terça-feira, 31 de dezembro de 2024

CRÔNICA: ATRIBULAÇÕES DE PAPAI NOEL - (FRAGMENTO) - GRACILIANO RAMOS - COM GABARITO

 Crônica: Atribulações de Papai Noel – Fragmento

             Graciliano Ramos

        [...]

        Papai Noel pisou na calçada, andou em muitos bairros, entrou em muitas moradas, distribuindo convenientemente os objetos que levava. Às crianças ricas ofereceu bicicletas, álbuns de figurinhas, cavalos de rodas, bonecas falantes, automóveis e estradas de ferro em miniatura; às pobres deu espingardas de folha, apitos, balõezinhos, cornetas, bolas de borracha e outras miudezas da casa de Cr$ 4,40. E todas as crianças ficaram satisfeitas: porque as primeiras não sabiam brincar com espingardas e cornetas, as segundas teriam receio de sujar os cavalos e os livros de figuras. A distribuição era razoável: não prejudicava hábitos adquiridos, não atentava contra a natural diferença que há entre os meninos, não estabelecia confuso no espírito delas.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZkPxK5jaqo_EImV-kmAwefQdAAxGFak5J8SeQ1819NzYX7vpiKcpv3NWi_mPg27VQzE9WlTT-QcdYjkTt89MWEDBVNuHMPD9gu70rAgz-RtL47A7nAyKC8ZRl6ogy1y_idJxBMuRivs3q2v-gk91APr_lFDK1d4uYOLDG_b18x0Slq8EfTrq4IYrdh98/s1600/PAPAI.jpg 


        -- Porque enfim, refletia Papai Noel, apitos e gaitas valem uma fortuna para o garoto que não possui nada; automóveis e estradas de ferro pouco interesse despertam no pequeno que tem um quarto cheio de trapalhadas semelhantes. Assim, o que devemos fazer é dar coisas preciosas aos indivíduos que não precisam delas e deixar trastes sem valor aos necessitados. Acho que há muita sabedoria nisso.

        Infelizmente o saco esvaziou antes que o ótimo velho percorresse toda a cidade. Por isso não foram visitadas as casas cobertas de lata e remendadas com tábuas. Na ladeira de um morro vagabundo os últimos presentes desapareceram. [...].

        Ergueu-se repentinamente e descobriu ali perto vários moleques do morro que iam encher as vasilhas no chafariz.

        -- Que desordem é essa? – bradou com indignação, agarrando o cajado. Isso lá são modos? Debanda, canalha.

        Os rapazes continuavam a rir. E um deles adiantou-se:

        -- Parece um tipo de carnaval. Donde vem o senhor?

        -- Donde venho? Exclamou o ancião quase engasgado. Ora aí está a consequência do livre exame. Então vocês não me conhecem?

        -- Diga logo quem é, ganiu um pirralho.

        -- Era o que faltava, eu descer a dar explicações a essa poeira. Vejo que aqui não há polícia. Vão-se embora, patifes, vão encher os potes no chafariz.

        Ameaçou-os com o bordão, mas os bichinhos importunos conservaram-se por ali rondando, sem se afastar muito. Um mais afoito, aproximou-se e perguntou baixinho:

        -- Mas por que é que o senhor não diz o seu nome?

        -- Está bem, murmurou o funcionário. Com bons modos tudo se arranja. Você se comporta direito, meu filho. Continue assim. A maioria das virtudes é o respeito às pessoas e às coisas antigas, percebe? Eu sou uma criatura muito antiga.

        -- Diga o nome, gritou um rapazinho.

        -- Santo Deus! Resmungou o velho, enjoado. Será possível que ainda não saibam? Que falta de inteligência! Então preciso explicar a vocês que sou Papai Noel?

        As risadas dos moleques rebentaram outra vez no morro.

        -- Que pilhéria!

        -- Pilhéria não, safadinho. Tu mereces cadeia, para não rires das antiguidades respeitáveis. Estão aí os frutos da democracia.

        O cajado ergueu-se, mas, como a algazarra não diminuiu, o digno homem voltou às boas.

        -- Vamos deixar de barulho. Assim não se compreende nada. Com franqueza, nunca ouviram falar de mim?

        -- Ouvimos, respondeu um sujeitinho quando a bulha serenou. Mas é tapeação, ninguém acredita nisso. [...]

        O Cruzeiro, 23 de dezembro de 1939.

RAMOS, Graciliano. Linhas tortas. Rio de Janeiro: Record, 2005. p. 287-292.

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 1. Língua Portuguesa – 7º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 52-53.

Entendendo a crônica:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

Cr$ 4,40: valor simbólico, equivalente às lojinhas de um real.

Espingarda de folha: brinquedo de lata.

Ganiu: falou.

Pilhéria: piada.

02 – Qual a principal crítica social presente na crônica?

      A crônica de Graciliano Ramos critica a desigualdade social e a hipocrisia da sociedade, especialmente em relação ao Natal. O autor demonstra como a distribuição de presentes reforça as diferenças sociais, privilegiando as crianças ricas em detrimento das mais pobres.

03 – Como a figura do Papai Noel é retratada na crônica?

      Papai Noel é retratado de forma irônica e crítica. Ele aparece como um personagem que reforça as desigualdades sociais, distribuindo presentes de acordo com a classe social das crianças. Além disso, sua reação aos meninos pobres demonstra um certo autoritarismo e falta de empatia.

