segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

TEXTO: ILUSTRE INJUSTIÇADO - REVISTA NOSSO AMIGUINHO - COM GABARITO

Texto: Ilustre injustiçado


       O coitado do corvo tem sido uma vítima de fofocas. Na literatura, nos desenhos animados, em ilustrações, ele está sempre ligado a figuras sinistras: bruxas, magos e malfeitores. Quando não, é o faminto destruidor de milharais e o terror dos agricultores.
        Na verdade, o corvo se nutre de moluscos e larvas que prejudicam as lavouras. Como é uma ave muito esperta, está sempre atenta à aproximação de caçadores e aves de rapina e faz o maior barulho para alertar outras espécies. Quando um companheiro seu se fere, o nobre pássaro se detém a ajuda-lo, coisa rara entre os outros emplumados.
        Por outro lado, ele é um tremendo imitador. Pode reproduzir com perfeição o cacarejar da galinha, o cocoricar de um galo e mesmo imitar um gato ou um cão. Um artista, não acham?

    Revista nosso amiguinho. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, ano 56, n. 199, 1990.
Entendendo o texto:
01 – Quais invenções e fofocas o povo criou a respeito dos corvos?
      Que são amigos de bruxas e malfeitores, que destroem plantações de milho.

02 – Nesse texto, o autor procura mostrar que o corvo não é malvado ou coisa parecida. Quais palavras ele usou para mostrar que essa ave tem uma fama injusta?
     Ilustre injustiçado, coitado, vítima de fofocas, ave muito esperta, nobre pássaro, um artista.

03 – Certos corvos imitam vozes de animais. Que outras aves também fazem isso?
      O papagaio, a arara, entre outras.
      Na Índia, há uma ave (o mainá) que imita vozes humanas melhor que o papagaio.

04 – O texto que você leu, extraído de uma revista para crianças, traz fatos reais ou imaginados sobre o corvo?
      Fatos reais, que podem ser comprovados cientificamente.

05 – Considerando a resposta da pergunta anterior, pode-se classificar esse texto como:
(   ) Literário.
(X) Jornalístico.

06 – Complete o quadro com as informações do texto lido. Você terá um texto organizado em itens, como uma ficha.

Características do corvo:
·        Come insetos que estragam lavouras.
·        Avisa seus companheiros...

... quando um caçador ou ave de rapina se aproximam.
·        Ajuda...

... os companheiros, quando estão feridos.
·        Imita...

... gato, galinha, cão, galo.
·        Sua voz é chamada crocito.

07 – Proponha outro título para o texto.
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Os Corvos; Uma ave injustiçada; etc.

08 – Que opinião você tinha sobre o corvo antes de ler esse texto? Mudou alguma coisa depois de lê-lo? O quê?
      Resposta pessoal do aluno.

09 – Quando nos referimos a um, dizemos “corvo”, mas quando se fala dois ou mais, a pronúncia do primeiro o muda de fechado para aberto, como se tivesse um acento agudo: “c[ó]rvos”.
Coloque as palavras abaixo no plural e repare que isso também acontece com elas.
·        Corpo: corpos.
·        Osso: ossos.
·        Fogo: fogos.
·        Ovo: ovos.
·        Olho: olhos.
·        Porto: portos.


      

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

FILME(ATIVIDADES): SPARTACUS - BLOOD E SAND - COM SINOPSE E QUESTÕES GABARITADAS

Filme(ATIVIDADES): SPARTACUSBlood e Sand

2010 - 2013 / 42min / DramaGuerraHistórico
Criador(es): Steven S. DeKnight
Nacionalidade EUA

SINOPSE & INFO
1ª Temporada.
        "Spartacus: Blood and Sand" conta a história de Spartacus (Andy Whitfield), o escravo de guerra romano que se tornou um gladiador e liderou a mais famosa revolução da Roma Antiga. Quando é separado de sua esposa e os dois são colocados à venda, Spartacus é jogado em uma Arena para a diversão da plebe, mas surpreende a todos quando vence as quatro batalhas. E ele não irá parar enquanto não reencontrar sua esposa.
2ª Temporada.
        "Spartacus: Vengeance" continua após a fuga dos gladiadores da casa de Batiatus. Quando a revolução começa a colocar medo na população, Spartacus vê sua chance de concluir a vingança contra o homem que vendeu sua esposa, ou fazer mais sacrifícios para continuar a revolução. 
3ª Temporada.
        "Spartacus: War of the Damned" narra a batalha épica do exército dos ex-gladiadores contra o Exército Romano. 

