segunda-feira, 28 de novembro de 2022

TIRINHA: MAFALDA - CONCEPÇÃO DO REALISMO DO PONTO DE VISTA FILOSÓFICO - COM GABARITO

 TIRINHA:

 

Mafalda chama atenção sobre a forma de conceber um fenômeno do ponto de vista do Realismo em relação a outras concepções de pensamento. Considerando a observação da personagem, explique em que consiste a concepção do Realismo do ponto de vista filosófico.

A personagem afirma que o mundo real é um desastre, diferentemente de sua representação. A arte realista, em geral, acentua essa originalidade do mundo sobre as representações. Filosoficamente, mais do que uma percepção, isso deve ser “pensado”, concebido como uma experiência intelectual, isto é, uma Arte engajada, que busca uma verdade objetiva, reveladora dos problemas sociais. Essa concepção se desloca do idealismo e do romantismo, tendendo ao positivismo.

 Fonte: Formação Geral Básica: Ensino Médio: Filosofia: Caderno 8: Caderno do Professor/ Maria de Fátima Amorim – 1. Ed. São Paulo: SOMOS Sistemas de Ensino, 2020 p.7.

domingo, 27 de novembro de 2022

FRAGMENTO DO LIVRO: O MISTÉRIO DO 5 ESTRELAS - MARCOS REY - COM GABARITO

 FRAGMENTO DO LIVRO: O MISTÉRIO DO 5 ESTRELAS

                                            Marcos Rey

                                    O 222

        Leo apertou a campainha do 222, recebera um chamado. Logo se abria um palmo de porta mostrando a cara e o sorriso largo do Barão. Embrulhado num robe azulão, ele parecia ainda mais gordo, mole e displicente.

        — Me traga os jornais de sempre — pediu o hóspede passando ao bellboy uma nota amassada.

        — Esse dinheiro não vai dar, senhor.

        — Tem razão. Um momento.

        Quando abriu o guarda-roupa para apanhar a carteira, Leo viu pelo espelho interno do móvel que o Barão tinha companhia: um homem pequeno, com pinta de índio vestindo roupas civilizadas, lavava concentradamente as mãos na pia do banheiro. Devia ser uma daquelas muitas pessoas que o Barão ajudava, pensou o rapaz.

         O volumoso hóspede do 222 demorava para encontrar a carteira nos bolsos de seus paletós, enquanto o bellboy aspirava vários cheiros do apartamento: o de charutos já fumados e amanhecidos, um mais agradável de lavanda e ainda outro de maçã, sempre vendo pelo espelho o tal homenzinho a lavar as mãos e a enxugá-las em toalhas de papel que ia jogando numa cesta. Depois, com o súbito receio de ser visto pelo espelho do guarda-roupa, fechou a porta do banheiro com uma cotovelada.

         Afinal o Barão reapareceu com mais dinheiro e um novo sorriso.

          — O troco é seu, meu filho. Leo disparou pelos corredores acarpetados do Emperor Park Hotel, esperou e apanhou o elevador e passou pela portaria. Novato ainda no emprego provava com a velocidade das pernas seu interesse pelo trabalho. À entrada do edifício, em seu belo uniforme branco com debruns dourados, viu o Guima (Guimarães), o porteiro, antigo amigo de sua família, a quem devia o salário, aquelas gorjetas todas e a nova profissão.  

          Ao entrar pela primeira vez com o Guima, há dois meses, no imenso e rico saguão do Park, como o chamavam simplesmente os funcionários, Leo ficou deslumbrado. No seu mundo da Bela Vista, o bairro do Bexiga, onde nascera e morava, jamais pisara num ambiente tão bonito, moderno e fofo. "Isso que é um cinco estrelas", explicou o porteiro com orgulho de proprietário. "Mas o que é um cinco estrelas?" Guima olhou-o como se sua ignorância lhe fizesse pena e disse que a qualidade dos hotéis é medida pela quantidade de estrelas que ostenta. Cinco é o máximo, só para estabelecimentos de nível internacional.

