domingo, 17 de dezembro de 2023

POEMA: ENSINAMENTO - ADÉLIA PRADO - COM GABARITO

 Poema: Ensinamento

              Adélia Prado

“Minha mãe achava estudo

a coisa mais fina do mundo.

Não é.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_qkuiTCcnXzCagy3xW8n9vhKD29jhF8KZdRlQr0bkIspOf2o8PiyWYNI0Qo_66DqNr-uX5kEDOt0ck2CR51i5Qw4ACK_yxS0akwhKXq11OMz3XZSoRqee3fgbLGMQq7U-HK8IKXfYzsEgCt1Vrzg1zzHqBZrRiESOq0mOiSLUJ_vqyVtr69hUSsroSDs/s320/um-s%C3%B3-ensinamento.jpg


A coisa mais fina do mundo é o sentimento.

Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,

ela falou comigo:

“Coitado, até essa hora no serviço pesado”.

Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente.

Não me falou em amor.

Essa palavra de luxo.”

Entendendo o texto

01. Releia os quatro primeiros versos do poema. O eu poético concorda com a opinião da mãe? Explique.

Não concorda, pois para o eu poético a coisa mais fina é o sentimento.

02. A qual ensinamento o título se refere?

Ao ensinamento de que o sentimento de amor e companheirismo pode estar presente em situações simples do cotidiano.

    03. Qual era a opinião da mãe de Adélia Prado sobre o estudo?

          a) Ela considerava o estudo importante.

          b) Ela não via importância no estudo.

          c) Ela acreditava que o estudo era a coisa mais fina do mundo.

    04. O que a mãe de Adélia Prado considerava como a coisa mais fina do mundo?

         a) Estudo.

         b) Sentimento.

         c) Trabalho pesado.

    05. Em que situação a mãe de Adélia Prado expressou seu cuidado e carinho pela filha?

         a) No momento do café da manhã.

         b) Durante a noite, quando o pai estava trabalhando.

         c) Ao falar sobre o trabalho pesado do pai.

   06. O que a mãe de Adélia Prado fez para demonstrar seu cuidado na situação mencionada?

         a) Deixou tacho no fogo com água quente.

         b) Preparou um jantar especial.

         c) Falou sobre o amor de maneira explícita.

  07. Qual palavra a mãe de Adélia Prado evitou mencionar na conversa com a filha?

         a) Estudo.

         b) Sentimento.

         c) Amor.

 

CONTO: OLHOS D' ÁGUA - CONCEIÇÃO EVARISTO - COM GABARITO

 Conto: Olhos d’água

Conceição Evaristo

Uma noite, há anos, acordei bruscamente e uma estranha pergunta explodiu de minha boca. De que cor eram os olhos de minha mãe? Atordoada custei reconhecer o quarto da nova casa em que estava morando e não conseguia me lembrar como havia chegado até ali. E a insistente pergunta, martelando, martelando... De que cor eram os olhos de minha mãe? Aquela indagação havia surgido há dias, há meses, posso dizer. Entre um afazer e outro, eu me pegava pensando de que cor seriam os olhos de minha mãe. E o que a princípio tinha sido um mero pensamento interrogativo, naquela noite se transformou em uma dolorosa pergunta carregada de um tom acusatório. Então, eu não sabia de que cor eram os olhos de minha mãe?

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXx9s2L4jYztv7ZOO6AF-Etb6QzoqIKdtSIEYnHFci33aoVdb5ZbBbcY8qpsdfSQiy8OAruNTrprvA0avplbmCvtWivSt5sVP6P6DKXXwOU7SduYeOoxsFgVNAC30DOHu7gLkscFvaXlDSVmUrG-DE0NtTvm-JDQTqJEUzjRMNs_WrboWEC7Rc816Tcdw/s320/AGUA.jpg


Sendo a primeira de sete filhas, desde cedo, busquei dar conta de minhas próprias dificuldades, cresci rápido, passando por uma breve adolescência. Sempre ao lado de minha mãe aprendi conhecê-la. Decifrava o seu silêncio nas horas de dificuldades, como também sabia reconhecer em seus gestos, prenúncios de possíveis alegrias. Naquele momento, entretanto, me descobria cheia de culpa, por não recordar de que cor seriam os seus olhos. Eu achava tudo muito estranho, pois me lembrava nitidamente de vários detalhes do corpo dela. Da unha encravada do dedo mindinho do pé esquerdo... Da verruga que se perdia no meio da cabeleira crespa e bela... Um dia, brincando de pentear boneca, alegria que a mãe nos dava quando, deixando por uns momentos o lava-lava, o passa-passa das roupagens alheias, se tornava uma grande boneca negra para as filhas, descobrimos uma bolinha escondida bem no couro cabeludo ela. Pensamos que fosse carrapato. A mãe cochilava e uma de minhas irmãs aflita, querendo livrar a boneca-mãe daquele padecer, puxou rápido o bichinho. A mãe e nós rimos e rimos e rimos de nosso engano. A mãe riu tanto das lágrimas escorrerem. Mas, de que cor eram os olhos dela?

Eu me lembrava também de algumas histórias da infância de minha mãe. Ela havia nascido em um lugar perdido no interior de Minas. Ali, as crianças andavam nuas até bem grandinhas. As meninas, assim que os seios começavam a brotar, ganhavam roupas antes dos meninos. Às vezes, as histórias da infância de minha mãe confundiam-se com as de minha própria infância. Lembro-me de que muitas vezes, quando a mãe cozinhava, da panela subia cheiro algum. Era como se cozinhasse ali, apenas o nosso desesperado desejo de alimento. As labaredas, sob a água solitária que fervia na panela cheia de fome, pareciam debochar do vazio do nosso estômago, ignorando nossas bocas infantis em que as línguas brincavam a salivar sonho de comida. E era justamente nos dias de parco ou nenhum alimento que ela mais brincava com as filhas. Nessas ocasiões a brincadeira preferida era aquela em que a mãe era a Senhora, a Rainha. Ela se assentava em seu trono, um pequeno banquinho de madeira. Felizes colhíamos flores cultivadas em um pequeno pedaço de terra que circundava o nosso barraco. Aquelas flores eram depois solenemente distribuídas por seus cabelos, braços e colo. E diante dela fazíamos reverências à Senhora. Postávamos deitadas no chão e batíamos cabeça para a Rainha. Nós, princesas, em volta dela, cantávamos, dançávamos, sorríamos. A mãe só ria, de uma maneira triste e com um sorriso molhado... Mas de que cor eram os olhos de minha mãe? Eu sabia, desde aquela época, que a mãe inventava esse e outros jogos para distrair a nossa fome. E a nossa fome se distraía.

Às vezes, no final da tarde, antes que a noite tomasse conta do tempo, ela se assentava na soleira da porta e juntas ficávamos contemplando as artes das nuvens no céu. Umas viravam carneirinhos; outras, cachorrinhos; algumas, gigantes adormecidos, e havia aquelas que eram só nuvens, algodão doce. A mãe, então, espichava o braço que ia até o céu, colhia aquela nuvem, repartia em pedacinhos e enfiava rápido na boca de cada uma de nós. Tudo tinha de ser muito rápido, antes que a nuvem derretesse e com ela os nossos sonhos se esvaecessem também. Mas, de que cor eram os olhos de minha mãe?

Lembro-me ainda do temor de minha mãe nos dias de fortes chuvas. Em cima da cama, agarrada a nós, ela nos protegia com seu abraço. E com os olhos alagados de pranto balbuciava rezas a Santa Bárbara, temendo que o nosso frágil barraco desabasse sobre nós. E eu não sei se o lamento-pranto de minha mãe, se o barulho da chuva... Sei que tudo me causava a sensação de que a nossa casa balançava ao vento. Nesses momentos os olhos de minha mãe se confundiam com os olhos da natureza. Chovia, chorava! Chorava, chovia! Então, porque eu não conseguia lembrar a cor dos olhos dela?

