Reportagem: Pior que nossos pais: mudanças climáticas já afetam a saúde
das novas gerações
Doenças infecciosas, enchentes, incêndios florestais e escassez de alimentos pintam futuro sombrio para uma criança nascida hoje caso o ritmo de emissão de carbono continue nos níveis atuais
Por Matheus
Souza
Ninguém mais duvida que as mudanças
climáticas trazem consequências catastróficas para o meio ambiente. Agora, um
estudo elaborado por 120 especialistas de diferentes países estima quais são os
efeitos dessas mudanças para a saúde dos seres humanos, e mostra que um grupo é
especialmente atingido: as crianças.
Publicado na revista
científica The Lancet, o relatório Countdown on Health and Climate
Change 2019 (Contagem Regressiva sobre Saúde e Mudanças Climáticas), lançado
nesta quarta-feira (13), aponta que uma criança nascida hoje terá prejuízos ao
longo de toda a vida caso o ritmo de emissão de carbono continue nos níveis
atuais. Com sistema imunológico ainda em desenvolvimento, elas são mais
vulneráveis aos impactos. O estudo também teve colaboração de pesquisadores
brasileiros. Da USP, são coautores o professor Paulo Saldiva, da Faculdade de
Medicina (FMUSP), e Carlos Nobre, presidente do Painel Brasileiro de Mudanças
Climáticas e pesquisador do Instituto de Ciências Avançadas (IEA) da USP.
Além do relatório geral, o estudo
também levantou dados específicos de alguns países, de acordo com o impacto
para cada região. No caso do Brasil, por exemplo, as mudanças climáticas tornam
o ambiente mais propício para a proliferação da dengue e de
outras doenças infecciosas, que afetam mais as crianças. Desde os anos
1950, os mosquitos têm aumentada em 11% sua capacidade de transmitir dengue no
País.
Outro efeito diz respeito
à alimentação. Com a elevação da temperatura média do planeta, a produção
agrícola é diretamente atingida. No Brasil, o potencial médio de produtividade
da soja caiu mais de 6% desde a década de 60. Dessa forma, os bebês estarão
mais vulneráveis ao aumento do preço dos alimentos e
à desnutrição.
Durante a adolescência, o impacto
da poluição do ar piorará. O fornecimento de energia derivada do
carvão triplicou no Brasil nos últimos 40 anos e os níveis perigosos de
poluição atmosférica ao ar livre contribuíram para 24 mil mortes prematuras em
2016.
Eventos climáticos extremos,
como enchentes e tufões, se intensificarão na idade adulta de quem nasce
hoje. No Brasil, 1,6 milhão de pessoas foram expostas a incêndios
florestais desde 2001/2004, e em todo o mundo houve um aumento recorde de
220 milhões de pessoas acima de 65 anos expostas a ondas de calor em
2018 em comparação com o ano 2000. Em relação a 2017, a alta foi de 63 milhões.
Para que uma criança nascida hoje
cresça em um mundo que atingirá emissões zero até seu 31º aniversário, em 2050,
é preciso seguir as diretrizes do Acordo de Paris e limitar o aquecimento a um
nível bem abaixo de 2°C. Na avaliação dos autores, só isso pode garantir um
futuro mais saudável para as próximas gerações.
Editorias: Ciências
Ambientais – URL Curta: jornal.usp.br/? p=287337
Governo do Estado
de São Paulo. Aprender sempre. 9° ano do ensino fundamental. Língua Portuguesa.
Entendendo a reportagem:
01 – De acordo com o texto,
aponte as principais consequências das mudanças climáticas citada no texto.
·
Enchentes e tufões.
·
Episódios de calor extremo.
·
Incêndios florestais.
·
Exposição de populações vulneráveis
a extremos climáticos, alterando padrões de doenças infecciosas.
·
Comprometimento da segurança
alimentar / aumento de preços / desnutrição.
02 – Como você pode
perceber, as consequências das mudanças climáticas afetam muitas pessoas no
Brasil. Que recursos linguístico o autor utiliza, nesse texto, para sustentar
as ideias e chamar / persuadir o leitor quanto ao que está sendo exposto?
Utiliza, por
exemplo, que, para convencer o leitor acerca das ideias apresentadas, o autor
se vale de resultados de pesquisas científicas, expressos por meio de dados
percentuais, além de várias comparações.
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