terça-feira, 17 de dezembro de 2024

FÁBULA: URUBUS E SABIÁS - RUBEM ALVES - COM GABARITO

 FÁBULA: Urubus e sabiás

                  Rubem Alves

 

"Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... Os urubus, aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes para o canto, decidiram que, mesmo contra a natureza, eles haveriam de se tornar grandes cantores. E para isto fundaram escolas e importaram professores, gargarejaram dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir diplomas, e fizeram competições entre si, para ver quais deles seriam os mais importantes e teriam a permissão para mandar nos outros. Foi assim que eles organizaram concursos e se deram nomes pomposos, e o sonho de cada urubuzinho, instrutor em início de carreira, era se tornar um respeitável urubu titular, a quem todos chamam de Vossa Excelência. Tudo ia muito bem até que a doce tranquilidade da hierarquia dos urubus foi estremecida. A floresta foi invadida por bandos de pintassilgos tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas para os sabiás... Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa, e eles convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEge5CzuC7tjPdYhr_QjnsuIKIGbkFXbiaRRGSKkJiS7pQ3t_2BgnwYZwMS1yXPaoPZExqKpUi1Xoj33kLEGMJ63oRBDGOLMnU2rvRGdAaB2cTZoyiDfwYBKHYAI2CdgVXOyhNkJzC_Msx1SC2wpsUbWniBH5XpL9uwpNV5UDkZGjp5G0jAvdbxASW2Fpkw/s320/URUBUS.jpg 

— Onde estão os documentos dos seus concursos? E as pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam imaginado que tais coisas houvesse. Não haviam passado por escolas de canto, porque o canto nascera com elas. E nunca apresentaram um diploma para provar que sabiam cantar, mas cantavam simplesmente...

— Não, assim não pode ser. Cantar sem a titulação devida é um desrespeito à ordem.

E os urubus, em uníssono, expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás...

MORAL: Em terra de urubus diplomados não se houve canto de sabiá."


O texto acima foi extraído do livro "Estórias de quem gosta de ensinar — O fim dos Vestibulares", editora Ars Poetica — São Paulo, 1995, pág. 81. Rubem Alves: tudo sobre o autor e sua obra em "Biografias".

 

Entendendo o texto

 01-Qual a prática social criticada pelo sujeito autor no texto-discurso?

    a- a de que na nossa sociedade o conhecimento sempre vem em primeiro lugar;

    b- a de que na nossa sociedade o dom é muito valorizado;

    c- a de que na nossa sociedade o diploma vale mais do que o conhecimento;

    d- a de que na nossa sociedade ensina-se a todos;

02-Em um dos efeitos de sentidos possíveis, os personagens urubus representam:

    a- grupo de pessoas talentosas;

    b- grupo de pessoas poderosas;

    c- grupo pessoas gentis;

    d- grupo de pessoas estudiosas.

03-Em um dos efeitos de sentidos possíveis, os personagens sabiás, pintassilgos e canários representam:

    a- grupo de pessoas poderosas;

    b- grupo de pessoas que possuem o saber fazer;

    c- grupo de pessoas invasoras;

    d- grupo de pessoas diplomadas.

04-A qual outro grupo de pessoas você associaria os personagens urubus?

Burocratas, políticos corruptos, pessoas que valorizam mais a aparência do que a essência.

05-A qual outro grupo de pessoas você associaria os personagens sabiás?

Artistas, artesãos, cientistas, pessoas que possuem um talento natural e inovador.

06-Assinale o único enunciado em que o sujeito autor não foi irônico com os urubus?

    a- aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes para o canto;

    b- o sonho de cada urubuzinho, instrutor em início de carreira, era se tornar um respeitável urubu titular;

    c- eles haveriam de se tornar grandes cantores;

    d- o rancor encrespou a testa.

07-Qual único argumento não foi usado pelos urubus para impedir o canto dos sabiás?

    a- concurso;

    b- diploma;

    c- talento;

    d- alvará.

08-No enunciado — Não, assim não pode ser. Cantar sem a titulação devida é um desrespeito à ordem.”, os urubus principalmente:

    a- exigem respeito às leis;

    b- exigem formatura/diploma para que os sabiás cantem;

    c- apelam para a grosseria;

    d- tentam impedir o canto dos sabiás

09-No enunciado “E para isto fundaram escolas e importaram professores”, a crítica central é:

    a- os que têm dinheiro e poder ocupam as melhores posições na sociedade, pagando cursos, mesmo não tendo tanto talento;

    b- os que tem dinheiro e poder investem na educação;

    c- só os que tem dinheiro e poder que tem acesso aos melhores professores;

10-Qual enunciado revela o primeiro conflito da narrativa em relação ao projeto dos personagens urubus?

    a- mesmo contra a natureza, eles haveriam de se tornar grandes cantores;

    b- fundaram escolas e importaram professores;

    c- Tudo ia muito bem até que a doce tranquilidade da hierarquia dos urubus foi estremecida;

    d- Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa.