E naquela noite a pergunta continuava me atormentando. Havia anos que eu estava fora de minha cidade natal. Saíra de minha casa em busca de melhor condição de vida para mim e para minha família: ela e minhas irmãs que tinham ficado para trás. Mas eu nunca esquecera a minha mãe. Reconhecia a importância dela na minha vida, não só dela, mas de minhas tias e todas a mulheres de minha família. E também, já naquela época, eu entoava cantos de louvor a todas nossas ancestrais, que desde a África vinham arando a terra da vida com as suas próprias mãos, palavras e sangue. Não, eu não esqueço essas Senhoras, nossas Yabás, donas de tantas sabedorias. Mas de que cor eram os olhos de minha mãe?

E foi então que, tomada pelo desespero por não me lembrar de que cor seriam os olhos de minha mãe, naquele momento, resolvi deixar tudo e, no outro dia, voltar à cidade em que nasci. Eu precisava buscar o rosto de minha mãe, fixar o meu olhar no dela, para nunca mais esquecer a cor de seus olhos.

E assim fiz. Voltei, aflita, mas satisfeita. Vivia a sensação de estar cumprindo um ritual, em que a oferenda aos Orixás deveria ser descoberta da cor dos olhos de minha mãe.

E quando, após longos dias de viagem para chegar à minha terra, pude contemplar extasiada os olhos de minha mãe, sabem o que vi? Sabem o que vi?

Vi só lágrimas e lágrimas. Entretanto, ela sorria feliz. Mas, eram tantas lágrimas, que eu me perguntei se minha mãe tinha olhos ou rios caudalosos sobre a face? E só então compreendi. Minha mãe trazia, serenamente em si, águas correntezas. Por isso, prantos e prantos a enfeitar o seu rosto. A cor dos olhos de minha mãe era cor de olhos d’água. Águas de Mamãe Oxum! Rios calmos, mas profundos e enganosos para quem contempla a vida apenas pela superfície. Sim, águas de Mamãe Oxum.

Abracei a mãe, encostei meu rosto no dela e pedi proteção. Senti as lágrimas delas se misturarem às minhas.

Hoje, quando já alcancei a cor dos olhos de minha mãe, tento descobrir a cor dos olhos de minha filha. Faço a brincadeira em que os olhos de uma são o espelho dos olhos da outra. E um dia desses me surpreendi com um gesto de minha menina. Quando nós duas estávamos nesse doce jogo, ela tocou suavemente o meu rosto, me contemplando intensamente. E, enquanto jogava o olhar dela no meu, perguntou baixinho, mas tão baixinho como se fosse uma pergunta para ela mesma, ou como estivesse buscando e encontrando a revelação de um mistério ou de um grande segredo. Eu escutei, quando, sussurrando minha filha falou:

Mãe, qual é a cor tão úmida de seus olhos?

(In: Olhos d’água, p. 15-19)

Entendendo o texto

01. Um conto é breve, ligado a uma única situação ou evento.

a.   Qual é o conflito vivido pela narradora em “Olhos d’água”?

          Conflito que gera o conto é a narradora não saber ou não se lembrar da cor dos olhos de sua mãe.

b.   Chamamos de clímax o momento de maior tensão do enredo, em que os fatos caminham para um final. Qual cena da narrativa pode ser associada ao clímax?

O reencontro entre a narradora e sua mãe, no qual aquela constata que os olhos de sua mãe têm cor de olhos d’água.

02. A narrativa é feita em 1ª pessoa por um narrador, que é também personagem.

a.   Como o narrador-personagem se apresenta? Justifique sua resposta com trechos do conto.

Resposta pessoal.

b.   De que modo a narradora vê a própria mãe?

