terça-feira, 23 de agosto de 2022

CORDEL: O DINHEIRO OU O TESTAMENTO DO CACHORRO - (FRAGMENTO) - LEANDRO GOMES DE BARROS - COM GABARITO

 Cordel: O dinheiro ou O testamento do cachorro – Fragmento

             Leandro Gomes de Barros

[...]

Um inglês tinha um cachorro

De uma grande estimação

Morreu o dito cachorro

E o inglês disse então:

-- Mim enterra essa cachorra

Inda que gaste um milhão!

 

Foi ao vigário e disse:

-- Morreu cachorra de mim

E urubu do Brasil

Não poderá dar-lhe fim

-- Cachorro deixou dinheiro?

Perguntou vigário assim.

 

-- Mim quer enterrar cachorra!

Disse o vigário: – Ó inglês

Você pensa que isto aqui

É o país de vocês?

Disse o inglês: – O cachorra

Gasta tudo desta vez.

 

-- Ele antes de morrer

Um testamento aprontou

Só quatro contos de réis

Para o vigário deixou!

Antes do inglês findar

O vigário suspirou:

 

-- Coitado!, disse o vigário

De que morreu este pobre?

Que animal inteligente

Que sentimento tão nobre

Antes de partir do mundo

Fez-me presente do cobre!

 

-- Leve-o para o cemitério

Que o vou encomendar

Isto é, traga o dinheiro

Antes dele se enterrar!

Estes sufrágios fiados

É factível não salvar.

 

E lá chegou o cachorro

O dinheiro foi na frente

Teve momento o enterro

Missa de corpo presente

Ladainha e seu rancho

Melhor do que certa gente.

 

Mandaram dar parte ao bispo

Que o vigário tinha feito

O enterro do cachorro

Que não era de direito

O bispo aí falou muito

Mostrou-se mal satisfeito.

 

Mandou chamar o vigário

Pronto, o vigário chegou:

-- Às ordens, sua excelência!

O bispo lhe perguntou:

-- Então que cachorro foi

Que Seu vigário enterrou?

 

-- Foi um cachorro importante

Animal de inteligência

Ele antes de morrer

Deixou a Vossa Excelência

Dois contos de réis em ouro

Se errei, tenha paciência!

 

-- Não foi erro, Seu vigário

Você é um bom pastor

Desculpe eu incomodá-lo

A culpa é do portador

Um cachorro como este

Já vê que é merecedor!

[...]

BARROS, Leandro Gomes de. O dinheiro. Recife: [s. n.], 1909. Folheto de Cordel. Disponível em: http://docvirt.com/docreader.net/docreader.aspx?bib=RuiCordel&pasta=&pesq=LC6074&pagfis=348. Acesso em: 1° jul. 2020.

Fonte: Língua Portuguesa – Estações – Ensino Médio – Volume Único. 1ª edição, São Paulo, 2020 – editora Ática – p. 100-1. Fragmento.

Entendendo o cordel:

01 – Qual é a situação apresentada nesse trecho do cordel?

      No trecho do cordel, participam da cena o inglês, dono do cachorro falecido, o vigário e o bispo. Na cena, o inglês vai ao vigário pedir que seu cachorro seja enterrado como se fosse gente. O vigário rechaça o pedido, até que o inglês lhe oferece dinheiro. O Vigário é denunciado ao bispo, que vai tomar satisfação com ele, mas a reprimenda só dura até o momento em que o padre oferece dinheiro ao superior.

02 – Como se pode interpretar o “suspiro” do vigário na quarta estrofe?

      O suspiro indica uma falsa expressão de resignação do padre, que, na verdade, estava aliviado em saber que receberia dinheiro do inglês para realizar o enterro do cachorro.

03 – O bispo muda de opinião sobre o enterro do cachorro no decorrer do texto. No que consiste essa mudança?

      O bispo começa achando um absurdo realizar o enterro do cachorro, pois não estaria de acordo com os dogmas da Igreja, mas, quando entende que haverá um bom pagamento pelo “serviço”, ele muda de tom e enaltece o cachorro, deixando claro que o animal merece esse tipo de tratamento.

04 – O que há de ridículo e engraçado nessa situação descrita no cordel?

      O ridículo está no fato de o cachorro ser enterrado “melhor do que certa gente”, isto é, melhor do que os mais pobres, que não têm como pagar os serviços da Igreja. Outro fato é o padre aceitar fazer o enterro por dinheiro e o bispo concordar. O humor aparece exatamente ao mostrar essas personagens nessas situações ridículas.

05 – A sátira é um procedimento em que se ridicularizam os vícios ou as imperfeições de determinado indivíduo ou instituição, geralmente como forma de denúncia. Nesse cordel, a sátira é feita em relação a que instituição?

      Ao ridicularizar o padre e o bispo, o cordel acaba fazendo uma crítica à Igreja, denunciando a corrupção presente na instituição.

