Crônica: História
estranha
Luís
Fernando Veríssimo
Um homem vem caminhando por um parque
quando de repente se vê com sete anos de idade. Está com quarenta, quarenta e
poucos.
De repente dá com ele mesmo chutando
uma bola perto de um banco onde está a sua babá fazendo tricô. Não tem a menor
dúvida de que é ele mesmo. Reconhece a sua própria cara, reconhece o banco e a
babá. Tem uma vaga lembrança daquela cena. Um dia ele estava jogando bola no
parque quando de repente aproximou-se um homem e... O homem aproximou-se dele
mesmo. Ajoelha-se, põe as mãos nos seus ombros e olha nos seus olhos. Que coisa
pior ainda é o tempo. Como eu era inocente. Como meus olhos eram limpos. O
homem tenta dizer alguma coisa, mas não encontra o que dizer. Apenas abraça a
si mesmo, longamente. Depois sai caminhando, chorando, sem olhar para trás.
O garoto fica olhando para a figura que
se afasta. Também se reconheceu. E fica pensando, aborrecido: quando eu tiver
quarenta, quarenta e poucos anos, como eu vou ser sentimental!
Luís Fernando Veríssimo.
Comédias para se ler na escola.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 43.
Entendendo a crônica:
01 – No texto podemos
reconhecer dois tempos. Quais são eles? O que acontece em cada um deles?
O plano do tempo
presente e o da memória. No primeiro, o homem caminha no parque; no segundo,
reencontra-se com um momento de sua infância.
02 – A maioria dos verbos
está conjugada no tempo presente. O que esse tempo expressa no texto?
O tempo presente
expressa a ideia da ação que ocorre no momento em que se fala.
03 – Em algum momento, o
narrador utiliza o pretérito perfeito e o imperfeito. Que efeito de sentido tem
essa mudança para o que está sendo contado?
O pretérito
prefeito é usado para mostrar o momento específico da lembrança, e o imperfeito
detalha como o narrador era.
04 – Copie do texto os
advérbios e as locuções adverbiais. Que circunstâncias eles expressam?
Lugar: “por um
parque”, “perto de um banco”, “no parque”, “nos seus ombros”, “nos seus olhos”,
“para trás”.
Modo: “de repente”, “um dia”, “depois”.
Negação: “não”.
Modo: “longamente”.
05 – Imagine que o autor
queira reescrever o texto sem os advérbios e as locuções adverbiais. Como
ficaria a história?
O leitor não
poderá entender bem a história, pois não saberia em que circunstâncias ocorreu
o fato.
Muito bom parabéns
ResponderExcluirMuito obrigado pela Respos
ResponderExcluirta ������m