segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

POEMA: MARTÍRIO - JUNQUEIRA FREIRE - COM GABARITO

 Poema: Martírio

             Junqueira Freire

Beijar-te a fronte linda:
Beijar-te o aspecto altivo:
Beijar-te a tez morena:
Beijar-te a rir lascivo:

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeH0QMbMtij1rRw-fJE520mosnMRRrPbogImNhuOwt2CMoz-2lL7iI1OP4wCmZwVAgmDmH2JYREeYH01VeYOUKwQIo-YOJ37otAMH3sTt7JOh9U1n87iVujQvePo0f-JSLQCb8IzTBMGUj91tmihBSQwaEVVb6ZZDLcWIpZsaZtnhQTNP6JTwYPjiVWdk/s320/BEIJAR.jpg



Beijar o ar, que aspiras:
Beijar o pó, que pisas:
Beijar a voz, que soltas:
Beijar a luz, que visas:

Sentir teus modos frios:
Sentir tua apatia:
Sentir até repúdio:
Sentir essa ironia:

Sentir que me resguardas:
Sentir que me arreceias:
Sentir que me repugnas:
Sentir que até me odeias:

Eis a descrença e crença,
Eis o absinto e a flor,
Eis o amor e o ódio,
Eis o prazer e a dor!

Eis o estertor de morte,
Eis o martírio eterno,
Eis o ranger de dentes,
Eis o penar do inferno!

FREIRE, Junqueira. Antologia. Rio de Janeiro: Agir, 1962. p. 64-65.

Fonte: Português – Literatura, Gramática e Produção de texto – Leila Lauar Sarmento & Douglas Tufano – vol. 2 – Moderna – 1ª edição – São Paulo, 2010, p. 115.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual significado das palavras abaixo?

·        Fronte: face, rosto.

·        Lascivo: sensual.

·        Arreceias: receias, temes.

·        Absinto: erva amarga.

·        Estertor: agonia.

02 – Qual a principal temática abordada no poema?

      O poema "Martírio" de Junqueira Freire trata da complexidade do amor, especialmente quando este é não correspondido. O eu lírico expressa um amor intenso e sofrido, marcado pela ambivalência de sentimentos como desejo, repulsa, esperança e desespero. A temática central é o martírio amoroso, a dor intensa causada pelo amor não correspondido.

03 – Como o eu lírico descreve a amada?

      A amada é descrita de forma idealizada, como um ser perfeito e desejável. O eu lírico a vê como algo divino, quase intocável. Ao mesmo tempo, ela é representada como fria, indiferente e até mesmo repulsiva ao amor do eu lírico. Essa dualidade na descrição da amada intensifica o sofrimento do amante.

04 – Quais os sentimentos contraditórios expressos pelo eu lírico?

      O eu lírico experimenta uma gama de sentimentos contraditórios, como amor e ódio, desejo e repulsa, esperança e desespero. Ele deseja a amada de forma intensa, mas ao mesmo tempo se sente rejeitado e humilhado. Essa contradição de sentimentos revela a profundidade do sofrimento amoroso.

05 – Qual o papel da repetição do verbo "beijar" no início do poema?

      A repetição do verbo "beijar" no início do poema enfatiza o desejo intenso do eu lírico pela amada. O beijo, além de representar o ato físico, simboliza a posse, a união e a entrega total ao outro. A repetição cria um ritmo hipnótico e intensifica a ideia de obsessão.

06 – Como o poema se relaciona com o Romantismo?

      "Martírio" é um poema tipicamente romântico, pois apresenta características como:

      Idealização da amada: A mulher é vista como um ser superior e inalcançável.

      Subjetividade: O poeta expressa seus sentimentos de forma intensa e pessoal.

      Culto ao sofrimento: O sofrimento amoroso é visto como uma prova de amor e paixão.

      Linguagem rica em metáforas: O poeta utiliza metáforas para expressar a intensidade de seus sentimentos.

 

 

POEMA: SOBRE UM TÚMULO - FRAGMENTO - FAGUNDES VARELA - COM GABARITO

 Poema: Sobre um túmulo – Fragmento

           Fagundes Varela

Torce-te aí na sepultura fria
Onde passa rugindo o furacão,
Seja-te o orvalho das manhãs negado,
Soe em teu leito a voz da maldição!
Teu castigo será gemer debalde
Buscando o sono que o sudário deixa,
Ouvir nas trevas de uma noite horrenda
De errantes larvas a funérea queixa!

[...]