 

ROMANCE: O PEQUENO PRÍNCIPE - (FRAGMENTO) - ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY - COM GABARITO

 Romance: O pequeno príncipe – Fragmento

       [...]

        E foi então que apareceu a raposa: [...]

        -- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. – Estou tão triste...

        -- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. – Não fui cativada ainda. [...]

        -- Que quer dizer "cativar"? [...]

        -- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. – Significa "criar laços...” [...] - Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...

        -- Começo a compreender, disse o principezinho. Existe uma flor... eu creio que ela me cativou...

        -- [...] se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo... [...] Por favor... cativa-me! – disse ela. [...].

        -- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.

        -- É preciso ser paciente - respondeu a raposa. [...]

        No dia seguinte o principezinho voltou.

        -- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa.  Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas, se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... [...]. Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:

        -- Ah! Eu vou chorar.

        -- A culpa é tua, [...] tu quiseste que eu te cativasse...

        -- Quis, disse a raposa.

        -- Mas tu vais chorar! Disse o principezinho.

        -- Vou, disse a raposa.

        -- Então, nãos sais lucrando nada!

        -- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo. [...] Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te farei presente de um segredo. [...]

        E voltou, então, à raposa:

        -- Adeus, disse ele...

        -- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos. [...] Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante. [...] Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...

        -- Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

 SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. O pequeno príncipe. Tradução de Dom Marcos Barbosa. 41. ed. Rio de Janeiro: Agir, 2015.

Fonte: Língua Portuguesa – Estações – Ensino Médio – Volume Único. 1ª edição, São Paulo, 2020 – editora Ática – p. 96-7. (Fragmento).

Entendendo o romance:

01 – O que a presença de um animal falante pode revelar sobre o teor da narrativa?

      A presença do animal falante pode revelar que se trata de uma narrativa de fantasia, repleta de ensinamentos sobre a amizade e sobre as relações humanas de modo geral, o que a aproxima de gêneros como as fábulas e os contos de fadas, que têm função moralizante.

02 – O que significa o verbo cativar, segundo a raposa?

      Significa “criar laços...”, ou seja, estabelecer relação de afeto com alguém.

03 – A raposa afirma que cativar é uma “coisa muito esquecida”.  Que ela pode ter dito isso? Qual é sua opinião sobre essa afirmação? Acha que ela se aplica aos dias de hoje?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Provavelmente, a resposta da raposa reflete a dificuldade de estabelecer laços, algo que pode ser aplicado às relações atuais.

04 – Por que a raposa diz ao príncipe que, se for cativada, terá outro olhar sobre o campo de trigo? Justifique sua resposta explicando a comparação feita pela personagem.

      Porque o trigal dourado fará a raposa se lembrar dos cabelos loiros do pequeno príncipe e passará a ter um sentido afetivo para ela. A raposa compara o dourado dos cabelos do príncipe à cor do trigo.

05 – Explique o segredo que a raposa revela ao principezinho.

      Significa que, quando cativamos alguém, somos responsáveis pela felicidade dessa pessoa, pois ela passa a fazer parte de nossa vida, de tal modo que nos cabe cuidar dela para sempre.

06 – O que quer dizer se tornar “eternamente responsável” pelo que se cativou”

      Que o essencial é invisível para os olhos, pois só se pode ver bem com o coração. Ou seja, uma das coisas mais importantes na vida é o que sentimos, são nossos afetos.

 

POEMA: DA CALMA E DO SILÊNCIO - CONCEIÇÃO EVARISTO - COM GABARITO

 Poema: Da calma e do silêncio

            Conceição Evaristo

Quando eu morder

 a palavra, 

por favor, 

não me apressem,

quero mascar,

rasgar entre os dentes,

a pele, os ossos, o tutano

do verbo,

para assim versejar

o âmago das coisas. 

 

Quando meu olhar

se perder no nada,

por favor, 

não me despertem,

quero reter,

no adentro da íris,

a menor sombra,

do ínfimo movimento.

 

Quando meus pés

abrandarem na marcha,

por favor, 

não me forcem.

Caminhar para quê?

Deixem-me quedar,

deixem-me quieta,

na aparente inércia.

Nem todo viandante 

anda estradas,

há mundos submersos,

que só o silêncio

da poesia penetra. 

Conceição Evaristo. Da calma e do silêncio. In: Poemas da recordação e outros movimentos. Belo Horizonte: Nandyala, 2008.

Fonte: Língua Portuguesa – Estações – Ensino Médio – Volume Único. 1ª edição, São Paulo, 2020 – editora Ática – p. 62-3.

Entendendo o poema:

01 – Que sensações a leitura do poema despertou em você?

      Resposta pessoal do aluno.

02 – Releia a primeira estrofe do poema.

a)   Explique a metáfora presente nos versos “quero mascar, / rasgar entre os dentes, / a pele, os ossos, o tutano / do verbo”.