04 – Qual a importância da descrição dos presentes para a compreensão da crítica social?

      A descrição detalhada dos presentes distribuídos por Papai Noel revela a desigualdade social existente. Os presentes mais caros e sofisticados são destinados às crianças ricas, enquanto as crianças pobres recebem brinquedos simples e baratos. Essa diferença evidencia a divisão social e a falta de oportunidades para as crianças mais carentes.

05 – Qual a reação dos meninos pobres ao encontro com Papai Noel?

      Os meninos pobres reagem com desconfiança e ironia ao encontro com Papai Noel. Eles questionam a existência do personagem e demonstram um certo cinismo em relação à figura do bom velhinho. Essa reação revela a falta de esperança e a desilusão das crianças mais pobres.

06 – Qual o significado da frase "A distribuição era razoável: não prejudicava hábitos adquiridos, não atentava contra a natural diferença que há entre os meninos, não estabelecia confuso no espírito delas"?

      Essa frase ironiza a ideia de que a desigualdade social é natural e inevitável. O autor sugere que a distribuição desigual de presentes reforça as diferenças sociais existentes, perpetuando um ciclo de desigualdade.

07 – Qual a relação entre a crônica e o contexto histórico da época em que foi escrita?

      A crônica foi escrita em 1939, um período marcado por grandes desigualdades sociais no Brasil. A crítica de Graciliano Ramos à desigualdade social e à figura do Papai Noel reflete as preocupações da época e a busca por uma sociedade mais justa e igualitária.

08 – Qual a mensagem principal da crônica?

      A mensagem principal da crônica é uma crítica à desigualdade social e à hipocrisia da sociedade. Graciliano Ramos nos convida a refletir sobre o significado do Natal e a importância de construir um mundo mais justo e igualitário para todas as crianças.

 

CONTO: A ESTRANHA PASSAGEIRA - STANISLAW PONTE PRETA - COM GABARITO

 Conto: A ESTRANHA PASSAGEIRA

            Stanislaw Ponte Preta

        -- O senhor sabe? É a primeira vez que eu viajo de avião. Estou com zero hora de voo – e riu nervosinha, coitada.

        Depois pediu que eu me sentasse ao seu lado, pois me achava muito calmo e isto iria fazer-lhe bem. Lá se ia a oportunidade de ler o romance policial que comprei no aeroporto, para me distrair na viagem. Suspirei e fiz de educado respondendo que estava às suas ordens. 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLXJCV39TZSXSoyu6tlp31TYk0WWZMgZ9o7HZPk4KXRjTRnEe-SDPthudEpGrFoPV9ezIJX-3iuUDikOpT1OXRCwxrvyvUNkpum9rjGdAHdtM3RQ-6MMlDjFpeK7agMtof8kUOu-UU3syfuiGYcxGmvn927EnMp3ZT46Y9q4Y4CIpUUySXBGQAaIYixSM/s320/VIJAR.png


        Madame entrou no avião carregando um monte de embrulhos, que segurava desajeitadamente. Gorda como era, custou a se encaixar na poltrona e arrumar todos aqueles pacotes. Depois, não sabia como amarrar o cinto e eu tive de realizar essa operação em sua farta cintura.

        Afinal estava ali pronta para viajar. Os outros passageiros estavam já se divertindo às minhas custas, a zombar do meu embaraço ante as perguntas que aquela senhora me fazia aos berros, como se estivesse em sua casa, entre pessoas íntimas. A coisa foi ficando ridícula:

        -- Para que esse saquinho aí? – foi a pergunta que fez, num tom de voz que parecia que ela estava no Rio e eu em São Paulo.

        -- É para a senhora usar em caso de necessidade – respondi baixinho.

        Tenho certeza de que ninguém ouviu minha resposta, mas todos adivinharam qual foi, porque ela arregalou os olhos e exclamou: 

        -- Uai ...as necessidades neste saquinho? No avião não tem banheiro?

        Alguns passageiros riram, outros – por fineza – fingiram ignorar o lamentável equívoco da incômoda passageira de primeira viagem. Mas ela era um azougue. Olhava para trás, olhava para cima, mexia na poltrona e quase levou um tombo, quando puxou a alavanca e empurrou o encosto com força, caindo para trás e esparramando embrulhos por todos os lados. 

        O comandante já esquentava os motores e a aeronave estava parada, esperando ordens para ganhar a pista de decolagem. Percebi que minha vizinha de banco apertava os olhos e lia qualquer coisa. Logo veio a pergunta: 

        -- Quem é essa tal de emergência que tem uma porta só pra ela?

        Expliquei que emergência não era ninguém, a porta é que era de emergência, isto é, em caso de necessidade, saía-se por ela.

        Madame sossegou e os outros passageiros já estavam conformados com o término do “show”. Mesmo os que mais se divertiam com ele resolveram abrir jornais, revistas ou se acomodavam para tirar uma soneca durante a viagem.

        Foi quando madame deu o último vexame. Olhou pela janela (ela pediu para ficar do lado da janelinha para ver a paisagem) e gritou:

        -- Puxa vida!!!

        Todos olharam para ela, inclusive eu. Madame apontou para a janela e disse:

        -- Olha lá embaixo. 

        Eu olhei. E ela acrescentou: 

        -- Como nós estamos voando alto, moço! Olha só ... o pessoal lá embaixo parece formiga.

        Suspirei e lasquei:

        -- Minha senhora, aquilo são formigas mesmo. O avião ainda não levantou voo.