              Como uma mulher criativa, sensível, amorosa, dedicada aos filhos, que conta histórias, que mantém a família unida.

c.   Em relação à descrição dos personagens no conto, o que predomina: as características físicas ou as psicológicas? Predomina o perfil psicológico dos personagens.

03. Ao longo do texto, uma pergunta se repete: “Mas de que cor eram os olhos de minha mãe?”

a.   Com quem a narradora dialoga? Explique sua resposta.

               Consigo mesma, como se ela estivesse pensando em voz alta.

b.   O que a repetição da pergunta revela sobre o estado emocional da narradora?

          Indica a angústia da narradora por não saber ou não se lembrar da cor dos olhos da mãe.

04.  No conto, o espaço é sempre delimitado. Nessa narrativa, podemos perceber que há dois espaços:

a)   Quais informações a narradora revela sobre esses espaços?

              Espaço da infância: trata-se de um lugar pobre, no qual a narradora e sua família vivem em uma habitação mal construída, um barraco. Espaço atual: longe de sua cidade natal, afirmado nos trechos “longos dias de viagem para chegar à minha terra” e “resolvi deixar tudo e, no outro dia, voltar à cidade em que nasci”.

b)    Ao descrever a viagem, a narradora afirma: “Voltei aflita, mas satisfeita.”. Em sua opinião, quais foram os motivos da aflição e da satisfação?

Resposta pessoal.

05. Qual é a questão que atormenta a narradora no início do conto?

a) Qual era o nome de sua mãe?

b) De que cor eram os olhos de sua mãe?

c) Onde ela morava atualmente?

    06. Como a narradora descreve sua infância ao lado da mãe?

          a) Feliz e tranquila.

          b) Dolorosa e cheia de mistérios.

          c) Agitada e repleta de aventuras.

   07. Em que momento a mãe brincava de ser a Senhora, a Rainha?

         a) Nos dias de chuva.

         b) Nos dias de fartura de comida.

         c) Nos dias em que a família passava fome.

   08. Como a mãe distraía a fome das filhas nos momentos difíceis?

        a) Contando histórias da infância.

        b) Inventando jogos e brincadeiras.

       c) Cozinhando alimentos saborosos.

  09.  Nos dias de forte chuva, qual era o temor da mãe?

        a) Que sua filha se perdesse na tempestade.

        b) Que a casa desabasse sobre a família.

        c) Que os raios atingissem o barraco.

  10.  O que a narradora decide fazer para descobrir a cor dos olhos de sua mãe?

        a) Consultar um vidente.

        b) Voltar à cidade onde nasceu.

        c) Perguntar às suas irmãs.

  11. O que a narradora encontra ao contemplar os olhos de sua mãe em sua cidade natal?

        a) Olhos secos e sem expressão.

        b) Lágrimas e um sorriso feliz.

       c) Olhos azuis e penetrantes.

12.  Qual é a revelação surpreendente sobre a cor dos olhos de sua mãe?

       a) Eram verdes como esmeraldas.

       b) Eram negros como a noite.

       c) Eram cor de olhos d’água, águas de Mamãe Oxum.

13. O que a narradora pede à mãe ao descobrir a cor de seus olhos?

      a) Dinheiro.

      b) Proteção.

      c) Conselhos.

14. Como a narradora tenta descobrir a cor dos olhos de sua filha?

      a) Perguntando diretamente.

      b) Observando a mudança de cor.

      c) Brincando de refletir os olhos uma na outra.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

POEMA: PICASSO - ADRIANA ABUJAMRA AITH - COM GABARITO

 Poema: PICASSO

             Adriana Abujamra Aith

Picasso
Desde pequeno
Fazia troça
Com traços

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisEJijwhbR8upqDvA7wGXtysn-OuiolIqyTla9Pw1c6E6OCvuEj2DW7Hdy9VHKXTa1phrsTAUZaK8LLBLbGIMY8CnQpr-Cw6w7Bj6xADGgwmSof-97wZE_iPKR3PiS5aAFk7drpqn8WoAeCJ03uQqHow-M14t8wSy1ttdm1Auyb5CL7iQ57FEhwsGGFwg/s1600/Picasso-em-1891.jpg


Parece piada
Mas dizem que é pura verdade
A primeira palavra que disse foi:
“Lápis”.

E zapt!
Não parou mais
Desenhava as touradas da Espanha
Cavalos, bonecas
Menino levado.

Cresceu
Foi para paris
Impressionado com a cidade
Registrou o que viu.

Mas um grande amigo partiu
E com ele as cores
Sobrou o azul
Quadros de dores.

Logo conheceu uma moça
Na tela branca
A paixão vermelha
Corou de rosa a sua paleta.

Mas a fase mais engraçada
Foi a cubista
Picasso embaralhou as formas
Brincou com as normas.

Cubismo
Mosaicos
Caquinhos
Pedaços.

Na época
Foi aquele estardalhaço
Desenhou perfil de frente
Pôs bumbum no lugar dos braços
Fez tudo diferente.

Arte não é fotografia
Que registra o modelo real
Tal e qual.

Na tela
A imagem que fica
É Picasso e
Não tem igual.

Adriana Abujamra Aith. Em: Nova Escola. 1° de ago. 2004. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/3215/picasso. Acesso em: 27 abr. 2021.

Fonte: Coleção Desafio Língua Portuguesa – 5° ano – Anos Iniciais do Ensino Fundamental – Roberta Vaiano – 1ª edição – São Paulo, 2021 – Moderna – p. MP072-MP074.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o poema, qual o significado dessas palavras:

·        Troça: zombaria, gracejo, brincadeira.

·        Paleta: chapa sobre a qual os pintores colocam e misturam suas tintas.

·        Mosaicos: desenhos formados por pequenas pedras ou vidros coloridos.

02 – Leia as palavras no quadro abaixo três vezes, com rapidez e sem tropeços.

        Traço – Braço – Moça – Estardalhaço – Troça – Pedaço.

a)   Observe a última sílaba de cada palavras e responda: o que as palavras do quadro acima têm em comum?

A sílaba final das palavras tem cedilha.

b)   Escreva três palavras que poderiam estar no quadro acima.

Peça, aço, preguiça, palhaço.

c)   Quais palavras do quadro são escritas com as mesmas letras?

Troça e traço.

03 – Localize no poema e complete.

a)   O nome da cidade para onde Picasso foi depois que cresceu.

Paris.

b)   O que o artista desenhava quando criança.

Touradas da Espanha, cavalos e bonecas.

04 – A seguir, há alguns acontecimentos da vida de Picasso.

a)   Converse com seu professor(a) sobre isso.

Respostas pessoal do aluno.

b)   Depois, numere os acontecimentos da vida desse pintor em ordem cronológica e indique as estrofes correspondentes.

(3) Em 1904, apaixonou-se por Fernande Olivier. 6ª estrofe.

(2) Em 1901, seu melhor amigo morreu, e Picasso passou a pintar telas somente em tons de azul e com pessoas tristes. 5ª estrofe.

(4) Em 1907, inventou o Cubismo, com Georges Braque, e passou a fazer figuras humanas usando formas geométricas. Da 7ª à 9ª estrofes.

(1) Visitou Paris, em outubro de 1900. 4ª estrofe.

 

CONTO: O PLANETA DO PEQUENO PRÍNCIPE PRETO - (FRAG.ADAPT) - RODRIGO FRANÇA - COM GABARITO

 Conto: O PLANETA DO PEQUENO PRÍNCIPE PRETO

        Fragmento adaptado.     