O eu lírico compara a palavra ao corpo de um animal ou de um ser humano. Pois tem pele, ossos e tutano. Compara ainda o fazer poético, o “versejar”, ao ato de morder, mascar, rasgar esse corpo entre os dentes.

b)   Qual é a função dessa metáfora no poema? Que efeito de sentido ela gera?

Por meio dessa metáfora, o eu lírico intensifica o sentido de profundidade da palavra poética, atribuindo a ela um caráter visceral, orgânico, vivo. Ao mascar, morder, a palavra, quer alcançar, ou “versejar”, “o âmago das coisas”, o que é comparável à expressão “chegar ao tutano do osso”.

03 – Na segunda estrofe, o eu lírico pede que não seja despertado. Por quê?

      Porque ele está olhando para o vazio, num estado de contemplação, reflexão, necessário ao seu fazer poético. Ele busca olhar para o exterior para captá-lo e internalizá-lo.

04 – Para você, o que representa a imagem da caminhada presente na última estrofe? Explique sua interpretação com base no texto.

      Resposta pessoal do aluno.

05 – Como o título, “Da calma e do silêncio”, se relaciona com o caráter metalinguístico do poema?

      O título sintetiza os elementos necessários para a poeta desenvolver seu trabalho artístico. Ela precisa da calma e do silêncio.

06 – Compare agora o fazer poético de Conceição Evaristo ao de Fernando Pessoa e ao de Manoel de Barros. Eles se aproximam ou se distanciam? Explique.

      Conceição Evaristo entende o fazer poético como um processo visceral, que é possível por meio de uma viagem interior, de autoconhecimento. Assim, distancia-se do fazer poético de Fernando Pessoa, pois não explicita a racionalidade do processo criativo, e aproxima-se, em “Da calma e do silêncio”, do fazer poético de Manoel de Barros em “O apanhador de desperdícios”, que afirma usar a palavra para compor seus silêncios. O caráter introspectivo está presente em ambos. Do mesmo modo, também se aproxima desse poeta por preferir um ritmo mais lento para a composição e para a vida.

07 – Com quais poemas você se identifica mais? Compartilhe suas impressões com os colegas e o professor.

      Resposta pessoal do aluno.

 

 

COMENTÁRIO: É POSSÍVEL VENDER PELA QUALIDADE, "SEM APELOS ANTIÉTICOS E INJUSTOS" - (FRAGMENTO) - EKATERINE KARAGEORGIADIS - COM GABARITO

 Comentário: É possível vender pela qualidade, “sem apelos antiéticos e injustos” – Fragmento

                   Ekaterine Karageorgiadis

        A publicidade infantil é a publicidade que é direcionada pra criança, independentemente do produto que é anunciado. Então, pode haver publicidade infantil de produtos infantis, mas também pode haver publicidade infantil de produtos do universo adulto ou adolescente. Então, a publicidade de automóvel, uma publicidade de celular, elas também podem ser feitas pra criança. E como que a gente sabe, né?, quando é uma publicidade infantil ou não? Pelos elementos que ela contém e também pelo espaço em que ela se insere. Eh... muitas vezes uma publicidade, ela é colocada dentro de uma escola, que é um espaço das crianças. Então, essa é evidentemente uma publicidade infantil, que ela busca atingir esse público. Ou dentro de um espaço público, como um parque, uma praça, durante uma atividade que é direcionada às crianças. Também em canais infantis; é uma publicidade dirigida ao público infantil, independentemente desse produto. Eh... e também há elementos como... linguagem, cores, personagens animados, eh... cenários, a presença de crianças também caracterizam essa publicidade como dirigida à criança. E essa publicidade, ela tem como finalidade convencer essa criança a adquirir um produto ou serviço. Ou então, também, fazer com que essa criança seja uma promotora de vendas. Eh... muitas vezes o produto não é pra criança, mas ela, dentro da sua casa ou... no seu entorno social, ela vocaliza esse apelo de consumo. Então, quando ela reconhece aquela mensagem que ela viu na televisão, no rádio, na internet, dentro da escola, ela reconhece essa mensagem, esse produto... no espaço, no supermercado, ela vai vocalizar esse apelo, seja reproduzindo o jingle, ou ela vai... falar: “olha, papai, mamãe, esse aqui é aquele produto que eu vi na televisão ou na escola”. Isso... a criança é promotora de vendas. E aí, a finalidade dessa publicidade, ela é... se dirigir a um público que ainda não tem condições de sozinho identificar o que que é uma mensagem comercial, o que que é uma publicidade, que o objetivo dessa mensagem é pra compra de determinado produto ou serviço. Ela ainda não consegue se proteger. E o ideal, então, é que qualquer publicidade não seja dirigida à criança, ela seja dirigida ao adulto, ao responsável pela compra, ao pai, à mãe, ao avô, avó ou qualquer responsável por essa compra, e não à criança. Então, é fundamental que, sim, haja publicidade – eh... não se está de forma alguma contra o mercado publicitário –, mas que essa mensagem de uma forma ética, legal e responsável seja direcionada a quem tem o poder de compra, que são os adultos. [...]

