sexta-feira, 30 de outubro de 2020

ARTIGO DE OPINIÃO: ÁGUA EM DISCUSSÃO - OURO AZUL NÃO ´OURO DE TOLO - CARLOS AUGUSTO FIGUEIREDO - COM GABARITO

 Artigo de opinião: Água em discussãoouro azul não é ouro de tolo


Quarta-Feira, 21 de Março de 2018, 19h:15

Por Carlos Augusto Figueiredo

Artigo de responsabilidade do autor

        [...]

        Uma das riquezas do Brasil é a água em abundância, nosso Ouro Azul. Ou, pelo menos, é o que se ouve de maneira relativamente descompromissada. O que o senso comum não se dá conta é o porquê de termos água em abundância. E, diga-se de passagem, que vários Brasis já não têm tanta água assim e alguns nunca tiveram desde o tempo da colonização.

        Vamos começar por aí. O Brasil não é extremamente rico em água. A Amazônia é, o Pantanal é, mas a Mata Atlântica – onde vivem cerca de 70% dos brasileiros – está deixando de ser. O país é dividido pela Agência Nacional de Águas em 12 regiões hidrográficas e dessas a região amazônica tem aproximadamente 80% da disponibilidade hídrica total do País. Ou seja, nas regiões mais populosas, a disponibilidade hídrica se assemelha à de regiões igualmente populosas na Europa.

        Agora, por que o Brasil é rico em água? Primeiro, por causa da Bacia Amazônica e por suas complexas interações entre o ecossistema amazônico e a “produção de água”. A vegetação, especialmente a nativa, tem enorme importância na transpiração e na diminuição do escoamento superficial das chuvas. E o que isso tem a ver com o tema central do Fórum Mundial da Água? Ora, se uma de nossas riquezas é a água em abundância, como fazemos para compartilhá-la? Aí é que começa o conflito. O ser humano não é hábil em compartilhar e quando se trata de um bem tão precioso, os ânimos se acirram.

        Em primeiro lugar, quando falamos de compartilhamento, estamos falando dos quase 80% de toda a água consumida mundialmente na irrigação e pecuária. O consumo doméstico, tanto no Brasil quanto no resto do mundo, é de aproximadamente 10% da água disponível. Os 10% restantes vão para a indústria. Isso quer dizer que o grande volume de água consumida está direcionado para o setor produtivo.

        A principal forma de compartilhamento da água, ao contrário do que se pode pensar, não é o transporte e distribuição de água líquida em si, mas o que se chama de transferência virtual de água, que acontece quando a produção, principalmente agrícola, é levada de sua área de produção para os centros consumidores. Desde locais próximos como a Serra do Mar, entre as cidades de Teresópolis e Nova Friburgo para a cidade do Rio de Janeiro (RJ), como distantes como as grandes quantidades de soja brasileira exportada internacionalmente. As verduras do interior fluminense transferem a disponibilidade hídrica da região para a grande metrópole. A soja brasileira teve 77,8% de sua exportação em 2017 destinada à China, que recentemente triplicou sua importação de produtos que transferem água, desta forma contribuindo para aliviar o estrese hídrico chinês. Assim como a soja, uma importante commodity brasileira, outros produtos agropecuários carregam um forte componente de disponibilidade de água (e território) que não é levado em conta na comercialização. Em termos internacionais, quem detém água, detém alimentos; e nações dependentes de importação para alimentação estão em forte desvantagem na geopolítica. Se por um lado a transferência virtual de água pode ser vista como instrumento de pressão geopolítica, por outro, pode também ser vista como solução para otimizar o consumo hídrico no planeta. O mesmo dilema pelo qual passa o comércio internacional globalizado.

        [...]

                            Disponível em: https://capitalnews.com.br/opiniao/agua-em-discussao-ouro-azul-nao-e-ouro-de-tolo/315165.

Acesso em: 09 mar. 2020.

Entendendo o artigo de opinião:

01 – Como principal meio de compartilhar água, o autor defende a tese de que há transferência virtual de água. Para isso ele utiliza o argumento:

a)   “As verduras do interior fluminense transferem a disponibilidade hídrica da região para a grande metrópole”.

b)   “O ser humano não é hábil em compartilhar e quando se trata de um bem tão precioso, os ânimos se acirram.”.

c)   “O consumo doméstico, tanto no Brasil quanto no resto do mundo, é de aproximadamente 10% da água disponível.”.

d)   “A vegetação, especialmente a nativa, tem enorme importância na transpiração e na diminuição do escoamento superficial das chuvas.”.

02 – Em: “e nações dependentes de importação para alimentação estão em forte desvantagem na geopolítica.”, a palavra em destaque produz um sentido que:

a)   Intensifica a desvantagem de falta de recursos hídricos de algumas nações.

b)   Demonstra que as nações com pouca disponibilidade hídrica são autônomas.

c)   Diminui a desvantagem presente nos países dependentes de alimentação.

d)   Reforça a capacidade de enfrentar a falta de recursos como os alimentos.

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