quinta-feira, 14 de abril de 2022

CARTUM: JOEL ESTÁ APRENDENDO A SOLETRA - FEIFFER - COM GABARITO

 Cartum: Joel está aprendendo a soletra

        

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      Feiffer

        A mamãe está me ensinando a soletrar, mas eu não entendia, e ela disse que era muito simples: Joel, G-A-T-O quer dizer GATO, e eu disse: Por quê?

        E ela disse porque é assim, e eu perguntei por que era assim, e ela disse que Deus queria que fosse assim e eu perguntei: Por que W-X-Y-Z não quer dizer GATO?

        E ela disse que é porque não é assim e eu disse por que não se eu quero que seja assim e ela disse que é por causa das regras...

        E eu disse que as regras são bobas e G-A-T-O quer dizer GATO é uma regra estúpida e ultrapassada, e W-X-Y-Z quer dizer GATO é melhor e mais moderno e ela disse: Não tente reformar o mundo, Joel, ou você será muito infeliz...

        E eu perguntei por que as regras antigas estão sempre certas e por que as regras novas estão sempre erradas, e ela disse: Já fui paciente demais com você, rapazinho, e agora soletre gato do modo certo ou irá para a cama uma semana sem ver TV...

        E eu disse quem precisa ver TV, e ela disse: Deixe de ser malcriado, você precisa de TV, e eu disse: Não podemos conversar como duas pessoas civilizadas, e ela disse que eu arranjei essas ideias engraçadas na rua; ficarei sem TV durante um mês...

        E eu disse que W-X-Y-Z quer dizer GATO.

        E ninguém me fará mudar de ideia.

        A-B-C-D-E-F-G

        Quer dizer socorro.

Entre sensos e pensos. Gráfica Bahiense, 1976.

Fonte: Livro – PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 5ª Série – 2ª edição - Atual Editora – 2002 – p. 54-5.

Entendendo o cartum:

01 – Embora Joel seja a única personagem que aparece no cartum, podemos tomar conhecimento de uma situação vivida por ele e sua mãe. Nas discussões com ela, fica claro o temperamento de Joel, o seu modo de ser e de pensar. Como você caracterizaria o garoto?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Joel é um garoto teimoso e inconformado com as regras impostas.

02 – Na 2ª cena, a mãe de Joel dá mostras de que está se cansando de tantas perguntas. Qual das respostas dela comprova sua impaciência?

      “Deus queria que fosse assim”. Não conseguindo convencer o filho, a mãe apela até para argumentos religiosos.

03 – Da 5ª para a 6ª cena, a mãe de Joel vai ficando cada vez mais nervosa.

a)   Observe as ameaças que ela faz em relação à TV. O que muda de uma cena para a outra?

Inicialmente, Joel ficaria uma semana sem ver TV; depois o castigo passa para um mês.

b)   Na sua opinião, qual comentário de Joel teria levado a mãe a ficar tão nervosa?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: “Não podemos conversar como duas pessoas civilizadas”. Colocando-se como superior e mostrando um comportamento não emocional, diferentemente da mãe, Joel a irrita ainda mais.

04 – Compare a última cena com as demais. Observe, principalmente, o rosto da personagem.

a)   O que sua expressão sugere?

Espanto e medo.

b)   Ainda na última cena, Joel cria uma nova forma de escrever a palavra socorro. O que você acha que deve estar acontecendo nesse momento entre ele e a mãe?

Provavelmente a mãe está vindo para bater nele ou puni-lo de outra forma.

05 – A revolta de Joel tem suas razões: quando aprendemos a falar e a escrever, as regras da língua falada e escrita já estão prontas, e não temos muitas chances de modifica-las.

a)   O que você acha que aconteceria se cada um de nós criasse regras próprias para falar e escrever?

As pessoas não se entenderiam e seria a maior confusão.

b)   Joel, revoltado, deseja se livrar das regras da língua escrita. Mas, ao afirmar que, para ele, a palavra gato deve ser escrita com w-x-y-z, o menino estaria mesmo se libertando das regras? Por quê?

Não; porque, ao criar novas regras de escrita, ele também ficaria preso a elas.

06 – A mãe diz ao garoto: “Não tente reformar o mundo, Joel, ou você será muito infeliz”. Você acha que toda pessoa como Joel, que discorda das regras estabelecidas, torna-se infeliz? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno.