KARAGEORGIADIS, Ekaterine. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=hoKZkLPjMdM. Acesso em: 13 jan. 2016. (Fragmento).

       Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 356-8.

Entendendo o comentário:

01 – O que justifica o uso de um registro formal nesse comentário?

      O comentário foi publicado no site de uma revista de circulação nacional, tem por tema um assunto grave e foi produzido por um falante em situação profissional, portanto exige formalidade.

02 – Segundo a advogada, como a criança é usada pelo mercado publicitário para alcançar os adultos?

      A criança é exposta à publicidade e passa a funcionar como uma promotora de vendas ao pedir produtos aos pais ou ao indicar a existência desses produtos durante as compras.

03 – A palavra então, repetida muitas vezes no texto, funciona como uma conjunção. Examine seu uso neste exemplo:

        “A publicidade infantil é a publicidade que é direcionada pra criança, independentemente do produto que é anunciado. Então, pode haver publicidade infantil de produtos infantis, mas também pode haver publicidade infantil de produtos do universo adulto ou adolescente”.

        Que tipo de relação semântica ela estabelece?

      Relação de conclusão, equivalendo a logo, portanto.

04 – Observe os vários trechos em que então aparece e responda: em geral, em que parte do enunciado está esse termo? Considerando essa posição, que outra função tem a palavra?

      O termo aparece, em geral, no início dos enunciados, o que o torna um elemento de conexão entre diferentes períodos.

05 – A conjunção ou cria uma alternância entre duas ações ou dois objetos, podendo sugerir a coexistência alternada de ambos ou a exclusão de um dos termos. Releia um trecho do texto:

        “E essa publicidade, ela tem como finalidade convencer essa criança a adquirir um produto ou serviço. Ou então, também, fazer com que essa criança seja uma promotora de vendas”.

        Qual das duas funções a conjunção ou tem nesse trecho? Que palavra confirma sua análise?

      Ou indica coexistência, como confirma a palavra também.

06 – Observe agora o uso de ou neste outro trecho:

        “Eh... muitas vezes uma publicidade, ela é colocada dentro de uma escola, que é um espaço das crianças. Então, essa é evidentemente uma publicidade infantil, que ela busca atingir esse público. Ou dentro de um espaço público, como um parque, uma praça, durante uma atividade que é direcionada às crianças”.

        Considere as informações apresentadas no enunciado introduzido por ou. Com que outra parte do trecho elas se conectam? Qual seria, por consequência, a função de ou nesse trecho?

        As informações do enunciado estão conectadas com uma informação que aparece no primeiro período do trecho: dentro de uma escola. Ou, nesse caso, parece ter sido introduzido para retomar e complementar aquela informação, já que há uma frase intercalada entre elas.

07 – Releia mais um trecho:

        “E como que a gente sabe, né?, quando é uma publicidade infantil ou não? Pelos elementos que ela contém e também pelo espaço em que ela se insere”.

        Por que a palavra também tem função de reforço nesse trecho?

      A palavra também sucede a conjunção e, que já tem função aditiva, tornando-a reforçativa.

08 – Releia este outro:

        “Então, quando ela reconhece aquela mensagem que ela viu na televisão, no rádio, na internet, dentro da escola, ela reconhece essa mensagem, esse produto... no espaço, no supermercado, ela vai vocalizar esse apelo, seja reproduzindo o jingle, ou ela vai... falar: ‘olha, papai, mamãe, esse aqui é aquele produto que eu vi na televisão ou na escola’”.

        Seja é parte da locução conjuntiva seja..., seja... Reescreva no caderno o trecho destacado em negrito usando a locução e estabelecendo o paralelismo sintático entre as duas partes, isto é, a igualdade de construções.

      Seja reproduzindo o jingle, seja falando.

09 – Levante uma hipótese: o que teria levado a falante a usar seja..., ou... para indicar alternância?

      A língua falada dispõe de menor tempo de planejamento e, por isso, algumas construções deixam de ser mais bem elaboradas, por exigirem maior grau de concentração.

10 – Explique por que a pergunta retórica “E como que a gente sabe, né?, quando é uma publicidade infantil ou não?” tem um papel semelhante ao de uma conjunção nesse texto.

      A pergunta retórica funciona com um conector entre duas partes do texto: aquela já apresentada, que introduz o conceito de “publicidade infantil” e aquela que dá a explicação sobre como essa publicidade é exposta às crianças.