PRETA, Stanislaw Ponte. Garoto linha dura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975.

Fonte: Língua Portuguesa. Linguagens – Séries finais, caderno 1. 8º ano – Larissa G. Paris & Maria C. Pina – 1ª ed. 2ª impressão – FGV – MAXI – São Paulo, 2023. p. 15-16.

Entendendo o conto:

01 – Qual a principal característica da passageira que torna a viagem do narrador tão peculiar?

      A principal característica da passageira é a sua completa inexperiência com viagens de avião, o que a leva a fazer perguntas e cometer gafes que geram situações cômicas e embaraçosas.

02 – Que sentimento o narrador demonstra em relação à passageira?

      O narrador demonstra inicialmente uma tentativa de ser educado e paciente com a passageira, mas ao longo da história, revela sinais de impaciência e embaraço diante das perguntas e atitudes dela.

03 – Qual o papel do humor na construção da narrativa?

      O humor é o elemento central da narrativa, construído a partir das situações inusitadas e das reações da passageira. As perguntas ingênuas, os equívocos e os gestos exagerados da personagem provocam o riso do leitor.

04 – Que tipo de crítica social pode ser inferida do conto?

      O conto pode ser interpretado como uma crítica sutil à falta de conhecimento e à ingenuidade de algumas pessoas, bem como à superficialidade e à falta de empatia dos outros passageiros que se divertem com a situação da mulher.

05 – Qual a importância do contraste entre o conhecimento do narrador e o da passageira para a história?

      O contraste entre o conhecimento do narrador, que já está acostumado a viajar de avião, e a completa inexperiência da passageira é fundamental para gerar o humor e as situações cômicas da história.

06 – Como a descrição física da passageira contribui para a caracterização da personagem?

      A descrição física da passageira como "gorda" e com dificuldade para se acomodar na poltrona reforça a ideia de uma pessoa desajeitada e pouco familiarizada com os espaços e as regras de um avião.

07 – Qual o desfecho da história e qual a sua importância para a compreensão do conto?

      O desfecho da história, com a revelação de que o avião ainda não havia decolado e a consequente constatação da passageira de que as pessoas no chão pareciam formigas, reforça a ideia da sua completa inexperiência e ingenuidade, proporcionando um final cômico e memorável.

 

ARTIGO DE OPINIÃO: GRAFITE (ARTE URBANA) - (FRAGMENTO) - LAURA AIDAR - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Grafite (Arte Urbana) – Fragmento

                            Laura Aidar 

        O grafite é um tipo de arte urbana caracterizado pela produção de desenhos em locais públicos como paredes, edifícios, ruas, etc. É bastante usado como forma de crítica social, e, além disso, é uma maneira de intervenção direta na cidade, democratizando assim, os espaços públicos. O termo grafite, de origem italiana graffito – plural graffite – significa “escrita feita com carvão”. [...]

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBYI-dwdE3asZlmW2R2qI2K6jpPE4CkGQ4uQeoXe3EvhYyUhf7bGeGtaY0dHcEwtaXQfP5yBLfW7tFjRMoZKbreD5Wc6DdhEXNumrHwuy859voNwhf61PveKnwdnl5fU3ldCl8zmwK0g_sOkb4U_qUn4kJETHDWaBOiqX1GUPdxPDG_zmKtNJvJ7Ktiy0/s320/GRAFITE.jpg


        Origem do Grafite

        Se falarmos sobre os primórdios do grafite, teremos que voltar milhares de anos, quando os homens faziam inscrições nas cavernas. Há exemplos de intervenções feitas em locais públicos já na época do Império Romano.

        Na contemporaneidade, essa manifestação artística está relacionada principalmente ao hip-hop, movimento cultural que teve início no começo dos anos 70 nos EUA pelas comunidades latinas, afro-americanas e jamaicanas. [...]

        No hip-hop são três as vertentes da arte: rap (música), DJ (disc-jockey), breakdance (dança) e grafite (pintura mural).

AIDAR, Laura. Grafite (Arte urbana). Toda Matéria. Disponível em: www.todamateria.com.br/grafite-arte-urbana. Acesso em: 30 abr. 2022.

Fonte: Língua Portuguesa. Linguagens – Séries finais, caderno 1. 8º ano – Larissa G. Paris & Maria C. Pina – 1ª ed. 2ª impressão – FGV – MAXI – São Paulo, 2023. p. 32.

Entendendo o artigo:

01 – Qual a principal característica do grafite como forma de arte?

      O grafite se caracteriza pela produção de desenhos em espaços públicos, como paredes e edifícios, e por sua forte ligação com a crítica social. Além disso, ele democratiza os espaços urbanos, tornando-os mais acessíveis à expressão artística.

02 – Qual a origem do termo "grafite"?

      O termo "grafite" vem do italiano "graffito", que significa "escrita feita com carvão".

03 – Quais são as origens históricas do grafite?

      As origens do grafite remontam a milhares de anos atrás, com as inscrições em cavernas. Na época do Império Romano, já havia exemplos de intervenções artísticas em locais públicos.

04 – Qual a relação do grafite com o movimento hip-hop?

      O grafite está fortemente ligado ao movimento hip-hop, que surgiu nos Estados Unidos nos anos 70. O grafite é uma das quatro vertentes do hip-hop, juntamente com o rap, o DJ e o breakdance.

05 – Como o grafite pode ser considerado uma forma de intervenção urbana?

