sexta-feira, 28 de março de 2025

POEMA: SE SE MORRE DE AMOR! - FRAGMENTO - GONÇALVES DIAS - COM GABARITO

 Poema: Se se morre de amor! – Fragmento

             Gonçalves Dias

Se se morre de amor! — Não, não se morre,
Quando é fascinação que nos surpreende
De ruidoso sarau entre os festejos;
Quando luzes, calor, orquestra e flores
Assomos de prazer nos raiam n’alma,
Que embelezada e solta em tal ambiente
No que ouve, e no que vê prazer alcança!

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWRwUIPa_ibYBfPShcj65mTJyK4opryyk2flO7hqIDpdcOFuu7tW44JW4nOwHyJfl2p6BpwYxGAVXw6zyWPR8oApr4kpjVvqp0lEkWSj11N-Mh33xEGmceb_wrkRXDewZOb1kXN2U4h0kHaTgpaOeFn0I9NjG1NSHFx1AVC_hs3LPb8GT8gzj5o6fIWDI/s320/maxresdefault.jpg



Simpáticas feições, cintura breve,
Graciosa postura, porte airoso,
Uma fita, uma flor entre os cabelos,
Um quê mal definido, acaso podem
N’um engano d’amor arrebatar-nos.
Mas isso amor não é; isso é delírio,
Devaneio, ilusão, que se esvaece
Ao som final da orquestra, ao derradeiro
Clarão, que as luzes no morrer despedem!
Se outro nome lhe dão, se amor o chamam,
D’amor igual ninguém sucumbe à perda.

Amor é vida; é ter constantemente
Alma, sentidos, coração — abertos,
Ao grande, ao belo; é ser capaz d’extremos,
D’altas virtudes, té capaz de crimes!
Compreender o infinito, a imensidade,
E a natureza e Deus; gostar dos campos,
D’aves, flores, murmúrios solitários;
Buscar tristeza, a soledade, o ermo,
E ter o coração em riso e festa;

E á branda festa, ao riso da nossa alma
Fontes de pranto intercalar sem custo;
Conhecer o prazer e a desventura
No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto
O ditoso, o misérrimo dos entes:
Isso é amor, e desse amor se morre!

[...]

DIAS, Gonçalves. Se se morre de amor!. In: Poesia brasileira, p. 27.

Fonte: Português. Série novo ensino médio. Volume único. Faraco & Moura – 1ª edição – 4ª impressão. Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 174-175.

Entendendo o poema:

01 – Qual a visão inicial do poeta sobre a morte por amor?

      O poeta inicialmente nega a possibilidade de morrer por amor, descrevendo o que ele considera ser uma mera "fascinação" passageira.

02 – Como o poeta descreve a "fascinação" que pode ser confundida com o amor?

      O poeta descreve a "fascinação" como algo que surge em ambientes festivos, sob a influência de luzes, música e beleza superficial, um engano que se desfaz com o fim da festa.

03 – Qual a diferença entre "fascinação" e o verdadeiro amor, segundo o poeta?

      A "fascinação" é vista como um delírio passageiro, enquanto o verdadeiro amor é descrito como uma experiência profunda e intensa, que abrange tanto a alegria quanto a dor.

04 – Quais as características do verdadeiro amor, de acordo com o poema?

      O verdadeiro amor é descrito como vida, capaz de extremos, conectado à natureza e a Deus, e que pode levar tanto à felicidade quanto à tristeza profunda.

05 – Como o poeta descreve a intensidade do verdadeiro amor?

      O poeta descreve o verdadeiro amor como uma experiência que pode levar à morte, tamanha a sua intensidade e profundidade.

06 – Qual a mensagem principal do poema em relação ao amor?

      A mensagem principal do poema é que o amor verdadeiro é uma experiência complexa e intensa, que vai além da paixão superficial e pode levar a extremos emocionais.

07 – De que forma Gonçalves Dias utiliza a linguagem para expressar a diferença entre "fascinação" e amor?

      Gonçalves Dias utiliza uma linguagem rica em contrastes e paradoxos, contrapondo a superficialidade da "fascinação" à profundidade e intensidade do verdadeiro amor, através de descrições detalhadas e emotivas.

 

 

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