segunda-feira, 4 de setembro de 2023

CRÔNICA: FOLHAS SECAS - FRANCISCO MARQUES - REVISTA ESCOLA - COM GABARITO

 CRÔNICA: FOLHAS SECAS

                   Francisco Marques

Eu estava dando uma aula de Matemática e todos os alunos acompanhavam atentamente.

Todos?

Quase. [...] Renata conferia as canetas e os lápis do seu estojo vermelhíssimo e Hélder olhava para o pátio.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirnWNwtnequuS7RhYr9gngVTciHSqnwAJ2-soomfgBqFESa1zCgzBck-d89KRCiqHkEw7kyT4KakRMcnNj_bCWdv8kaZWiYGiWv6l3cqRPr4tle0G56_cVzaZyaZ0jgo8O1qAxFCEq0Gb1il_hQH9y_4K2oizmXLy9Ob_DoQmYR3xEmUscjiVsZmNg6pY/s320/ESTOJO.jpg


O pátio? O que acontecia no pátio?

Após o recreio, dona Natália varria calmamente as folhas secas e amontoava e guardava tudo dentro de um enorme saco plástico azul. Terminando o varre-varre, dona Natália amarrou a boca do saco plástico e estacionou aquele bafuá de folhas secas perto do portão. Hélder observava atentamente. [...] De repente, Hélder foi arregalando os olhos e franzindo a testa.

Qual o motivo do espanto?

Hélder percebeu alguma coisa no meio das folhas movendo-se desesperadamente, com aflição, sufoco, falta de ar. [...] Um pássaro novo caiu do ninho e foi confundido com as folhas secas e foi varrido e agora lutava pela liberdade.

– Ele tá preso!

O grito de Hélder interrompeu o final da multiplicação de 15 por 127. Todos os alunos olharam para o pátio. E todos nós concordamos, sem palavras: o bico do passarinho tentava romper aquela estranha pele azul. Hélder saiu da sala e nós fomos atrás. E antes que eu pudesse pronunciar a primeira sílaba da palavra “calma”, o saco plástico simplesmente explodiu, as folhas voaram e as crianças pularam de alegria.

Alguns alunos dizem que havia dois passarinhos presos. Outros viram três passarinhos voando felizes e agradecidos. Lucas diz que era um beija-flor. Renata insiste que era uma cigarra. Eu, sinceramente, só vi folhas secas voando. [...]

 MARQUES, Francisco. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-1/folhas-secas-634210.shtml>.

Acesso em: 22 set. 2014. Fragmento.

 Entendendo o texto

 01. No último parágrafo desse texto, os alunos

a)   brincavam de adivinhar.

b)   discordavam entre si.

c)   estavam espantados.

d)   estavam indiferentes.

02.  No trecho “... o bico do passarinho tentava romper aquela estranha pele azul.” (ℓ. 16-17), o recurso estilístico utilizado na expressão em destaque

a)   apresenta duas características opostas do saco plástico.

b)   descreve o passarinho de maneira exagerada.

c)   relaciona o saco plástico a uma parte do corpo humano.

d)   relata a atitude do passarinho de forma debochada.

03.  No trecho “... os lápis do seu estojo...” (ℓ. 3), a palavra destacada está no lugar de

a)   Natália.

b)   Hélder.

c)   Lucas.

d)   Renata.

04. O trecho desse texto que demonstra que o narrador participa da história está em: 

a)   “Eu estava dando uma aula de Matemática e todos os alunos acompanhavam atentamente.”. (ℓ. 1) 

b)   “Renata conferia as canetas e os lápis do seu estojo vermelhíssimo e Hélder olhava para o pátio.”. (ℓ. 7-8) 

c)    “Hélder percebeu alguma coisa no meio das folhas movendo-se desesperadamente, com aflição, d)   sufoco, falta de ar.”. (ℓ. 11-12)

05.  No trecho “– Ele tá preso!” (ℓ. 14), a linguagem utilizada é

a)   científica.

b)   culta.

c) informal.

d) regional.

 

 

CONTO: DICIONÁRIO DE FORMAS - ÂNGELA LAGO - COM GABARITO

 Conto: Dicionário de formas

            Ângela Lago

 Era uma vez eu, Zé Sorveteiro, que me apaixonei por uma princesa que acabara de chegar do outro lado da Terra. Bolei para ela um dicionário de quatro palavras: bola, quadrado, retângulo, triângulo. Japonês se escreve com desenhos. Com desenhos a princesa aprenderia português!