Entendendo o filme:

01 – Quem se torna melhor amigo do Spartacus na primeira temporada?
      Foi o Varro.

02 – Quem foi morto por não ter cumprido um dever mandado por seu dono?
      Quem morreu foi Barca.

03 – Quem foi o responsável pela morte de Sura, esposa de Spartacus?
      Quem mandou matar, foi Batiatus.

04 – Qual mulher é morta por Ilithya na primeira temporada?
      A Licinia.

05 – Qual o nome da esposa de Varro?
      Sua esposa chamava-se Aurélia.

06 – Quem pensa ter matado Lucretia no final da primeira temporada?
      Foi o Crixus.

07 – Por que Spartacus se torna campeão de Cápua?
      Porque ele matou Theokoles.

08 – Com qual gladiador Lucretia tem um caso?
      Com o Crixus.

09 – Quem mata Varro?
      Spartacus foi obrigado a mata-lo, senão os dois seriam mortos.

10 – Quem Spartacus manda atrás da esposa de Varro?
      Ele manda a Mira.





MENSAGEM ESPÍRITA: O FILHO PRÓDIGO - O LIVRO DOS ESPÍRITOS - CAP.IV - A VIDA E A MORTE - PARA REFLEXÃO

Mensagem: O FILHO PRÓDIGO
   
 ANDRÉ LUIZ GADELHA

        – Vamos, filho. Acharam o seu irmão!
        Com essa frase, cheia de alegria e esperança, Hamilton chama o seu filho mais velho, Luiz Eduardo, para partirem para a capital do estado, em busca de Tiago, o filho mais novo, desaparecido há 2 anos.
        Tiago, aos 17 anos, foi estudar Administração numa faculdade na capital. Em virtude da distância, tal como aconteceu com Luiz Eduardo, Tiago foi morar sozinho num apartamento próximo à instituição de ensino. Aluguel, alimentação, livros e todos os demais gastos que Tiago tinha, eram supridos pelo dinheiro que o pai, Hamilton, depositava todos os meses na conta do filho.
        Porém, com 1 ano de curso, Tiago desaparece.
        O pai, sempre acompanhado do filho mais velho, põe-se a procurar pelo filho mais novo. Nos primeiros meses, quase que diariamente, sempre com o coração angustiado, acompanha os trabalhos das autoridades policiais. Tempos depois, atendendo aos regulamentos que regem o trabalho da polícia, Tiago é dado como morto.
        Mas, Hamilton nunca deixou de procura-lo, conciliando a sua busca com a administração da fazenda de gado leiteiro e de corte que, com muito suor honesto, construiu. Ao seu lado, sempre estava Luiz Eduardo.
        Até que num dia, um dos empregados da fazenda, em viagem de entrega na mesma capital onde Tiago estudava, encontra-o sujo, maltrapilho e vitimado pelo uso de crack. Estava desmaiado aos pés de um muro próximo ao local onde o citado empregado iria fazer as entregas.
        Reconhecendo o filho do patrão, o empregado não teve dúvidas: chamou uma ambulância e tratou de socorrer o jovem moribundo.
        Uma vez no hospital, após certificar-se do atendimento ao rapaz, o empregado telefona ao patrão e dá a notícia.
        Chegando ao hospital, que era da rede pública, Hamilton tratou da transferência do filho para estabelecimento particular, com melhores recursos, conseguindo salvar a sua vida.