      O grafite pode ser considerado uma forma de intervenção urbana porque ele transforma os espaços públicos, muitas vezes considerados neutros, em locais de expressão artística e crítica social. Ao decorar paredes e edifícios, o grafite torna a cidade mais viva e colorida, além de transmitir mensagens e ideias importantes.

 

 

CONTO: A MÁQUINA DO TEMPO - (FRAGMENTO) - H.G.WELLS - COM GABARITO

 Conto: A máquina do tempo – Fragmento

           H. G. Wells

        Eram umas dez da manhã quando a primeira Máquina do Tempo já construída fez sua estreia. Eu dei uns últimos retoques, apertei mais alguns parafusos, coloquei umas gotas a mais de óleo na engrenagem de quartzo e acomodei-me no assento. [...]

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYPqPGjfJSRA1rjrkwYmm50419-VEG3PJbvWAO94X-X81LW2YFtmg5Dxog3R4tIvzHf3H9_hE6aie5oPtG1bM_KLrcfPYrVTNuqWuEJUUsq7ji-jfTGZ_hTC3tGdgK9JkiS0XMEADiONdMwFXjDTYMmQ_a3ROTL4nsPzW6ZBUQKKlyLtbfLtvYMaN_s0E/s320/MAQUINA.jpg


        Eu peguei a alavanca de partida em uma mão e a de freio na outra, empurrei a primeira e logo a segunda. Parecia que estava oscilando; senti-me como se estivesse caindo em um pesadelo; e, olhando à minha volta, vi o meu laboratório do mesmo jeito que antes. [...] Então notei o relógio. Apenas um momento antes, ao que parecia, ele marcava uns poucos minutos depois das dez; agora passava das três e meia.

        Eu soltei um suspiro, trinquei meus dentes, agarrei a alavanca de partida com ambas as mãos e empurrei-a com força. O laboratório ficou nebuloso até ser tomado pela completa escuridão. A senhora Watchett entrou e andou, aparentemente sem me ver, em direção à porta do jardim. Acredito que ela levou um minuto para fazê-lo, mas, para mim, ela havia cruzado o ambiente como um raio. Eu empurrei a alavanca até seu máximo. A noite veio como um apagar de luzes, e logo surgiu a manhã. o laboratório começou a esvanecer, ficando cada vez mais indistinto. A noite do dia seguinte logo surgiu, e depois o dia, a noite, o dia de novo, cada vez mais rápido e mais rápido. Um zumbido assombrou meus ouvidos, e uma confusão estranha e entorpecedora tomou minha mente.

        [...] O mero indício do meu laboratório começou a passar por mim e vi o sol surgindo no céu, cruzando-o a cada minuto, e cada minuto marcando um dia. Presumi que meu laboratório havia sido destruído e que eu havia parado a céu aberto. Tive a mera impressão de construções ao meu redor, mas eu já estava rápido demais para discernir alguma coisa. A lesma mais lerda passava por mim rapidamente. A mudança entre escuridão e claridade tornava-se dolorosa aos olhos. Então, da escuridão intermitente, vi a lua girando ligeiramente em suas fases, de nova a cheia, além dos vislumbres das estrelas circundantes. [...].

        A verdade é que a completa estranheza de tudo, o balançar e rodopiar da máquina, além da sensação interminável de cair, haviam sobrecarregado meus nervos. Eu disse a mim mesmo que nunca pararia , e, com certa petulância, decidi parar imediatamente. Como um tolo impaciente, abaixei a alavanca e, sem demora, a coisa degringolou, e fui arremessado de cabeça para baixo pelo ar.

        [...] Creio ter ficado entorpecido por um momento. Uma chuva impiedosa de granizo zunia ao meu redor e eu aterrissei na relva macia em frente à máquina revirada. [...] Eu olhei á minha volta. Estava no que parecia ser a relva de um jardim [...].

        Eu me levantei e olhei ao redor. Uma figura enorme esculpida em algum tipo de pedra branca surgia [...]. Então ouvi vozes aproximando-se. Vindo pelos arbustos próximos à Esfinge Branca, vi cabeças e ombros de alguns homens correndo. Um desses surgiu de uma passagem que dava no pequeno gramado em que eu estava com minha máquina. [...] Outros estavam a caminho, e imediatamente um pequeno grupo de talvez oito ou dez belas criaturas me cercava. [...].

        Vejam, eu sempre esperei que as pessoas nos anos oitocentos e dois mil seriam inacreditavelmente mais avançadas do que nós no conhecimento, nas artes, em tudo. Até que um deles, repentinamente, me fez uma pergunta que mostrava que ele parecia ter o intelecto de uma criança de seis anos: indagou-me se eu tinha vindo [...] do sol durante a tempestade de trovões. [...] uma onda de decepção invadiu-me. Por um instante, senti que havia construído a Máquina do Tempo em vão.

Wells, H. G. A máquina do tempo. São Paulo: Pandorga, 2020. p. 25-33.

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 1. Língua Portuguesa – 7º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 77-78.

Entendendo o conto:

01 – Qual a sensação inicial do narrador ao utilizar a máquina do tempo?

      A sensação inicial do narrador é de desorientação e de que o tempo está se movendo de forma acelerada. Ele descreve a experiência como um "pesadelo" e um "zumbido assombroso nos ouvidos".

02 – Qual a reação do narrador ao perceber que a máquina o transportou para um futuro distante?