11-O clímax, ponto máximo do conflito, está revelado no enunciado:

    a) A floresta foi invadida por bandos de pintassilgos tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas para os sabiás...

    b) Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa, e eles convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito.
    c)— Onde estão os documentos dos seus concursos? E as pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam imaginado que tais coisas houvesse.

    d) E os urubus, em uníssono, expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás...
12-O desfecho da narrativa está revelado em:

       a- — Onde estão os documentos dos seus concursos?

     b- Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa, e eles convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito.

    c- E nunca apresentaram um diploma para provar que sabiam cantar, mas cantavam simplesmente...
    d- E os urubus, em uníssono, expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás...

13-No enunciado “"Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam...”, o pronome grifado refere-se:

    a- à terra distante;

    b- ao tempo em que os bichos falavam;

    c- a todo acontecimento que vai ser narrado na história;

    d- aos urubus e sabiás.

14-Na sequência discursiva E as pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam imaginado que tais coisas houvesse.”, o verbo grifado pode ser substituído sem alteração do sentido por:

     a- acontecessem;

     b- existissem;

     c- ocorressem;

     d-colaborassem.

15-Na sequência discursiva E os urubus, em uníssono, expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás...”, a palavra grifada significa:

     a- diploma/formatura;

     b- licença/autorização;

     c- talento/dom;

     d- instrumentos musicais.

16-Pode-se dizer que os personagens urubus, ao saberem que “A floresta foi invadida por bandos de pintassilgos tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas para os sabiás...”, foram tomados pelo sentimento de:

     a- inveja;

     b- gratidão;

     c- vingança;

     d- medo.

17-Os fatos narrados e o respectivo desfecho são uma crítica social que exemplifica que:

     a- as leis sempre protegem os cidadãos de bem;

     b- as leis sempre são justas e se aplicam a todos;

     c- as leis muitas vezes servem aos interesses dos grupos e classes dominantes, ignorando o povo mais simples;

    d- todos possuem igualdade perante a lei.

18-Em sua postura crítica, o que deve possuir maior valor: o saber ou o diploma? Justifique sua resposta.

O saber deve possuir maior valor. O diploma é apenas um certificado, enquanto o saber é a capacidade de fazer algo, de criar, de inovar. A história dos urubus e sabiás demonstra que o talento natural e a capacidade de fazer algo são mais importantes do que qualquer título formal.

19-Marque (V) para efeitos de sentidos pertinentes e (F) para efeitos de sentidos não pertinentes ao texto-discurso:

     a-(  V  ) Percebe-se uma crítica aos que não reconhecem o saber fazer de cada ser social;

    b-(  V ) Percebe-se uma crítica aos que colocam os diplomas acima do saber fazer;

    c-(  F  ) Percebe-se uma crítica aos que possuem conhecimento espontâneo e natural;

    d-( F ) Percebe-se que o sujeito autor defende claramente o diploma acima do talento;

20-Produza um texto-discurso, discutindo sobre o que mais vale: “o diploma ou o conhecimento?”, “tirar notas para passar de ano ou aumentar o aprendizado a cada ano de estudo?”. Afinal, você é urubu ou sabiá?

A fábula de Rubem Alves nos convida a refletir sobre a valorização excessiva de diplomas e títulos em nossa sociedade. Os urubus, com seus diplomas e regras, representam um sistema que muitas vezes sufoca a criatividade e o talento. Já os sabiás simbolizam a importância do conhecimento prático e da expressão individual.

É fundamental entender que o diploma é uma ferramenta, mas não define a capacidade de um indivíduo. O conhecimento, por sua vez, é a base para a inovação e o desenvolvimento. Ao priorizarmos o aprendizado contínuo e o desenvolvimento de habilidades, estamos investindo em nosso crescimento pessoal e profissional.

Tirar boas notas é importante, mas não deve ser o único objetivo da educação. Aprender de forma significativa, questionar, criar e desenvolver o pensamento crítico são habilidades muito mais valiosas para a vida.

Eu me identifico mais com os sabiás. Acredito que o conhecimento deve ser buscado de forma autônoma e que a educação deve estimular a curiosidade e a criatividade. Ao invés de apenas memorizar informações para passar em provas, devemos buscar entender o mundo ao nosso redor e desenvolver soluções para os problemas que enfrentamos.

Em resumo, o conhecimento é o verdadeiro tesouro, e o diploma é apenas um reflexo de um momento específico da nossa jornada de aprendizado.

 

CRÔNICA: UM DE CADA VEZ - CANFIELD, Jack & HANSEN, Mark Victor - COM GABARITO

 CRÔNICA:  Um de cada vez

 Um de nossos amigos estava caminhando ao pôr-do-sol em uma praia deserta mexicana. À medida que caminhava, começou a avistar outro homem à distância. Ao se aproximar do nativo, notou que ele se inclinava, apanhando algo e atirando na água. Repetidamente, continuava jogando coisas no mar.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-SFflSWWI3c6dB6FUNMZH2SBrDSqVJ5bNPi5kgcvxlOcIwzfBul20HBWSAz6N8YjzhMLaA7MzEkhlJtKJ-u6YOswC44qn0wJnCFOGTZt4YJWBQGLU09FLc8DTy2Loh6rZvhyphenhyphen7UkwIrGrl1Tx-afUWUqqVx40rR3XpGOlBnXn6LxH160GTnqQeE0q4uAk/s320/solid%C3%A1rio.png


Ao se aproximar ainda mais, nosso amigo notou que o homem estava apanhando estrelas-do-mar que haviam sido levadas para a praia e, uma de cada vez, as estava lançando de volta à água.

Nosso amigo ficou intrigado. Aproximou-se do homem e disse:

- Boa tarde, amigo. Estava tentando adivinhar o que você está fazendo.

- Estou devolvendo estas estrelas-do-mar ao oceano. Você sabe, a maré está baixa e todas essas estrelas-do-mar foram trazidas para a praia. Se eu não as lançar de volta ao mar, elas morrerão por falta de oxigênio.

- Entendo – respondeu meu amigo -, mas deve haver milhares de estrelas-do-mar nesta praia. Provavelmente você não será capaz de apanhar todas elas. É que são muitas, simplesmente. Você percebe que provavelmente isso está acontecendo em centenas de praias acima e abaixo desta costa? Vê que não faz diferença alguma?

O nativo sorriu, curvou-se, apanhou uma outra estrela-do-mar e, ao arremessá-la de volta ao mar, replicou:

- Fez diferença para aquela. 

CANFIELD, Jack & HANSEN, Mark Victor. Canja de galinha para a alma: 89 histórias para abrir o coração e o espírito. Tradução de Outras Palavras. Rio de Janeiro. Ediouro. 1995. Pg: 37-38.

Entendendo o texto

01-Qual a tese central defendida no texto-discurso, pelo personagem nativo?

    a- atitudes isoladas não fazem a diferença;

    b- a importância da caridade;

   c- cada um pode fazer a diferença, fazendo a sua parte para promover o bem;

    d- a importância de se fazer uma coisa de cada vez.

02-Marque (V) para efeitos de sentidos pertinentes ao texto-discurso e (F) para efeitos de sentidos não pertinentes:

    a-(  V   ) percebe-se o discurso de convicção na realização de boas ações, por parte do personagem nativo;

    b-(  F ) percebe-se o discurso de descrença perante as atitudes isoladas, por parte do personagem amigo do narrador;

    c-(  V ) percebe-se o discurso de que mesmo atitudes isoladas podem fazer a diferença, segundo o personagem nativo;

    d-(  F  ) percebe-se o discurso de que é inútil praticar o bem;

3-O texto-discurso é predominantemente:

    a- injuntivo, pois dá ordem de como ajudar o próximo;

    b- expositivo, pois cria uma teoria de como ajudar o próximo;

    c- narrativo, pois conta uma história de como se pode ajudar o próximo;

   d- dissertativo-argumentativo, pois constrói vários argumentos para convencer o leitor a ajudar o próximo.

04-Qual argumento revela imobilismo e descrença em atitudes isoladas?

    a) - Estou devolvendo estas estrelas-do-mar ao oceano.

   b) Você percebe que provavelmente isso está acontecendo em centenas de praias acima e abaixo desta costa? Vê que não faz diferença alguma?

    c) - Fez diferença para aquela.

05-Qual argumento defende a valorização de atitudes benignas, mesmo que se trate de gestos isolados e individuais?

    a) Você sabe, a maré está baixa e todas essas estrelas-do-mar foram trazidas para a praia.

    b) Você percebe que provavelmente isso está acontecendo em centenas de praias acima e abaixo desta costa? Vê que não faz diferença alguma?

    c) - Fez diferença para aquela.

06-O homem devolvia as estrelas-do-mar ao oceano, porque:

    a- não tinha o que fazer;

    b- era um cristão mexicano;

    c- queria salvá-las; 

    d- queria limpar a praia.

07-No enunciado “Se eu não as lançar de volta ao mar, elas morrerão por falta de oxigênio.”, qual palavra grifada indica hipótese?

    a- Se;

    b- as;

    c- morrerão;

    d- falta de.

 08-Produza um texto-discurso refletindo sobre a polêmica instaurada pelos personagens: você é favor de cada um fazer sua parte na promoção do bem ou não acredita em ações isoladas?

A história do nativo e seu amigo nos coloca diante de uma reflexão profunda sobre o poder das ações individuais. A atitude do nativo, ao salvar uma estrela-do-mar de cada vez, nos mostra que cada gesto de bondade, por menor que seja, faz a diferença. Afinal, se todos pensassem como o amigo do nativo, que duvidava do impacto de suas ações, o mundo seria um lugar muito menos solidário.

Acredito que cada um de nós tem o poder de transformar o mundo à nossa volta, começando por pequenas ações. Ao praticar a gentileza, a empatia e a solidariedade, estamos contribuindo para um futuro melhor para todos. A história das estrelas-do-mar nos ensina que não devemos nos deixar paralisar pela magnitude dos problemas, mas sim agir de acordo com nossas possibilidades.

É importante ressaltar que essa é apenas uma sugestão de resposta. Você pode personalizar o texto com suas próprias ideias e experiências.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

ARTIGO DE OPINIÃO: ANTENA PARABÓLICA - FREI GUSTAVA WAYAND MEDELLA - COM GABARITO

 ARTIGO DE OPINIÃO: ANTENA PARABÓLICA

Frei Gustavo Wayand Medella

 

     Eu não me considero uma pessoa mal-educada, no entanto, mais de uma vez, no ponto de ônibus, na sala de espera ou em outros ambientes, já me peguei prestando atenção na conversa de terceiros.

     É quase uma ação automática. Você, ali, sem ter muito o que fazer, às vezes, sem poder até se mover, começa a ouvir o assunto daqueles que conversam, ao seu lado, mesmo que não tivesse esta intenção. O ouvido vira quase uma antena parabólica, pronta para captar os sinais que estão a seu redor.


Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_mqSKpDWjS_nGLvajAEb_c4c-hOO6XpeLZzw_slVT9GsfQruXpgR78YF1JdKXCOMJOhjHbYI9LCWu7aHY9nHY27S9IC1JYZgX8xTUzWWAsQrf_9p1v4xpZj3wqREqZlWtpU70PvyDNRSXcMIdj-wnUpRpGs3Qp50ajK4f9vPXUgfQIX1-VwixDQNaVBA/s320/antena-parabolica-tv-sinal.jpg

     Procuro permanecer discreto e nunca interfiro na conversa. Minha intenção não é bisbilhotar, mas procurar descobrir dicas e ensinamentos que me ajudem a me transformar em uma pessoa melhor.

                                                 Frei Gustavo Wayand Medella,OFM.Adaptado

                                                 gmedella@gmail.com

Entendendo o texto

01- Substitua as palavras destacadas em negrito por outras de sentido equivalente.

 "sem ter muito o que fazer" - ocioso, sem ocupação, entediado

"começa a ouvir o assunto daqueles que conversam" - começa a escutar a conversa alheia

02- A que ou a quem se referem os pronomes “que”, sublinhados no texto-discurso acima?

O primeiro "que" se refere a "assunto".

O segundo "que" se refere a "sinais".

03-Assinale (V) para o que julgar como efeito de sentido pertinente ao texto-discurso e (F) para o que não julgar:

     a-( F ) Nota-se o discurso de que é importante bisbilhotar a vida dos outros;

    b-( V ) Nota-se o discurso de que é possível receber orientações sobre a vida, nas mais diversas situações;

  c-( V  ) Nota-se o discurso de que o compartilhamento de saberes e experiências de vida  tende a favorecer a mudança de conduta em quem os ouve;

    d-( V ) Nota-se o discurso de que o ato de ouvir a conversa de outrem não pode converter-se em mera curiosidade, mas sim em chance para aquisição de aprendizagem;

    e-( V  ) Nota-se o discurso de que a discrição e a observação são traços sócio-psicológicos altamente recomendáveis às pessoas;

      f-( F  ) Nota-se o discurso de que, ao atentar-se para a conversa de outr@s, o ouvinte deve, constantemente, intrometer-se e dar a opinião;

   g-( F ) Nota-se o discurso de que a aprendizagem ocorre somente em ambientes escolares;

      h-( V ) Nota-se o discurso de valorização do ato de ouvir;

       i-(  F ) Nota-se o discurso de desvalorização do ato de ouvir;

04-No enunciado “Já me peguei prestando atenção na conversa de terceiros.”, o termo sublinhado pertence à variante linguística dita:

     a- padrão;    

      b- científica;    

      c- técnica;     

      d- popular.

05- No enunciado “Eu não me considero uma pessoa mal-educada, no entanto, mais de uma vez, no ponto de ônibus, na sala de espera ou em outros ambientes, já me peguei prestando atenção, na conversa de terceiros.”, a conjunção grifada:

     a- introduz um argumento que confirma a ideia positiva que o autor fez de si mesmo anteriormente;

     b- introduz um argumento que opõe-se à ideia positiva que o autor fez de si mesmo anteriormente;

     c- adiciona outra ideia positiva àquela que o autor fez de si mesmo anteriormente;

06- No enunciado “...começa a ouvir o assunto daqueles que conversam, ao seu lado, mesmo que não tivesse essa intenção.”, a conjunção sublinhada introduz:

     a- uma objeção/contradição parcial ao que foi dito anteriormente;

     b- uma concordância plena com o que foi dito anteriormente;  

     c- uma retificação total acerca do que foi dito anteriormente;

07-O título “Antena Parabólica” trata-se de:

     a- uma metáfora usada para descrever o ato de ouvir;

     b- uma hipérbole usada para descrever o ato de ouvir;

      c- uma ironia usada para descrever o ato de ouvir.

08- PROPOSTA DE REDAÇÃO. Elabore um texto-discurso, relatando uma possível experiência em que você repensou sua postura a partir daquilo que ouviu dos outros.

Proposta de Redação:

Título: Aprendizados Inesperados

Sempre me considerei uma pessoa bastante introspectiva. Encontrar conforto e companhia na minha própria companhia era algo natural para mim. No entanto, com o passar dos anos, percebi que essa introspecção, muitas vezes, me impedia de experimentar novas perspectivas e aprender com as experiências dos outros.

Lembro-me de uma tarde em uma livraria. Enquanto aguardava minha vez na fila do caixa, não pude deixar de prestar atenção em uma conversa entre duas senhoras. Elas discutiam sobre um livro que haviam lido recentemente e os ensinamentos que haviam tirado daquela leitura. A paixão com que elas falavam sobre a história e os personagens me contagiou. Nunca havia pensado sobre aquele livro daquela maneira e, naquele momento, senti uma vontade imensa de lê-lo.