11 – O comentário lido explicita tendências da língua falada, percebidas tanto em registros formais quanto em informais: o uso de um conjunto mais restrito de conjunções e a repetição delas. Por que você acha que isso ocorre?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Na língua falada, o tempo de planejamento é pequeno, o que reduz a possibilidade de o falante buscar variações para a formulação de seus enunciados. Sua preocupação primeira é a manutenção do turno conversacional e a clareza da comunicação, por isso se vale de recursos como a repetição, eficientes na garantia dessa compreensão.rt

 

TIRINHA: MACANUDO CRIANÇA E ADULTO - LINIERS - COM GABARITO

 Tirinha: Macanudo criança e adulto

 

Fonte da imagem - https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9vcH9lXNd2ULY6q2pp6cg8bMfkCD06HsUvjyP1t1pIJFSlbf2eJkgnAxUGx8M_GOfp4ZARHO6L15LqeKVDN7-ne6jEQmksni3QrvCtE5RGYBh9zTcllsw38AfB2Cg8CNa6pxcbS8BpatORIqS2-JUT5gSOKV2Rfftguf6YIxkFNS8EMQkf_WO4JMI/s320/MACANUDO.jpg Liniers.Macanudo. Criança e Adulto.

      Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 354.

Entendendo a tirinha:

01 – A tira explora dois sentidos do verbo engolir. Quais são eles?

      Os sentidos de “deglutir, comer” e de “aceitar”.

02 – A imagem do segundo quadrinho usa uma metonímia para indicar aquilo que o personagem se recusa a engolir. Explique essa ideia.

      A televisão que o personagem desliga corresponde à mídia em geral; portanto, a parte representa o todo.

03 – Que relação de sentido é estabelecida pela conjunção quando no contexto da tira?

      Relação de tempo ou temporal.

04 – Que outro tipo de conjunção poderia ser empregado no contexto sem alterar significativamente seu sentido?

      Uma conjunção de causa (porque), explicação (pois) ou de condição (se).

TIRINHA: BICHINHOS DE JARDIM DESEJOS - CLARA GOMES - COM GABARITO

 Tirinha: Bichinhos de Jardim Desejos

 

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Clara Gomes. Bichinhos de Jardim. Desejos.

     Fonte: Língua Portuguesa – Se liga na língua – Literatura, Produção de texto, Linguagem – 2 Ensino Médio – 1ª edição – São Paulo, 2016 – Moderna – p. 354.

Entendendo a tirinha:

01 – A tira opõe dois tipos de “preocupação existencial”. Explique essa diferença.

      O caramujo apresenta preocupações de ordem filosófica, referentes a desejos de uma vida mais livre e bela, enquanto a joaninha fala de um desejo ligado à vida prática, banal.

02 – Que função semântica apresenta a conjunção mas empregada pelo caramujo?

      Mas estabelece relação de oposição (é uma conjunção adversativa).

03 – Nas duas últimas falas, mas foi substituído por e. Houve alteração no sentido da conexão proposta? Por quê?

      Não. Manteve-se a função de contraste.

04 – Qual é o uso mais comum da conjunção e?

      A conjunção e é a principal conjunção aditiva.

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

CRÔNICA: EMIGRAÇÃO CLANDESTINA (FRAGMENTO) - VERA DUARTE - COM GABARITO

 Crônica: Emigração Clandestina – Fragmento

               Vera Duarte

  Nos últimos tempos, o drama da imigração clandestina tem aberto telejornais, tem sido manchete de rádios e jornais, tem objetivado a realização de inúmeras reuniões a nível nacional, regional e internacional em vários países mas, sobretudo, tem levado a morte, o sofrimento e a precariedade a um número demasiado elevado de seres humanos, oriundos, na sua grande maioria, desta nossa África, continente de condenados da terra no dizer impressivo de Franz Fanon.

        Quem não viu as fotos dilacerantes de dezenas, senão centenas, de seres humanos amontoados em precárias embarcações, tornados navios negreiros da modernidade, que, de olhar perdido e rostos esquálidos, procuram desembarcar nas “terras da promissão”, quando essas mesmas embarcações não se transformam em cemitérios flutuantes, sem sequer um ponto aonde ancorar?

        Na origem do problema, estão fatores já identificados, como as guerras e outros conflitos armados, a má governação, a fome, a doença e a pobreza, a corrupção nas instituições públicas e privadas, a intolerância política e religiosa, os desastres naturais, todos geradores de miséria e de falta de oportunidades de emprego nos países de origem. Os imigrantes são, então, atraídos pelos eldorados, onde supostamente irão encontrar salários mais altos, melhores oportunidades de emprego, saúde e educação, melhor comportamento entre as pessoas, estabilidade política, tolerância religiosa, relativa liberdade, características normalmente encontradas em países que gozam de boa reputação.