      Inicialmente, o narrador sente uma grande euforia e expectativa em relação ao futuro que está explorando. No entanto, essa euforia logo se transforma em decepção ao perceber que a humanidade não evoluiu tanto quanto ele esperava.

03 – Como o narrador descreve o futuro que ele encontra?

      O narrador descreve o futuro como um lugar estranho e paradoxal. Ele encontra uma sociedade dividida em duas raças: os Eloi, criaturas frágeis e infantis, e os Morlocks, seres subterrâneos e predadores.

04 – Qual a importância da figura da Esfinge Branca na narrativa?

      A Esfinge Branca representa a conexão entre o passado e o futuro. Ela é um marco histórico que o narrador reconhece, mas que está inserida em um contexto completamente diferente.

05 – Qual a principal decepção do narrador ao chegar no futuro?

      A principal decepção do narrador é perceber que a humanidade não evoluiu tanto intelectualmente quanto ele imaginava. Ele esperava encontrar uma sociedade mais avançada e desenvolvida, mas se depara com seres que, em alguns aspectos, parecem mais primitivos.

06 – Qual a sensação de estranhamento sentida pelo narrador ao interagir com as pessoas do futuro?

      O narrador sente um profundo estranhamento ao interagir com os Eloi, pois suas perguntas e comportamentos são muito diferentes do que ele esperava. Ele se sente como um alienígena em seu próprio planeta.

07 – Qual o impacto da viagem no tempo na visão de mundo do narrador?

      A viagem no tempo transforma a visão de mundo do narrador. Ele passa a ter uma perspectiva mais ampla sobre a história da humanidade e a compreender a relatividade do tempo. A experiência o faz questionar as suas próprias crenças e expectativas sobre o futuro.

 

 

CONTO: ORFEU E EURÍDICE - (FRAGMENTO) - PAULO SÉRGIO DE VASCONCELLOS - COM GABARITO

 Conto: Orfeu e Eurídice – Fragmento

            Paulo Sérgio de Vasconcellos

      Fugindo de um homem que a perseguia, a ninfa Eurídice pisou numa serpente venenosa oculta na relva. O réptil a picou no calcanhar, e ela desceu ao reino dos mortos, deixando inconsolável seu marido. Orfeu, poeta, músico e cantor, sempre empunhando a lira ou a cítara, era um artista insuperável. Com seu canto, os animais ferozes se tornavam pacíficos e o seguiam, as rochas se moviam, as árvores inclinavam as copas em sua direção, os homens se acalmavam. Mas a dor pela perda da esposa foi tal que ele, fugindo do convívio humano, na solidão, só conseguia pensar em Eurídice. Sua música, agora triste, só cantava o amor por Eurídice. Por fim, resolveu descer ao sombrio Hades para tentar trazê-la de volta.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1_hAGwPMrAh1F293Do7izlpZG3mv3TJR1dH4e600n7fjMf28M-csV0Ok2PhlbfJ_fPZHfcUQwwu4yWnOzrIBadGG1FRPymJ5Axe6G_v-i6fVxTp_GclZhc6rq2C837YvL9xruz985M2epptx8a2zA701eF4r-aY3toObn3sUQV9Kt1xSSBExb0wM2dDE/s320/Orfeu-e-Euridice_Capa.jpg


        Em meio às sombras e deuses das regiões subterrâneas, Orfeu fez ecoar a música de sua lira. [...] Cantando o amor a Eurídice e a perda da esposa, comoveu a todos os habitantes do mundo infernal. Até mesmo de Hades, que tinha um coração de ferro, arrancou lágrimas.

        Hades e Perséfone, os deuses infernais, concederam, então, que Orfeu levasse Eurídice de volta à vida, com uma condição: na ida em direção à luz do dia, ele não deveria, de maneira nenhuma, olhar para trás antes de deixar o mundo das sombras.

        Eis que Eurídice acompanha silenciosa Orfeu, rumo à superfície da terra. Vão regressando daquelas regiões escuras, povoadas pelas sombras dos mortos. Percorrem um caminho abrupto, em meio a trevas e uma névoa espessa. E a luz já se aproximava, quando, tomado de intenso amor e esquecido da condição que lhe impuseram, Orfeu resolveu olhar para a sua Eurídice... Ouve-se um estrondo espantoso, e Eurídice diz ao esposo:

        — Que loucura foi essa que perdeu a mim e a ti, Orfeu? Já de novo os destinos cruéis me chamam e o sono começa a cerrar meus olhos. É hora de dizer-te adeus. A noite imensa me circunda e ergo em vão para ti as minhas mãos enfraquecidas.

        Disse isso e desapareceu como fumaça nos ares. Orfeu ficou desesperado, pois sabia que sua música não poderia dobrar os deuses infernais: eles jamais se abrandavam com as súplicas humanas. Era impossível lutar contra suas duras leis.

        Por todo o resto de seus dias, sem descanso, sem trégua à dor, Orfeu cantou o amor por Eurídice, que perdera para sempre num descuido fatal.

        [...]

VASCONCELLOS, Paulo Sérgio de. Mitos gregos. São Paulo: Objetivo, 1998. p. 14-16. Disponível em: www.filosofia.seed.pr.gov.br/arquivos/File/classicos_da_filosofia/mitos_gregos.pdf. Acesso em: 10 jun. 2021.

