quinta-feira, 30 de julho de 2020

TEXTO: SEJA UM DESERTOR, ESSA GUERRA NÃO É SUA - FOLHA DE SÃO PAULO - COM GABARITO

Texto: Seja um desertor, essa guerra não é sua

           Folha de São Paulo          

            "Resolvi cuidar mais de mim"

    "Meus pais se separaram há dois anos, quando eu tinha 16. Durante sete anos, eles discutiram muito. A separação foi horrível. Ele não estava querendo falar o motivo, e minha mãe pressionou até ele revelar que era por causa de outra. Ai ela ficou louca, começou a jogar coisas nele e o mandou embora.

        Fiquei mal. Peguei minha mãe querendo se matar, tomando remédios Ele foi arrumar as malas e mandou eu ligar para os amigos da mamãe e para os parentes para pedir ajuda.

        Fiquei envergonhada de ligar para os outros, pedindo ajuda para cuidar da mamãe e das minhas duas irmãs menores.

        Só fui pensar em mim quando comecei a fazer terapia um ano depois. Não aguentava mais servir de muleta para minha mãe. Eu mesma estava tendo dificuldade de me reestruturar. No começo eu me sentia muito responsável por ela, mas agora resolvi me distanciar um pouco, cuidar mais de mim.

        Tenho muita carência afetiva e dificuldade de me relacionar. Tive muito ciúmes quando vi meu pai com a outra pela primeira vez. Comecei a chorar e fui embora. Mas nunca tomei partido, achava que eles é que tinham que decidir, apesar de as brigas estarem afetando muito a mim e as minhas irmãs.

        Acho que nesses momentos as pessoas não devem se fechar, precisam conversar muito, precisam de colo dos amigos para se localizar no meio da confusão toda. Terapia é fundamental. Outra coisa que aprendi é que você não pode deixar sua rotina se desmantelar, porque ela é importante para sair da confusão. Você encontra nos outros ambientes, na escola, por exemplo, uma forma de desabafar.

                                   (Juliana, 18 anos) Folha de São Paulo, 25/Agosto/1997.

                             Fonte: Livro – Encontro e Reencontro em Língua Portuguesa – 8ª Série – Marilda Prates – Ed. Moderna, 2005 – p. 54-5.

Entendendo o texto:

01 – O que é um desertor?

      Aquele que desiste da guerra, da luta.

02 – Qual é a guerra mencionada no título?

      A guerra entre os pais de Juliana.

03 – “Seja um desertor, essa guerra não é sua”.

a)   Há duas orações no título. Identifique-as.

Seja um desertor. / Essa guerra não é sua.

b)   A primeira frase apresenta um verbo no imperativo. Qual a sua função?

Dar uma ordem, um conselho.

c)   Qual a relação entre as duas orações?

A segunda justifica o conselho dado na primeira.

d)   A quem se dirige a frase do título?

Ela se dirige a outros filhos de pais separados.

04 – Considere a atitude de Juliana diante da separação dos pais.

a)   No primeiro ano após a separação, ela se comportou como uma desertora? Por quê?

Não, pois assumiu o controle da casa e até passou a apoiar a mãe e as irmãs.

b)   Após começar a fazer terapia, a atitude de Juliana mudou. Por quê?

Porque passou a distanciar um pouco dos problemas e responsabilidades dos pais e passou a cuidar melhor de si mesma.

c)   Você acha que Juliana desertou da família depois de ter começado a fazer terapia? Justifique sua resposta.

Resposta pessoal do aluno.

05 – Reescreva as frases a seguir, substituindo os trechos grifados sem alterar o sentido original do texto.

a)   “Meus pais se separaram há dois anos...”.

Faz dois anos.

b)   “... Até ele revelar que era por causa de outra”.

Tinha outra mulher / que tinha uma namorada.

c)   “... Aí ela ficou louca...”.

Então ela se descontrolou.

d)   “Fiquei mal”.

Fiquei deprimida.

e)   “Peguei minha mãe querendo se matar...”.

Flagrei, vi, surpreendi.

f)    “... precisam de colo dos amigos...”.

Precisam de ajuda / do carinho dos amigos.

06 – “Não aguentava mais servir de muleta para minha mãe”.

a)   Qual a função de uma muleta?

Dar apoio, sustentação.

b)   Considerando a resposta do item a, descreva a relação entre Juliana e sua mãe após a separação.

Juliana passou a dar apoio, sustentação para a mãe.

07 – Você conhece alguém que já tenha passado por uma situação semelhante à experimentada por Juliana? Conte como foi.

      Resposta pessoal do aluno.

 


Um comentário:

  1. Gosto demais de trabalhar esse texto.....uma riqueza de emoções se consegue trabalhar com ele!!

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