Texto: Seja um desertor, essa
guerra não é sua
Folha de São Paulo
"Resolvi
cuidar mais de mim"
"Meus pais se separaram há dois
anos, quando eu tinha 16. Durante sete anos, eles discutiram muito. A separação
foi horrível. Ele não estava querendo falar o motivo, e minha mãe pressionou
até ele revelar que era por causa de outra. Ai ela ficou louca, começou a jogar
coisas nele e o mandou embora.
Fiquei mal. Peguei minha mãe querendo
se matar, tomando remédios Ele foi arrumar as malas e mandou eu ligar para os amigos
da mamãe e para os parentes para pedir ajuda.
Fiquei envergonhada de ligar para os
outros, pedindo ajuda para cuidar da mamãe e das minhas duas irmãs menores.
Só fui pensar em mim quando comecei a
fazer terapia um ano depois. Não aguentava mais servir de muleta para minha
mãe. Eu mesma estava tendo dificuldade de me reestruturar. No começo eu me
sentia muito responsável por ela, mas agora resolvi me distanciar um pouco,
cuidar mais de mim.
Tenho muita carência afetiva e dificuldade
de me relacionar. Tive muito ciúmes quando vi meu pai com a outra pela
primeira vez. Comecei a chorar e fui embora. Mas nunca tomei partido, achava
que eles é que tinham que decidir, apesar de as brigas estarem afetando muito a
mim e as minhas irmãs.
Acho que nesses momentos as pessoas não
devem se fechar, precisam conversar muito, precisam de colo dos amigos para se
localizar no meio da confusão toda. Terapia é fundamental. Outra coisa que aprendi
é que você não pode deixar sua rotina se desmantelar, porque ela é importante
para sair da confusão. Você encontra nos outros ambientes, na escola, por exemplo,
uma forma de desabafar.
(Juliana,
18 anos) Folha de São Paulo, 25/Agosto/1997.
Fonte: Livro –
Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 8ª Série – Marilda Prates – Ed.
Moderna, 2005 – p. 54-5.
Entendendo o texto:
01 – O que é um desertor?
Aquele que
desiste da guerra, da luta.
02 – Qual é a guerra
mencionada no título?
A guerra entre os pais de Juliana.
03 – “Seja um desertor, essa
guerra não é sua”.
a)
Há duas orações no título. Identifique-as.
Seja um desertor. / Essa guerra não é sua.
b)
A primeira frase apresenta um verbo no
imperativo. Qual a sua função?
Dar uma ordem, um conselho.
c)
Qual a relação entre as duas orações?
A segunda justifica o conselho dado na primeira.
d)
A quem se dirige a frase do título?
Ela se dirige a outros filhos de pais separados.
04 – Considere a atitude de
Juliana diante da separação dos pais.
a)
No primeiro ano após a separação, ela se
comportou como uma desertora? Por quê?
Não, pois assumiu o controle da casa e até passou a apoiar a mãe e
as irmãs.
b)
Após começar a fazer terapia, a atitude de
Juliana mudou. Por quê?
Porque passou a distanciar um pouco dos problemas e
responsabilidades dos pais e passou a cuidar melhor de si mesma.
c)
Você acha que Juliana desertou da família
depois de ter começado a fazer terapia? Justifique sua resposta.
Resposta pessoal do aluno.
05 – Reescreva as frases a
seguir, substituindo os trechos grifados sem alterar o sentido original do
texto.
a)
“Meus pais se separaram há dois anos...”.
Faz dois anos.
b)
“... Até ele revelar que era por causa de
outra”.
Tinha outra mulher / que tinha uma namorada.
c)
“... Aí ela ficou louca...”.
Então ela se descontrolou.
d)
“Fiquei mal”.
Fiquei deprimida.
e)
“Peguei minha mãe querendo se matar...”.
Flagrei, vi, surpreendi.
f)
“... precisam de colo dos amigos...”.
Precisam de ajuda / do carinho dos amigos.
06 – “Não aguentava mais
servir de muleta para minha mãe”.
a)
Qual a função de uma muleta?
Dar apoio, sustentação.
b)
Considerando a resposta do item a, descreva a relação entre
Juliana e sua mãe após a separação.
Juliana passou a dar apoio, sustentação para a mãe.
07 – Você conhece alguém que
já tenha passado por uma situação semelhante à experimentada por Juliana? Conte
como foi.
Resposta pessoal
do aluno.
Gosto demais de trabalhar esse texto.....uma riqueza de emoções se consegue trabalhar com ele!!
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