[...] Ia até meu carrinho e pedia, desenhando no ar:

Triângulo-bola.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiThydQPUaVTQxDxYS0Pry8e54alxUKgWYwA4XrTlQSj7SFGFjJDgFleQgDhGZLuQk3GrYQSEP3Mc7S7PPc6BJSmVRYwLAhPWAsCdw2Pb1-EZtdfL9hc17hyml4PkBFlShh0ZBZEP-CAYR4fbsmP40jwZX-wef4Si0wLXyWX6DfKu8abD1thv2o7tkFNlQ/s320/SORVETE.jpg


Sorvete na casquinha! O dicionário funcionava às maravilhas.

Eu? Mandava bilhetes. Desenhava um quadrado com um triângulo em cima e escrevia: casa!!! Caprichava nos pontos de exclamação. Casa!!! Casa!!! Fácil de entender: casa comigo.

Mas toda princesa tem uma fera para encontrar bilhetes. Uma hora a fera mandou me chamar. Aí…

Aí eu transformei ponto de exclamação em sinal de aguaceiro:

Um traço com um pingo é chuva. Três -!!! – muita chuva. Casa, chuva, chuva, chuva. Estou só avisando… Cuidado com goteiras.

[...] Hoje, 60 anos depois, repito, valeu a pena. E lá vou eu apanhar uns triângulos vermelhos para a minha rainha arrumar no triângulo do retângulo do quadrado da frente. Perfeito. Daqui a pouco a jarra da mesa da sala estará toda perfumada com os… Como é mesmo? Vá lá! Com os triângulos vermelhos.

 

LAGO, Ângela. Disponível em: <http:// revistaescola.abril.com.br/fundamental-1/dicionario-formas-634239.shtml>. Acesso em: 6 nov. 2014.

Entendendo o texto

01) O trecho desse texto que mostra que o narrador conta uma história vivida por ele é:

A)    “Era uma vez eu, Zé Sorveteiro, que me apaixonei por uma princesa...”. (ℓ. 1)

B)    “Com desenhos a princesa aprenderia português!”. (ℓ. 3-4)

C)    “Mas toda princesa tem uma fera para encontrar bilhetes.”. (ℓ. 10)

D)    “Daqui a pouco a jarra da mesa da sala estará toda perfumada...”. (ℓ. 17)

02) Nesse texto, a palavra “bolei” (ℓ. 2) significa

A)    enrolar.

B)    estar confuso.

C)    ficar preocupado.

D)    inventar.

03)  No trecho “Casa!!! Casa!!!” (ℓ. 9), a repetição da palavra casa foi usada para

A)    destacar a vontade do sorveteiro em casar.

B)    indicar que o sorveteiro queria uma casa.

C)    marcar a teimosia do sorveteiro.

D)    mostrar que o sorveteiro soletrou a palavra.

04) De acordo com esse texto, no dicionário de formas, o desenho de triângulo - bola representa

A)    carrinho.

B)    sorvete.

C)    casa.

D)  chuva.

 

Leia novamente o texto “Dicionário de formas” para responder às questões abaixo.

05) Nesse texto, o trecho que apresenta uma opinião é:

A)    “Era uma vez eu, Zé Sorveteiro, que me apaixonei...”. (ℓ.1)

B)    “Ia até meu carrinho e pedia, desenhando no ar:...”. (ℓ. 5)

C)    “O dicionário funcionava às maravilhas.”. (ℓ. 7)

D)    “Aí eu transformei ponto de exclamação em sinal de aguaceiro: ”. (ℓ. 12)

06) No trecho “Daqui a pouco a jarra da mesa da sala estará toda perfumada...” (ℓ. 17), a expressão em destaque indica

A)    causa.

B)    lugar.

C)    modo.

D)    tempo.

MÚSICA(ATIVIDADES): HOJE A NOITE NÃO TEM LUAR - RENATO RUSSO - COM GABARITO

 MÚSICA(ATIVIDADES): HOJE A NOITE NÃO TEM LUAR

(Renato Russo)

.