         Era uma sexta-feira; na segunda, já fardado e registrado, Leo começava a trabalhar no Emperor Park Hotel como bellboy, mensageiro, das 8 às 18 horas, quando voltava para casa, jantava às pressas e corria para a escola noturna. O horário era puxado e o serviço de cansar as pernas, mas as gratificações compensavam. Recebia gorjetas inclusive em dinheiro estrangeiro. Logo conheceu a cor do dólar, da libra, do peso, do franco, da peseta, que trocava por cruzeiros lá mesmo na casa de câmbio do Park.

         Leo precisou de um mês para percorrer os vinte e tantos andares do hotel, sem contar os subterrâneos destinados às garagens, lavanderia, depósito de gêneros alimentícios, adega, almoxarifados, um labirinto frio e deserto em muitas horas do dia.

        Não era, porém, no proletário subsolo que o rapaz da Bela Vista encontrava satisfações e interesses. Gostava de vagar pelo saguão, sempre cheio de hóspedes que chegavam ou partiam, numa confusão de malas, rótulos e idiomas, de espiar a piscina, no quarto andar, com suas águas muito cloradas, dum verde para ricos, o restaurante, com seus odores caprichados, a luxuosa boate, o imponente salão de convenções, o tropical garden, pequena floresta onde serviam gelados e sanduíches, a sauna, que vendia calor e fumaça, a quadra de shopping, com suas lojas sofisticadas, e no alto, lá em cima, o belo bar-terraço, coisa de cinema, com pista de dança, solário e um mirante envidraçado para se ver São Paulo inteira, à luz do sol, elétrica ou de vela em jantares ou ocasiões especiais.

        A maioria dos hóspedes do Park também parecia ter cinco estrelas estampadas na testa: gente importante, preocupada com telefonemas internacionais, políticos, desportistas e artistas famosos que recebiam jornalistas ou deles fugiam, evitando fotos e entrevistas. Logo na primeira quinzena de Park Leo esteve a dois metros de distância de Vera Stuart, atriz do cinema norte-americano, carregou as malas dum automobilista francês de Fórmula 1, e levou uma garrafa de mineral ao apartamento de um dos reis do petróleo do Oriente Médio, vestido em trajes típicos.

         Havia, ainda, hóspedes que moravam no hotel: dona Balbina, viúva rica e solitária, Mister O'Hara, que embora muito idoso e doente dirigia uma grande empresa quase sem sair do apartamento, o anão Jujuba, ídolo infantil da televisão, e o Barão. Certamente Barão era apenas apelido do homem gordo que mandou Leo comprar jornais, conhecido benemérito, protetor de inúmeras instituições assistenciais.

         Leo voltou com os jornais e tocou a campainha do 222. Desta vez o hóspede não abriu de imediato a porta. Antes que o fizesse, o bellboy ouviu ruídos.

           — Quem é? — perguntou o Barão, o que nunca fazia.

           — Sou eu, o bellboy. Trouxe os jornais. A porta abriu pouco e lentamente, o suficiente apenas para mostrar o rosto do hóspede. O Barão muito pálido, como um doente, teimava em sorrir, mas não devia estar bem porque suas mãos, trêmulas, deixaram cair os jornais. Leo abaixou-se para apanhá-los quando viu, sob a cama, dois pés calçados, apontando para a porta. Pegou os jornais e ao levantar-se notou que havia uma mancha vermelha, provavelmente de sangue, no robe do gordo do 222.

          — Obrigado — disse o Barão, segurando confusamente os jornais e apressando-se em fechar a porta.

           Mesmo diante da porta fechada, Leo deteve-se ainda um momento para relembrar e fixar na memória a cena que acabara de ver. Daí por diante começariam seus problemas.

                      GUIMA, SABE O QUE EU VI?

            Leo desceu para o saguão desejando que ninguém o chamasse. Precisava contar ao Guima o que vira no 222. O porteiro, na rua, parava um táxi para um casal de hóspedes estrangeiros. Ele era bastante considerado pela gerência porque falava um pouco diversos idiomas, até japonês.

           Guima, assim que o viu, aproximou-se:

           — Diga a dona Iolanda que domingo passo lá pra filar macarronada.

            Leo estava agora mais assustado do que no momento em que vira os pés debaixo da cama.

             — Guima, sabe o que eu vi?