Aquela breve conversa me fez refletir sobre a importância de estar atento ao que acontece ao meu redor. Percebi que, ao ouvir as histórias e as experiências dos outros, posso expandir meus horizontes e adquirir novos conhecimentos. A partir daquele dia, comecei a prestar mais atenção nas conversas que aconteciam ao meu redor, sempre com o intuito de aprender algo novo e me tornar uma pessoa mais completa.

ARTIGO DE OPINIÃO: MOSAICO - ELY BARRETO - COM GABARITO

 ARTIGO DE OPINIÃO: MOSAICO

                                       Ely Barreto

      Quantos de nós já vimos e nos encantamos com um mosaico? São pedacinhos de vidro, montados um a um, até compor um quadro completo.

     Nossa vida assemelha-se a um mosaico: as pedrinhas são os fatos que vão nos acontecendo e, ao final, conceberá a obra da nossa vida. Cabe a nós escolher essas pedrinhas.

     São pedrinhas de amor, solidariedade, serviço? Então, estas constituirão uma obra artística última que nos dará orgulho.

    Porém, se as pedrinhas são de inveja, falta de perdão, rancor, a tela final nem merecerá ser vista.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3N5uf80SQaMsjSe9XS3x8wUr3KmvZGjEH791TABaiZpFS624ujf4vYxrbZMKseZnay6VLpMRFLwsF7PJxyXkGfnf1BEvoHGorv-FLQ4sLRUsgbq02SA4AwegJ7Z1Nfnkopbc8aT9khjm5eL76YRoKvo3rqkmacb_c59Qs9hmSR94B_FRARvMyeog8ZQE/s320/MOSAICO.jpg

    É nossa tarefa escolher as pedras mais belas: as róseas da bondade; as azuis do amor; as verdes da esperança; as vermelhas da fé; as laranjas do entusiasmo; as amarelas do otimismo; as roxas da magia; as pretas do respeito e elegância; as douradas da opulência; as pratas da solidez e as brancas da paz, capazes de formar um painel tão belo, que nós possamos apresentá-lo ao Pai, no dia derradeiro.

     Ely Barreto.Psicóloga.In Folhinha do Sagrado coração de Jesus.2017.Adaptado. (31/10/17)

        edlybarr@ig.com.br                

Entendendo o texto

01-Marque (V) para o que considerar efeito de sentido pertinente ao texto-discurso e (F) para o que não considerar:

a-( V ) Percebe-se o discurso de que o cotidiano das pessoas é cheio de experiências que lhes interpelam a fazer escolhas;

b-(  F ) Percebe-se o discurso de que as escolhas de cada pessoa não trarão consequências, positivas ou negativas, sobre sua vida;

c-( V ) Percebe-se o discurso de que as escolhas de cada pessoa trarão consequências, positivas ou negativas, sobre sua vida;

d-( V ) Percebe-se o discurso moral-religioso de que, ao fim da vida, as pessoas fazem balanço de sua trajetória;

e-( V ) Percebe-se o discurso de que toda pessoa torna-se protagonista de sua rota de vida, ao enfrentar seus conflitos;

f-( F ) Percebe-se o discurso de que a vida humana não é conflituosa e não proporciona situações difíceis;

g-( V ) Percebe-se o discurso moral-religioso de que as pessoas devem escolher sempre entre o bem e o mal;

h-( V  ) Percebe-se o discurso religioso-patriarcal de que Deus seria uma figura masculina, uma vez que, no final do texto-discurso, este é nomeado como Pai e não como Mãe;

02-No enunciado ”Nossa vida assemelha-se a um mosaico”, temos:

a- uma sinestesia, porque incita o visual e tátil do leitor/leitora a imaginar um mosaico;

b- uma hipérbole, pois trata-se de um exagero apontar semelhança entre um mosaico e a vida;

c- uma metáfora uma vez que se comparam os inúmeros e diferentes acontecimentos da vida à beleza de um mosaico;

d- um paradoxo, já que seria absurda a comparação entre um mosaico e a vida.

03-No enunciado ”É nossa tarefa escolher as pedras mais belas: as róseas da solidariedade, as azuis do amor…”, o uso dos dois pontos:

a-cita a fala de um ”expert” na feitura de mosaicos;

b-  enumera quais as pedras que contribuiriam, positivamente, para a edificação da vida;

c- exemplifica que pedras auxiliariam, negativamente, a construção da vida;

d- introduz a fala de um/uma personagem da história.

04-No enunciado ”São pedrinhas de amor, solidariedade, serviço? Então, estas constituirão uma obra artística última que nos dará orgulho.  Porém, se as pedrinhas são de inveja, falta de perdão, rancor, a tela final nem merecerá ser vista.”, a conjunção destacada:

a-introduz um dizer negativo, depois de ter dito algo também negativo;

b- introduz um dizer positivo, depois de ter dito algo também positivo;

c- introduz um dizer negativo, depois de ter dito algo positivo;

d- introduz um dizer positivo, depois de ter dito algo negativo.

05-No enunciado ”Quantos de nós já vimos.”, a forma dicionarizada do verbo sublinhado é:

a- vir;  

b- ver;

c- ir.

06-Produza um poema em forma de mosaico, escolhendo palavras que reflitam os principais valores que constituem a sua vida até os dias de hoje.