POEMA: À MODA CAIPIRA - ELIAS JOSÉ - VARIEDADE LINGUÍSTICA - COM GABARITO

 Poema: À moda caipira

             Elias José

Para a Sonia Junqueira, pela parceria e amizade.


U musquitu ca mutuca
num cumbina.
U musquitu pula
i a mutuca impina.

U patu ca pata
num afina.
U patu comi grama
i a pata qué coisa fina.

U gatu cum u ratu
vivi numa eterna luita.
U ratu vai cumê queiju,
vem um gatu i insurta.

U galu ca galinha
num pareci casadu.
A galinha vai atrais deli
i u galu sarta di ladu.

U pavão ca pavoa
mais pareci muléqui.
A pavoa passa réiva
e eli só abri u léqui.

U macacu ca macaca
num pareci qui si ama:
ela pedi um abraçu,
ele dá uma banana…

Eu mais ocê cumbina
qui dá gostu di vê:
eu iscrevu essas poesia
i ocê cuida di lê…

Cantos de encantamento. Belo Horizonte: Formato, 1996. p. 22.

Fonte: Livro – PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 5ª Série – 2ª edição - Atual Editora – 2002 – p. 51-2.

Entendendo o poema:

01 – Ao escrever esse poema, o autor não obedeceu às regras ortográficas da língua portuguesa.

a)   Leia o nome do poema e tire uma conclusão: Por que, na sua opinião, o autor escreveu o texto desse modo?

Porque ele procurou imitar o jeito de falar de um caipira.

b)   Qual é o dialeto que o autor usou para escrever o poema?

O dialeto caipira.

02 – Compare as palavras abaixo. As da coluna da esquerda estão escritas de acordo com as regras ortográficas, e as da coluna da direita estão escritas conforme aparecem no poema.

Mosquito           musquitu

Pato                  patu

Rato                  ratu

a)   Quais dessas palavras lembram mais o nosso jeito de falar?

As palavras do lado direito.

b)   Conclua: Nosso jeito de falar sempre corresponde ao modo como as palavras são escritas?

Não, a correspondência não é exata.

03 – Compare em cada par de palavras abaixo as da esquerda com as da direita e tire conclusões sobre as diferenças entre oralidade e escrita.
Mosquito—musquitu           Parece—pareci           Insulta—insurta


Combina—cumbina             Come—comi              Salta—sarta


Comer—cumê                      Dele— deli

a)   O que acontece com a vogal o de sílabas átonas (fracas), como em mosquito, quando a palavra é falada?

Transforma-se em u.

b)   O que acontece com a vogal e da sílaba final das palavras, como em parece, quando ela é falada?

Transforma-se em i.

c)   O que acontece com a letra l anterior à última sílaba, como em insulta, quando ela é falada?

Transforma-se em r.

d)   Dessas mudanças, quais são as típicas do dialeto caipira?

Insurta, sarta.

e)   Por que existem essas diferenças entre oralidade e escrita, na sua opinião?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A grafia da língua portuguesa no Brasil está ligada às origens históricas da língua e da influência de imigrantes mis recentes: japoneses, italianos, libaneses, etc.

04 – Observe este trecho do poema:

“Eu iscrevu essas poesia”

a)   Além da grafia da palavra iscrevu, esse trecho apresenta outra variação em relação à norma-padrão. Qual é ela?

A falta de concordância.

b)   Apesar dessa variação, podemos entender que o trecho se refere a uma única poesia ou a mais de uma? Como é possível saber isso?

A noção de plural é dada por essas; logo, o plural de poesia seria só um reforço. Como as variedades populares buscam a economia, poesia fica no singular.

05 – Na última estrofe do poema, o eu lírico se dirige a outra pessoa e compara seu relacionamento com ela ao relacionamento de vários animais.

a)   Quem é essa pessoa?

A namorada ou a mulher amada do eu lírico.

b)   O que o eu lírico pretende provar com essas comparações?  

Que eles podem se dar bem, melhor do que os animais.                                                                                                  

TIRA: ORELHA - ANGELI. LUKE & TANTRA - COM GABARITO

 Tira: Orelha

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Angeli. Luke & Tantra – Sangue Bom. São Paulo: Devir/Jacaranda, 2000. p. 17.

Fonte: Livro – PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 5ª Série – 2ª edição - Atual Editora – 2002 – p. 49.