Ela passou do meu lado
Oi, amor! Eu lhe falei
Você está tão sozinha
Ela então sorriu pra mim

 

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8rRhuAgkTJcKOKwSuvY82QKrFvmPt9ulw1fFi3YL2jW3TEwiewx5-fAtWPSEi_c2-mdPy2xWVjEw1dKGLQ4VWh7X-60K9HrCbhdQEUVYtWdHmFvetiMvTrSjnqUEowmKnKPqWb0YrvURiHq0knhN3ViGYqYl6Z0issVFiBVIwGI7-hvh_BIAZUZsMvgg/s1600/LUA.jpg

Foi assim que a conheci

Naquele dia junto ao mar
As ondas vinham beijar a praia
O sol brilhava de tanta emoção
Um rosto lindo como o verão
E um beijo aconteceu

 

Nos encontramos a noite
Passeamos por aí
E num lugar escondido
Outro beijo lhe pedi

 

Lua de prata no céu
O brilho das estrelas no chão
Tenho certeza que não sonhava
A noite linda continuava
E a voz tão doce que me falava
O mundo pertence a nós

 

E hoje a noite não tem luar
E eu estou sem ela
Já não sei onde procurar
Não sei onde ela está

 

Hoje a noite não tem luar
E eu estou sem ela
Já não sei onde procurar
Onde está meu amor?

 

 

 

Entendendo o texto

 01. A letra da música acima constitui um texto narrativo, identifique o trecho que representa o clímax dessa narrativa.

 a)   “Ela passou do meu lado (...)”.

b)   “ (...) Ela então sorriu pra mim (...)”

c)   “(...) E um beijo aconteceu (...)”

d)   d)“(...) outro beijo lhe pedi(...)”  

 02. Qual é o tema principal da música?

            O tema principal da música é um encontro romântico à beira-mar e a saudade desse momento especial.

03. Como o narrador conheceu a pessoa mencionada na música? O narrador conheceu uma pessoa quando ela passou por ele na praia e eles trocaram sorrisos.

04. O que aconteceu durante o encontro à noite mencionado na música?

Durante o encontro à noite, eles passearam por aí, compartilharam beijos e desfrutaram da beleza da lua e das estrelas.

     05.Qual é o sentimento do narrador durante a maior parte da música?

         O sentimento do narrador é de saudade e busca pela pessoa que conheceu naquele momento especial.

05. Como a noite está descrita na música?

 A noite é descrita como linda, com uma lua de prata no céu e o brilho das estrelas no chão.

06. Por que o narrador está triste na música?

O narrador está triste porque a noite atual não tem a presença da pessoa amada, e ele não sabe onde encontrá-la.

07. Qual é a importância do beijo na história da música?

O beijo é um momento significativo na história, pois simboliza o início do relacionamento entre o narrador e a pessoa amada.

08. O que a música sugere sobre a intensidade desse relacionamento?

A música sugere que o relacionamento entre o narrador e a pessoa amada foi intenso e especial, com lembranças que perduraram na memória do narrador.

09. Como a música transmite a ideia de que o mundo pertence aos dois personagens?

A música transmite essa ideia por meio da descrição da noite linda e romântica que eles compartilharam, onde o mundo parece ser deles, cheio de beleza e amor.

 

 

 

 

POEMA: VERSOS À BOCA DA NOITE - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 POEMA: VERSOS À BOCA DA NOITE

                Carlos Drummond de Andrade

 

Sinto que o tempo sobre mim abate
sua mão pesada. Rugas, dentes, calva.
Uma aceitação maior de tudo,
e o medo de novas descobertas.

 
Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeY6k-xBeoSdarQctVfx4EfNLq0QscDu3XcV-Q4KyyIAEMl9S0HGdXZIXNWBxtne7bz9FKcgXUf76oyRz97LkD7U3LuUDOIh53JpMTI8fC09d9JYHjtShed4Msg9WoYOcyEQvBQQOO-_05hxGxEf90TaavNVZD7BwlmKy67eihZtJDGvHzXOKquO72yLg/s320/boca-da-noite.jpg

Escreverei sonetos de madureza?
Darei aos outros a ilusão de calma?
Serei sempre louco? Sempre mentiroso?
Acreditarei em mitos? Zombarei do mundo?

Há muito suspeitei o velho em mim.
Ainda criança, já me atormentava.
Hoje estou só. Nenhum menino salta
de minha vida, para restaurá-la.