        Do muito que já se disse, sem se conseguir encontrar a solução do problema, que é extremamente complexo, importa reter que os imigrantes são, em primeiro lugar e acima de tudo, seres humanos com direitos humanos. Além disso, há duas ou três ideias que cabe realçar, pela justeza do raciocínio que lhes está subjacente: a primeira é que há que criar condições para que as pessoas não tenham de deixar a sua Terra Natal em busca de poder trabalhar e viver com um mínimo de dignidade; a segunda é que há que garantir o direito de ir e vir a todos e que os países que são demandados pelos imigrantes não podem simplesmente “barricar” as suas fronteiras, mas sim definir políticas migratórias corretas que correspondam aos interesses económicos, mas salvaguardem os Direitos Humanos dos imigrantes; e a terceira é que há que reprimir o crime transnacional organizado e o tráfico de pessoas, que fomentam as redes de imigração clandestina, aproveitando da vulnerabilidade das vítimas.

        A intensificação dos fluxos migratórios, que tem ocorrido por razões diversas, quer econômicas, políticas, humanitárias, religiosas, tem também levantado preocupações do ponto de vista dos Direitos Humanos, em especial a migração clandestina ou irregular, pelas violações e abusos aos Direitos Humanos desse grupo vulnerável a que dá azo.

        Muito haveria para dizer sobre este flagelo que se exponenciou no dealbar do século XXI, mas a reflexão que eu gostaria de fazer é absolutamente outra e, dando um salto no futuro, questionar se estes desesperados que procuram por todos os meios deixar os seus países de origem para chegar às terras prometidas da Europa e da América, não serão, afinal, os pioneiros de uma nova ordem universal, em que a mobilidade, enfim erigida em direito inalienável, irá determinar uma emergente comunidade mundial de maior mestiçagem, de maior tolerância, que possa promover uma distribuição mais equitativa da riqueza dentro e entre as nações e resultar na erradicação da pobreza como um imperativo ético.

        Mais africanos na Europa, mais latinos em África, mais americanos na Ásia, mais asiáticos em África, mais europeus na Austrália, ou seja, cada continente terá uma maior percentagem de gente oriunda de outros continentes, o que irá gerar, necessariamente, um novo diálogo entre culturas e a tal nova geografia humana universal mais tolerante que ativamente desejamos.

        [...]

        Não seria a primeira vez que a África e os africanos protagonizariam movimentos do tipo. Relatos históricos dão-nos conta de que a África tem como singularidade absoluta o facto de os seus povos autóctones terem sido os progenitores de todas as populações humanas do planeta, o que faz do continente africano o berço da espécie humana.

        Segundo alguns historiadores, a população humana ancestral que deixou o continente africano pela primeira vez, há aproximadamente cem mil anos, tinha apenas dois mil indivíduos e migrou progressivamente para os outros continentes atingindo a Ásia e a Austrália há quarenta mil anos, a Europa há cerca de trinta e cinco mil anos e, finalmente, a América há dezoito mil anos.

        Outra singularidade haveria de marcar o continente africano com tremendas repercussões no seu destino e determinando a África com as vulnerabilidades que tem hoje: trata-se da escravidão racial e do tráfico transoceânico de seres humanos em grande escala.

        Efetivamente, durante cerca de um milénio, o continente africano foi transformado em verdadeiro terreno de caça humana, e as deportações massivas de africanos foram metodicamente organizadas desde o século VIII, primeiro pelos árabes do Oriente Médio e, a partir do século XV, pelos povos da Europa Ocidental que realizaram, através do Oceano Atlântico, um horrendo, devastador e humilhante tráfico negreiro.

        O impacto negativo da escravidão e do tráfico negreiro sobre o desenvolvimento do continente foi catastrófico e está na gênese de grande parte dos males com que a África se debate atualmente, máxime o drama da imigração clandestina.

        Seria, no mínimo, desejável que, ao menos por uma vez, se pudesse encontrar a solução para um problema que aflige a humanidade com um pouco menos de sofrimento e dor para uma parcela já muito maltratada dessa mesma Humanidade, na circunstância, a africana.

        Assim, ao mesmo tempo em que propugnamos por uma justa, rápida e equitativa solução do problema da imigração clandestina, formulamos ativamente votos de que o continente africano, pátria de Leopoldo Sedar Senghor, Amílcar Cabral, Joseph Ki-Zerbo, Mariana Bá, Wangari Maathai, Nelson Mandela e Wole Soynka, entre tantos outros seres humanos de exceção, possa um dia vir a ser a terra de promissão para todos... os africanos.

DUARTE, Vera. A palavra e os dias. Belo Horizonte: Nandyala, 2013. p. 92-5.

Fonte: Língua Portuguesa – Estações – Ensino Médio – Volume Único. 1ª edição, São Paulo, 2020 – editora Ática – p. 166-8.