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqtwpzcH18uQDfNeEyi-EtBKQIvGa0ULnN4POMYpHtcm0I5IpPlc8h7mP1iXzfiqvEDgcPAojKoT_YYufHZJ7cpG57LH2V5y2g0gJBmYJoEkEEpWkAfNUV56851XbgHiMSg7MLmfPjmTZOTABkixn5H3W_FHnCNjfk_i5GCeptKvdsDiQVNw7gsqRzcZs/s320/ORVALHO.jpg


VARELA, Fagundes. In: TÁTI, Miécio; GUERRA, E. Carrera (Org.). Poesias completas de L. N. Fagundes Varela, São Paulo: Nacional, 1957. p. 141. (Fragmento).

Fonte: Português – Literatura, Gramática e Produção de texto – Leila Lauar Sarmento & Douglas Tufano – vol. 2 – Moderna – 1ª edição – São Paulo, 2010, p. 117.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Debalde: inutilmente.

·        Sudário: espécie de lençol com que se envolve o cadáver.

·        Funérea: sombria, relativa à morte.

02 – Qual a principal emoção transmitida pelo poema?

      O poema transmite uma forte carga de ódio e vingança. O eu lírico dirige-se a um morto, desejando-lhe um tormento eterno e uma sepultura fria e solitária. A emoção predominante é a raiva, que se manifesta através de implorações para que o morto sofra e seja castigado.

03 – Como a natureza é utilizada para intensificar o sentimento de maldição?

      A natureza é utilizada de forma sombria e hostil para intensificar o sentimento de maldição. O furacão rugindo, a ausência do orvalho e a noite horrenda criam um ambiente fúnebre e opressivo. A natureza, que geralmente é vista como fonte de vida e beleza, torna-se um instrumento de castigo e sofrimento.

04 – Qual o papel da religião neste poema?

      O papel da religião em "Sobre um túmulo" de Fagundes Varela é ambíguo e carregado de ironia. A menção a "maldição" e à "voz das maldições" evoca um contexto religioso, sugerindo a ideia de um castigo divino. No entanto, a forma como a maldição é invocada é mais próxima de um desejo pessoal de vingança do que de uma súplica a uma força superior.

05 – Como o poema se relaciona com a ideia de justiça e punição?

      O poema estabelece uma clara relação com a ideia de justiça e punição, mas de forma particular e distorcida. A justiça apresentada no poema é pessoal e vingativa, não se baseando em leis ou princípios morais universais, mas sim no desejo de vingança do eu lírico.

06 – Quais as possíveis interpretações para a figura do morto?

      A figura do morto no poema pode ser interpretada de diversas formas:

      Inimigo: O morto pode ser visto como um inimigo pessoal do eu lírico, alguém que causou-lhe grande sofrimento e merece ser castigado.

      Símbolo do mal: O morto pode representar o mal em si, uma força negativa que merece ser aniquilada.

      Projeção dos próprios medos e culpas: O desejo de maldizer o morto pode ser uma projeção dos próprios medos e culpas do eu lírico, que busca justificar seus próprios atos.

      Crítica social: O morto pode ser uma representação simbólica de uma sociedade injusta e opressora, contra a qual o eu lírico se revolta.

 

 

POESIA: MORTE (HORA DO DELÍRIO) - FRAGMENTO - JUNQUEIRA FREIRE - COM GABARITO

 Poesia: Morte (hora do delírio) – Fragmento

            Junqueira Freire

[...]

Não achei na terra amores
Que merecessem os meus.
Não tenho um ente no mundo
A quem diga o meu – adeus.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwKFQ2VQYuseeN8FfBWxXsQ6ttkZ7ZYT2pzGZ2hO8C4vI_dcH3wejJCnvjrnUX0AVPKI9RnEI98FQ-4ImxqT5A8723yY1e0KQbea6a2wiecmmG1TDeyhsGf_GshyjRdURY-JoUKE6N4pY0a_AJh3gHIk-qB1vitNi176ewdwn0o3bT67ONAQDNBAJdUS8/s320/romantismo-8.jpg

Não posso da vida à campa
Transportar uma saudade.
Cerro meus olhos contente
Sem um ai de ansiedade.

Por isso, ó morte, eu amo-te e não temo:
Por isso, ó morte, eu quero-te comigo.
Leva-me à região da paz horrenda,
Leva-me ao nada, leva-me contigo.