Exemplo de poema:

Meu mosaico, cores vibrantes, Azul-paz, verde-esperança, Amarelo-sol, calor radiante, Vermelho-paixão, vibrante.

Pedras de amor, amizade e fé, Resiliência, força, lealdade, Sonhos, risos, liberdade, Em cada peça, a felicidade.

Construindo a obra, dia a dia, Com cada escolha, um novo guia, Um mosaico único, só meu, Reflexo da alma, puro e meu.

 

POESIA: É ELA! É ELA! - FRAGMENTO - ÁLVARES DE AZEVEDO - COM GABARITO

 Poesia: É ELA! É ELA! – Fragmento

             Álvares de Azevedo 

É ela! É ela! — murmurei tremendo,

E o eco ao longe murmurou — é ela!...

Eu a vi... minha fada aérea e pura,

A minha lavadeira na janela!

 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCL-6WHAYbs-k5R67HqXd2tzrSyV5ECISq2mdUCR_ToGtHH1qYeukpdFqwZ-xQXCmkFfqKmFenPPwO3k-cNdwJ-3D9OXWH_fP4juz1Vwqj9NFWgVUzb3AAuptwMEQMpLvKhDHTuMLWJC4rp45Sjd75Jm70d1QXUlzMarqGw48SOIoujvqr4BIwQY9rKZA/s320/e-ela-e-ela.jpg

Dessas águas-furtadas onde eu moro

Eu a vejo estendendo no telhado

Os vestidos de chita, as saias brancas...

Eu a vejo e suspiro enamorado!

 

Esta noite eu ousei mais atrevido

Nas telhas que estalavam nos meus passos

Ir espiar seu venturoso sono,

Vê-la mais bela de Morfeu nos braços!

 

Como dormia! que profundo sono!...

Tinha na mão o ferro do engomado...

Como roncava maviosa e pura!...

Quase caí na rua desmaiado!

[...]

AZEVEDO, Álvares de. In: BUENO, Alexei (Org.). Álvares de Azevedo: obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000, p. 238. (Fragmento).

Fonte: Português – Literatura, Gramática e Produção de texto – Leila Lauar Sarmento & Douglas Tufano – vol. 2 – Moderna – 1ª edição – São Paulo, 2010, p. 111.

Entendendo a poesia:

01 – De acordo com o texto, qual o significado de Morfeu?

      Deus do sonho.

02 – Qual a principal temática abordada no fragmento?

      A principal temática do fragmento é a idealização amorosa e a contradição entre o ideal e o real. O eu lírico idealiza sua amada, vendo-a como uma "fada aérea e pura", mas ao mesmo tempo, a vê como uma simples "lavadeira". Essa dualidade entre o sublime e o cotidiano é característica do Romantismo.

03 – Como o eu lírico se sente em relação à amada?

      O eu lírico demonstra uma intensa paixão pela amada, idealizando-a e colocando-a num pedestal. Ao mesmo tempo, ele se sente inferior e tímido diante dela, como demonstra a sua atitude de espioná-la. Essa ambivalência de sentimentos é típica do amor romântico.

04 – Qual a importância da imagem da "lavadeira" no poema?

      A imagem da "lavadeira" representa o lado cotidiano e real da amada, contrapondo-se à imagem idealizada da "fada aérea e pura". Essa contradição revela a complexidade dos sentimentos do eu lírico, que se sente atraído tanto pela beleza idealizada quanto pela simplicidade e naturalidade da amada.

05 – Como a linguagem utilizada contribui para a construção do poema?

      A linguagem utilizada é rica em adjetivos e comparações, o que contribui para a criação de um clima de sonho e idealização. A repetição do nome "ela" enfatiza a obsessão do eu lírico pela amada. Além disso, a utilização de versos curtos e rima rica confere musicalidade ao poema, aproximando-o da canção popular.

06 – Como este poema se encaixa no contexto do Romantismo?

      Este poema é um exemplo típico do Romantismo, pois apresenta características como:

      Idealização da mulher: A amada é idealizada como um ser puro e perfeito.

      Individualismo: O poeta expressa seus sentimentos de forma subjetiva e intensa.

      Valorização da natureza: A natureza é utilizada como pano de fundo para expressar os sentimentos do poeta.

      Linguagem rica em metáforas e comparações: A linguagem é utilizada para criar imagens poéticas e sensoriais.

 

 

ROMANCE: GERMINAL - PARTE II - FRAGMENTO - ÉMILE ZOLA - COM GABARITO

 Romance: Germinal parte II – Fragmento

                 Émile Zola

        [...]

        Em casa dos Maheu, no número dezesseis do segundo grupo de casas, tudo era sossego. O único quarto do primeiro andar estava imerso nas trevas, como se estas quisessem esmagar com seu peso o sono das pessoas que se pressentiam lá, amontoadas, boca aberta, mortas de cansaço. Apesar do frio mordente do exterior, o ar pesado desse quarto tinha um calor vivo, esse calor rançoso dos dormitórios, que, mesmo asseados, cheiram a gado humano.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiINUDm9RnJVfGTBeI-7v2SUYVi2MPPjT-ya7LYHV25L7cfSofBiWQz5DWHsal5yvgF6uz2xvF5zdUJSitP8YbXtFEKd9Ke_f0VEUvzk-COH7_o4Dcn_j5VD4DEnii-G3NXOQKLlYZvOpq_WanT6EvL94hwUTk3BDfgni1lnbSo7OIYEo_HOu3cDdQAFBs/s320/GERMINAL.jpg


        O cuco da sala do térreo deu quatro horas, mas ninguém se moveu. As respirações fracas continuaram a soprar, acompanhadas de dois roncos sonoros. Bruscamente, Catherine levantou-se. No seu cansaço, tinha ela, pela força do hábito, contado as quatro badaladas que atravessaram o soalho, mas continuara sem o ânimo necessário para acordar de todo. Depois, com as pernas para fora das cobertas, apalpou, riscou um fósforo e acendeu a vela. Mas continuou sentada, a cabeça tão pesada que tombava nos ombros, cedendo ao desejo invencível de voltar ao travesseiro.

        Agora, a vela iluminava o quarto, quadrado, com duas janelas, atravancado com três camas. Havia um armário, uma mesa e duas cadeiras de nogueira velha, cujo tom escuro manchava duramente as paredes pintadas de amarelo-claro. E nada mais, a não ser roupa de uso diário pendurada em pregos, uma moringa no chão ao lado de um tacho vermelho que servia de bacia. Na cama da esquerda, Zacharie, o mais velho, um rapaz de vinte e um anos, estava deitado com o irmão, Jeanlin, com quase doze anos; na da direita, dois pequenos, Lénore e Henri, a primeira de seis anos, o segundo de quatro, dormiam abraçados; Catherine partilhava a terceira cama com a irmã Alzire, tão fraca para os seus nove anos, que ela nem a sentiria ao seu lado, não fosse a corcunda que deformava as costas da pequena enferma. A porta envidraçada estava aberta, podiam-se ver o corredor do patamar e o cubículo onde pai e mãe ocupavam uma quarta cama, contra a qual tiveram de instalar o berço da recém-nascida, Estelle, de apenas três meses.

        Entretanto, Catherine fez um esforço desesperado. Espreguiçava-se, crispava as mãos nos cabelos ruivos que se emaranhavam na testa e na nuca. Franzina para os seus quinze anos, não mostrava dos membros senão uns pés azulados, como tatuados com carvão, que saíam da bainha da camisola estreita, e braços delicados, alvos como leite, contrastando com a cor pálida do rosto, já estragado pelas contínuas lavagens com sabão preto. [...]

ZOLA, Émile. Germinal. Trad. De Francisco Bittencourt. São Paulo: Abril Cultural, 1979. p. 20-21. (Fragmento).

Fonte: Português – Literatura, Gramática e Produção de texto – Leila Lauar Sarmento & Douglas Tufano – vol. 2 – Moderna – 1ª edição – São Paulo, 2010, p. 131.

Entendendo o romance:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Rés do chão: nesse caso, o piso térreo.

·    Alguidar: vaso de barro ou outro material que tem a borda mais larga que o fundo, como uma espécie de tigela.

·     Sabão preto: sabão de fabricação doméstica, feito com cinzas e gordura animal.

02 – Qual a atmosfera criada pela descrição do quarto da família Maheu?

      A descrição do quarto da família Maheu cria uma atmosfera de pobreza, opressão e sofrimento. O quarto é pequeno, escuro, superlotado e com poucas posses, refletindo as condições de vida precárias dos trabalhadores da mina. A imagem do "calor rançoso dos dormitórios" e a comparação com "gado humano" enfatizam a desumanização e as condições subumanas a que os operários estão submetidos.

03 – Como a descrição física dos personagens contribui para a compreensão da obra?

      A descrição física dos personagens, como a de Catherine, revela as marcas da pobreza e do trabalho exaustivo. Seus pés azulados e braços delicados contrastando com o rosto pálido e marcado pelo trabalho são sinais visíveis das condições de vida difíceis. Essa descrição física serve como um retrato social, evidenciando as desigualdades e as consequências do sistema capitalista explorador.

04 – Qual a importância da referência ao cuco e às horas no início do fragmento?

      A referência ao cuco e às quatro horas da manhã marca o início de um novo dia de trabalho para a família Maheu. O som do relógio destaca a rotina exaustiva e a falta de tempo livre dos trabalhadores. A contagem das badaladas por Catherine, mesmo estando cansada, demonstra a importância do tempo e da organização na vida da família, que precisa se adaptar a um ritmo de trabalho intenso.

05 – Como a família Maheu se organiza no espaço do quarto?

      A família Maheu ocupa um único quarto, dividindo o espaço em três camas. A descrição do quarto revela a falta de privacidade e o convívio próximo entre os membros da família. A presença de uma criança recém-nascida e de uma filha doente, Alzire, evidencia as dificuldades enfrentadas pela família para cuidar de todos os seus membros.

06 – Qual o papel da luz na descrição do ambiente?

      A luz da vela, que ilumina o quarto, revela a pobreza e a simplicidade do ambiente. A falta de móveis e objetos decorativos, além da roupa pendurada em pregos, reforçam a ideia de um espaço limitado e funcional. A luz da vela também cria uma atmosfera intimista e melancólica, enfatizando o sofrimento e a angústia dos personagens.

07 – Como o fragmento se conecta com a temática central de "Germinal"?