Entendendo a tira:

01 – Tantra e Luke são duas adolescentes que estão vindo da escola. Observe a forma como Tantra cumprimenta o seu amigo Orelha.

a)   O que quer dizer a expressão: “—Aí, Orelha?”?

É o mesmo que dizer “Oi, Orelha?” ou algo semelhante.

b)   E a expressão “Beleza, mano?”?

Equivale a dizer “Tudo bem com você?” ou “Como vai?”.

02 – Ao todo, Orelha diz apenas três palavras. O que isso significa em relação ao uso da língua portuguesa?

      Significa que ele fala muito pouco, quase só diz monossílabos.

03 – O humor da tira está principalmente no último quadrinho. Explique por quê.

      É difícil entender por que achou que Orelha tem boas ideias (é “cabeça”), pois ele quase não disse nada.

04 – Considere o contexto dessa interação verbal, isto é, quem são os interlocutores, o que cada um deve pensar a respeito do outro, o local em que se encontram, etc.

a)   Você acha adequada a variedade linguística utilizada por Tantra e Orelha nessa situação? Por quê?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Sim, pois os interlocutores pertencem a um grupo de jovens que costumam utilizar uma linguagem descontraída e com gírias.

b)   Imagine, nesse contexto, Tantra utilizando a expressão “Como tem passado, amigo?”. O que Orelha poderia pensar a respeito dela?

Talvez Orelha estranhasse a linguagem de Tantra e já não a visse como uma pessoa de seu grupo.

LENDA: O PAPEL E A TINTA - LEONARDO DA VINCI - COM GABARITO

 Lenda: O papel e a tinta

            Leonardo da Vinci

  Certo dia, uma folha de papel que estava em cima de uma mesa, junto com outras folhas exatamente iguais a ela, viu-se coberta de sinais. Uma pena, molhada de tinta preta, havia escrito uma porção de palavras em toda a folha.

        -- Porque você não me poupou dessa humilhação? – disse, furiosa, a folha de papel para a tinta.

        -- Espere! – respondeu a tinta. – Eu não estraguei você. Eu cobri você de palavras. Agora você não é mais apenas uma folha de papel, mas sim uma mensagem. Você é a guardiã do pensamento humano. Você se transformou num documento precioso!

        E, realmente, pouco depois, alguém foi arrumar a mesa e apanhou as folhas para jogá-las na lareira. Mas subitamente reparou na folha escrita com tinta, e então jogou fora todas as outras, guardando apenas a que continha uma mensagem escrita.

Adaptado de: Leonardo da Vinci. Fábulas e lendas. Rio de Janeiro: Salamandra, 1977. p. 15.

Fonte: Livro – PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 5ª Série – 2ª edição - Atual Editora – 2002 – p. 42.

Entendendo a lenda:

01 – O texto está dividido em partes menores, os parágrafos.  Parágrafos são partes do texto que agrupam ideias. A indicação de início de parágrafos é feita pelo afastamento em relação à margem esquerda do texto.

a)   Quantos Parágrafos há no texto lido?

Quatro parágrafos.

b)   De que trata cada um dos parágrafos?

O primeiro parágrafo apresenta a situação: uma mesa com folhas, uma delas escrita.

O segundo, a fala da folha de papel.

O terceiro, a resposta da tinta.

O quarto apresenta uma nova situação: as folhas estão sendo jogadas na lareira, menos a folha escrita.

02 – Observe o primeiro e o último parágrafos. Eles apresentam partes menores, as frases, que são delimitadas pelo ponto.

a)   Observe o número de pontos do primeiro parágrafo. Quantas frases há nele?

Há duas frases.

b)   O parágrafo se inicia com letra maiúscula ou com letra minúscula?

Com letra maiúscula.

ANEDOTA: MOSCA NO BIFE - COM GABARITO

 Anedota: Mosca no bife

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Fonte: Livro – PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 5ª Série – 2ª edição - Atual Editora – 2002 – p. 36.

Entendendo a anedota:

01 – Observe a situação em que se dá o diálogo entre as personagens. Perceba como são a mesa, as cadeiras, as roupas dos fregueses e a do garçom, a decoração, etc. Pode-se dizer que o restaurante é fino, ou trata-se de um restaurante popular?

      É um restaurante fino.