                                         Junqueira Freire. In: CANDIDO, Antônio; CASTELLO, José Aderaldo. Presença da literatura brasileira: Romantismo, Realismo, Parnasianismo, Simbolismo. 7, ed. ver. Rio de Janeiro/São Paulo: Difel, 1978. v. 2, p. 35-36. (Fragmento).

Fonte: Português – Literatura, Gramática e Produção de texto – Leila Lauar Sarmento & Douglas Tufano – vol. 2 – Moderna – 1ª edição – São Paulo, 2010, p. 108.

Entendendo a poesia:

01 – Qual a principal temática abordada no fragmento?

      A principal temática do fragmento é a aceitação da morte como um alívio para os sofrimentos da vida. Junqueira Freire expressa um desejo de morrer em paz, livre das dores e amarguras do mundo.

02 – Como o eu lírico se sente em relação à morte?

      O eu lírico demonstra um profundo desejo pela morte, vendo-a como uma libertação. Ele não teme a morte, mas a acolhe como um amigo, um refúgio para a alma cansada.

03 – Que sentimentos o eu lírico expressa em relação à vida?

      O eu lírico demonstra um sentimento de desencanto com a vida. Ele não encontra mais motivos para viver, pois não possui laços afetivos profundos e não encontra felicidade no mundo.

04 – Qual o significado da frase "Não posso da vida à campa / Transportar uma saudade"?

      Essa frase significa que o eu lírico não tem nada a lamentar ao deixar a vida. Ele não possui arrependimentos, nem saudades, pois não encontra mais valor nas coisas do mundo.

05 – Como a morte é representada no poema?

      A morte é representada como um estado de paz e tranquilidade, um lugar onde o eu lírico finalmente encontrará descanso. A morte é vista como uma libertação dos sofrimentos da vida.

 

 

POESIA: CANTIGA DE AMOR - GONÇALVES DIAS - COM GABARITO

 Poesia: Cantiga de amor

             Gonçalves Dias

Senhora minha, desde que vos vi, 

lutei para ocultar esta paixão 

que me tomou o coração;

mas não o posso mais e decidi 

que saibam todos o meu grande amor, 

a tristeza que tenho, a imensa dor 

que sofro desde o dia em que vos vi.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9kRQcZgwbCdHWvSWypLADWsKF30SiI8q8l57VT4asmfxrIfxr_5IxZTUT3RM1GlItJTsHKxVBjFIRUSXVpQ2-hWz-SOt33q3YAuiMDAMWyEaJ2CjWS-yOK7lXRCApEJ8REthkKomr5zAvo9KPdnBQSx1M5nsj6-f5cXkOcc7xfl6OkCBkj3BOKkX9zzg/s320/CANTIGA.jpg


Quando souberem que por vós sofri 

tamanha pena, pesa-me, senhora, 

que por vossa crueza padeci, 

eu que sempre vos quis mais que ninguém, 

e nunca me quisestes fazer bem, 

nem ao menos saber o que eu sofri.

 

E quando eu vir, senhora, que o pesar 

que me causais me vai levar a morte, 

direi, chorando minha triste sorte: 

“Senhor, por que me vão assim matar?”

E, vendo-me tão triste e sem prazer, 

todos, senhora, irão compreender 

que só de vós me vem este pesar.

Já que assim é, eu venho vós rogar 

que queiras pelo menos consentir 

que passe a minha vida a vos servir, 

e que possa dizer em meu cantar 

que está mulher, que em seu poder me tem, 

sois vós, senhora minha, vós, meu bem; 

graça maior não ousarei pedir.

DIAS, Gonçalves. In: BERARDINELLI, C. Cantigas de trovadores medievais em português moderno. Rio de Janeiro: Simões, s.d. p. 17.

Fonte: Português – Literatura, Gramática e Produção de texto – Leila Lauar Sarmento & Douglas Tufano – vol. 2 – Moderna – 1ª edição – São Paulo, 2010, p. 107.

Entendendo a poesia:

01 – Quais os principais elementos do amor cortês presentes nesta cantiga?

      Submissão da amada: A mulher é exaltada como um ser superior, quase divino, a quem o poeta se submete completamente.

      Sofrimento amoroso: O eu lírico expressa uma profunda tristeza e dor causada pelo amor não correspondido.

      Idealização da amada: A mulher é descrita de forma idealizada, como um ser perfeito e inalcançável.

      Servidão amorosa: O poeta se coloca como servo da amada, disposto a tudo para servi-la.

02 – Qual a função da repetição do nome "senhora" na cantiga?

      A repetição do vocativo "senhora" reforça a submissão do eu lírico à amada e a sua posição de inferioridade em relação a ela. Além disso, contribui para a criação de um clima de reverência e adoração.