Fonte: Maxi: Séries Finais. Caderno 1. Língua Portuguesa – 7º ano. 1.ed. São Paulo: Somos Sistemas de Ensino, 2021. Ensino Fundamental 2. p. 08-09.

Entendendo o conto:

01 – Qual foi a causa da morte de Eurídice e qual a reação de Orfeu diante desse acontecimento?

      A morte de Eurídice foi causada por uma picada de serpente. Diante disso, Orfeu ficou inconsolável e decidiu descer ao mundo dos mortos para tentar trazê-la de volta.

02 – Qual o poder atribuído à música de Orfeu?

      A música de Orfeu possuía um poder extraordinário, capaz de pacificar animais selvagens, mover rochas e até mesmo comover os deuses do submundo.

03 – Qual a condição imposta por Hades para que Orfeu pudesse levar Eurídice de volta ao mundo dos vivos?

      Hades exigiu que Orfeu não olhasse para trás enquanto estivessem deixando o mundo dos mortos.

04 – Por que Orfeu não conseguiu cumprir a condição imposta por Hades?

      Impulsionado pelo amor e pela ansiedade de ter Eurídice de volta, Orfeu não conseguiu resistir à tentação de olhar para trás, quebrando assim o acordo feito com Hades.

05 – Qual o significado da frase de Eurídice: "Que loucura foi essa que perdeu a mim e a ti, Orfeu?"

      A frase expressa a tristeza e a frustração de Eurídice ao se despedir de Orfeu pela segunda vez, desta vez de forma definitiva. Ela culpa a impulsividade de Orfeu pela perda de ambos.

06 – Qual a lição que podemos extrair da história de Orfeu e Eurídice?

      A história nos ensina sobre a força do amor, a importância de controlar nossos impulsos e as consequências de não respeitar acordos. Além disso, nos mostra a fragilidade da vida e a impossibilidade de vencer a morte.

07 – Como a música de Orfeu é descrita no texto e qual o seu papel na narrativa?

      A música de Orfeu é descrita como um poder mágico capaz de transformar a natureza e comover os corações. Ela é o elemento central da narrativa, unindo Orfeu e Eurídice e sendo a força motriz de sua jornada ao mundo dos mortos.

 

CRÔNICA: DÊ UMA CHANCE AO SER HUMANO - TUTTY VASQUES - COM GABARITO

 Crônica: Dê uma chance ao ser humano 

              Tutty Vasques

        A vizinha tocou a campainha e, quando abri a porta, surpreso com a visita inesperada, ela entrou, me abraçou forte e falou devagar, olhando fundo nos meus olhos: "Você tem sido um vizinho muito compreensivo e eu ando muito relapsa na criação dos meus cachorros. Isso vai mudar!" Desde então, uma série de procedimentos na casa em frente à minha acabou com um pesadelo que me atormentou por mais de um ano. Sei que todo mundo tem um caso com o cachorro do vizinho para contar, mas, com final feliz assim, francamente, duvido. A história que agora passo a narrar do início explica em grande parte por que ainda acredito no ser humano – ô, raça!

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        Meus vizinhos, pelo menos assim os vejo da janela lá do cafofo, não são pessoas comuns. Falo de gente especial, um casal de artistas, ele músico, ela bailarina, dupla de movimentos suaves e silenciosos, olhar maduro, fuso horário próprio e descompromisso amplo, geral e irrestrito com a pressa na execução das tarefas domésticas que assumem sem a ajuda de ninguém. A família como se imaginava nos anos 60. Um cuida do jardim, faz compras de bicicleta, bate o tapete na sacada do 2º andar. Outro lava a calçada, cozinha (sempre os imaginei vegetarianos), apara a hera na fachada de pedra... A paz mora do outro lado da rua e, confesso, morro de inveja quando me mato de trabalhar noite adentro ali adiante. Queria ser como eles.

        Quando o primeiro pastor-alemão chegou ainda moleque para morar com meus adoráveis vizinhos, a casa de pedra viveu dias de alegria contagiante. O bicho era uma gracinha, foi crescendo, começou a latir, mas nada que quebrasse a harmonia do lugar. (Eu moro, esqueci de dizer, no paraíso.) Quando, logo depois do primeiro acasalamento, o segundo pastor alemão fez crescer a família, cada paralelepípedo da minha rua pressentiu o que estava para acontecer. Ou não! De qualquer forma, eu achava que, se porventura aquilo virasse o inferno que se anunciava, outro vizinho decerto perderia a paciência antes de mim, que, afinal, virei tiete do jeito de viver que espiava pela janela do escritório de casa. Eu ir lá reclamar, nunca!

        Não sei se os outros vizinhos decidiram em assembleia que esperariam a todo custo por uma reação minha, mas, para encurtar a história, o fato é que, um ano e tanto depois da chegada do primeiro pastor alemão àquela casa, eu tive um ataque, enlouqueci, surtei. Imagine o mico: vinha chegando da rua com meus filhos – gêmeos de 10 anos –, chovia baldes, eu não conseguia achar as chaves e os bichos gritavam como se fôssemos assaltantes de banco. Segura o guarda-chuva! Cadê as chaves? Será que não podiam ao menos parar de latir um pouco, caramba?

        – Cala a boooooocaaaa! – gritei para ser ouvido em todo o bairro. Os cachorros emudeceram por dez segundos. Fez-se um silêncio profundo na Gávea. Os garotos me olhavam como se estivessem vendo alguém assim, inteiramente fora de si, pela primeira vez na vida. Eu mesmo não me reconhecia, mas, à primeira rosnada que se seguiu, resolvi ir em frente, impossível recuar: "Cala a booooocaaaa! Cala a boooocaaaaa!" Silêncio total. Os meninos estavam agora admirados: acho que jamais tinham visto aqueles bichos de boca fechada.