             O porteiro sentiu que o rapaz estava sob forte tensão e ficou muito preocupado. Para um bellboy não era interessante ver certas coisas. Aliás, o perfeito mensageiro não tem olhos nem ouvidos: apenas pernas e cortesia.

              — Alguma mulher sem roupa?

              — Não, acho que vi um cadáver.

              [...]

 Fonte: Maxi: ensino fundamental 2:multidisciplinar:6 º ao 9º ano/obra coletiva: Thais Ginicolo Cabral. 1.ed. São Paulo: Maxiprint,2019.7º ano Caderno 4 p.66 a 71.

 INTERAGINDO COM O TEXTO

01. Em geral, as histórias de detetive apresentam ao leitor algumas informações relacionadas ao espaço da narrativa.

a)   Identifique, no texto, o espaço em que os fatos narrados acontecem. Faça uma breve descrição desse espaço.

Os fatos narrados acontecem no Emperor Park Hotel, um cinco estrelas bonito, moderno e requintado.

b)   Há outros espaços mencionados na história. Identifique-os e explique por que eles são citados.

A Bela Vista, no bairro do Bixiga, é mencionada por ser o lugar onde Leo nasceu e morava.

c)   Você já ouviu falar sobre esses lugares? Esses lugares são fictícios, ou seja, foram inventados pelo autor? Justifique sua resposta.

Resposta pessoal.

Sugestão: Esses lugares não são fictícios. Bela Vista é um distrito situado na região central da cidade de São Paulo, onde fica localizado o bairro conhecido como Bixiga.

02. A descrição é um recurso que permite melhor visualização dos elementos que compõem a narrativa. Assim, aponte características que descrevem:

a)   o Hotel Emperor Park:

O saguão do hotel estava sempre cheio de hóspedes, a piscina tinha um verde para ricos, a boate era luxuosa, havia um imponente salão de convenções, quadra de shopping com lojas sofisticadas, um belo terraço-bar, etc.

b)   a maioria dos hóspedes do hotel:

Os hóspedes eram pessoas importantes, como atrizes de cinema, automobilistas, reis do petróleo, etc.

c)   os hóspedes que moravam no hotel:

Uma viúva rica e solitária; um idoso, que era diretor de uma grande empresa; um anão, ídolo infantil da televisão, etc.

03. Entre os personagens comuns nas narrativas de detetive estão a vítima, o(s) suspeito(s) e o detetive, ou alguém que desempenha o papel de esclarecer o mistério.

a)   É possível identificar esses personagens no trecho que você leu? Explique sua resposta.

Sim, provavelmente, o homem que Leo viu pelo reflexo do espelho é a vítima, o Barão e o suspeito e Leo é o personagem encarregado de esclarecer o mistério.

b)   Como esses personagens são caracterizados no texto?

O homem que Leo viu refletido no espelho era pequeno, tinha a aparência de índio vestindo roupas civilizadas; o Barão é descrito como gordo, mole e displicente, prestava assistência a inúmeras instituições; Leo nasceu e morava no Bela Vista, trabalhava como mensageiro no hotel das 8h às 18h e estudava à noite, demonstrava interesse pelo trabalho.

c)   O autor de histórias de detetive costuma deixar traços e pistas ao longo da história a fim de fazer revelações ou confundir o leitor, conduzindo a narrativa a um final quase sempre surpreendente. Que informações no texto permitiram que você identificasse esses personagens? Explique sua resposta.

Quando Leo bate à porta, atendendo ao chamado do Barão, é recebido com um sorriso largo, e o homem pequeno com aparência de índio, pelo reflexo do espelho, fecha a porta do banheiro com uma cotovelada, com receio de ser visto. Quando Leo bate à porta novamente para entregar os jornais, o Barão pergunta quem é, o que nunca fazia, demora para atende-lo e, ao abrir a porta, o que faz pouco e lentamente, mostra-se pálido, teimando em sorrir. Não parecia bem, pois suas mãos estavam trêmulas, deixando cair os jornais. Leo, então, abaixa-se para apanhá-los, quando vê, sob a cama, dois pés calçados apontando para a porta, pega os jornais e, ao se levantar, nota que havia uma mancha vermelha no robe do Barão, provavelmente de sangue.