03 – Qual o papel da natureza na expressão dos sentimentos do poeta?

      A natureza não desempenha um papel significativo nesta cantiga. A expressão dos sentimentos do poeta é centrada na relação com a amada e na sua própria interioridade.

04 – Qual a relação entre a dor amorosa e a morte na cantiga?

      A dor amorosa é tão intensa que o poeta teme pela própria vida. A morte é vista como uma possível consequência do sofrimento causado pela amada. Essa associação entre amor e morte é um tema recorrente na poesia trovadoresca.

05 – Como se pode interpretar o pedido final do poeta à amada?

      O pedido final do poeta revela a sua humildade e a sua esperança de que a amada possa, ao menos, reconhecer o seu amor e permitir que ele a sirva. É uma súplica por um gesto de misericórdia, mesmo que a amada não possa retribuir o seu amor.

 

 

POESIA: O POETA MORIBUNDO - FRAGMENTO - ÁLVARES DE AZEVEDO - COM GABARITO

 Poesia: O poeta moribundo – Fragmento

             Álvares de Azevedo

[...]

Eu morro qual nas mãos da cozinheira
O marreco piando na agonia...
Como o cisne de outrora... que gemendo
Entre os hinos de amor se enternecia.
 
Coração, por que tremes? Vejo a morte,
Ali vem lazarenta e desdentada...
Que noiva!... E devo então dormir com ela?
Se ela ao menos dormisse mascarada!

[...]

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzRcuiMODNCeD7Eb5cOH7l1Rm_pPRgfiIZyBXv2XawhlWLa4ng0OSufIm2sRb_TcQy_v_JrZxoAt6Qg9-WjYP8aeu0GnxP_kfX67XCPM6rB_fO-U_ya2pMgQCBW9mx7jTLPw_c0RUHegbjRG7tmLSFJSTsnGeAkuH-QFBQfxBCJuv6orekwN0mlXBXPGE/s320/LIRA.png


AZEVEDO, Álvares de. In: BUENO, Alexei (Org.). Álvares de Azevedo: obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000. p. 236. (Fragmento).

Fonte: Português – Literatura, Gramática e Produção de texto – Leila Lauar Sarmento & Douglas Tufano – vol. 2 – Moderna – 1ª edição – São Paulo, 2010, p. 109.

Entendendo a poesia:

01 – Qual a principal metáfora utilizada por Álvares de Azevedo para descrever a própria morte e qual o efeito que ela causa no poema?

      A principal metáfora utilizada é a comparação da própria morte à de um marreco piando nas mãos da cozinheira e ao cisne de outrora que morre cantando hinos de amor. Essa comparação cria um efeito de grande dramaticidade e ironia. A imagem do marreco piando transmite a ideia de uma morte ignominiosa e sem dignidade, enquanto a imagem do cisne cantando hinos de amor contrasta com a dor da morte, criando um clima de melancolia e saudosismo. Essa dualidade revela a complexidade dos sentimentos do poeta diante da morte: medo, ironia e resignação.

02 – Que sentimentos o poeta expressa em relação à morte?

      O poeta expressa uma gama de sentimentos complexos em relação à morte. Ele demonstra medo ("Coração, por que tremes?"), ironia ("Que noiva!... E devo então dormir com ela?"), e ao mesmo tempo, uma certa resignação diante do inevitável. A figura da morte é vista como algo temido e repulsivo, mas também como uma libertação do sofrimento. Essa ambivalência de sentimentos é característica do Romantismo, que valoriza a intensidade das emoções e a exacerbação dos sentimentos.

03 – Como a figura da morte é representada no poema?

      A figura da morte é representada de forma dual e contraditória. Por um lado, é personificada como uma noiva "lazarenta e desdentada", ou seja, como uma figura repulsiva e assustadora. Por outro lado, a morte também é vista como um alívio para o sofrimento, como demonstra a imagem do cisne que morre cantando. Essa dualidade reflete a complexidade da relação do homem com a morte, que ao mesmo tempo fascina e aterroriza.

04 – Qual a importância da metáfora do cisne no contexto do poema?

      A metáfora do cisne é fundamental para o poema, pois representa a beleza e a poesia diante da morte. O cisne, símbolo da elegância e da beleza, morre cantando hinos de amor, representando a capacidade do poeta de transformar a dor da morte em arte. Essa imagem contrasta com a imagem do marreco, enfatizando a dualidade da experiência da morte e a busca por significado mesmo diante da finitude.