        Agora, mais calmo e com o coração cheio de alegria, Hamilton percebe tristeza no olhar de Luiz Eduardo. Hamilton, pai devotado que era, sempre disposto ao auxílio dos herdeiros, pergunta ao filho mais velho o que estava havendo. Afinal, o seu irmão havia sido encontrado, após dois longos anos.
        Luiz, então, explica:
        – Perdoe-me, pai, pelo que vou dizer. Tudo bem que o senhor não deixe o Tiago à própria sorte. Inclusive estou contente de tê-lo encontrado. Mas, a sua alegria me entristece, pois sempre fui seguidor dos seus conselhos e lições, nunca te dei aborrecimentos e honrei o seu esforço para criar-me. Sempre te dei tranquilidade e jamais deixei de estar ao seu lado, dividindo as tarefas da fazenda e trabalhando para fazê-la crescer ainda mais. Como bem sabes, fiz Zootecnia por coração e por carinho ao que o senhor construiu e que tanto serviu e serve ao nosso sustento. Porém, nunca testemunhei tamanho gesto de alegria para comigo. Ao contrário, sempre tivesses maior predileção ao Tiago.
        Hamilton, longe de ficar chateado com as alegações do primogênito, senta-se ao lado dele e, segurando as suas mãos lhe diz:
        – Filho querido. Não digas isso. Sempre quis a bem estar de vocês dois. Se fosse possível, colocava-os em redomas de vidro a prova dos males do mundo. Você sempre foi o filho que me deu tranquilidade, como você mesmo disse. Em relação a ti, sempre tive a certeza de que poderia desencarnar com tranquilidade, pois você sempre soube caminhar nas trilhas da retidão moral e da responsabilidade. Mas, o seu irmão, não. Sempre tive medo dos caminhos que Tiago escolheria. Não que ele seja uma má pessoa, mas, sim, pelo fato dele possuir fraquezas que você não tem. Reconheço que esse dois anos não foram mais pesados graças a sua presença. Mas, como pai, quero o bem de ambos. Não há predileção alguma. Há, sim, maior preocupação por aquele que sempre soube que tropeçaria nos caminhos do mundo. Tenha certeza meu filho: te amo tanto quanto ao Tiago.
        Agora, entendendo as razões do pai, Luiz Eduardo o abraça e pede desculpas pelo mal juízo feito.
        Que Jesus continue nos abençoando.

Mensagens Espírita: O livro dos Espíritos

ALLAN KARDEC – Tradução Matheus R. Camargo
Perguntas e respostas
Capítulo IV – PRINCÍPIO VITAL

A VIDA E A MORTE

68 – Qual é a causa da morte nos seres orgânicos?
      -- Esgotamento dos órgãos.

68 a) Seria possível comparar a morte ao cessar do movimento numa máquina desordenada?
      -- Sim, se a máquina encontra-se mal montada, a engrenagem se parte; se o corpo estiver doente, a vida se dissipa.

69 – Por que uma lesão do coração, mais do que a de outros órgãos, causa a morte?
      -- O coração é uma máquina de vida; mas não é o único órgão cuja lesão ocasiona a morte. O coração é apenas uma das engrenagens essenciais.

