sábado, 22 de agosto de 2020

POEMA: EROS E PSIQUE - FERNANDO PESSOA - COM GABARITO

 Poema: EROS E PSIQUE

                                                          Fernando Pessoa

Conta a lenda que dormia

Uma Princesa encantada

A quem só despertaria

Um Infante, que viria

De além do muro da estrada.

 

Ele tinha que, tentado,

Vencer o mal e o bem,

Antes que, já libertado,

Deixasse o caminho errado

Por o que à Princesa vem.

 

A Princesa Adormecida,

Se espera, dormindo espera.

Sonha em morte a sua vida,

E orna-lhe a fronte esquecida,

Verde, uma grinalda de hera.

 

Longe o Infante, esforçado,

Sem saber que intuito tem,

Rompe o caminho fadado.

Ele dela é ignorado.

Ela para ele é ninguém.

 

Mas cada um cumpre o Destino —

Ela dormindo encantada,

Ele buscando-a sem tino

Pelo processo divino

Que faz existir a estrada.

 

E, se bem que seja obscuro

Tudo pela estrada fora,

E falso, ele vem seguro,

E, vencendo estrada e muro,

Chega onde em sono ela mora.

 

E, inda tonto do que houvera,

À cabeça, em maresia,

Ergue a mão, e encontra hera,

E vê que ele mesmo era

A Princesa que dormia.

Poesias. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995). - 237.

Entendendo o poema:

01 – No final do poema, na última estrofe, a situação conflituosa tem um desfecho surpreendente, expresso no verso: “E vê que ele mesmo era”. Essa afirmação constitui uma figura de linguagem, denominada:

a)   Paradoxo.

b)   Ironia.

c)   Metonímia.

d)   Eufemismo.

e)   Personificação.

02 – Eros e Psique, os nomes que compõem o título do poema, correspondem a figuras da mitologia grega. No início da história mitológica que relaciona as duas figuras, o Deus Eros se apaixona por Psique, uma bela jovem humana. Considerando o aspecto Deus de Eros e o aspecto humano de Psique, podemos dizer que a aproximação desses nomes, no título do poema, constitui a figura de linguagem chamada:

a)   Metáfora.

b)   Personificação.

c)   Antítese.

d)   Eufemismo.

e)   Ironia.

03 – Na primeira estrofe o eu lírico conta uma narrativa duma tradicional “lenda”. Qual?

      De uma princesa que havia sido sujeita a um encantamento e estava, por isso, em estado de dormência. Só um infante (príncipe) que chegasse de terras longínquas poderia quebrar tal sortilégio maligno. A lenda da Bela Adormecida.

04 – Qual o significado de “Eros e Psique”?

      Eros significa Deus do amor e Psique significa alma.

05 – Em que estrofe o eu lírico diz que o infante, para vencer, teria de lutar contra o bem e o mal para não se perder no caminho que o leva até a princesa?

      Na segunda estrofe.

06 – Nos versos: “Pelo processo divino / Que faz existir a estrada”. Que sentido o eu lírico emprega nesses versos?

      Que eles continuam cada um cumprindo o seu destino; que o processo divino significa a força maior que rege o mundo e que faz com que as coisas aconteçam.

07 – Que acontece no final do poema?

      Vencendo todos os obstáculos o infante chega à Princesa. E meio tonto, ergue a mão e encontra a grinalda de hera e aí ele “vê que ele mesmo era / A princesa que dormia”.

      Concluímos que quando o infante encontra hera, a grinalda, ele cai em si de quê o que estava procurando era a sua identidade, a sua verdade.

 

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