quinta-feira, 4 de julho de 2019

CRÔNICA: HISTÓRIA ESTRANHA - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO


Crônica: História estranha
                  Luís Fernando Veríssimo

       Um homem vem caminhando por um parque quando de repente se vê com sete anos de idade. Está com quarenta, quarenta e poucos.
        De repente dá com ele mesmo chutando uma bola perto de um banco onde está a sua babá fazendo tricô. Não tem a menor dúvida de que é ele mesmo. Reconhece a sua própria cara, reconhece o banco e a babá. Tem uma vaga lembrança daquela cena. Um dia ele estava jogando bola no parque quando de repente aproximou-se um homem e... O homem aproximou-se dele mesmo. Ajoelha-se, põe as mãos nos seus ombros e olha nos seus olhos. Que coisa pior ainda é o tempo. Como eu era inocente. Como meus olhos eram limpos. O homem tenta dizer alguma coisa, mas não encontra o que dizer. Apenas abraça a si mesmo, longamente. Depois sai caminhando, chorando, sem olhar para trás.
        O garoto fica olhando para a figura que se afasta. Também se reconheceu. E fica pensando, aborrecido: quando eu tiver quarenta, quarenta e poucos anos, como eu vou ser sentimental!

               Luís Fernando Veríssimo. Comédias para se ler na escola.
 Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 43.
Entendendo a crônica:

01 – No texto podemos reconhecer dois tempos. Quais são eles? O que acontece em cada um deles?
      O plano do tempo presente e o da memória. No primeiro, o homem caminha no parque; no segundo, reencontra-se com um momento de sua infância.

02 – A maioria dos verbos está conjugada no tempo presente. O que esse tempo expressa no texto?
      O tempo presente expressa a ideia da ação que ocorre no momento em que se fala.

03 – Em algum momento, o narrador utiliza o pretérito perfeito e o imperfeito. Que efeito de sentido tem essa mudança para o que está sendo contado?
      O pretérito prefeito é usado para mostrar o momento específico da lembrança, e o imperfeito detalha como o narrador era.

04 – Copie do texto os advérbios e as locuções adverbiais. Que circunstâncias eles expressam?
      Lugar: “por um parque”, “perto de um banco”, “no parque”, “nos seus ombros”, “nos seus olhos”, “para trás”.
      Modo: “de repente”, “um dia”, “depois”.
      Negação: “não”.
      Modo: “longamente”.

05 – Imagine que o autor queira reescrever o texto sem os advérbios e as locuções adverbiais. Como ficaria a história?
      O leitor não poderá entender bem a história, pois não saberia em que circunstâncias ocorreu o fato.

2 comentários: