Crônica: Súplica por uma árvore
Cecília
Meireles
Um dia, um professor comovido falava-me
de árvores. Se avô conhecera Andersen, esse pequeno deus que encantou para
sempre a infância, todas as infâncias, com suas maravilhosas histórias. Mas,
além de conhecer Andersen, o avô desse comovido professor legara a seus
descendentes uma recordação extremamente terna: ao sentir que se aproximava o
fim de sua vida, pediu que o transportassem aos lugares amados, onde brincara
em menino, para abraçar e beijar as árvores daquele mundo antigo – mundo de
sonho, pureza, poesia – povoado de crianças, ramos, flores, pássaros... O
professor comovido transportava-se a esse tempo de ternura, pensava nesse avô
tão sensível, e continuava a participar, com ele, dessa cordialidade geral,
desse agradecido amor à Natureza que, em silêncio, nos rodeia com a sua
proteção, mesmo obscura e enigmática.
Lembrei-me de tudo isso ao contemplar
uma árvore que não conheço, e cujo tronco há quinze dias se encontra ferido,
lascado pelo choque de um táxi desgovernado. Segundo os técnicos, se não for
socorrida, essa árvore deverá morrer dentro em breve: pois a pancada que a
atingiu afetou-a na profundidade de sua vida.
Meireles, Cecília. “Suplica
por uma árvore”. In: O que se diz e o que se entende. Rio de Janeiro, Nova
Fronteira, 1980, p. 63.
Fonte: Livro- Português
– Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p.156-7.
Entendendo a crônica:
01 – De acordo com o texto,
qual o significado das palavras abaixo:
·
Andersen: Hans Christian Andersen (1805 – 1875), dinamarquês, autor de
contos de fadas.
·
Terna: Meiga, afetuosa.
·
Enigmática: Obscura, misteriosa.
02 – Embora fique melhor
onde está, pois atrai o leitor, o primeiro parágrafo poderia vir depois do
segundo, se obedecesse à lógica dos acontecimentos. Por quê?
A lembrança do
que está descrito no primeiro parágrafo é consequência do fato de a cronista
ter encontrado uma árvore ferida.
03 – O que a paisagem
campestre representa para o cronista?
Um mundo de
sonho, de pureza e poesia.
04 – Que objeto urbano
contribui, no segundo parágrafo, para o contraste entre o campo e a cidade?
O táxi.
05 – Que semelhanças há
entre o avô, o professor e a cronista?
Todos são
sensíveis e manifestam amor à natureza.
O
ResponderExcluirPor que podemos caracterizar o testo como crônica?
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