        Ninguém apareceu na janela, havia luz acesa em muitas casas e eu ali, encharcado, decidi falar para ser ouvido até no Leblon. "Não é possível que ninguém se incomode com esses cachorros! Estão todos surdos?" Acho que, intimidada, a chuva parou. A cena era patética. Fui salvo pelas malditas chaves, que, enfim, apareceram no fundo da mochila. Entrei rápido com as crianças, entre arrasado e aliviado. Achei na hora que devia conversar com meus filhos, que melhor ainda seria escrever com eles uma carta educada e sincera explicando a situação aos nossos vizinhos preferidos.

        Comecei pedindo desculpa pela explosão daquela noite, mas pedia licença para contar o drama que se vivia do lado de cá da rua. Havia muito tempo não entrava nem saía de casa sem que os cães dessem alarme de minha presença na rua. Tinha vivido uma época de separações, morte de gente muito querida, além de momentos de intensa felicidade, sempre com aqueles bichos latindo sem parar. De manhã, de tarde, de noite, de madrugada, manja pesadelo? "Seus cachorros são insuportáveis e, se vocês nada fizerem a respeito – estamos no Brasil, tudo é possível –, eu vou me embora, me mudo, sumo daqui..." – escrevi algo assim, mais resignado que irritado, o arquivo original sumiu do computador.

        Mas chegou aonde devia ou a vizinha não teria me dado aquele abraço comovido na noite em que abri a porta, surpreso com ela se anunciando no interfone, depois de meu chilique diante de casa. No dia seguinte chegou carta do marido dela: "Seu incômodo é o nosso, agravado pelo fato de sermos responsáveis por essas criaturas que adotamos não para funções policiais, mas por amor mesmo. Try a little bit harder, diz a canção, e é o que será feito. Desculpe os aborrecimentos. Agradeço sua paciência e educação".

        Desde então – há coisa de um mês, portanto –, meus vizinhos têm feito o possível para controlar o ímpeto de seus bichos, que já não me vigiam dia e noite, arrumaram para eles coisa decerto mais interessante a fazer no quintal. Quando o DNA de Rin-tin-tin ameaça se manifestar, são chamados à atenção e se calam. Às vezes não acredito que isso esteja realmente acontecendo neste mundo cão em que vivemos. Se não estou vendo coisas – o que também ocorre com certa frequência –, o ser humano talvez ainda tenha alguma chance de dar certo. Pense nisso!

VASQUES, Tutty. In: SANTOS, Joaquim Ferreira dos (Org.). As cem melhores crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007. p. 311-313.

Fonte: Português – Literatura, Gramática e Produção de texto – Leila Lauar Sarmento & Douglas Tufano – vol. 2 – Moderna – 1ª edição – São Paulo, 2010, p. 436-438.

Entendendo a crônica:

01 – Qual a principal situação que desencadeia a narrativa?

      A principal situação é o incômodo causado pelos latidos constantes dos cachorros dos vizinhos, que perturbam a tranquilidade do narrador e de sua família.

02 – Como o narrador descreve seus vizinhos inicialmente?

      Inicialmente, o narrador idealiza seus vizinhos, descrevendo-os como um casal de artistas com um estilo de vida tranquilo e livre. Ele admira a forma como eles vivem e contrasta com a sua própria rotina.

03 – Qual a reação do narrador diante da situação?

      Inicialmente, o narrador tenta ignorar o problema, mas com o passar do tempo, o incômodo se torna insuportável. Ele explode em um momento de frustração, gritando para os cachorros e expressando sua insatisfação.

04 – Como os vizinhos reagem à atitude do narrador?

      Os vizinhos demonstram compreensão e empatia pela situação do narrador. Eles se sentem culpados pelo incômodo causado e se comprometem a tomar medidas para resolver o problema.

05 – Qual a lição aprendida pelo narrador?

      O narrador aprende a importância da comunicação e da empatia nas relações interpessoais. Ele percebe que, ao expressar seus sentimentos de forma clara e respeitosa, é possível encontrar soluções para os conflitos.

06 – Qual a mensagem principal da crônica?

      A crônica transmite uma mensagem de esperança e positividade, mostrando que as pessoas são capazes de mudar e de encontrar soluções para os problemas em comum. Ela celebra a capacidade de diálogo e a importância de cultivar relações de vizinhança baseadas no respeito e na compreensão mútua.

07 – Qual o papel da ironia na crônica?

      A ironia está presente na descrição inicial dos vizinhos como um casal idealizado, em contraste com a realidade dos problemas causados pelos cachorros. Essa ironia cria um efeito cômico e destaca a complexidade das relações humanas.

 

 

NOTÍCIA: COMO FALAR BEM EM PÚBLICO? CONFIRA OS PRINCIPAIS ERROS PARA EVITAR - (FRAGMENTO) - LUÍSA GRANATO - COM GABARITO

 NOTÍCIA: Como falar bem em público? Confira os principais erros para evitar – Fragmento

          O autor do livro “Pare de Vacilar em suas apresentações” conta quais são os três elementos de uma apresentação perfeita

Luísa Granato – Publicado em 28 de maio de 2021 às 09h00. – Última atualização em 1 de junho de 2021 às 17h16.