05 – Como este poema se encaixa no contexto do Romantismo?

      Este poema é um exemplo clássico do Romantismo, pois apresenta características típicas desse movimento literário, como:

      Valorização da emoção: O poeta expressa seus sentimentos de forma intensa e subjetiva, explorando a angústia e o medo da morte.

      Individualismo: O poeta se coloca como centro do universo, explorando suas próprias experiências e sentimentos.

      Idealização da morte: A morte é idealizada como uma fuga do sofrimento e uma busca por um mundo ideal.

      Linguagem rica em metáforas: O uso de metáforas e comparações cria imagens vívidas e poéticas, como a comparação da morte com um marreco e um cisne.

 

POESIA: MEUS OITO ANOS - CASIMIRO DE ABREU - COM GABARITO

 Poesia: Meus oito anos 

            Casimiro de Abreu

Oh! que saudades que eu tenho

Da aurora da minha vida,

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais!

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgk07kxMKmKXR1Kc6UU4q15s5E_ZlMHZSSZnXDyagS_5lxNDu9OQPbER0rzdPgsL5mk_C7PpPrgoaQkGtdbqCbNkKs5zidhq5rIBBdINeyLodsiqH3r7CtuknrrGtJTqW0JjkkciJK0y2KD9tfp4qaITHTsCJ4W_mFkJX_OnAihEH3v4hKgcFT8-qI7LkE/s1600/OITO.jpg


Que amor, que sonhos, que flores,

Naquelas tardes fagueiras

À sombra das bananeiras,

Debaixo dos laranjais!

 

Como são belos os dias

Do despontar da existência!

– Respira a alma inocência

Como perfumes a flor;

O mar é – lago sereno,

O céu – um manto azulado,

O mundo – um sonho dourado,

A vida – um hino d’amor!

 

Que auroras, que sol, que vida,

Que noites de melodia

Naquela doce alegria,

Naquele ingênuo folgar!

O céu bordado d’estrelas,

A terra de aromas cheia,

As ondas beijando a areia

E a lua beijando o mar!

 

Oh! dias de minha infância!

Oh! meu céu de primavera!

Que doce a vida não era

Nessa risonha manhã!

Em vez de mágoas de agora,

Eu tinha nessas delícias

De minha mãe as carícias

E beijos de minha irmã!

 

Livre filho das montanhas,

Eu ia bem satisfeito,

Da camisa aberto o peito,

– Pés descalços, braços nus –

Correndo pelas campinas

À roda das cachoeiras,

Atrás das asas ligeiras

Das borboletas azuis!

 

Naqueles tempos ditosos

Ia colher as pitangas,

Trepava a tirar as mangas,

Brincava à beira do mar;

Rezava às Ave-Marias,

Achava o céu sempre lindo,

Adormecia sorrindo,

E despertava a cantar!

 

Oh! que saudades que eu tenho

Da aurora da minha vida

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais!

– Que amor, que sonhos, que flores,

Naquelas tardes fagueiras

À sombra das bananeiras,

Debaixo dos laranjais!

CANDIDO, Antônio; CASTELLO, José A.  Presença da Literatura Brasileira do Romantismo ao Simbolismo.  7. ed.  Rio de Janeiro/São Paulo: DIFEL, 1978, v. 2, p. 41-42.

Fonte: Português – Literatura, Gramática e Produção de texto – Leila Lauar Sarmento & Douglas Tufano – vol. 2 – Moderna – 1ª edição – São Paulo, 2010, p. 112-113.

Entendendo a poesia:

01 – Qual o sentimento predominante expresso pelo eu lírico no poema?

      O sentimento predominante é a saudade da infância. O eu lírico relembra com nostalgia os momentos de felicidade e inocência daquela época, contrapondo-os à complexidade e às mágoas da vida adulta.

02 – Como a natureza é representada no poema e qual sua importância para a construção do sentido?

      A natureza é representada de forma idealizada, como um espaço de paz e alegria. Elementos como bananeiras, laranjais, mar, céu e flores simbolizam a pureza e a beleza da infância. A natureza serve como pano de fundo para as memórias do eu lírico, intensificando a sensação de saudade.

03 – Quais as principais atividades e sensações associadas à infância no poema?

      As principais atividades associadas à infância são brincadeiras ao ar livre, contato com a natureza, momentos em família e a experiência da fé. As sensações predominantes são a alegria, a paz, a inocência e a leveza.

04 – Como o poeta contrasta a infância com a vida adulta?