04. Outro elemento que caracteriza as histórias de detetive é um crime ou um mistério a ser desvendado. Identifique esse elemento no trecho lido.

O enigma a ser desvendado é se os pés visto sob a cama eram do homem visto anteriormente no quarto, descobrir se ele realmente está morto e, em caso afirmativo, descobrir onde está o corpo e provar quem o matou.

 

 

 

 

 

MITO: PANDORA - MITOLOGIA GREGA - COM GABARITO

 MITO: PANDORA 

        Num tempo distante, os homens dominaram a dádiva do fogo, graças a Prometeu, tornando melhor a vida na Terra.

         Mas diante daquela afronta, a ira de Zeus não teve limites, e ele resolve então punir os homens.

         Ordenou a Hefesto que moldasse uma mulher de barro, tão linda quanto uma verdadeira deusa, que lhe desse voz e movimento e que seus olhos inspirassem um encanto divino.

          A deusa Atena teceu-lhe uma belíssima roupa, as três Graças a cobriram com joias e as Horas a coroaram com uma tiara de perfumadas flores brancas. Por isso a jovem recebeu o nome de Pandora, que em grego significa “todas as dádivas”.

           No dia seguinte, Zeus deu instruções secretas a seu filho Hermes que, obedecendo às ordens do pai, ensinou a Pandora a contar suaves mentiras. Com isso, a mulher de barro passou a ter uma personalidade dissimulada e perigosa.

            Feito isso, Zeus ordenou a Hermes que entregasse a mulher de presente a Epimeteu, irmão de Prometeu, um homem ingênuo e lento de raciocínio.

            Ao ver Pandora, Epimeteu esqueceu-se que Prometeu havia-lhe recomendado muitas vezes para não aceitar presentes de Zeus, e aceitou-a de braços abertos.

            Certo dia, Pandora viu uma ânfora muito bem lacrada, e, assim que se aproximou dela, Epimeteu alertou-a para se afastar, pois Prometeu lhe recomendara que jamais a abrisse, caso contrário, os espíritos do mal recairiam sobre eles.

            Mas, apesar daquelas palavras, a curiosidade da mulher de barro aumentava, não mais resistindo, esperou que o marido saísse de casa e correu para abrir o jarro proibido.

            Mal ergueu a tampa, Pandora deu um grito de pavor e, do interior da ânfora, saíram monstros horríveis o Mal, a Fome, o Ódio, a Doença, a Vingança, a Loucura e muitos outros espíritos maléficos.

            Quando voltou a lacrar a jarra, conseguiu prender ali um único espírito, a Esperança.

             Assim, então, tudo aconteceu exatamente conforme Zeus havia planejado. Usou a curiosidade e a mentira de Pandora para espalhar o mal sobre o mundo, tornando os homens duros de coração e cruéis, castigando Prometeu e toda a humanidade.

 PANDORA. Mitologia grega. In: Ministério da Educação. Contos tradicionais, fábulas, lendas e mitos. p.125.

Disponível em:www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me001614pdf

Acesso em:6 maio 2018.

Fonte: Maxi: ensino fundamental 2:multidisciplinar:6 º ao 9º ano/obra coletiva: Thais Ginicolo Cabral. 1.ed. São Paulo: Maxiprint,2019.7º ano Caderno 4 p.38 a 41.

INTERAGINDO COM O TEXTO

 01. Quem são os personagens principais do mito “Pandora”? Eles são seres humanos, heróis, deuses ou seres sobrenaturais? Comente sua resposta.

Os personagens principais são Zeus, que era um deus; Pandora, que era um ser sobrenatural feito de barro; Prometeu e Epimeteu, que também eram seres sobrenaturais.

02. Segundo o mito, o que causou a ira de Zeus?

Zeus considerou uma afronta Prometeu ter ensinado aos homens dominaram o fogo, tendo, com isso, uma vida mais confortável.

03. Sobre a personagem Pandora, responda ao que se pede.

a)   Pandora foi criada por uma idealização de Zeus. Por que ela recebeu esse nome?

Pandora recebeu esse nome em virtude de todas as dádivas que recebeu: a belíssima roupa, as joias, a tiara perfumada, pois seu nome em grego significa “todas as dádivas”.

b)   Relacione os personagens de acordo com as dádivas dadas à Pandora em sua criação.

I.Hefesto                  ( III ) Cobriram Pandora  com joias.

II.Atena                    (  I  ) Moldou Pandora com barro.

III.As três Graças     (  V ) Ensinou Pandora a contar suaves

                                                        mentiras.

               IV.As Horas             (  II )Teceu-lhe roupas belíssimas.

               V.Hermes                ( IV ) Coroaram Pandora com flores

                                                        Perfumadas.

04. A quem Zeus enviou Pandora? Por quê?

Zeus enviou Pandora ao ingênuo Epimeteu, irmão de Prometeu, para realizar seu plano de se vingar de Prometeu e, ao mesmo tempo, castigar a humanidade com a maldade.

 05. O mito é um texto narrativo e, como tal, pode ser estruturado em: situação inicial, conflito, clímax e situação final (desfecho).

a)   Descreva a situação inicial.

Para se vingar da atitude desleal de Prometeu, Zeus teceu um plano para castigar a humanidade idealizando Pandora.

b)   Explique como o conflito é gerado.

Pandora não resiste à curiosidade e abre o jarro proibido, mesmo tendo sido recomendado por Epimeteu para jamais abri-lo.

c)   Que ações são desencadeadas a partir desse fato?

Ao abrir a tampa, saíram monstros horríveis do interior do jarro: o Mal, a Fome, o Ódio, a Doença, a Vingança, a Loucura e muitos outros espíritos maléficos, somente um espírito permaneceu preso, a Esperança.

d)   Explique como ocorre a situação final (desfecho).

Tudo ocorre como Zeus havia planejado, ele usou a curiosidade e a mentira de Pandora para espalhar o mal sobre o mundo, castigando Prometeu e a humanidade.

06. Conforme vimos, os mitos procuram explicar fatos da realidade, fenômenos naturais ou aspectos da condição humana de maneira fantástica.

a)   O que o mito de Pandora procura explicar?

O mito procura explicar a origem dos males do mundo.

b)   Após fechar o jarro, apenas um espírito fica preso: o da Esperança. Em sua opinião, qual é a possível causa de somente esse espírito ter permanecido preso?

Resposta pessoal.

Sugestão: O fato de a Esperança ter ficado presa refere-se a uma tentativa de explicar que os seres humanos, apesar de todos os infortúnios que vivem, sempre perseveram por ter esperança que um dia tudo será melhor.

 

 

 

 

 

 

sábado, 26 de novembro de 2022

MITO- GUATEMALA, HONDURA E MÉXICO: OS MAIS - CRIAÇÃO DO MUNDO - ZULEIKA DE ALMEIDA PRADO - COM GABARITO

 MITO -  GUATEMALA, HONDURAS E MÉXICO: OS MAIAS

         Os maias têm uma maneira marcante de relatar a criação do mundo. Isso é contado no livro sagrado desse povo que se chama Popol Vuh, o livro dos Príncipes.

         Está escrito no Popol Vuh que, no início de tudo, havia um grande silêncio, um enorme vazio onde podiam ser encontrados sete deuses. O deus maior era  Hurakán, o coração do céu que vive no meio às águas inferiores e superiores, nos mares e nos céus. Ao seu redor havia seis deuses: Tzacol, o criador; Bitol, o formador; Tepeu, o soberano; Gucumatz, a serpente de penas verdes; Alon, a deusa-mãe; e Cajolon, deus-pai.

          Após a formação do primeiro mundo, os deuses começaram, a povoá-lo com animais de todos os tipos, com montanhas, árvores e outros seres viventes. Criavam e olhavam. Paravam, pensavam, observavam, e criavam novamente. Entretanto, não ficavam satisfeitos. Nenhum daqueles seres era capaz de agradecer aos seus criadores o fato de existir e estar vivo. Os deuses estão resolveram destruir aquele mundo e criar outro.

          O segundo mundo trazia como novidade os seres humanos. Eles eram feitos de uma mistura de barro com água. Sabiam falar, mas não demonstravam alegria ou tristeza, não sentiam emoção nenhuma. Também não pensavam. Além do mais, viviam muito pouco, pois, quando se molhavam, desfaziam-se como lama. Os deuses olharam novamente e, mais uma vez não gostaram. Começaram tudo de novo.