Mas se eu pudesse recomeçar o dia!
Usar de novo minha adoração,
meu grito, minha fome. Vejo tudo
impossível e nítido, no espaço.

Lá onde não chegou minha ironia,
entre ídolos de rosto carregado,
ficaste, explicação de minha vida,
como os objetos perdidos na rua.

As experiências se multiplicaram:
viagens, furtos, altas solidões,
o desespero, agora cristal frio,
a melancolia, amada e repelida,

E tanta indecisão entre dois mares,
entre duas mulheres, duas roupas.
Toda essa mão para fazer um gesto
que de tão frágil nunca se modela,

E fica inerte, zona de desejo
selada por arbustos agressivos.
(Um homem se contempla sem amor,
se despe sem qualquer curiosidade.)

Mas vêm o tempo e a ideia de passado
visitar-te na curva de um jardim.
Vem a recordação, e te penetra
dentro de um cinema, subitamente.

E as memórias escorrem do pescoço,
do paletó, da guerra, do arco-íris;
enroscam-se no sonho e te perseguem,
à busca de pupila que as reflita.

E depois das memórias vem o tempo
trazer novo sortimento de memórias,
até que, fatigado, te recuses
e não saibas se a vida é ou foi.

Esta casa, que miras de passagem,
estará no Acre? na Argentina? Em ti?
Que palavra escutaste, e onde, quando?
Seria indiferente ou solidária?

Um pedaço de ti rompe a neblina,
voa talvez para a Bahia e deixa
outros pedaços, dissolvidos no atlas,
em País-do-Riso e em tua ama preta.

Que confusão de coisas ao crepúsculo!
Que riqueza! Sem préstimo, é verdade.
Bom seria captá-las e compô-las
num todo sábio, posto que sensível:

uma ordem, uma luz, uma alegria
baixando sobre o peito despojado.
E já não era o furor dos vinte anos
nem a renúncia às coisas que elegeu,

Mas a penetração no lenho dócil,
um mergulho em piscina, sem esforço,
um achado sem dor, uma fusão,
tal uma inteligência do universo

comprada em sal, em rugas e cabelo.

ENTENDENDO O POEMA

01. Nos versos de Carlos Drummond de Andrade pode-se inferir que o eu lírico trata do (as)

a) inquietações da juventude.

b) traquinagens da infância.

c) descobertas da adolescência.

d) transição da fase adulta para a velhice.

e) passagem da infância para a juventude.

 

02. Na frase “Sinto que o tempo sobre mim abate sua mão pesada” encontra-se a figura de linguagem

a) eufemismo.

b) animismo.

c) hipérbole.

d) catacrese.

e) sinestesia.

 

03. Como o poeta descreveu sua relação com o tempo no início do poema?

     O poeta descreveu que o tempo diminui sobre ele sua mão pesada, causando rugas, dentes e calva.

04. Qual é o sentimento do poeta em relação à sua maturidade na segunda estrofe?

      O poeta expressa uma facilidade maior de tudo em relação à sua maturidade, mas também revela o medo de novas descobertas.

05. O poeta planeja escrever sonetos dessa fase da vida?

      O poeta planeja escrever sonetos de maturidade.

06. O que o poeta questiona sobre si mesmo na terceira estrofe?

      O poeta questiona se ele será sempre louco, sempre mentiroso, se acreditará em mitos e zombará do mundo.

07. Qual é a sensação do poeta em relação à passagem do tempo e ao envelhecimento em "Há muito suspeito o velho em mim"?

       O poeta sente uma suspeita de envelhecimento desde a infância, e agora, na solidão, reflete sobre essa transformação.

08. O que o poeta deseja poder fazer novamente em relação ao seu passado?

      O poeta deseja poder recomeçar o dia e usar novamente sua inspiração, grito e fome.

09. Como o poeta descreve suas experiências ao longo da vida?

     O poeta descreveu suas experiências como multiplicadas, incluindo viagens, furtos, solidões, desespero, melancolia e indecisões.

10. O que o tempo traz consigo na segunda metade do poema?

      O tempo traz consigo a gravação e memórias que perseguem o poeta, até que ele se recusa a reconhecê-las como parte de sua vida.

