sábado, 27 de julho de 2019

CRÔNICA: MINHAS FÉRIAS - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

Crônica: Minhas férias
                Luís Fernando Veríssimo

     Eu, minha mãe, meu pai, minha irmã (Su) e meu cachorro (Dogman) fomos fazer camping. Meu pai decidiu fazer camping este ano porque disse que estava na hora de a gente conhecer a natureza de perto, já que eu, a minha irmã (Su) e o meu cachorro (Dogman) nascemos em apartamento, e, até os 5 anos de idade, sempre que via um passarinho numa árvore, eu gritava "aquele fugiu!" e corria para avisar um guarda; mas eu acho que meu pai decidiu fazer camping depois que viu o preço dos hotéis, apesar de a minha mãe avisar que, na primeira vez que aparecesse uma cobra, ela voltaria para casa correndo, e a minha irmã (Su) insistir em levar o toca- discos e toda a coleção de discos dela, mesmo o meu pai dizendo que aonde nós íamos não teria corrente elétrica, o que deixou minha irmã (Su) muito irritada, porque, se não tinha corrente elétrica, como ela ia usar o secador de cabelo? Mas eu e o meu cachorro (Dogman) gostamos porque o meu pai disse que nós íamos pescar, e cozinhar nós mesmos o peixe pescado no fogo, e comer o peixe com as mãos e se há uma coisa que eu gosto é confusão. Foi muito engraçado o dia em que minha mãe abriu a porta do carro bem devagar, espiando embaixo do banco com cuidado e perguntando "será que não tem cobra?", e meu pai perdeu a paciência e disse "entra no carro e vamos embora", porque nós ainda nem tínhamos saído da garagem do edifício.
          Na estrada tinha tanto buraco que o carro quase quebrou, e nós atrasamos, e, chegamos ao lugar do camping, já era noite, e o meu pai disse "este parece ser um bom lugar, com bastante grama e perto da água", e decidimos deixar para armar a barraca no dia seguinte e dormir dentro do carro mesmo; só que não conseguimos dormir, porque o meu cachorro (Dogman) passou a noite inteira querendo sair do carro, mas a minha mãe não deixava abrirem a porta, com medo de cobra; e no dia seguinte tinha a cara feia de um homem nos espiando pela janela, porque nós tínhamos estacionado o carro no quintal da casa dele, e a água que o meu pai viu era a piscina dele e tivemos que sair correndo. No fim conseguimos um bom lugar para armar a barraca, perto de um rio. Levamos dois dias para armar a barraca, porque a minha mãe tinha usado o manual de instruções para limpar umas porcarias que meu cachorro (Dogman) fez dentro do carro, mas ficou bem legal, mesmo que o zíper da porta não funcionasse e para entrar ou sair da barraca a gente tivesse que desmanchar tudo e depois armar de novo. O rio tinha um cheiro ruim, e o primeiro peixe que nós pescamos já saiu da água cozinhando, mas não deu para comer, e o melhor de tudo é que choveu muito, e a água do rio subiu, e nós voltamos pra casa flutuando, o que foi muito melhor que voltar pela estrada esburacada, quer dizer que no fim tudo deu certo.
    
Luís Fernando Veríssimo. O nariz. São Paulo: Ática, 2003. (Col. Para Gostar de Ler, v.14).
Fonte: Livro: JORNADAS.port – Língua Portuguesa - Dileta Delmanto/Laiz B. de Carvalho – 6º ano – Editora Saraiva. p.41

Entendendo a crônica

1)   Quem está relatando as férias? Para quem ele parece estar relatando?
Pelo título do texto, parece ser um menino ou uma menina que relata aventuras, vividas durante as férias, em uma redação escolar.

2)   Esse texto escrito aproxima-se de um texto falado. Escolha entre as possibilidades abaixo as características que comprovam essa afirmação.
a)   Frases encadeadas, sem pausa, apenas com ponto final.
b)   Repetições.

c)   Preocupação com a organização do pensamento e utilização de palavras semelhantes para evitar repetições.
d)   Vocabulário simples, imitando o jeito de falar de uma criança ou pré-adolescente.

3)   Em sua opinião, a linguagem usada nesse texto seria adequada em um jornal de circulação nacional, em uma revista para adultos, em uma revista para jovens, em um diário, em uma carta pessoal, em um livro de memórias? Por quê?
Resposta pessoal.
Professor. Essa linguagem seria adequada, sem dúvida, no diário e na carta pessoal, mas, desde que os alunos apresentem uma razão válida, outras respostas podem ser aceitas.

4) Que situação é narrada nesse texto?
    As férias de uma família em um camping.

5) Que explicação o pai do narrador deu para levar a família ao camping? Essa explicação o convenceu? Explique.
     Que estava na hora de a família conhecer a natureza de perto. Não convenceu, pois ele achava que o pai decidiu acampara devido aos preços dos hotéis.

6) Por que a família do narrador passou a primeira noite no carro?
     Havia muitos buracos na estrada, o carro quase quebrou, e eles se atrasaram, então decidiram montar a barraca no dia seguinte e dormir no carro.

7)  Explique por que, no dia seguinte, a família teve que sair correndo?
     Porque estacionaram o carro no quintal de uma casa.

8)  O narrador fez tudo exatamente como planejara? Comente.
     Não. O rio tinha um cheiro ruim, e o primeiro peixe que pescou já saiu cozido.

9) Sobre os elementos que constituem a narrativa, responda às questões.
    a) O narrador participa da história como personagem ou apenas conta o que aconteceu? Comprove com uma frase extraída do texto.
          O narrador participa. "Meu pai decidiu fazer camping..."

      b) Quem são os personagens do texto?
           O narrador-personagem, sua mãe, seu pai, sua irmã Su e seu cachorro Dogman.

       c) Em que tempo e espaço se passa a história?
           Durante o período de férias, em um camping.

10) Pela extensão do texto, podemos afirmar que crônicas são textos geralmente
      (     ) longos.
      ( X ) curtos.

11) Esse texto é uma crônica de humor. Além de entreter o leitor, esse gênero textual faz um crítica sutil, isto é, de maneira leve, sobre algum assunto do dia a dia (social, político, econômico, etc.), levando o leitor a uma reflexão. No caso desse autor, uma de suas marcas é construir a sua crônica com bastante humor e ironia.
      O que no texto nos revela ironia?
      O narrador considerar que, mesmo com todos os contratempos, no fim, tudo deu certo.

12) Um texto humorístico geralmente apresenta situações de exagero e absurdos para criar o humor. Identifique, na crônica em questão, algumas situações como essas.
     O garoto contar ao guarda que o passarinho fugiu da gaiola; a irmã insistir em levar os discos; a mãe ainda na garagem do prédio olhar embaixo do banco do carro para ver se tinha cobras; o pai confundir o quintal de uma casa com a área de camping, entre outras.

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