      O poeta contrasta a infância com a vida adulta ao apresentar a primeira como um período de felicidade e inocência, e a segunda como um período marcado por mágoas e complexidades. A infância é vista como um paraíso perdido, enquanto a vida adulta é vista como um período de desencanto.

05 – Qual o papel da família na construção das memórias da infância?

      A família desempenha um papel fundamental na construção das memórias da infância. As carícias da mãe e os beijos da irmã são lembrados com afeto, evidenciando a importância dos laços familiares para a felicidade do eu lírico.

06 – Qual o efeito da repetição de versos no poema?

      A repetição dos versos iniciais e finais cria um efeito de circularidade, intensificando a sensação de saudade. Além disso, a repetição reforça a ideia da importância da infância para o eu lírico.

07 – Como este poema se encaixa no contexto do Romantismo?

      Este poema é um exemplo típico do Romantismo, pois apresenta características como:

      Idealização do passado: A infância é idealizada como um período perfeito e irrepetível.

      Valorização da natureza: A natureza é vista como fonte de inspiração e conforto.

      Subjetividade: O poeta expressa seus sentimentos de forma pessoal e intensa.

      Linguagem poética: O uso de metáforas e comparações cria um clima de sonho e nostalgia.

 

POEMA: A ESCRAVIDÃO - TOBIAS BARRETO - COM GABARITO

 Poema: A Escravidão

             Tobias Barreto

Se é Deus quem deixa o mundo
Sob o peso que o oprime,
Se ele consente esse crime,
Que se chama a escravidão,
Para fazer homens livres,
Para arrancá-los do abismo,
Existe um patriotismo
Maior que a religião.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEip-QDo_dxDBiFYpNiAB7b8wo3u4lrLTYJL29Ub_vjikgzoG_wZo8nTqlItJNYnDpsg1EVrJqz9qGM-3M9D71STJBq5TJ-bS0Va3m3uXMO1L30DSX35aOpi2zV9l9sX9iP0TG0cKZi-5YgHeBZNMeWPF_ncrUmMdELixbho9bOSl3noV400aefwVlIYsYc/s320/TOBIAS.jpg


Se não lhe importa o escravo
Que a seus pés queixas deponha,
Cobrindo assim de vergonha
A face dos anjos seus,
Em seu delírio inefável,
Praticando a caridade,
Nesta hora a mocidade
Corrige o erro de Deus!…

BARRETO, Tobias. In: FACIOLI, Valentim; OLIVIERI, Antônio Carlos (Org.). Antologia da poesia brasileira: Romantismo. São Paulo: Ática, p. 104.

Fonte: Português – Literatura, Gramática e Produção de texto – Leila Lauar Sarmento & Douglas Tufano – vol. 2 – Moderna – 1ª edição – São Paulo, 2010, p. 120.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal crítica feita por Tobias Barreto no poema?

      A principal crítica de Tobias Barreto no poema é à instituição da escravidão e à aparente indiferença divina diante desse sofrimento. O poeta questiona a existência de um Deus que permite a escravização de seres humanos e desafia a noção de um patriotismo que se sobrepõe à religião.

02 – Como o poeta relaciona Deus e a escravidão?

      Tobias Barreto estabelece uma relação paradoxal entre Deus e a escravidão. Ele questiona como um ser divino pode permitir uma prática tão cruel e injusta. Ao mesmo tempo, o poeta sugere que a juventude, em nome de um patriotismo mais elevado, pode corrigir os erros de Deus, evidenciando uma crítica à religião institucionalizada.

03 – Qual o papel da juventude na visão do poeta?

      A juventude, para Tobias Barreto, representa a esperança de um futuro melhor. Os jovens são vistos como agentes de transformação, capazes de corrigir os erros do passado e construir uma sociedade mais justa e igualitária. A juventude é chamada a agir com coragem e determinação para acabar com a escravidão.

04 – Que tipo de patriotismo o poeta defende?

      O patriotismo defendido por Tobias Barreto é um patriotismo que se baseia nos princípios da liberdade, da justiça e da igualdade. É um patriotismo que não se conforma com as injustiças sociais e que está disposto a lutar por um futuro melhor para todos.

05 – Qual a importância deste poema no contexto histórico?

      Este poema é importante por expressar o sentimento de indignação e revolta contra a escravidão que se alastrou entre os intelectuais brasileiros do século XIX. Tobias Barreto, ao questionar a legitimidade da escravidão e o papel de Deus, contribuiu para o debate sobre a abolição da escravatura no Brasil. O poema reflete o espírito abolicionista da época e a busca por uma sociedade mais justa e igualitária.