70 – No que se transformam a matéria e o princípio vital dos seres orgânicos após a morte?
      -- A matéria inerte se decompões e forma novos organismos; o princípio vital retorna à massa.
      Com a morte do ser orgânico, os elementos que o formavam submetem-se a novas combinações, constituindo novos seres. Estes retiram da fonte universal o princípio da vida e da atividade, absorvendo-o e assimilando-o para devolvê-lo a essa fonte, quando deixarem de existir.
      Os órgãos estão, por assim dizer, impregnados de fluido vital. Esse fluido dá a todas as partes do organismo uma atividade que lhes permite uma comunicação mútua, no caso de determinadas lesões, e restabelece funções momentaneamente suspensas. Mas quando os elementos essenciais ao funcionamento dos órgãos são destruídos, ou profundamente alterados, o fluido vital é incapaz de transmitir-lhes o movimento da vida, e o ser morre.
      Os órgãos reagem mais ou menos necessariamente uns sobre os outros; é da harmonia de seu conjunto que resulta sua ação recíproca. Quando uma causa qualquer destrói essa harmonia, as funções dos órgãos cessam, como o movimento de um mecanismo cujas engrenagens essenciais encontram-se desordenadas. Tal qual um relógio que se gasta com o tempo ou se desmonta por acidente, e que a força motriz não tem como pôr em funcionamento.
      Num aparelho elétrico, temos uma imagem mais exata da vida e da morte. Como todos os corpos da natureza, esse aparelho encerra a eletricidade em estado latente. Os fenômenos elétricos só se manifestam quando o fluido é posto em atividade por uma causa especial: então se pode dizer que o aparelho está vivo. Ao cessar a causa da atividade, o fenômeno cessa: o aparelho retorna ao estado de inércia. Os corpos orgânicos seriam, assim, uma espécie de pilha ou aparelho elétrico nos quais a atividade do fluido produz o fenômeno da vida: o cessar dessa atividade ocasiona a morte.
      A quantidade de fluido vital não é absoluta em todos os seres orgânicos; varia de acordo com as espécies, e não é constante num mesmo indivíduo nem em indivíduos da mesma espécie. Há os que estão, por assim dizer, saturados de fluido vital, enquanto outros o possuem apenas em quantidade suficiente. Eis por que alguns têm uma vida mais ativa, mais tenaz, e, de certa forma, superabundante.
      A quantidade de fluido vital se esgota, podendo tornar-se insuficiente para a manutenção da vida, se não for renovada pela absorção e a assimilação de substâncias que o contêm.
      O fluido vital se transmite de um indivíduo a outro. Aquele que tem fluido vital a mais pode doar àquele que tem menos e, em certos casos, prolongar uma vida prestes a extinguir-se. 