           Eles se reuniram, debateram e decidiram povoar o Terceiro Mundo com homens de madeira, mais resistentes à água. Porém, estes ainda não entendiam o que se passava ao redor. Não sabiam amar nem cantar, tampouco tinham memória. Andavam sem direção, como zumbis. O pior de tudo é que eram incapazes de agradecer a seus criadores pelo milagre de sua existência. Os deuses estavam intrigados e contrariados, mas não desistiam tão facilmente de seus planos. E mais uma vez começaram tudo de novo.

          Mas, antes que isso acontecesse, um semideus vaidoso e arrogante falou que também queria criar um mundo. Esse semideus, chamado Vucub-Caquix, adorava metais e pedras preciosas. Com tantas joias e brilhos, julgava-se superior a todos e dizia aos quatro ventos. “Agora eu sou o senhor dos homens. Eu sou o sol, a lua, sou o que brilha.” E assim, envaidecido, não enxergou o sol, a lua e as estrelas que já existiam. Foi então que dois jovens deuses planejaram mata-lo, pois temiam que Vucub-Caquix se tornasse o Todo-Poderoso.

         Ocorreu uma guerra sem precedentes entre deuses e semideuses. Após batalhas sangrentas, os semideuses foram derrotados e deportados para o céu, onde passaram a brilhar como estrelas. Os verdadeiros deuses reassumiram o controle e passaram a criar o Quarto Mundo.

          Hurakán, o deus maior, assumiu a responsabilidade pela criação. Fez o homem e a mulher a partir do milho. Dessa vez deu certo. Surgiram seres humanos capazes de sentir, pensar e agradecer o dom da vida a seus criadores. O deus Hurakán, agora, estava feliz. A criação estava completa!

                                   PRADO, Zuleika de Almeida. Mitos da criação.São Paulo. Callis, 2005. p. 16 e 17.

Fonte: Maxi: ensino fundamental 2:multidisciplinar:6 º ao 9º ano/obra coletiva: Thais Ginicolo Cabral. 1.ed. São Paulo: Maxiprint,2019.7º ano Caderno 4 p.33-6.

 Interagindo com o texto

 01. O texto que você leu constitui um mito da civilização maia. Como vimos anteriormente, o mito é um gênero narrativo muito antigo, originado do imaginário popular para explicar fatos da realidade e aspectos da condição humana de maneira fantástica, fantasiosa.

a)   Que acontecimento o mito que você leu procura explicar?

Esse mito narra e explica a criação do mundo e dos seres humanos sob a ótica do povo maia.

b)   Esse acontecimento começa a ser narrado já no primeiro parágrafo do texto? Justifique sua resposta.

Não, no primeiro parágrafo, a autora que recontou o mito faz uma contextualização do acontecimento que será narrado: a forma como os maias relatavam a criação do mundo, registrada no livro sagrado desse povo. A narrativa propriamente dita começa no segundo parágrafo do texto.

 02. Como se trata de um texto narrativo, o mito contém elementos da narrativa. Analise alguns desses elementos respondendo às questões que seguem.

a)   Quando e onde acontecem os fatos narrados no mito?

Os fatos acontecem em um passado muito distante, “no início de tudo”, mas não é determinado. O local também é impreciso “um enorme vazio”, onde viviam os deuses.

b)   Qual é o foco narrativo desse mito? Copie um trecho do texto para justificar sua resposta.

O mito é narrado em 3ª pessoa. “O deus maior era Hurakán [...]”

c)   Os mitos têm como personagens seres sobrenaturais, deuses, semideuses e heróis. Quais são os personagens desse mito?

Os deuses Hurakán, Tzacol, Bitol, Tepeu, Gucumatz, Alon e Cajolon, mais dois jovens deuses, cujos nomes não são citados, e o semideus Vucub-Caquix.

03. Além da narração, o mito também faz uso da descrição, sobretudo, para caracterizar lugares e personagens, seres sobrenaturais, como deuses e semideuses.

Associe cada personagem a sua identificação.