 

 

POEMA: MEU CANTO DE GUERRA - SOLANO TRINDADE - COM GABARITO

 Poema: MEU CANTO DE GUERRA

             Solano Trindade

Eu canto na guerra,
Como cantei na paz,
Pois meu poema
É universal.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGaTTjjxpBbGHyZp6BfNxeFfTzbNKcNp2DPKcBhY-evGqbGTGrY8CT4UGfcaunv_3k7iUtnIhC2vGc_MKBm09MrPrb2milTSuLStojUtM_Vc8LbvXY9WJc0Bsa0wCo_OGUKXwcYmdi86PQUvviKn1ads0NqFqF4-RQ3ACfNt_S-qGK5pDQoxBXctqng8U/s1600/solano.jpg


É o homem que sofre,
O homem que geme,
É o lamento
Do povo oprimido,
Da gente sem pão...
É o gemido
De todas as raças,
De todos os homens.
É o poema
Da multidão!

TRINDADE, Solano. In: REIS, Zenir Campos (Org.). Poemas antológicos de Solano Trindade. São Paulo: Nova Alexandria, 2008. p. 36 (Col. Obras Antológicas).

Fonte: Português – Literatura, Gramática e Produção de texto – Leila Lauar Sarmento & Douglas Tufano – vol. 2 – Moderna – 1ª edição – São Paulo, 2010, p. 125.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal mensagem do poema?

      A principal mensagem do poema é a universalidade da dor e do sofrimento humano. Solano Trindade busca mostrar que a poesia não se limita a momentos de paz e alegria, mas também pode ser um instrumento para expressar a angústia e a luta de um povo oprimido. A poesia, nesse sentido, torna-se uma voz para os marginalizados, para aqueles que sofrem com a desigualdade e a injustiça.

02 – Como o poeta relaciona a guerra e a paz?

      O poeta estabelece uma relação entre a guerra e a paz, mostrando que a poesia pode ser um refúgio em ambos os momentos. A poesia é vista como uma forma de resistência, uma maneira de manter a esperança mesmo em meio à dor e ao sofrimento. O poema "Meu Canto de Guerra" demonstra que a poesia não se silencia, mesmo em tempos de conflito, e continua a ser uma voz poderosa para aqueles que buscam justiça e igualdade.

03 – Qual o papel do poeta na sociedade, segundo Solano Trindade?

      Para Solano Trindade, o poeta tem um papel fundamental na sociedade. Ele é a voz daqueles que não têm voz, o porta-voz dos oprimidos e marginalizados. O poeta tem a responsabilidade de denunciar as injustiças sociais, de dar visibilidade ao sofrimento humano e de inspirar a luta por um mundo mais justo.

04 – Como o poema se relaciona com o contexto histórico e social da época em que foi escrito?

      O poema "Meu Canto de Guerra" foi escrito em um contexto marcado por grandes desigualdades sociais e por lutas populares. A temática da opressão, da injustiça e da luta por direitos sociais era central para a poesia da época. Solano Trindade, ao escrever este poema, inseriu-se nesse contexto, dando voz aos marginalizados e contribuindo para a construção de uma consciência crítica na sociedade. O poema reflete a busca por uma sociedade mais justa e igualitária, um ideal que motivou muitos poetas e artistas da época.

 

POEMA: LONGE DE TI - CASTRO ALVES - COM GABARITO

 Poema: Longe de Ti

           Castro Alves

Quando longe de ti eu vegeto,
Nessas horas de largos instantes,
O ponteiro, que passa os quadrantes,
Marca séculos, se esquece de andar.
Fito o céu — é uma nave sem lâmpada.
Fito a terra — é uma várzea sem flores.
O universo é um abismo de dores,
Se a madona não brilha no altar.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOR6T0VoyN7h9mV1I_ZQ8AGkH-6J_JlS0uj7UTuxuYAZvr39AG63WrIwY6KZFpOuyYDym9Pf8gO2XX2lGq1y8g2YupZPEJn-GwB0XpxNFayztmiMg2rRc5PN-JUYrNgy6e1mx44TgdKE5qCJA4t3sK7icQAWJqKVimy-sIEhAkVjIStIVEdd-lrOzlFxU/s320/Longe-de-Ti-de-Castro-Alves.jpg


Então lembro os momentos passados.
Lembro então tuas frases queridas,
Como o infante que as pedras luzidas
Uma a uma desfia na mão.
Como a virgem que as joias de noiva
Conta alegre a sorrir de alegria,
Conto os risos que deste-me um dia
E que eu guardo no meu coração.

