Texto: EMBARGOS CULTURAIS (Fragmento)
Maquiavel, entre a astúcia, a hipocrisia e a crueldade
19 de janeiro de 2020, 8h00
Por Arnaldo Sampaio de
Moraes Godoy
Nicolau Maquiavel (1469-1527) afastou
da teorização política a invenção da realidade. Não expôs nenhuma utopia. Mas
também não legou nenhuma premonição de um mundo distópico. O futuro não é
sombrio, e nem nirvânico, nem infernal, e também não é um paraíso. É apenas o
resultado de nossa ação, pautado por nossos cálculos, e também influenciado por
eventos externos, que fogem de nosso controle.
A principal preocupação de Maquiavel
consistia no esforço em influenciar a condução dos negócios públicos. Era um
prático. Não teorizava. Intervinha na realidade.
Nasceu em Florença. Seu pai chamava-se
Bernardo; sua mãe, Bartolomea. O pai era advogado. Pouco conhecido, teria
exercido a profissão sem nenhum brilho. Acrescentava aos poucos ganhos algum recurso
que ganhava na administração de seus escassos bens. Parece também que Bernardo
foi um rígido pai. Estudou latim, gramática e cálculo. Em 1497, com 28 anos,
Maquiavel esteve em Roma. No fim daquele ano, 1498, foi nomeado secretário na
Segunda Chancelaria de sua cidade de nascimento.
[...]
Maquiavel é personagem emblemática do
Renascimento, época que se opunha ao misticismo, ao coletivismo, ao
antinaturalismo, ao teocentrismo e ao geocentrismo. O Renascimento foi marcado
por intensa defesa do racionalismo, do individualismo, do antropocentrismo, do
heliocentrismo. O humanismo foi também um dos traços definidores daquele tempo,
centrado na retomada dos valores greco-romanos, circunstância muito
característica na obra de Maquiavel.
O
Príncipe, segundo Jacob Burckhardt, um dos maiores historiadores da Renascença,
“representa a objetividade renascentista e a ideia de Estado como obra de
arte”. O Príncipe não é um trabalho de ideologia e de proselitismo, é um livro
de conselhos práticos. E embora nos pareça que Maquiavel tenha rompido com toda
a tradição de pensamento político que o precedia, há também fortes motivos para
supor que tenha retomado uma linhagem romana. Maquiavel seria o restaurador de
uma tradição esquecida.
Disponível em: https://www.conjur.com.br/2020-jan-19/embargos-culturais-maquiavel-entre-asstucia-hipocrisia-crueldade.
Acesso em 05
fev.2020.
Entendendo o texto:
01 – A síntese que apresenta
a ideia central desse trecho do texto é a:
a) Apresentação da obra completa “O Príncipe” e a ideologia trazida pelo autor do livro.
b) Consideração sobre algumas concepções de Maquiavel e do contexto em que ele viveu.
c) Exposição sobre o Renascimento e o humanismo inserido dentro desse período.
d) Crítica aos pensamentos de Maquiavel e a política que se praticava no país.
e) Descrição da vida acadêmica do filósofo e de sua passagem por Roma.
02 – De acordo com o texto,
a preocupação principal de Maquiavel compreendia:
a) Teorizações da política na invenção da realidade renascentista.
b) Captações de recurso na administração de seus escassos bens.
c) Esforços em influenciar a condução dos negócios públicos.
d) Exposições da negação da utopia numa sociedade oprimida.
e) Cuidados com um futuro que se mostrava muito tranquilo.
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