02 – O freguês reclama ao garçom, dizendo que há uma mosca em seu prato. Considerando a situação, a intenção do cliente não é informar esse fato.

a)   Qual é a verdadeira finalidade de sua fala?

Desejo de que seu prato fosse trocado.

b)   Como o cliente diria de modo explícito (claro, direto) o que pensou?

Sugestões: “Veja que absurdo: existe uma mosca no meu prato!”; “Troque o meu prato, pois há uma mosca na comida”.

03 – Não percebendo essa finalidade, o garçom não pôde compreender totalmente o sentido da frase de seu cliente. Pela resposta que dá, ele achou que o freguês estivesse preocupado com outro problema. Qual seria essa preocupação?

      Achou que o problema fosse encontrar um modo de matar ou eliminar a mosca, e não a insatisfação do cliente com as condições de higiene do restaurante.

04 – O garçom, em sua fala, usa expressões como “não esquenta”, “vai se danar”. Você acha que, nesse tipo de restaurante, os garçons costumam usar essa linguagem?

      Não, é próprio dos garçons de restaurantes finos empregar uma linguagem mais refinada. A linguagem do garçom reforça a ideia de que o restaurante não é tão bom como parecia.

05 – A anedota é engraçada porque quebra, seguidamente, a expectativa criada pela situação. Quais são essa quebras?

      A situação sugere refinamento em vários aspectos: roupas, ambiente e comida. No entanto, três fatos quebram a expectativa, seguidamente: o aparecimento da mosca, a fala grosseira do garçom e a existência de mais um inseto (e vivo!) no prato do cliente.

DIÁLOGOS: PERGUNTAS IDIOTAS - JÔ SOARES - COM GABARITO

 Diálogos: Perguntas idiotas

               Jô Soares

Maître (ao freguês que chega)  É pra jantar?

Freguês – Não, é pra jogar tênis. [Pausa] Tem raquete? Não?! Então a gente aproveita e janta.

 

Garçom (para o casal que senta à mesa)  É pra dois?

Homem – Não, eu vou comer e ela só vai ficar assistindo.

 

Mulher (ao marido chegando em casa todo molhado)  Está chovendo?

Marido – Não, é que todo mundo na rua resolveu cuspir em mim.

 

Amigo 1 (encontrando outro na rua)  Cortou o cabelo?

Amigo 2 – Não, caiu.

 

Repórter de TV (para senhora subindo escadaria da igreja de joelhos)  Pagando promessa?

Senhora – Não, é que eu sou muito alta, então eu ando assim pra não chamar a atenção.

 

Dona de Casa (abrindo a porta para o convidado) – Oi, você veio?

Convidado – Não, não sou eu não, é outro.

 

Namorada (recebendo flores)  São flores?

Namorado – Não, são cenouras.

 

Ascensorista (no térreo, para hóspede que chega)  Sobe?

Hóspede – Não, eu quero só ficar dentro do elevador parado.

 

Senhora (ao ver um senhor acendendo um charuto)  O senhor fuma charuto?

Senhor – Não, senhora, é que eu estou treinando pra pai-de-santo.

Veja.

Fonte: Livro – PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 5ª Série – 2ª edição - Atual Editora – 2002 – p. 34-5.

Entendendo os diálogos:

01 – O texto de Jô Soares retrata vários diálogos, isto é, uma situação em que uma pessoa faz uma pergunta e a outra responde. Por que o título do texto é “Perguntas idiotas”?

      Porque são perguntas óbvias e desnecessárias, cujas respostas já se conhecem.

02 – Releia a conversa entre o ascensorista e o hóspede. Considere a situação: são duas pessoas que não se conhecem, num hotel; o elevador está parado no térreo.

a)   Por que você acha que o ascensorista perguntou “Sobe”? ao hóspede?

Resposta pessoal do aluno. Talvez essa fosse uma forma de fazer contato, ou uma forma indireta de perguntar a qual andar o hóspede pretendia ir. É possível também que o prédio tivesse um subsolo, o que tornaria coerente a pergunta do ascensorista.

b)   Que outra pergunta o ascensorista poderia fazer ao hóspede naquela situação?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Qual o andar?

03 – Observe agora a conversa entre a namorada e o namorado. Ela, surpresa com o presente, faz uma pergunta óbvia (“São flores”?), mas sua finalidade certamente era outra.

a)   Que outra frase poderia expressar o que ela sentiu e desejou comunicar naquele momento?