CONTO: A DESCOBERTA DO AMOR POR E-MAIL - ELIAS JOSÉ - COM GABARITO


Conto: A descoberta do amor por e-mail
      
                               Elias José

        Quando distribuiu os trabalhos sobre os contos de Machado de Assis, o professor Almir nunca pensou que fosse fazer tanto sucesso e mexer com a turma. Tentou unir os gostos dos alunos com a tarefa a ser desenvolvida. Os que gostam de teatro deveriam montar uma peça com um dos contos, observando bem as roupas, cenários e a linguagem da época. Os que desenham bem recontariam um conto através de imagens. Os que tocam instrumentos ou cantam, criariam músicas falando do tema ou das personagens. Os que gostam de História pesquisariam sobre usos, costumes e cultura do Rio de Janeiro da época. Os que gostam de escrever recontariam conto mudando o narrador ou transformariam o destino das personagens no desfecho. Os que gostavam de corresponder-se com amigos, em duplas, trocariam cartas comentando o conto e o estilo do autor. Tê e Diego, que tanto gostam de computação, comentariam a descoberta do amor no conto Missa do Galo, com comentários pessoais e críticas via e-mail. Redigiriam caprichadamente e imprimiriam cada e-mail e depois, como os demais grupos, exporiam oralmente o trabalho, deixando-o afixado no mural da escola [...].
        Tê e Diego gostaram muito da ideia. Anotaram e discutiram as orientações, leram e releram o conto, combinaram os vários passos do trabalho. E, naquele mesmo dia à noite, começaram a trocar e-mails.
        [...]
        Querido amigo Diego:
        [...]
        Não sei se você leu tantas vezes o conto. Acho que sou meio lerda. Reli muito para perceber mais coisas daquele tempo, daquela casa e daquelas personagens, tive que reler umas dez vezes. Confesso, depois disto, amei o conto. Se você me perguntasse qual seria o texto mais belo que já li, eu falaria: Missa do Galo, de Machado de Assis.
        Vamos terminando por aqui? Antes, como o Almir pediu, quero dizer o que achei do trabalho e do meu parceiro. Acho que foi o trabalho mais gostoso que fiz, que cresci muito com ele, pois aprendi a reler uma história literária muitas vezes, até que encontrasse a razão de ser tão elogiada e de ter uma fama tão duradoura. Se fosse professora, só daria contos e poemas para os alunos lerem, pois não há jeito de ficar relendo romances longos. Descobri, também, que um autor antigo pode ser amado hoje, por jovens, desde que bem lido.
        O meu parceiro foi ótimo, parece que se envolveu muito com o trabalho. Demonstrou inteligência e sensibilidade. Conversamos horas sobre o assunto, antes de cada e-mail, tanto na escola, como no caminho de casa ou por telefone. A amizade se fortaleceu no diálogo. Obrigada, Di. Você foi um amor! Merecemos nota dez. Você não acha?
        Um abraço bem carinhoso da amiga
        Tê.
        Cara Tê:
        Gostei do trabalho porque deixamos de responder àquelas cretinas fichas de leitura para desenvolver algo bem mais criativo. Acho que, na apresentação oral, vamos enriquecê-lo mais, pois não somos destas pessoas tímidas e enrustidas. Não acha? A escola deveria dar trabalhos assim para a gente, não acha? Por que só Almir?
        Quanto à companheira de viagem, não poderia ser mais inteligente e melhor. Devo confessar que comecei na brincadeira, depois tive que ler e reler o conto também, para acompanhar a sua firmeza, caríssima Tê. Além do trabalho, ficarão os nossos laços afetivos mais firmes. Espero.
        Um grande abraço que é mais que um abraço do
        Di
           UM RECADO FORA DO NOSSO TRABALHO. LEIA, PENSE E ME RESPONDA. NÃO VALE IMPRIMIR E ACRESCENTAR AO TRABALHO.
        Querida Tê:
        Queria fazer-lhe uma revelação importante e secreta: estou apaixonadão por minha colega de classe e de trabalho. A Tê, que toda a turma admira e gosta. Só que eu estou gostando e admirando-a de modo mais intenso e diferente. Sabia, Tê, que, ao contrário do Nogueira, sempre achei você bonita. Só que, agora, com maior convívio, fui observando os seus belos detalhes (olhos, cabelos, nariz, lábios, dentes, corpo, modo carinhoso de falar, modo alegre de rir, etc., etc.). E hoje acho você linda, lindíssima. Confesso que o meu coração dispara quando me aproximo de você. Não sei como você não notou, como a classe toda não notou. Estou soltando fogos pelos olhos. Gostou desta? Virei poeta sem sentir... Acho que daqui a muitos anos, vou me lembrar deste P.S. do nosso trabalho, seja qual for a sua resposta. E vou escrever um conto ou poema. Creia, Tê, que você foi o meu primeiro alumbramento. E como me sinto loucamente alumbrado!
        Um beijão, com muito amor do
        Di
           E-MAIL PARA SER LIDO E APAGADO DA MEMÓRIA DO COMPUTADOR. NADA DE IMPRIMI-LO.
        Amigo Di:
        Você me desconcertou. Por esta declaração de amor, eu não esperava. Cheguei a pensar que fosse uma das suas mil brincadeiras carinhosas. Depois, vi que era coisa séria. Valeu o carinho, mas hoje sou só a sua amiga Tê. Estamos afetivamente envolvidos por causa do nosso trabalho. Creio que nunca convivi tanto tempo com um colega, e de maneira agradável e inteligente. Confesso que as suas palavras de amor quase me balançaram. Devo ser sincera e confessar que tenho outro alumbramento, no momento ainda vivo e intenso. Se um dia passar o que sinto por um garoto, amigo nosso, quem sabe a gente poderá tentar. Assim é melhor. Se o seu amor for verdadeiro, saberá esperar. Se a minha paixão de hoje não der em nada, se eu continuar meio balançando para o seu lado (como segunda opção), poderemos tentar. Está certo assim?
        Vamos destruir as mensagens complementares, a sua e a minha, pois assim será bem melhor. Não acha? Toda a classe vai continuar achando que somos os melhores amigos do mundo, que tudo nos une, inclusive Machado de Assis e a mania de passar e-mail por tudo e por nada.
        Abraço carinhoso da amiga
       