11. Qual é o desejo final do poeta em relação às experiências e memórias da vida?

      O desejo final do poeta é capturar todas as experiências e memórias e compô-las em um todo sábio, uma ordem, uma luz, uma alegria que desça sobre seu peito despojado.

 

 

domingo, 3 de setembro de 2023

TEXTO: POLÍTICA E POLITICALHA - RUI BARBOSA - COM GABARITO

 TEXTO: Política e politicalha

                Rui Barbosa

      A política afina o espírito humano, educa os povos no conhecimento de si mesmos, desenvolve nos indivíduos a atividade, a coragem, a nobreza, a previsão, a energia, cria, apura, eleva o merecimento.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7i8o-SNt8mj3LzZM43J4LO5-cT6V3xlL2t1E-gVEAdvmsXmQMmg-MM7NiPnJOcPrFYYBKHY9OEYJF0Cr-vyLCpcIwgu9mNSsobQ5Yaim3Hipp70jMo8PSZQdExQKZmYFuVbqwEjtwZtnBC0CwC91zM07UP7-amvkMkyvsxXLXDNBCdcI6yr6wUXgiO7Q/s1600/POLITICA.jpg 


      Não é esse jogo da intriga, da inveja e da incapacidade, a que entre nós se deu a alcunha de politicagem. Esta palavra não traduz ainda todo o desprezo do objeto significado. Não há dúvida que rima bem com criadagem e parolagem, afilhadagem e ladroagem. Mas não tem o mesmo vigor de expressão que os seus consoantes. Quem lhe dará com o batismo adequado? Politiquismo? Politicaria? Politicalha? Neste último, sim, o sufixo pejorativo queima como um ferrete, e desperta ao ouvido uma consonância elucidativa.

      Política e politicalha não se confundem, não se parecem, não se relacionam uma com a outra. Antes se negam, se excluem, se repulsam mutuamente.

      A política é a arte de gerir o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou tradições respeitáveis. A politicalha é a indústria de explorar o benefício de interesses pessoais. Constitui a política uma função, ou o conjunto das funções do organismo nacional: é o exercício normal das forças de uma nação consciente e senhora de si mesma. A politicalha, pelo contrário, é o envenenamento crônico dos povos negligentes e viciosos pela contaminação de parasitas inexoráveis. A política é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada.

(Trechos escolhidos de Rui Barbosa, Rui Barbosa.)

Ruy Barbosa de Oliveira foi um polímata brasileiro, tendo se destacado principalmente como jurista, advogado, político, diplomata, escritor, filólogo, jornalista, tradutor e orador.

Entendendo o texto

01.  Segundo o autor qual a palavra adequada para o exercício de uma má política? Por quê?

O autor considera que a palavra adequada para o exercício de uma má política é "politicalha", porque o sufixo pejorativo "queima como um ferrete" e torna o termo mais elucidativo.
02. Você considera essa palavra forte? Justifique.

Sim, a palavra "politicalha" é forte porque carrega uma conotação negativa e pejorativa, descobrindo corrupção, exploração de interesses pessoais e ações políticas de mais qualidade.
03. Você concorda que politicagem rima bem com criadagem, parolagem, afilhadagem e ladroagem? Justifique.

Não, a palavra "politicagem" não rima bem com as palavras mencionadas. O autor está fazendo uma crítica ao termo "politicagem", indicando que ele não expressa todo o desprezo do objeto significado, ao contrário de "politicagem", que, segundo o autor, tem uma consonância mais elucidativa.

04. Para Rui Barbosa qual é a diferença de política e politicalha?

Rui Barbosa diferencia a política como a arte de administrar o Estado de acordo com princípios definidos, regras morais, leis escritas ou tradições respeitáveis. Por outro lado, ele descreveu a política como a indústria de exploração de interesses pessoais, caracterizando-a como uma corrupção crônica e prejudicial.   

05.Segundo Rui Barbosa, caracteriza a política:
I- O aperfeiçoamento do espírito humano
II- Certa semelhança com a politicalha
III- O jogo da integra, da inveja e da incapacidade

Responda as questões com base no seguinte código:
a) se apenas um item for correto
b) se apenas I e II forem corretas
c) se apenas I e III forem corretas
d) se apenas II e III forem corretas
e) se todos os itens forem corretos

06. O autor preferiu usar politicalha a politicagem porque:
a) O segundo, embora expresse o desprezo do objeto significado, é muito corriqueiro entre nós.
b) Politicagem é mais suave do que seus consoantes criadagem, perolagem, afilhadagem e ladroagem.
c)  O sufixo pejorativo de politicagem traz ao termo maior precisão semântica.