Espera-se um agradecimento ou um comentário que revele a emoção da moça. Algo como: “Muito obrigada!”; “Puxa, fiquei emocionada!”; “Que flores lindas!”; etc.

b)   Depois de receber a resposta do namorado, o que você acha que ela diria na sequência?

Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Provavelmente, algo como “Puxa! Como você é mal-educado!”.

 

 

CARTUM: VIAJANTE - GENTE - COM GABARITO

 Cartum: Viajante

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Gente. p. 43.

Fonte: Livro – PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 5ª Série – 2ª edição - Atual Editora – 2002 – p. 31.

Entendendo o cartum:

01 – O texto acima está organizado em sete cenas. Nas primeiras cenas, um homem chega de trem a uma cidade. Observe como ele está vestido e o que carrega. Responda:

a)   Ele mora nessa cidade? Quem é ele?

Não, ele é uma pessoa de fora. Talvez esteja ali a turismo ou a negócios.

b)   A que região do mundo ele provavelmente chegou? Como sabemos disso?

Ele chegou a um país árabe. Sabemos disso pelo modo como homens e mulheres se vestem, pelos utensílios à venda na loja e pelos edifícios do lugar.

02 – Na 2ª cena, um velhinho faz um gesto ao turista e, ao mesmo tempo, lhe diz alguma coisa na língua daquele país. Observe as cenas seguintes e responda: Como o estrangeiro entendeu as palavras das pessoas com quem teve contato? Por quê? Justifique sua resposta.

      Ele deve ter entendido como um cumprimento, pois todos se mostram educados e amigáveis.

03 – Observe a última cena. Nela, o recepcionista fala a mesma coisa que as outras pessoas falaram. Porém ele está numa situação diferente das outras. O que você acha que ele está dizendo? Por quê?

      Ele provavelmente está xingando, pois ocorreu algum acidente com o quadro da parede.

04 – Observe a expressão do rosto do estrangeiro.

a)   O que ela expressa?

Expressa surpresa, espanto, desapontamento.

b)   Por que ele reage desse modo?

Porque percebe que foi enganado, que fez papel de bobo, etc.

05 – Como se constrói o humor do cartum?

      O humor do cartum está no fato de as pessoas terem brincado com o estrangeiro, pelo fato de ele não dominar o código verbal utilizado no lugar.

CRÔNICA: MINHA VIDA COMO PIVETE - MOACYR SCLIAR - COM GABARITO

 Crônica: Minha vida como pivete

               Moacyr Scliar

        Não há segundo ato nas vidas americanas, disse Scott Fitzgerald, mas há nas vidas brasileiras: segundo, terceiro, décimo atos. Num desses atos – misteriosos são os desígnios da Providência – fui um pivete.

        Não por muito tempo, devo dizer. Na verdade, por muito pouco tempo, e em circunstâncias especiais. Aconteceu no Bom Fim, e numa época em que o bairro ainda não era barra-pesada. Nós estávamos na rua João Telles, uma noite, e jogávamos futebol no meio da rua. O futebol não é um esporte silencioso, e algazarra nós fazíamos, não muita, mas o suficiente para incomodar um dos moradores, que veio à janela e mandou-nos embora. Seguiu-se uma áspera troca de palavras, e a janela fechou-se, no que parecia uma retirada.

        Não era. Enquanto continuávamos o jogo, o homem chamava a polícia. Minutos depois encostava na rua uma viatura da PM. Podíamos, ou devíamos ter fugido: na verdade, porém, não nos ocorria que o objetivo das forças da lei era o nosso precário futebol. Para nossa surpresa os policiais vieram em nossa direção. Um deles olhou-me (nunca imaginei ter aparência perigosa) e, abrindo a porta do camburão, ordenou:

        -- Entra!

        Vacilei. Olhei lá dentro. Era um compartimento escuro e apertado aquele, um lugar de aparência sombria. Mas o pior era o significado de entrar ali. Quando a porta se fechasse, com estrondo, sobre mim, eu não apenas estaria separado de meu bairro, de meus amigos, de minha família. Eu estaria penetrando numa outra realidade, tão escura, apertada e sombria quanto o compartimento dos presos no camburão. Eu estaria ingressando na marginalidade, e quem me garantia que dela sairia? Não seria aquele o meu primeiro passo numa carreira (talvez bem-sucedida; talvez trágica; quem conhece os desígnios da Providência?) de gângster?

