Poesia: Brasil – Fragmento
Ronald de Carvalho
Nesta hora de sol puro
Palmas paradas
Pedras polidas
Claridades
Faíscas
Cintilações
Eu ouço o canto enorme do Brasil!

Eu ouço o tropel dos cavalos de Iguaçu
correndo na ponta das rochas nuas, empinando-se no ar molhado, batendo com as
patas de água na manhã de bolhas e pingos verdes;
[...]
Eu ouço os arroios que riem, pulando na
garupa dos dourados gulosos, mexendo com os bagres no limo das luras e das
locas;
Eu ouço as moendas espremendo canas, o
gluglu do mel escorrendo nas tachas, o tinir das tigelinhas nas seringueiras;
E machados que disparam caminhos,
E serras que toram troncos,
E matilhas de “Corta Vento”,
“Rompe-Ferro”, “Faíscas” e “Tubarões” acuando suçuaranas e maçarocas,
E mangues borbulhando na luz,
E caititus tatalando as queixadas para
os jacarés que dormem no tejuco morno dos igapós...
[...]
Antologia Universitária, vol. IV. Taubaté, Universidade de Taubaté,
1980.
Fonte: Português – 1º
grau – Descobrindo a gramática 8. Gilio Giacomozzi; Gildete Valério; Cláudia
Reda Fenga. São Paulo. FTD, 1992. p. 129.
Entendendo a poesia:
01 – Que elementos visuais e
de luminosidade são descritos no início do poema?
O poema começa
descrevendo um momento de "sol puro" com "palmas paradas" e
"pedras polidas", além de termos que remetem à luz, como
"claridades", "faíscas" e "cintilações".
02 – Qual o sentido principal
que o eu lírico usa para "ouvir o canto enorme do Brasil"?
Apesar da
referência ao "canto", o eu lírico usa a audição para descrever sons
que remetem à natureza e à atividade do país, como o "tropel dos cavalos
de Iguaçu" e o som dos "arroios que riem".
03 – De que forma o poeta
personifica a força das Cataratas de Iguaçu?
O poeta
personifica as águas de Iguaçu como "cavalos de Iguaçu correndo na ponta
das rochas", que se "empinam no ar molhado" e batem com suas
"patas de água".
04 – Quais são os sons
relacionados à produção de cana-de-açúcar que o eu lírico ouve?
O eu lírico ouve
o som das "moendas espremendo canas", o "gluglu do mel
escorrendo nas tachas" e o "tinir das tigelinhas nas
seringueiras".
05 – Que tipos de sons ligados
à floresta e ao trabalho na mata são citados?
Ele ouve o
barulho dos "machados que disparam caminhos" e o das "serras que
toram troncos", além do som de cachorros de caça (como "Corta
Vento" e "Rompe-Ferro") acuando animais.
06 – Quais animais são
mencionados na poesia e qual é a ação que eles realizam?
São mencionados
"dourados gulosos" e "bagres" (peixes) nos arroios. Na
floresta, há "suçuaranas e maçarocas" sendo acuadas por cachorros, e
"caititus" que "tatalam as queixadas" para os
"jacarés" que dormem.
07 – De que forma a natureza e
o trabalho humano se unem na paisagem sonora do poema?
A paisagem sonora
do poema é uma mistura de sons naturais (o rio, os animais) e sons do trabalho
humano (machados, serras, moendas). Essa união mostra a interação entre o homem
e a natureza no Brasil, onde as atividades de subsistência e produção se fundem
com a exuberância da vida selvagem.
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