                   JOSÉ, Elias. A descoberta do amor por e-mail. In: José, Elias e outros.
A descoberta do amor em prosa. São Paulo: Companhia Editora Nacional. s.d. p. 9-31.
(Coleção Literatura em Minha Casa).
Entendendo o conto:
01 – Sublime apenas as informações corretas a respeito do texto:
(   ) Na primeira parte do texto, há um narrador-personagem.
(X) Na primeira parte do texto, há um narrador observador.
(X) As personagens do texto são o professor Almir e seus alunos.
(   ) A história se passa no século XIX.

02 – As duas personagens da troca de e-mail são:
(X) Colegas de classe.
(   ) Namorados.
(   ) Apaixonados, mas não namorados.
(   ) Grande e velhos amigos.

03 – O título do texto – “A descoberta do amor por e-mail” – justifica-se:
(   ) Pela animação da turma com o trabalho proposto pelo professor Almir.
(X) Pela revelação do amor de Diego e Tê.
(   ) Pela revelação do amor de Tê por Diego.

04 – Relacione cada um dos trechos abaixo a uma característica de Diego:
        Divertido – apaixonado – observador – sincero.
a)   “Cheguei a pensar que fosse uma das suas mil brincadeiras carinhosas.”
Divertido.

b)   “Confesso que o meu coração dispara quando me aproximo de você.”
Apaixonado.

c)   “Queria fazer-lhe uma revelação importante e secreta: estou apaixonado por minha colega de classe e de trabalho.”
Sincero.

d)   “[...] fui observando os seus belos detalhes (olhos, cabelos, nariz, dentes, corpo, modo carinhoso de falar, modo alegre de rir, etc., etc., etc.).”
Observador.

05 – Por meio da correspondência, as pessoas têm oportunidade de falar a respeito de suas emoções, de seus desejos, de seus planos. Lendo o e-mail de Diego e o que Tê respondeu para ele, o que se pode perceber a respeito dessas duas personagens?
      Percebe-se que Diego está apaixonado por Tê, mas não é correspondido, pois a garota está apaixonada por outro garoto.

06 – O que você acha do trabalho que o professor Almir passou a seus alunos? Você já fez trabalhos assim?
      Resposta pessoal do aluno.