A.  Hurakán                 (  B  ) Deus criador.

B.  Tzacol                    (  E  ) Deus serpente de penas verdes.

C.  Bitol                        (  G  ) Deus-pai.

D.  Tepeu                     (  F  ) Deusa-mãe.

E.  Gucumatz               (  C  ) Deus formador.

F.   Alon.                       (  A  ) Deus maior.

G.  Cajolon.                  (  D  ) Deus soberano.

04. Caracterize os demais personagens desse mito, segundo o texto.

O semideus Vucub-Caquix, que é vaidoso e arrogante, e os dois jovens deuses que matam Vacub-Caquix.

05. O enredo é um dos elementos da narrativa, o qual é composto de situação inicial, conflito, clímax e desfecho. Identifique, nesse mito, quais são as partes que compõem a estrutura do enredo.

    a)   Situação inicial: Os deuses começaram a povoar o Primeiro Mundo. Após sua formação, não satisfeitos, criaram mais dois mundos.

   b)   Conflito: Os deuses já haviam criado três mundos, mas ainda não estavam satisfeitos. Vucub-Caquix também quis criar um mundo. Temendo que Vucub-Caquix se tornasse o Todo-poderoso, dois jovens deuses planejaram matá-lo.

c)   Clímax: A guerra entre deuses e semideuses.

d)   Desfecho: Hurakán, o deus maior, assumiu a responsabilidade pela criação do Quarto Mundo, fazendo o homem e a mulher a partir do milho.

         06. O surgimento do Universo, a origem dos deuses e o confronto entre eles são temas recorrentes nos mitos de todas as culturas. Os temas que falam da origem do mundo são chamados de mitos da criação.

a)   No mito maia que você leu, não foi criado um, mas quatro diferentes mundos. Que motivo levou os deuses a fazer isso? Explique.

Os deuses queriam seres capazes de reverenciá-los e, até chegar a um mundo que desse certo, criaram três. Apenas no quarto é que conseguiram o resultado esperado.

b)   Explique o que, segundo o mito, descontentava os deuses em cada tentativa da criação do mundo.

Na primeira tentativa, nenhum dos seres era capaz de agradecer o dom de existir e de estar vivo. Na segunda tentativa, os seres humanos apareceram pela primeira vez, porém viviam pouco, pois eram feitos de barro e, quando se molhavam, desfaziam-se como lama, além disso, apesar de falar, não demonstravam alegria nem tristeza, não falavam e não pensavam. Na terceira tentativa, os homens eram feitos de madeira e, apesar de serem mais resistentes à água, eles andavam sem direção, como zumbis, e também não tinham a capacidade de agradecer aos criadores o milagre da existência. Na quarta tentativa, a criação ficou conforme queriam: o ser humano foi capaz de sentir, pensar e agradecer o dom da vida a seus criadores. Quem criou o ser humano, dessa vez, foi apenas Hurakán, que fez o homem e a mulher a partir do milho.

        c)   Na cultura maia, o milho tem grande importância é um alimento fundamental na alimentação desse povo. Sabendo que a mitologia reflete a cultura de cada povo, de que forma a importância do milho para os maias fica evidenciada nesse mito da criação?

A importância do milho fica evidenciada pelo fato de o ser humano ter dado certo apenas quando for feito a partir desse cereal. Ao dizer que o milho é a matéria de que são formados os seres humanos entende-se a importância desse cereal para esse povo.

 

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

CONTO FANTÁSTICO: O DIA EM QUE OS JACARÉS INVADIRAM NOVA YORK - COM GABARITO

 CONTO FANTÁSTICO: O dia em que os jacarés invadiram Nova York

        Deu no jornal: experiências genéticas produziram minúsculos jacarés que foram vendidos aos milhares em Nova York como brinquedo. Mas eram ferozes como seus ancestrais e os pais, receosos de que os filhos fossem mordidos, despejaram os jacarezinhos nos vasos sanitários e puxaram a descarga. Foi um erro fatal: centenas de jacarés sobreviveram e fizeram dos esgotos da cidade seu habitat. E lá, durante anos, se reproduziram. E cada geração - sabe-se lá os insondáveis mistérios da genética - aumentava de tamanho, acabando por produzir espécies muito maiores que os crocodilos do Nilo.     