        Rodrigo França

        Em um minúsculo planeta mora um menino preto com uma árvore Baobá.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfMxiCNvwZC77N4Z59DbHC-PTKuG_txo8cDnmkQdXLq2_ejnpeGdBIMFNuWsHhLX-waFlGs1WfeIkQuD8FBIrAPhU6vT5BpqdyUzteAujSaEW-Ys9r6nsLATRhc8weT_p5n9-Nn7CcZTLrWXHSwmB2UMYQKqkcIT-UKZrG1rlpjwbfX2nD2aH98uFrQqc/s320/BAOB%C3%81.jpg


        O menino gosta muito de regar a Baobá, que é sua única companheira.

        — Vocês só estão me ouvindo, mas não conseguem me ver. Estou atrás do tronco de uma árvore, da Baobá. É uma árvore linda, imensa, gigante. Estou de braços abertos tentando envolvê-la, mas não consigo. Precisaria de duas, três, quatro... De muita gente. Abraçar a Baobá é uma troca de força, de energia. Sabe quando a bateria está fraca? Então, eu venho aqui e recarrego.

        Ah, já ia esquecendo: eu sou o Príncipe deste planeta. A Baobá disse que sou o Pequeno Príncipe. Ela é a Grande Princesa.

        Este planeta é tão pequeno que só cabemos nós dois aqui. Em breve seremos três. Comparado a um planeta chamado Terra, aqui é tão pequeno que parece um grão de areia. Existem outros planetas espalhados por esse infinito Universo. Conheço alguns, mas o meu sonho é conhecer todos, um a um. Saber quem mora nesses lugares e o que fazem. Enquanto faço isso, deixo a semente da Baobá, porque quero espalhar por aí o que tenho de mais precioso: ela e o UBUNTU.

        Foi uma promessa que fiz para a Baobá. Mas, para sair daqui preciso aproveitar as ventanias, que só aparecem de vez em quando. Então, quando elas aparecem, eu saio voando, voando.

        Eu não sei quem veio primeiro. O planeta ou a Baobá. Ela é uma árvore sagrada, milenar. Está há tanto tempo aqui…

        A Baobá gosta do solo seco, mas eu rego todos os dias com água morna. Não gosto de ver ninguém com sede. As amizades também devem ser regadas todos os dias. Nem com muita água, nem com pouca.

        Deixe-me contar um segredo: uma vez por ano, numa única noite, nasce uma solitária flor de cabeça para baixo, e a Baobá explode de vida e alegria.

        A flor dura poucas horas e fede igual a carniça, mas é linda demais. Eu acho engraçado, porque a Baobá é ao contrário. Os galhos são secos para cima, parecem raízes. As folhas só brotam quando chove. Parece até que caiu do céu, de ponta-cabeça.

        Devo tanto à Baobá, sabe? Sabedoria é comida que nos alimenta.

        Existe uma coisa chamada ancestralidade. Antes dessa árvore, existiu outra árvore, antes existiu outra árvore, e mais outra, outra e outra… Antes de mim vieram os meus pais, os meus avós, os meus bisavós, os meus tataravós, os meus ta-ta-taravós… Todos eram reis, rainhas.

        Como pode existir o hoje, o agora, se você não conhece o seu passado, a sua origem, as suas características? É assim que a gente conhece a nossa ancestralidade. Isso é sabedoria e ancestralidade

        A minha pele é da cor desse solo. Quando eu rego fica mais escuro, cor de chocolate, de café quentinho. As cores são diferentes, iguais aos lápis de cor. Tem gente que fala que existe um lápis “cor de pele”. Como assim? A pele pode ter tantos tons…

        Eu sou negro! Um pouco mais claro que alguns negros e um pouco mais escuro que outros. É como a cor verde… Tem o verde-escuro e o verde-claro, mas nenhum dos dois deixa de ser verde. Eu gosto muito da minha cor e dos meus traços.

        Minha boca é grande e carnuda.

        Olhe o meu sorriso, como é simpático e bonito!

        Eu tenho nariz de batata. Eu adoro batata e adoro meu nariz.

        Meus olhos são escuros como a noite. Também existem olhos claros, mas gosto dos meus olhos como eles são. Porque são meus.