        O que faz uma apresentação em público, seja na escola ou no trabalho, ser ótima? Segundo o Jean Emmanuel, especialista em Comunicação Pública e Empresarial e autor do novo livro “Pare de Vacilar em suas apresentações”, da Pandorga Editora, três elementos formam o tripé para uma apresentação perfeita: Conhecimento do que está falando, seja por estudo, pesquisa ou sua experiência; A técnica de oratória, uso da voz ou para contar histórias; E a empolgação.

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        “Se tiver esse tripé, a palestra vai ser boa. Se faltar um dos três, sua apresentação fica bamba. Sabe aquela situação: a pessoa tem muito conhecimento, mas falta empolgação?”, fala ele.

        O especialista explica que é necessário se atentar ao tempo de foco da sua plateia. Saber se apresentar bem é também entender que até a pessoa mais interessada só consegue prender atenção dos outros por 7 ou 10 minutos.

        Segundo ele, manter a atenção do público para sua mensagem é o maior desafio. Confira algumas dicas para incrementar o tripé e fazer ótimas apresentações.

        O erro mais comum nas apresentações

        “Desde a época da escola, a criança vai fazer a apresentação e fala olhando só para o professor e esquece os colegas. Você precisa fazer uma roda de conversa entre as pessoas, falando o tempo todo olhando para uma só você menospreza o resto e desconecta da conversa. Em um auditório, você precisa olhar para todos os setores. A dica para evitar esse vacilo é essa: olhe para o público. Quanto mais olha, maior a capacidade de encantar”.

        [...]

        Não mudar o tom de voz

        “Falar de maneira monótona é outro erro comum. Falar tudo no mesmo volume ou entonação não pode acontecer. Você precisar trocar de velocidade e alternar o volume justamente para conseguir reter a atenção das pessoas. Ou você fica com aquela apresentação sonolenta, que as pessoas chegam a dar aquelas pescadas de sono. Se o público dormir, a culpa é de quem apresenta”.

        Para melhorar nesse aspecto, ele recomenda trabalhar no autoconhecimento: “Você precisa se conhecer. Vivemos na era do áudio de WhatsApp. Grava sua apresentação, manda para uma pessoa e se escute. É uma ferramenta importante para conhecermos nossa potência vocal”

        Não saber usar o PowerPoint

        Um recurso visual, sendo o PowerPoint ou outro tipo de apresentação, pode ser seu amigo ou inimigo. “Depende da maneira como produzimos o material. Se você souber trabalhar com recursos, pode e deve utilizar. Muitas pessoas têm como canal de aprendizagem o visual e você tem que aproveitar isso. Só que se você não souber preparar o material bem, é melhor não usar. Se você só apresentar textos e ler direto, não vale a pena usar”.

GRANATO, Luísa. Como falar bem em público? Confira os principais erros para evitar. Exame, 28 maio 2021. Disponível em: https://exame.com/carreira/como-falar-bem-em-publico-erros-dicas. Acesso em: 31 jan. 2022.

Fonte: Língua Portuguesa. Linguagens – Séries finais, caderno 1. 8º ano – Larissa G. Paris & Maria C. Pina – 1ª ed. 2ª impressão – FGV – MAXI – São Paulo, 2023. p. 102-103.

Entendendo a notícia:

01 – Quais são os três elementos essenciais para uma apresentação perfeita, segundo Jean Emmanuel?

      De acordo com o especialista, os três pilares de uma apresentação impecável são: o conhecimento do assunto, a técnica de oratória e a empolgação. Ou seja, é preciso dominar o conteúdo, saber se comunicar de forma eficaz e transmitir entusiasmo para a plateia.

02 – Qual é o maior desafio ao fazer uma apresentação em público?

      O maior desafio é manter a atenção da plateia. As pessoas tendem a perder o foco após cerca de 7 a 10 minutos, por isso é fundamental utilizar estratégias para prender a atenção do público durante toda a apresentação.

03 – Qual é o erro mais comum cometido nas apresentações?

      O erro mais comum é não olhar para a plateia. Ao focar apenas em um ponto fixo, o apresentador desconecta com o público e torna a apresentação menos envolvente.

04 – Por que é importante variar o tom de voz durante uma apresentação?

      Variar o tom de voz é essencial para manter a atenção da plateia e evitar que a apresentação se torne monótona. Ao utilizar diferentes volumes e velocidades, o apresentador torna a fala mais interessante e dinâmica.

05 – Qual a importância de se conhecer a própria voz?

      O autoconhecimento da própria voz é fundamental para aprimorar a oratória. Ao gravar e analisar suas apresentações, o apresentador pode identificar pontos a serem melhorados e desenvolver um estilo mais eficaz.

06 – Qual o papel do PowerPoint em uma apresentação?

      O PowerPoint pode ser um aliado poderoso em uma apresentação, desde que seja utilizado de forma estratégica. Recursos visuais podem complementar a fala do apresentador e facilitar a compreensão do conteúdo. No entanto, é importante evitar excessos e utilizar slides de forma clara e objetiva.

07 – Qual a principal dica para evitar que a apresentação se torne monótona?

      A principal dica é variar o tom de voz, utilizar recursos visuais de forma estratégica e, principalmente, manter contato visual com a plateia. Ao olhar para as pessoas, o apresentador cria uma conexão mais profunda e torna a apresentação mais envolvente.