Entendendo a crônica:

01 – Se a emigração é uma constante no país da autora, nesta crônica, ela questiona o deslocamento humano no sentido contrário: a imigração – mais especificamente, a clandestina. Consulte um dicionário, verifique e registre no caderno o significado de cada um destes termos: migração, imigração e emigração.

·        Migração: 1. Movimentação de entrada ou saída de indivíduo ou grupo de indivíduos, ger. Em busca de melhores condições de vida.

·        Imigração: ato ou efeito de imigrar. 1. Entrada de indivíduo ou grupo de indivíduos estrangeiros em determinado país, para trabalhar e/ou para fixar residência, permanentemente ou não.

·        Emigração: ato ou efeito de emigrar. 1. Saída espontânea de um país; expatriação. 2. Movimentação de uma para outra região dentro de um mesmo país.

02 – Em mais de uma parte do texto, Vera Duarte faz questão de frisar as relações entre as situações de imigração irregular e os Direitos Humanos. Discuta com os colegas essas relações, destacando do texto exemplos que mostram como esses direitos são violados.

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Quando são barrados nas fronteiras, quando são vítimas do tráfico de pessoas, quando não são reconhecidas suas vulnerabilidades.

03 – Qual é a sua opinião sobre a reflexão da autora no sexto e no sétimo parágrafos? Você acredita que a perspectiva dela é possível? Comente seu ponto de vista com os colegas.

      Resposta pessoal do aluno.

04 – Conforme a autora, há muito tempo a África é a origem de muitos movimentos migratórios. Ela pontua, além da atualidade, outros dois contextos em que esse fluxo aconteceu intensamente.

a)   Explique por que um desses contextos fez com que a África passasse a ser conhecida como o “berço da Humanidade”.

Segundo alguns historiadores, os primeiros humanos a povoarem a Terra por meio da migração eram originários do continente africano.

b)   Outro desses contextos marcou o continente africano com tremendas repercussões no seu destino e determinou muitas das vulnerabilidades que ele apresenta hoje. Que contexto histórico foi esse?

A escravidão.

05 – Na sua família ou entre as pessoas que você conhece, há ou houve imigrantes? E emigrantes?

      Resposta pessoal do aluno.

06 – Você já pensou em morar em outros países ou em outras regiões do Brasil? Em qual(is) e por quê?

      Resposta pessoal do aluno.

 

CRÔNICA: PARA O PEQUENO PRÍNCIPE - FERNANDA YOUNG - COM GABARITO

Crônica: PARA O PEQUENO PRÍNCIPE

             FERNANDA YOUNG

        Nossa, há quanto tempo... Como vão as coisas no seu pequeno planeta? Aqui, no meu, andam imensamente estranhas – muito baobá para pouca flor, se é que você entende meus simbolismos.

        Quem sempre fala de você é aquela ex-miss que vivia chorando por sua causa, lembra? Ela me contou da sua amizade com a Raposa.

        Príncipe, como você é meu amigo de infância, não posso deixar de alertá-lo. Cuidado com a Raposa. Ela parece uma coisa, mas é outra. Faz-se de fofa e é uma cobra, uma chantagista.

        Quando a conheci, ela disse que não podia conversar comigo, pois não sabia quem eu era. “A gente só conhece bem as coisas que cativou”, ela falou, toda insinuante.

        Respondi que, se nós duas nos cativássemos, ela ficaria triste quando eu fosse embora. Foi quando saquei que ela queria ter um cacho comigo, pois a Raposa pegou no meu cabelo – eu estava loira na época – e disse que tudo bem, porque ela olharia os campos de trigo e se lembraria de mim.

        Marcamos um encontro para o dia seguinte, às 4. E ela me pediu para chegar às 4 em ponto, dessa forma ela ficaria feliz desde as 3 somente por esperar o momento do nosso encontro. Achei estranho, mas pensei que fosse charme. Não era.

        Cheguei 15 minutos atrasada e a Raposa surtou. Falou que nós somos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos. E perguntou para mim, olhando diretamente nos meus olhos, se eu tinha consciência de que “perder tempo” com o outro é o que faz essa história importante. Percebeu o tom de chantagem? Ela joga na cara tudo o que faz em nome do outro. Ela deseja afeto, mas o quer como uma responsabilidade de mão única. Porém, também somos responsáveis quando nos deixamos cativar – relacionamentos são vias de mão dupla.

        A Raposa exige a certeza de um compromisso com hora marcada, impondo regras à troca afetiva. As regras dela, claro, já que ela quer todo o afeto a favor de seu bem-estar. Chega a ponto de dizer que será feliz porque você virá. Como se a felicidade fosse algo condicionado ao outro, à espera do outro, ao encontro com o outro.

        Veja que coisa infantil. São as crianças que precisam de horários certinhos e de associar suas emoções às pessoas com quem se relacionam. Sentindo prazer ou desprazer diante da ausência ou presença da mãe ou do pai ou de quem quer que seja. Na criança, ainda não há um universo interior, entendeu? Quando nós crescemos, temos de conseguir ver o mundo através das próprias perspectivas. Enxergar a beleza de um trigal sem nos lembrar de ninguém.