      Este fragmento se conecta diretamente com a temática central de "Germinal", que é a denúncia das condições de vida dos trabalhadores nas minas de carvão na França do século XIX. A descrição da família Maheu e de seu cotidiano serve como um exemplo das dificuldades enfrentadas por essa classe social, explorada e marginalizada.

08 – Qual a importância da descrição do quarto para a compreensão da obra?

      A descrição do quarto da família Maheu é fundamental para a compreensão da obra, pois ela cria um cenário realista e impactante que permite ao leitor se conectar com a realidade dos personagens. Através dessa descrição, Zola denuncia as condições de vida miseráveis dos trabalhadores, a exploração do trabalho infantil e a falta de condições básicas de higiene e saúde. Essa descrição também contribui para a construção de uma atmosfera de opressão e revolta, preparando o leitor para os acontecimentos que se seguirão na narrativa.

 

POEMA: O ARRANCO DA MORTE - JUNQUEIRA FREIRE - COM GABARITO

 Poema: O arranco da morte

             Junqueira Freire

Pesa-me a vida já. Força de bronze
Os desmaiados braços me pendura.
Ah! já não pode o espírito cansado
Sustentar a matéria.

Eu morro, eu morro. A matutina brisa
Já não me arranca um riso. A rósea tarde
Já não me doura as descoradas faces
Que gélidas se encovam.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQgDJvVaoWF96lZJS0SQpnvz-H48PQP9-26-HSZjPPwcyaAkfMop6sRRDqdDA-1c_4av75ZicMnqq0vpydnNVIOigNj6_IR9xHPT1cRNk86dk5yaXWaort26167SB-oLpVMNIs3Ea02pSUM-bsc4BrpvTkWoO-nNrmd4JO2RV-mjRtwn-PQ1Sqaud5oUw/s1600/NOITE.jpg



O noturno crepúsculo caindo
Só não me lembra o escurecido bosque,
Onde me espera, a meditar prazeres,
A bela que eu amava.

A meia-noite já não traz-me em sonhos
As formas dela – desejosa e lânguida –
Ao pé do leito, recostada em cheio
Sobre meus braços ávidos.

A cada instante o coração vencido
Diminui um palpite; o sangue, o sangue,
Que nas artérias férvido corria,
Arroxa-se e congela.

Ah! é chegada a minha hora extrema!
Vai meu corpo dissolver-se em cinza;
Já não podia sustentar mais tempo
O espírito tão puro.

É uma cena inteiramente nova.
Como será? – Como um prazer tão belo,
Estranho e peregrino, e raro e doce,
Vem assaltar-me todo!

E pelos imos ossos me refoge
Não sei que fio elétrico. Eis! sou livre!
O corpo que foi meu! que lodo impuro!
Caiu, uniu-se à terra.

FREIRE, Junqueira. Antologia. Rio de Janeiro: Agir, 1962. p. 71.

Fonte: Português – Literatura, Gramática e Produção de texto – Leila Lauar Sarmento & Douglas Tufano – vol. 2 – Moderna – 1ª edição – São Paulo, 2010, p. 115.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Descoradas: pálidas.

·        Ávidos: desejosos.

·        Férvido: quente.

·        Imos: íntimos, profundos.

·        Meditar: imaginar.

·        Palpite: palpitação.

·        Peregrino: excepcional.

·        Refoge: escapa.

02 – Qual a principal temática abordada no poema?

      A principal temática do poema é a experiência da morte. Junqueira Freire descreve de forma vívida e sensorial os momentos que antecedem a morte, expressando sentimentos de aceitação, alívio e uma certa curiosidade em relação ao que virá após a vida.

03 – Como o eu lírico descreve o processo de morrer?

      O eu lírico descreve o processo de morrer de forma gradual e detalhada. Ele sente o corpo se desgastando, as forças se esvaindo, e a vida se apagando lentamente. A descrição é marcada por imagens sensoriais, como a sensação de peso nos braços, a palidez do rosto e o esfriamento do corpo.

04 – Quais os sentimentos do eu lírico em relação à morte?

      O eu lírico demonstra uma mistura de sentimentos em relação à morte. Há um senso de alívio, pois a vida o pesa e o cansa. Ao mesmo tempo, há uma certa curiosidade e expectativa em relação ao que virá após a morte. A descrição do momento da morte como um "prazer tão belo, estranho e peregrino" revela uma visão romantizada e idealizada da morte.

05 – Como a natureza é utilizada no poema?

      A natureza é utilizada como um reflexo do estado interior do eu lírico. A brisa matutina que já não arranca um riso e a tarde que não doura mais seu rosto simbolizam a perda de vitalidade e a aproximação da morte. A imagem do bosque onde o espera a amada representa um desejo de paz e serenidade após a vida.

06 – Como este poema se encaixa no contexto do Romantismo?

      "O arranco da morte" é um poema tipicamente romântico, pois apresenta características como:

      Idealização da morte: A morte é vista como uma libertação e um momento de paz.

      Subjetividade: O poeta expressa seus sentimentos de forma intensa e pessoal.

      Valorização da natureza: A natureza é utilizada como um reflexo do estado interior do poeta.

      Linguagem rica em metáforas: O poeta utiliza metáforas para expressar a complexidade da experiência da morte.