Poema: LIRA XXI
Que diversas que são,
Marília, as horas,
Que passo na masmorra
imunda, e feia,
Dessas horas felizes, já
passadas
na tua pátria aldeia!
Então eu me ajuntava com
Glauceste;
E à sombra de alto Cedro na
campina
Eu versos te compunha, e ele
os compunha
à
sua cara Eulina.
Cada qual o seu canto aos
Astros leva;
De exceder um ao outro
qualquer trata;
O eco agora diz: “Marília
terna”;
e logo: “Eulina, ingrata”.
Deixam os mesmos Sátiros as
grutas.
Um para nós ligeiro move os
passos;
Ouve-nos de mais perto, e
faz a flauta
c’os pés em mil pedaços.
Dirceu, clama um Pastor, ah!
Bem merece
Da cândida Marilia a formosura.
E aonde, clama o outro, quer
Eulina
achar maior ventura?
Nenhum Pastor cuidava do
rebanho,
Enquanto em nós durava esta
porfia.
E ela, ó minha Amada, só
findava
depois de acabar-se o dia.
GONZAGA, Tomás Antônio.
Marília de Dirceu. Rio de Janeiro, Ediouro, s.d. p. 82.
Fonte: Livro- Português
– Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p.166-7.
Entendendo o poema:
01 – De acordo com o texto,
qual o significado das palavras abaixo:
·
Glauceste: Pseudônimo pastoril de Cláudio Manuel da Costa.
·
Sátiro: Semideus da mitologia Greco-latina habitantes das florestas;
tinha chifres curtos, pés e pernas de bode.
·
Ventura: Sorte.
·
Porfia: Competição, disputa.
02 – Esta lira, que pertence
à segunda parte de Marília de Dirceu, reflete o drama vivido pelo poeta quando
prisioneiro. Que estrofe comprova essa afirmação?
A primeira
estrofe.
03 – Segunda estrofe, Dirceu
refere-se a Glauceste. Glauceste é o pseudônimo pastoril de que poeta?
Cláudio Manuel da
Costa.
04 – Que tipo de competição
havia entre Dirceu e Glauceste?
Disputavam para
ver qual dos dois compunha os melhores versos em louvor a sua amada.
05 – Qual a reação dos
Sátiros e dos Pastores ao ouvi-los? O que quis dizer o poeta com isso?
Os sátiros
quebravam suas flautas; os pastores deixavam de cuidar dos rebanhos.
06 – Exemplifique, com
versos de Dirceu, três características do Arcadismo.
Adoção de nomes
pastoris: “Então eu me ajuntava com Glauceste”; a presença da mitologia:
“Deixam os mesmos Sátiros as grutas”; o campo como cenário: “E à sombra de alto
Cedro na campina”.
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