Lembro ainda o lugar onde estavas...
Teu cabelo, teu rir, teu vestido...
De teu lábio o fulgor incendido...
Destas mãos a beleza ideal...
Lembro ainda em teus olhos, querida,
Este olhar de tão lânguido raios,
Este olhar que me mata em desmaios
Doce, terno, amoroso, fatal!...

Quando a estrela serena da noite
Vem banhar minha fonte saudosa,
Julgo ver nessa luz misteriosa,
Doce amiga, um carinho dos teus!
E ao silêncio da noite que anseia
De volúpia, de anelos, de vida.
Eu confio o teu nome, querida,
Para as brisas levarem-no aos céus.

De ti longe minh’alma vegeta,
Vive só de saudade e lembrança,
Respirando a suave esperança
De viver como escravo a teus pés,
De sonhar teus menores desejos,
De velar em teus sonhos dourados,
"Mais humilde que os servos curvados!
"Inda mais orgulhoso que os reis"!

Ó meu Deus! Manda às horas que fujam,
Que deslizem em fio os instantes...
E o ponteiro que passa os quadrantes
Marque a hora em que a posso fitar!
Como Tântalo à sede morria,
Sem achar o conforto preciso...
Morro à míngua, meu Deus, de um sorriso!
Tenho sede, Senhor, de um olhar.

ALVES, Castro. In: GOMES, Eugênio. (Org.). Castro Alves: Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997. p. 487-488.

Fonte: Português – Literatura, Gramática e Produção de texto – Leila Lauar Sarmento & Douglas Tufano – vol. 2 – Moderna – 1ª edição – São Paulo, 2010, p. 122-123.

Entendendo o poema:

01 – Qual o sentimento predominante expresso pelo eu lírico no poema?

      O sentimento predominante é a saudade intensa da amada. O eu lírico experimenta um sofrimento profundo pela ausência da mulher amada, e esse sentimento se manifesta através de uma linguagem rica em metáforas e comparações, que expressam a intensidade da paixão e do desejo.

02 – Como o eu lírico descreve a passagem do tempo quando está longe da amada?

      O eu lírico percebe o tempo como algo que se arrasta lentamente quando está longe da amada. Os momentos se prolongam, os dias parecem intermináveis e o tempo parece ter perdido sua fluidez. Essa percepção do tempo é uma forma de expressar o sofrimento causado pela saudade.

03 – Quais os elementos da natureza utilizados pelo poeta para expressar seus sentimentos?

      O poeta utiliza elementos da natureza para criar um ambiente que reflete seu estado emocional. O céu sem lâmpada, a terra sem flores e o universo como um abismo de dores simbolizam a tristeza e a desolação do eu lírico. Por outro lado, a estrela serena da noite e as brisas são elementos que evocam a esperança e o desejo de estar perto da amada.

04 – Como o eu lírico descreve a amada?

      A amada é descrita de forma idealizada, como um ser perfeito e desejável. O poeta destaca seus atributos físicos (cabelo, sorriso, olhos) e suas qualidades pessoais (ternura, beleza), criando um retrato idealizado que intensifica ainda mais o sentimento de saudade.

05 – Qual o papel das lembranças na vida do eu lírico?

      As lembranças da amada são a única fonte de conforto para o eu lírico. Ao reviver os momentos passados com a amada, ele encontra um alívio momentâneo para a dor da saudade. As lembranças são como tesouros que ele guarda em seu coração e que o ajudam a suportar a ausência.

06 – Como o poeta expressa a intensidade de seu amor?

      A intensidade do amor do eu lírico é expressa através de comparações e metáforas que evocam sentimentos extremos. Ele se compara a Tântalo, condenado a sofrer eternamente por ter a água sempre ao alcance, mas nunca podendo saciá-la. Essa comparação revela a intensidade da sede que o consome pela presença da amada.

07 – Qual a relação entre este poema e o Romantismo?

      "Longe de Ti" é um poema tipicamente romântico, pois apresenta características como:

      Idealização da amada: A mulher é vista como um ser perfeito e inalcançável.

      Subjetividade: O poeta expressa seus sentimentos de forma intensa e pessoal.

      Valorização da natureza: A natureza é utilizada como um reflexo do estado interior do poeta.

      Linguagem rica em metáforas: O poeta utiliza metáforas para expressar a intensidade de seus sentimentos.