        O policial esperava, impaciente, e eu não me decidia, mas aí o destino interveio, sob a forma de um morador. Dirigindo-se aos homens da lei, ele ponderou que não valia a pena me levar, mesmo porque me conhecia e estava seguro de que eu era um bom guri.

        -- Garanto que ele não incomoda mais – repetia.

        Os homens se olharam e resolveram que não valia a pena gastar uma ficha policial comigo. De modo que depois de algumas ameaças embarcaram na viatura e se foram.

        Era o Bom Fim, não a Candelária; era o Brasil, não a Europa Oriental. Escapei do Holocausto porque meus pais vieram para este país, onde nasci. E escapei porque havia alguém ali para dizer que, apesar das aparências, eu era um bom guri. Tive sorte. Temos, todos nós, muita sorte. Em nome desta sorte devemos pensar, cada vez que olhamos um suposto pivete, que ele pode, afinal, ser um bom guri.

Zero Hora. Porto Alegre, 27 jul. 1993. Segundo Caderno.

Fonte: Português – Linguagem & Participação, 5ª Série – MESQUITA, Roberto Melo/Martos, Cloder Rivas – Ed. Saraiva, 2ª ed. 1999, p. 83-5.

Entendendo a crônica:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Scott Fitzgerald (1896-1940): escritor norte-americano, autor de O Grande Gatsby e de Suave é a Noite.

·        Marginalidade: condição de indivíduo marginal, aquele que vive à margem da sociedade como mendigo, vagabundo ou delinquente.

·        Ato: parte em que se divide uma peça de teatro; ação, atitude.

·        Guri: garoto (no Rio Grande do Sul).

·        Desígnios: desejos, vontades.

·        Candelária: praça do Rio de Janeiro onde policiais mataram menores de rua.

·        Providência: situação, estado de coisas em determinado momento. No texto, ajuda de Deus.

·        Holocausto: massacre de milhões de judeus pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial; assassinato de grupos de pessoas que não têm como se defender.

·        Barra-pesada: perigoso.

·        Áspera: agressiva.

·        Precário: frágil; insuficiente.

·        Suposto: hipotético, imaginário.

·        Compartimento: espaço cercado; divisão de uma casa.

·        Pivete: menino de rua.

02 – Encontre dois cognatos para as seguintes palavras retiradas do texto “Minha vida como pivete”.

·        Vida: vivo, viver.

·        Áspero: aspereza, asperamente.

·        Brasil: brasileiro, brasilidade.

·        Imaginação: imaginar, imaginário.

·        Verdade: verdadeiro, verdadeiramente.

·        Perigosa: perigo, perigosamente.

·        Tempo: temperatura, temporal.

·        Fechar: fechadura, fechado.

03 – O narrador é aquele que conta a história. O título “Minha vida como pivete” indica quem deve ser o narrador dessa história? Justifique sua resposta.

      O narrador deve ser o próprio pivete devido ao uso do pronome minha especificando de quem é a vida de pivete.

04 – Se observarmos melhor, o narrador desse texto também é uma das personagens porque conta a sua própria história. Qual é o fato mais importante do texto para o narrador?

      O fato de ter sido “convidado” a entrar no carro da polícia.

05 – Onde e quando aconteceram os fatos presentes no texto?

      Os fatos aconteceram no bairro do Bom Fim – quando ainda não era barra-pesada –, na rua João Telles.

06 – Identifique a causa que levou um dos moradores a chamar a polícia. Justifique a sua resposta.

      Um dos moradores da rua não queria que os meninos jogassem futebol devido ao barulho que faziam. Ele não conseguiu que os meninos parassem e chamou a polícia.

07 – A princípio, a chegada da viatura da PM não incomodou os meninos. Que atitude dos policiais fez com que os meninos mudassem de opinião?

      Os policiais caminharam na direção dos meninos.

08 – Como o narrador/personagem se livrou de ser preso?

      Um vizinho convenceu a polícia de que o menino era um bom guri.

09 – Como você entendeu o desfecho do texto: Em nome desta sorte devemos pensar, cada vez que olhamos um suposto pivete, que ele pode, afinal, ser um bom guri?

      Devemos considerar que a sorte – ou a falta dela – pode determinar o destino de um pivete