        Meu cabelo não é ruim. Ele não fala mal de ninguém. Antes eu cortava meu cabelo bem baixinho, mas agora estou deixando crescer. Quero que fique para cima igual aos galhos da Baobá. Vai crescer, crescer, crescer… Vai ficar forte, brilhoso, volumoso. Olhe para o céu! Ele será o limite.

Rodrigo França. O Pequeno Príncipe Preto. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2020.

Fonte: Coleção Desafio Língua Portuguesa – 5° ano – Anos Iniciais do Ensino Fundamental – Roberta Vaiano – 1ª edição – São Paulo, 2021 – Moderna – p. MP052 – Mpo054.

Entendendo o conto:

01 – Quem é o narrador da história?

a)   A Baobá.

b)   A Grande Princesa.

c)   O Pequeno Príncipe.

02 – Quem faz companhia ao menino no planeta em que ele habita?

a)   O pai e a mãe do príncipe.

b)   Uma árvore grande e sagrada.

c)   Vários reis e rainhas, avós do príncipe.

03 – É possível perceber que a Baobá é, de fato, enorme porque:

a)   O Pequeno Príncipe não consegue envolver a árvore com os braços abertos.

b)   Apenas uma pessoa conseguiria envolver a árvore com os braços abertos.

c)   Baobás costumam ser árvores não muito grandes.

04 – A árvore chama o menino de Pequeno Príncipe porque:

a)   Esse é o apelido que outras árvores deram ao menino.

b)   Ele é o único príncipe que já existiu no planeta.

c)   Ele é uma criança de quem ela gosta muito.

05 – Quem veio primeiro: a árvore ou o planeta?

a)   O menino não sabe se quem veio primeiro foi a árvore ou o planeta.

b)   O menino tem uma certeza de que o planeta veio primeiro.

c)   O menino acha que foi a árvore, pois ela está há muito tempo no planeta.

06 – Como é a Baobá e o Pequeno Príncipe? Reconte como o menino descreve a si mesmo e a árvore.

      A Baobá é uma árvore linda e imensa, gosta de solo seco, é uma árvore sagrada, milenar. O menino é negro, tem boca grande e carnuda, sorriso simpático e bonito, nariz de batata, olhos escuros e cabelos que “não é ruim”.

07 – Releia o trecho em que o menino fala de amizade.

        “A Baobá gosta do solo seco, mas eu rego todos os dias com água morna. Não gosto de ver ninguém com sede. As amizades também devem ser regadas todos os dias. [...]”. Como o menino alimenta a amizade que tem com a árvore Baobá?

      Ele a rega todos os dias com água morna para demonstrar seu afeto.

08 – No trecho: “Meu cabelo não é ruim. Ele não fala mal de ninguém.”, podemos dizer que a segunda afirmação é inusitada porque faz uma crítica. O que o menino está criticando?

      O menino está criticando o modo preconceituoso como muitas se referem ao cabelo das pessoas negras, dizendo que é “ruim” por ser crespo ou encaracolado.

09 – Releia o trecho abaixo: “A Baobá gosta do solo seco, mas eu rego todos os dias com água morna”. Reescreva esse trecho, substituindo as palavras destacadas por sinônimos.

      A Baobá gosta do solo árido/desértico, contudo eu rego todos os dias com água morna.

10 – Releia o trecho abaixo: “A minha pele é da cor desse solo. Quando eu rego fica mais escuro, cor de chocolate, de café quentinho. As cores são diferentes, iguais aos lápis de cor. Tem gente que fala que existe um lápis “cor de pele”. Como assim?

a)   Em que situações costumamos empregar o verbo regar?

Usa-se o verbo regar ao falar da ação de molhar ou umedecer as plantas e a terra.

b)   Por que o menino não concorda com a existência de um lápis “cor de pele”?

Porque ele sabe que há muitos tons de pele, e o chamado lápis “cor de pele” refere-se a apenas um tom.