CRÔNICA: MAL TRAÇADAS LINHAS - A NAMORADA - RONALD CLAVER - COM GABARITO

CRÔNICA: Mal traçadas linhas – A Namorada
            

                                       Ronald Claver
        A primeira vez que vi Glorinha, estava na casa da Ritinha. Usava fitas nos cabelos e seus dois olhos verdes saltaram sobre os meus. Foi um encontro casual e eterno. Não consegui ficar em sua presença mais do que um minuto. Foi rápido. O mundo desabou ali mesmo, na frente de todo mundo. Corri para o bardo Tião. Ritinha foi atrás querendo saber o que houve. Eu perdi a respiração e só soube dizer que não houve nada.
        A partir daquele dia, seus grandes olhos verdes me perseguiam e os via em todos os olhos, seu rosto sorria em outros rostos e as fitas estavam em todos os cabelos. Glorinha, certamente, era um anjo – (mau, às vezes) – porque se multiplicava em mim e derramava em todo meu corpo – (às vezes bom) – quando penetrava sorrateiro em meu quarto e preenchia meus sonhos.
        Glória vivia sempre em mim. Era uma outra pessoa que tinha adquirido, ou o travesseiro que faltava. E Glorinha tornou-se uma obsessão. Ela corria em meu sangue. Acordava comigo e não se separava mais. Tomava o café da manhã, almoçava, jantava e era a principal artista de meus sonhos. Até a bola de futebol passou a se chamar Glorinha e foi por isso que resolvi ser goleiro. Não admitia chutar Glorinha. Preferia agarrá-la. Senti-la em meus braços.
        Na escola, a professora era Glorinha, as meninas eram Glorinhas, até a dona Maria da cantina era Glorinha. A imagem de Glorinha me transbordava e fluía em todos os poros. Refletia nos óculos, nos espelhos, nos vidros, nas garrafas de refrigerante. Glorinha me inundava com sua presença, com seus olhos, pelos e cabelos. Glorinha me sugava, me surrava, incomodava. O seu nome me enchia a boca: Glorinha, glória, glória minha, Glorinha era a minha glória.
        Glorinha domingava em mim e foi num domingo que consegui revê-la. Missa das 10, eram 9h45min. Perambulava no adro da igreja quando Glorinha apontou na esquina. Fiquei em pânico. Minhas pernas tremeram. O coração disparou. Me escondi atrás de uma árvore.
        Ela vinha acompanhada de outras meninas e falava sem parar. Estava radiante e vestia vermelho. Ela passou perto da árvore onde estava. Não me viu. O medo e a ansiedade foram tantos que virei raiz, folha, tronco. Era outono e me despenquei lá de cima. Tinha virado uma folha. Uma folha seca. Mas um vento bom não me deixou perdido, à mercê de passos desavisados ou de alguma roda descuidada. A aragem dominical me levou até o templo e me alojou atrás de Glorinha. Se a morte era a glória celeste, Deus em sua infinita sabedoria, provavelmente, não conhecera a Glória terrestre. E ela estava ali, no templo. Perto Dele, orando a Ele, falando a mesma língua Dele.
        E quando a missa terminou, ela saiu como entrara, ruidosa. Mas percebi que ela olhou para um rapaz. E aquilo foi um punhal, uma faca de muitos gumes. Fiquei arrasado e meu primeiro ímpeto foi matar aquele sujeito.
        E meu dia transcorreu violento. Não almocei nem fui à matinê. Conheci o ciúme.
        A noite foi infernal. Arquitetei mil planos para abordá-la. Imaginei cenas, encontros.
        Construí diálogos. Ouvi a sua doce voz penetrando em meus ouvidos e dizendo sim, sim, sim. Neste momento virei palavra. E naveguei todo o quarto. E a palavra Glorinha tinha asas. Era um pássaro de mil cores. E sobrevoei o quarto várias vezes e esse pássaro era Glorinha que voava em mim.
        O sono veio tarde. Delirei. Glorinha transformou-se em Julieta. Depois em Myriam Lane, em Narda e desfilou em mim com vários nomes. Às vezes tornava-se Rapunzel e ficava na torre inexpugnável, pedindo socorro, lançando as tranças para o príncipe encantado. E este príncipe nunca era eu, pena.
        Nesta mesma noite, caminhamos de mãos dadas. Estávamos em silêncio, mudos. O cenário era um pátio de longas paredes que não acabava nunca. Éramos os únicos naquela paisagem. Aproximei-me de seu rosto e ela recuou, negaceou, mas insisti. E quando lábios e olhos se tocaram, tudo evaporou. Acordei.
        E Glorinha continuou no ofício de me percorrer, de me perseguir. De me domingar. E Glorinha me dominou durante muito tempo, quando uma ideia luminosa glorificou todo meu sofrimento: escrever uma carta, era a saída.
        Rabisquei papéis. Rasguei. Não consegui escrever além de seu nome. Mas o Divino Espírito Santo, a terceira pessoa (ou a segunda?) da Santíssima Trindade, me encheu de luz: na segunda prateleira da estante de meu irmão, descobri um livro, o maior de todos: Cartas de Amor, roubei-o.
        Na página 27 estava a minha declaração, a carta que pedira a Deus. O autor era um gênio, descobriu as minhas palavras. Era assim:
        Estas mal traçadas são endereçadas àquela que torna meus dias como este céu de abril
        (Abri a janela e o céu estava horrível, ia chover, e era maio)
        Você é a Dulcinéia que tanto almejo
        (Perguntei ao Bolinha quem era Dulcinéia e ele me disse que achava que era a miss Brasil)
        Sou um cavalheiro errante
        (Troquei “errante” por “certeiro” porque ela podia achar que era um cara cheio de erros)
        Te vejo em todos os lugares. Chegou a hora de unirmos nossas solidões.
        Teu
        Romeu
        Assinei, molhei as pontas do envelope com cuspe, surrupiei uns trocados na bolsa da mãe, comprei selo e coloquei a carta no correio com o coração ansioso.
        Um mês depois, chegou a carta de Glorinha. Fui com sede ao pote. Abri sem cuidado. E fui lendo:
        A resposta está na página 40, do mesmo livro.
        Tua
        Julieta.
        
