domingo, 29 de setembro de 2019

CRÔNICA: SÚPLICA POR UMA ÁRVORE - CECÍLIA MEIRELES - COM GABARITO

Crônica: Súplica por uma árvore
               Cecília Meireles

    Um dia, um professor comovido falava-me de árvores. Se avô conhecera Andersen, esse pequeno deus que encantou para sempre a infância, todas as infâncias, com suas maravilhosas histórias. Mas, além de conhecer Andersen, o avô desse comovido professor legara a seus descendentes uma recordação extremamente terna: ao sentir que se aproximava o fim de sua vida, pediu que o transportassem aos lugares amados, onde brincara em menino, para abraçar e beijar as árvores daquele mundo antigo – mundo de sonho, pureza, poesia – povoado de crianças, ramos, flores, pássaros... O professor comovido transportava-se a esse tempo de ternura, pensava nesse avô tão sensível, e continuava a participar, com ele, dessa cordialidade geral, desse agradecido amor à Natureza que, em silêncio, nos rodeia com a sua proteção, mesmo obscura e enigmática.
        Lembrei-me de tudo isso ao contemplar uma árvore que não conheço, e cujo tronco há quinze dias se encontra ferido, lascado pelo choque de um táxi desgovernado. Segundo os técnicos, se não for socorrida, essa árvore deverá morrer dentro em breve: pois a pancada que a atingiu afetou-a na profundidade de sua vida.

                    Meireles, Cecília. “Suplica por uma árvore”. In: O que se diz e o que se entende. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1980, p. 63.
Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p.156-7.

Entendendo a crônica:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Andersen: Hans Christian Andersen (1805 – 1875), dinamarquês, autor de contos de fadas.

·        Terna: Meiga, afetuosa.

·        Enigmática: Obscura, misteriosa.

02 – Embora fique melhor onde está, pois atrai o leitor, o primeiro parágrafo poderia vir depois do segundo, se obedecesse à lógica dos acontecimentos. Por quê?
      A lembrança do que está descrito no primeiro parágrafo é consequência do fato de a cronista ter encontrado uma árvore ferida.

03 – O que a paisagem campestre representa para o cronista?
      Um mundo de sonho, de pureza e poesia.

04 – Que objeto urbano contribui, no segundo parágrafo, para o contraste entre o campo e a cidade?
      O táxi.

05 – Que semelhanças há entre o avô, o professor e a cronista?
      Todos são sensíveis e manifestam amor à natureza.


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