sexta-feira, 28 de março de 2025

NOTÍCIA: DISPARIDADES RACIAIS - FOLHA DE S.PAULO - COM GABARITO

 Notícia: DISPARIDADES RACIAIS

        Fator decisivo para a superação do sistema colonial, o fim do trabalho escravo foi seguido pela criação do "mito da democracia racial" no Brasil. Nutriu-se desde então a falsa ideia de que haveria no país um convívio cordial entre as diversas etnias.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjh67HMeCcrXfHXg7evpqote-HS19dMUbLml16CQTCv8LC7sm0QRpgi3BZ2njk0fAqqyQUTqA4AoyRC6_A8Z_b91rzW6wpW_8FR2JcBsHRtUxpZbxaWN432b6mzK179xO7t9eY_EcDGzpnQTOlSKpwH9E9oY4gEEervXU1Vpn1yx1ZHKWCaOYWfhA0DC2g/s320/RACIAL.jpg


        Aos poucos, porém, pôde-se ver que a coexistência pouco hostil entre brancos e negros, por exemplo, mascarava-se sob a manutenção de uma descomunal desigualdade socioeconômica entre os dois grupos e não advinha de uma suposta divisão igualitária de oportunidades.

        O cruzamento de alguns dados do último censo do IBGE relativos ao Rio de Janeiro permite dimensionar algumas dessas inequívocas diferenças. Em 91, o analfabetismo no Estado era 2,5 vezes maior entre negros do que entre brancos, e quase 60% da população negra com mais de 10 anos não havia conseguido ultrapassar a 4ª série do 1º grau, contra 39% dos brancos. Os números relativos ao ensino superior confirmam a cruel seletividade imposta pelo fator socioeconômico: até aquele ano, 12% dos brancos haviam concluído o 3º grau, contra só 2,5% dos negros.

        É inegável que a discrepância racial vem diminuindo ao longo do século: o analfabetismo no Rio de Janeiro era muito maior entre negros com mais de 70 anos do que entre os de menos de 40 anos. Essa queda, porém, ainda não se traduziu numa proporcional equalização de oportunidades.

        Considerando que o Rio de Janeiro é uma das unidades mais desenvolvidas do país e com acentuada tradição urbana, parece inevitável extrapolar para outras regiões a inquietação resultante desses dados.

        Mesmo questionando algumas iniciativas excessivamente rígidas – como a criação de "cotas raciais" no oferecimento de vagas nas universidades e no mercado de trabalho, bastante comum nos EUA –, é fundamental que se destaquem também as desigualdades étnicas, para que seja possível avaliar, com máximo realismo, as dimensões exatas da brutal dívida social brasileira.

Folha de São Paulo, 9 jun. 1996. Caderno Brasil. p. 2. – Adaptado.

Fonte: Português. Série novo ensino médio. Volume único. Faraco & Moura – 1ª edição – 4ª impressão. Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 251-252.

Entendendo a notícia:

01 – Qual o "mito" mencionado no início da notícia?

      O "mito da democracia racial" é a falsa ideia de que existe um convívio harmonioso entre as diferentes etnias no Brasil, mascarando as desigualdades raciais existentes.

02 – Que dados do IBGE são utilizados para demonstrar as disparidades raciais no Rio de Janeiro?

      A notícia utiliza dados sobre analfabetismo e nível de escolaridade. Em 1991, o analfabetismo entre negros no Rio de Janeiro era 2,5 vezes maior do que entre brancos. Além disso, a porcentagem de negros com mais de 10 anos que não haviam concluído a 4ª série do ensino fundamental era significativamente maior do que a de brancos.

03 – Como a notícia avalia a evolução das disparidades raciais ao longo do tempo?

      A notícia reconhece que houve uma diminuição das disparidades raciais ao longo do século, com a queda do analfabetismo entre a população negra. No entanto, ressalta que essa redução não resultou em uma igualdade proporcional de oportunidades.

04 – Qual a posição da notícia em relação às "cotas raciais"?

      A notícia questiona a rigidez de iniciativas como as "cotas raciais", comuns nos Estados Unidos, mas enfatiza a importância de destacar as desigualdades étnicas para avaliar a "brutal dívida social brasileira".

05 – Qual a conclusão da notícia sobre a desigualdade racial no Brasil?

      A notícia conclui que, mesmo com a diminuição das disparidades raciais ao longo do tempo, ainda existe uma grande desigualdade socioeconômica entre brancos e negros no Brasil. Essa desigualdade não é resultado de uma falta de oportunidades iguais, mas sim de um sistema que perpetua a discriminação racial.

 

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