07. Durante todo o texto, Rui Barbosa vai procurando mostra as oposições entre o verdadeiro sentido da política e o seu falso sentido, ou seja, a politicalha. Em determinados, a força criativa do autor o leva a usar certas conotações, certas metáforas. É o que se registra em:
a)  “A política é a higiene dos países moralmente sadios”.
b)  “ A politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada”.
c) “A politicalha é a indústria de explorar o benefício de interesses pessoais”.

 

terça-feira, 29 de agosto de 2023

CRÔNICA: ARRUMAR O HOMEM - DOM LUCAS MOREIRA NEVES - JORNAL DO BRASIL, JAN.1997. - COM GABARITO

 CRÔNICA: ARRUMAR O HOMEM

( Dom Lucas Moreira Neves Jornal do Brasil, Jan. 1997)


Não boto a mão no fogo pela autenticidade da estória que estou para contar. Não posso, porém, duvidar da veracidade da pessoa de quem a escutei e, por isso, tenho-a como verdadeira. Salva-me, de qualquer modo, o provérbio italiano: "Se não é verdadeira... é muito graciosa!"

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMsAEj2-6b5SWSxNf0vXVeI1aFzhzyWOsauFp9v0WxNeAq2nOTnfI-T_g7U0YtJ9RSoE6K6MJjGEdWenLBIlrKAdModBl-qvYKW-jBc1qH1USIafRG-5W6xEBviJ84Ebrz7EjFHzc55q0JkJRSqCWRLVHMgPLHun9zTIJquRL7-3hrAnun9iu4vsnI_Lw/s320/MUNDI.jpg


Estava, pois, aquele pai carioca, engenheiro de profissão, posto em sossego, admitido que, para um engenheiro, é sossego andar mergulhado em cálculos de estrutura. Ao lado, o filho, de 7 ou 8 anos, não cessava de atormentá-lo com perguntas de todo jaez, tentando conquistar um companheiro de lazer.
A ideia mais luminosa que ocorreu ao pai, depois de dez a quinze convites a ficar quieto e a deixá-lo trabalhar, foi a de pôr nas mãos do moleque um belo quebra-cabeça trazido da última viagem à Europa. "Vá brincando enquanto eu termino esta conta". sentencia entre dentes, prelibando pelo menos uma hora, hora e meia de trégua. O peralta não levará menos do que isso para armar o mapa do mundo com os cinco continentes, arquipélagos, mares e oceanos, comemora o pai-engenheiro.
Quem foi que disse hora e meia? Dez minutos depois, dez minutos cravados, e o menino já o puxava triunfante: "Pai, vem ver!" No chão, completinho, sem defeito, o mapa do mundo.
Como fez, como não fez? Em menos de uma hora era impossível. O próprio herói deu a chave da proeza: "Pai, você não percebeu que, atrás do mundo, o quebra-cabeça tinha um homem? Era mais fácil. E quando eu arrumei o homem, o mundo ficou arrumado!"
"Mas esse garoto é um sábio!", sobressaltei, ouvindo a palavra final. Nunca ouvi verdade tão cristalina: "Basta arrumar o homem (tão desarrumado quase sempre) e o mundo fica arrumado!"
Arrumar o homem é a tarefa das tarefas, se é que se quer arrumar o mundo.

 (Dom Lucas Moreira Neves Jornal do Brasil, jan. 1997)

Fonte: https://professoracristinaliteraa.blogspot.com/2010/11/coerencia-e-coesao.html 

Entendendo o texto

 

01. Assinale o item cuja afirmativa está de acordo com o primeiro parágrafo do texto:

a) embora o autor do texto não confie na veracidade da estória narrada, conta-a por seu valor moral;

b) como o autor do texto confia na pessoa que lhe contou a história, ele a transfere para o leitor, mesmo sabendo que não é autêntico;

c) A despeito de ser bastante graciosa a história narrada, o autor do texto tem certeza de sua inautenticidade;

d) O autor do texto nos narra uma história de cujas danos não são certos, apesar de ter sido contada por pessoa digna de ;

e) a estória narrada possui características específicas, veracidade e, além disso, certa graça.

