sexta-feira, 28 de março de 2025

POEMA: O AEROPLANO - LUÍS ARANHA - COM GABARITO

 Poema: O aeroplano

             Luís Aranha

Quisera ser um ás para voar bem alto

Sobre a cidade de meu berço!

Bem mais alto que os lamentos bronze

Das catedrais catalépticas;

Muito rente do azul quase a sumir no céu

Longe da casaria que diminui

Longe, bem longe deste chão de asfalto...

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnK5XCodG7QLJWj_kRmW5fSPkVmODUnYqhpuOD7XEm1LdgR9pJYyzyMVUiwkJD-jQbHadRSudl1gZSvR6CyIjQv35ZFMDvA5xxeeJVMfdRcmvBf6LCFtnjfPj47iT62CM21kZyqEnZEydfwRqv4Tm9LsB1H8ruiILchhMC5HCqNI2WXgb0YigPO_r_tEA/s1600/AEROPLANO.jpg

Eu quisera pairar sobre a cidade!...

 

O motor cantaria

No anfiteatro azul apainelado

A sua roncante sinfonia...

Oh! voar sem pousar no espaço que se estira

Meu, só meu;

Atravessando os ventos assombrados

Pela minha ousadia de subir

Até onde só eles atingiram!...

 

Girar no alto

E em rápida descida

Cair em torvelinhos

Como ave ferida...

 

Dar cambalhotas repentinas

Loopings fantásticos

Saltos mortais

Como um atleta elástico de aço

 

O ranger rascante do motor...

No anfiteatro com painéis de nuvens

Tambor...

 

Se um dia

O meu corpo escapasse ao aeroplano,

Eu abriria os braços com ardor

Para o mergulho azul na tarde transparente...

Como seria semelhante

A um anjo de corpo desfraldado

Asas abertas, precipitado

Sobre a terra distante...

 

Riscando o céu na minha busca

Rápida e precisa,

Cortando o ar em êxtase no espaço

Meu corpo cantaria,

Sibilando

A sinfonia da velocidade.

 

E eu tombaria

Entre os braços abertos da cidade...

 

Ser aviador para voar bem alto!

ARANHA, Luís. Cocktails. Org. por Nelson Archer e Raul Moreira Leite. São Paulo, Brasiliense, 1984. p. 95-96.

Fonte: Português. Série novo ensino médio. Volume único. Faraco & Moura – 1ª edição – 4ª impressão. Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 301-302.

Entendendo o poema:

01 – Qual o desejo do eu lírico no poema?

      O eu lírico expressa o desejo de ser um aviador para voar alto sobre a cidade onde nasceu.

02 – Como o eu lírico descreve a cidade vista de cima?

      A cidade vista de cima parece diminuir, e o eu lírico deseja se afastar do "chão de asfalto", buscando a vastidão do céu azul.

03 – Qual a comparação feita com o som do motor do avião?

      O som do motor é comparado a uma "roncante sinfonia" em um "anfiteatro azul apainelado", que seriam as nuvens.

04 – Que sensações o eu lírico imagina ao voar?

      O eu lírico imagina a sensação de liberdade, de atravessar os ventos e de realizar manobras radicais no ar, como "loopings fantásticos" e "saltos mortais".

05 – Qual a imagem utilizada para descrever a queda do corpo do eu lírico do avião?

      A queda do corpo é comparada à de um "anjo de corpo desfraldado", com "asas abertas", precipitando-se sobre a terra.

06 – Como o eu lírico descreve a sensação de velocidade durante o voo?

      O corpo do eu lírico "cantaria" e "sibilando a sinfonia da velocidade", expressando o êxtase de cortar o ar no espaço.

07 – Qual o destino final do eu lírico no poema?

      O eu lírico imagina tombar "entre os braços abertos da cidade", sugerindo uma união poética entre o homem e seu local de origem.

 

 

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