        Quando as autoridades deram pela coisa era tarde. Pelas saídas do metrô, pelas galerias de esgotos, pelo rio Hudson, milhões de jacarés gigantescos ganharam as ruas num ataque de surpresa e comeram a maior parte da população. Mais espantoso ainda: os jacarés assimilavam a personalidade daqueles que devoravam. De modo que a estrutura da cidade não se alterou muito, só que em vez de seres humanos eram jacarés que dominavam a cidade: serviços públicos, transporte, comunicação, tudo. A estátua da Liberdade foi substituída por um jacaré com um archote. Nem todos os habitantes foram comidos. Os jacarés que haviam comido os cientistas especializados em genética começaram a fazer experiências com suas cobaias humanas. Até que conseguiram reproduzir em laboratório homenzinhos com 20 centímetros de altura, que foram vendidos como brinquedos para os filhotes de jacarés. Mas os minúsculos seres não haviam perdido a ferocidade de seus ancestrais e começaram a hostilizar seus donos com lanças improvisadas. 

          Os jacarés, com receio de que seus filhos se machucassem, pegaram os homenzinhos e os despejaram nos vasos sanitários. E puxaram a descarga. Foi um erro fatal para os jacarés. 


JAGUARIBE, Sérgio de Magalhães Gomes. Contos jovens. São Paulo, Brasiliense, (1975)

Fonte: Maxi: ensino fundamental 2:multidisciplinar:6 º ao 9º ano/obra coletiva: Thais Ginicolo Cabral. 1.ed. São Paulo: Maxiprint,2019.7º ano Caderno 4 p.115-6.

Entendendo o texto

         01. A qual gênero pertence esse texto?

O texto é um conto fantástico, gênero que cria um universo de acontecimentos fantasiosos que têm como elemento principal a oposição entre o real e o fantástico.

02. Descreva, agora, como as características que você apontou na questão anterior aparecem no texto.

         Experiências genéticas teriam produzido minúsculos jacarés que       acabaram parando nos esgotos de Nova York, onde se reproduziram e, a cada geração, mudavam de tamanho, acabando por produzir espécies muito maiores do que os crocodilos do Nilo.

   03. O texto tem a finalidade de

     a) narrar.
b) descrever.
c) argumentar.
d) informar.

  04. Qual o fato que desencadeou a história?

     a) Os jacarés terem ficado ferozes como seus ancestrais.
b) A venda de jacarés minúsculos em Nova York.
c) A produção de brinquedos semelhantes aos jacarés.
d) Os despejos dos jacarés em vasos sanitários.


    05. No trecho “De modo que a estrutura da cidade não se alterou muito, só que em vez dos seres humanos eram os jacarés que dominavam a cidade: serviços públicos, transporte, comunicações, tudo”. Em textos que utilizem uma linguagem mais formal, o “só que” poderia ser corretamente substituído por
         a) “e”.
         b) “por isso”
         c) “portanto”.
         d) “entretanto”.


    06.  O verbo “dar” em "Deu no jornal" revela sentido de
        a) ofertar.
        b) produzir.
        c) acontecer.
        d) fugir.


  07. Sobre o texto, é correto afirmar que
       a) todos os jacarés foram mortos pelos humanos.
       b) ao serem jogados nos vasos sanitários, os filhotes dos jacarés eram semelhantes aos seus ancestrais.
      c) os jacarés atacaram repentinamente a população humana.
      d) os humanos fizeram dos jacarés cobaias para suas experiências.

08. Segundo o texto, os pais despejaram os jacarezinhos nos vasos sanitários porque
      a) não conseguiram vendê-los e os jacarezinhos foram fabricados aos milhares.
      b) ficaram receosos de que seus filhos fossem mordidos.
     c) imaginaram que os jacarezinhos assimilariam das personalidades que devoravam.
     d) temeram que os jacarezinhos hostilizariam seus donos com lanças.

09. O narrador não participa dos fatos. Em que ele afirma que se baseou para narrar os episódios?
      Numa suposta notícia de jornal. 

10. Por que os jacarés substituíram a estátua da Liberdade por um jacaré com um archote?  

     Por ser um símbolo.