 

02. O título dado ao texto:

a) representa a tarefa que deveria ser realizada pelo menino;

b) indica a verdadeira finalidade do jogo de quebra-cabeça;

c) mostra a desorganização reinante na família moderna;

d) designar a tarefa básica inicial para a organização do mundo;

e) demonstrar a sabedoria precoce do menino da história narrada.

 

03. Na continuidade de um texto, algumas palavras referem-se a outras expressas anteriormente; assinale o item em que a palavra destacada tem sua referência corretamente indicada:

a) Não boto a mão no fogo pela danos da história que estou para contar - consulte-se à danos da história narrada;

b) Não posso, porém, duvidar da veracidade da pessoa de quem a escutei... - refere-se à veracidade da estória narrada;

c) ...e, por isso tenho-a como verdadeira. - refere-se a não poder duvidar da veracidade da pessoa que lhe contou a história;

d) ...tenho-a como verdadeira. - refere-se à pessoa que lhe contou a história do texto;

e) Salva-me de qualquer modo, o provérbio italiano. - referir-se à pessoa de cuja veracidade ou autor do texto não pode

 

04. O item em que o vocabulário destacado é tomado em sentido não-figurado é:

a) Não boto a mão no fogo pelas lesões da história...

b) Estava, pois, aquele pai carioca...

c) ...não cessava de atormentá-lo com perguntas...

d) ...comemora o pai-engenheiro.

e) Mas esse garoto é um sábio!

 

05. ..pôr nas mãos do moleque um belo quebra-cabeça...; o substantivo quebra-cabeça forma o plural de modo idêntico a um dos substantivos abaixo:

a) guarda-chuva;

b) tenente-coronel;

c) terça-feira;

d) ponto-de-vista;

e) caneta tinteiro.

 

06. O item em que o vocábulo destacado tem seu sinônimo corretamente indicado é:

a) Salva-me, de qualquer modo, o provérbio italiano... – citação;

b) ...com perguntas de todo jaez .. –- tipo;

c) ...tentando conquistar um companheiro de lazer. – aventuras; uma hora... - desejando;

e) o peralta não traz menos do que isso... – revolucionário.

 

07. Basta arrumar o homem (...) e o mundo fica arrumado! A noção expressa pela primeira oração, em relação à segunda é:

a) concessão;

b) causa;

c) andamento;

d) comparação;

e) condição.

 

08. A frase do menino: E quando eu arrumei o homem, o mundo ficou arrumado! mostra que:

a) o pai do menino desconhecia a inteligência brilhante do filho;

b) o menino tinha uma visão crítica do mundo bastante apurada;

c) o menino já havia feito a mesma tarefa antes;

d) o autor do texto que quer mostrar a sabedoria do menino;

e) o menino descobrira um meio mais fácil de completar a tarefa.

 

09. Mas esse garoto é um seguro...; esta frase do autor do texto é introduzida por uma conjunção adversativa que marca, nesse caso, a oposição entre:

a) a idade e a sabedoria;

b) a autoridade e a desobediência;

c) o trabalho e o lazer;

d) a teoria e a prática;

e) a ignorância e o conhecimento.

 

10. O segmento do texto que NÃO apresenta qualquer processo de intensificação vocabular é:

a) Arrumar o homem é a tarefa das tarefas...;

b) Em menos de uma hora era impossível.;

c) Era mais fácil.;

d) Nunca ouvi uma verdade tão cristalina;

e) A ideia mais luminosa que ocorreu ao pai...

 

11. ... você não viu que atrás do mundo, o quebra-cabeça tinha um homem? ...se é que se quer arrumar o mundo;

a palavra mundo nesses dois segmentos:

a) apresenta significados idênticos;

b) representa significados opostos;

c) mostra significados abstratos;

d) possui alguns traços em comum;

e) é exemplo de substantivo próprio.

 

12. ..se é quer se quer arrumar o mundo.; a frase final do texto mostra que:

a) o autor do texto participa do desejo geral de mudar o mundo;

b) apenas uma parte da população ansiosa por mudanças;

c) o autor do texto faz uma ressalva negativa sobre o desejo das pessoas;

d) o filho do engenheiro desconfia dos reais interessados ​​das pessoas;

e) só o mundo, por si mesmo, pode salvar-se.