo se enfadava da companheira, presentear outro homem com sua mulher. A
maioria dos índios tinha somente uma mulher. A poligamia, porém, era amplamente
difundida entre os grandes guerreiros e caciques. Os chefes podiam viver com
catorze mulheres sem causar estranhamento. [...]

A poligamia, entre os bravos
guerreiros, era símbolo de prestígio. Enumerar as esposas era uma forma de
homenagear a sua virtude. Quanto maior o número de mulheres, mais valentes eram
considerados os homens. Muitas vezes, os pais prometiam suas filhas, ainda
meninas, aos chefes da tribo ou aos homens que com eles tivessem amizade. A
união realizava-se somente depois que a menina atingisse a idade de casar. O
enlace, contudo, persistia até o momento em que se repudiassem mutuamente. O
casamento do chefe seguia os mesmos pressupostos de qualquer outra união entre
casais da tribo.
[...]
RAMINELLI, Ronald. Eva
Tupinambá. In: História das mulheres no Brasil. São Paulo, Contexto/Unesp,
1997. p. 18-19.
Fonte: Português. Série
novo ensino médio. Volume único. Faraco & Moura – 1ª edição – 4ª impressão.
Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 107-108.
Entendendo a história:
01 – Como os europeus
percebiam as relações de parentesco nas comunidades indígenas?
Os europeus
achavam as relações de parentesco indígenas pouco rígidas, estranhando costumes
como o casamento entre tio e sobrinha.
02 – Quais tipos de casamento
eram proibidos nas comunidades indígenas?
Casamentos entre
filho e mãe, filho e irmã, e pai e filha eram proibidos.
03 – Como funcionava o
processo de casamento entre os indígenas, segundo Léry?
O homem
manifestava seu interesse à mulher, e se fosse recíproco, pedia permissão aos
pais dela. Após a permissão, eram considerados casados, sem cerimônias ou
promessas de união eterna.
04 – Qual a visão dos
indígenas sobre a dissolução do casamento?
O casamento
poderia ser desfeito por vontade de ambas as partes, sem constrangimentos, e
ambos poderiam buscar novos parceiros.
05 – Como a poligamia era
vista nas comunidades indígenas?
A poligamia era
comum entre guerreiros e caciques, sendo um símbolo de prestígio e virilidade.
06 – Qual o papel do número de
esposas na sociedade indígena?
Quanto maior o número de esposas, mais
valente e prestigiado o homem era considerado.
07 – Como funcionava o costume
de prometer filhas em casamento?
Pais prometiam suas filhas, ainda meninas,
a chefes ou amigos, mas a união só se concretizava quando a menina atingia a
idade de casar, podendo ser desfeita por mútuo repúdio.
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