CLAVER, Ronald. A última sessão de cinema. São Paulo: Melhoramentos, 1986. p.58-60.
                                                      (Prêmio Bienal Nestlé de Literatura Brasileira).
Entendendo o texto:
01 – Tente explicar o significado dos termos destacados. Se precisar, consulte um dicionário.
a)   “Perambulava no adro da Igreja quando Glorinha apontou na esquina.”
·        Adro: terreno em frente ou em volta da Igreja.
·        Apontar: mostrar-se, aparecer.

b)   “A aragem dominical me levou até o templo e me alojou atrás de Glorinha.”
·        Aragem: vento brando, brisa.

c)   “Às vezes tornava-se Rapunzel e ficava na torre inexpugnável [...]”.
·        Inexpugnável: invencível, inabalável.

d)   “Aproximei-me de seu rosto e ela recuou, negaceou, mas insisti.”
·        Negacear: provocar e, em seguida, esquivar-se.

02 – Releia o primeiro parágrafo e responda: qual a razão de o garoto ficar em pânico?
      Ele ficou em pânico porque gostava de Glorinha em segredo e ela estava se aproximando dele.

03 – Numere os fatos abaixo a fim de coloca-los na mesma sequência em que ocorrem na narrativa:
(5) Glorinha responde ao garoto.
(4) O menino decide escrever uma carta para Glorinha.
(1) O narrador vê Glorinha chegando para a missa.
(3) Glorinha é beijada pelo garoto, em sonho.
(2) O narrador planeja conversar com sua amada.

04 – Qual o grande desejo do garoto?
      Era que Glorinha também gostasse dele e fosse sua namorada.

05 – Assinale a alternativa que mostra um obstáculo que impedia a realização do desejo do garoto:
(   ) Ele não sabia escrever cartas de amor.
(X) Ele era muito tímido.
(   ) Glorinha não gostava dele e já estava interessada em outro garoto.
(   ) O garoto era muito ciumento e Glória não gostava disso.

06 – Releia a carta que o garoto mandou à Glorinha e depois procure no dicionário o significado da palavra errante.
a)   O que significa errante?
Aquele que vagueia, que anda sem destino definido.

b)   O que a personagem da história pensava que fosse errante?
Pensava que fosse “uma pessoa cheia de erros”.

07 – Explique o significado das expressões destacadas abaixo:
a)   “E Glorinha continuou no ofício de me percorrer, de me perseguir. De me domingar.”
O autor criou uma nova palavra para expressar as coisas boas que Glorinha desperta na personagem.

b)   Fui com sede ao pote”.
Fazer algo avidamente e sem prudência.

08 – Releia a resposta de Glorinha e depois responda: Qual o significado de suas palavras?
      Glorinha conhecia o livro do qual o menino tinha copiado a carta e indicou-lhe a página em que encontraria a resposta.

09 – Na sua opinião, a carta que o garoto copiou é uma boa carta de amor? Explique sua resposta.
      Resposta pessoal do aluno.