        A Raposa, como uma criança assustada, quer que aqueles que a amam estejam com ela na hora em que ela deseja. Achando que eles são “responsáveis” pela felicidade dela. Ou seja, o outro lhe deve algo por tê-la cativado.

        Desde esse dia, não falo mais com ela. E aconselho você a fazer o mesmo. Ela não é flor que se cheire.

        Saudades distantes, Fernanda Young.

YOUNG, Fernanda. Para o pequeno príncipe. Claudia, São Paulo, 13 jun. 2008. Disponível em: https://fernandayoung.wordpress.com/2012/11/18/para-o-pequeno-principe/. Acesso em: 13 maio 2020.

Fonte: Língua Portuguesa – Estações – Ensino Médio – Volume Único. 1ª edição, São Paulo, 2020 – editora Ática – p. 98-9.

Entendendo a crônica:

01 – Fernanda Young adotou uma estratégia ao escrever o texto lido: fazer uma crônica em formato de carta pessoal.

a)   Quem é o destinatário da carta pessoal e quem é o destinatário da crônica?

O destinatário da carta pessoal é o pequeno príncipe, personagem do livro de Saint-Exupéry; já o destinatário da crônica é o leitor da revista em que o texto foi publicado e que possivelmente leu. O pequeno príncipe.

b)   O que motivou a escritora a escrever a carta e a crônica?

Logo no início do texto, Fernanda Young revela que o objetivo da “carta” é alertar o pequeno príncipe de que a raposa é falsa e chantagista, embora pareça confiável; ao longo do texto, ela apresenta argumentos para justificar seu ponto de vista. Já o objetivo da crônica é desconstruir a frase “tu te tornas responsável por aquilo que cativas”.

c)   De que modo a escolha dessa estratégia provoca humor?

Por meio da paródia, a cronista expõe que a raposa fala para outros o mesmo que disse para o príncipe, o que atribui ao texto, além de um efeito de crítica, um efeito de humor. Esse efeito é construído pelo fato de Young optar por protestar a moral da história por meio da conversa com as personagens.

d)   Por que a cronista se refere a alguns trechos de O pequeno príncipe de modo literal?

Ao fazer referências muito próximas ao livro, a escritora permite que as pessoas que não leram O pequeno príncipe compreendam a sua proposta crítica; ao mesmo tempo, faz uma homenagem à obra, pois ela se refere ao pequeno príncipe como seu amigo.

02 – Na história de Saint-Exupéry, os baobás são árvores que podem destruir o planetinha do pequeno príncipe e impedir que as rosas cresçam.

a)   O que os baobás poderiam simbolizar nessa narrativa?

Muitas interpretações da obra de Saint-Exupéry associam os baobás que ameaçam o planeta do pequeno príncipe aos perigos do nazismo na Segunda Guerra Mundial, período no qual a obra foi escrita.

b)   O que simbolizam os baobás e as rosas na crônica de Fernanda Young? Que trecho do texto permite essa interpretação?

No primeiro parágrafo, a crônica afirma que no seu planeta há “muito baobá para pouca flor”. Considerando que Young dialoga com Saint-Exupéry, os baobás podem simbolizar os problemas do mundo. A cronista sugere que na Terra há muito mais mal do que bem.

03 – Releia os trechos a seguir.

        “[...]Ela parece uma coisa, mas é outra. Faz-se de fofa e é uma cobra, uma chantagista.”

        “[...]Foi quando saquei que ela queria ter um cacho comigo, pois a Raposa pegou no meu cabelo – eu estava loira na época – e disse que tudo bem, porque ela olharia os campos de trigo e se lembraria de mim.”

        “Cheguei 15 minutos atrasada e a Raposa surtou. [...]”.

        “Desde esse dia, não falo mais com ela. E aconselho você a fazer o mesmo. Ela não é flor que se cheire.”

        Que escolhas linguísticas a escritora usa nesses trechos para produzir humor?

      A cronista fala que a raposa se passa por “fofa”, mas é uma “cobra” – o uso da linguagem figurada cria um contraste entre a importância do que se diz e a forma como se escolheu dizer, tornando leve o alerta sério que se faz. Quando critica a raposa, dizendo que ela “surtou” e que “não é flor que se cheire”, a autora usa gírias; assim, o texto é atualizado, e essa informalidade gera também o humor.

04 – Por que, embora apresente estrutura semelhante à de uma carta pessoal, o texto de Fernanda Young é uma crônica?

      O texto de Young é uma crônica porque faz uma crítica, de forma humorística e autoral, veiculada em uma revista, expressando sua opinião sobre um texto conhecido de muitos leitores.