quinta-feira, 7 de maio de 2020

CRÔNICA: ESSAS MÃES MARAVILHOSAS E SUAS MÁQUINAS INFANTIS - CARLOS EDUARDO NOVAES - COM GABARITO


Crônica: Essas mães maravilhosas e suas máquinas infantis
                 
               Carlos Eduardo Novaes

        Flávia logo percebeu que as outras moradoras do prédio, mães dos amiguinhos de seu filho, Paulinho, seis anos, olhavam-na com um ar de superioridade. Não era para menos. Afinal o garoto até aquela idade – imaginem – se limitava a brincar e ir à escola. Andava em total descompasso com os outros meninos, que já desenvolveram múltiplas e variadas atividades desde a mais tenra idade. O recorde, por sinal, pertencia ao garoto Peter, filho de uma brasileira e um canadense, nascido em Nova Iorque. Peter tão logo veio ao mundo entrou para um curso de amamentação (“Como tirar o leite da mãe em 10 lições”). A mãe descobriu numa revista uma pesquisa feita por médicos da Califórnia informando sobre a melhor técnica de mamar (chamada técnica de Lindstorm, um psicanalista, autor da pesquisa, que para realizar seu trabalho mamou até os 40 anos). A maneira da criança mamar, afirmam os doutores, vai determinar suas neuroses na idade adulta.
        Uma tarde, Flávia percebeu duas mães cochichando sobre seu filho: que se pode esperar de um menino que aos seis anos só brinca e vai à escola? Flávia começou a se sentir a última das mães. Pegou o marido pelo braço dizendo que os dois precisavam ter uma conversa com o filho.
        -- O que você gostaria de fazer, Paulinho? – perguntou o pai dando uma de liberal que não costuma impor suas vontades.
        -- Brincar…
        O pai fez uma expressão grave.
        -- Você não acha que já passou um pouco da idade, filho? A vida não é uma eterna brincadeira. Você precisa começar a pensar no futuro. Pensar em coisas mais sérias, desenvolver outras atividades. Você não gostaria de praticar algum esporte?
        -- Compra um time de botão pra mim.
        -- Botão não é esporte, filho.
        -- Arco e flecha!
        Os pais se entreolharam. Nenhum dos meninos do prédio fazia o curso de arco e flecha. Paulinho seria o primeiro. Os vizinhos certamente iriam julgá-lo uma criança anormal. Flávia deu um calção de presente ao garoto e perguntou por que ele não fazia natação.
        -- Tenho medo.
        Se tinha medo, então era para a natação mesmo que ele iria entrar. Os medos devem ser eliminados na infância. Paulinho ainda quis argumentar. Sugeriu o alpinismo. Foi a vez de os pais temerem. Mas o medo dos pais é outra história. Paulinho entrou para a natação. Não deu muitas alegrias aos pais. Nas competições chegava sempre em último, e as mães dos coleguinhas continuavam olhando Flávia com uma expressão superior. As mães, vocês sabem, disputam entre elas um torneio surdo nas costas dos filhos. Flávia passou a desconfiar de que seu filho era um ser inferior. Resolveu imitar as outras mães, e além da natação colocou Paulinho na ginástica olímpica, cursinho de artes, inglês, judô, francês, terapeuta, logopedista. Botou até aparelho nos dentes do filho. Os amiguinhos da rua chamavam Paulinho para brincar depois do colégio.
        -- Não posso, tenho aula de hipismo.
        -- Depois do hipismo?
        -- Vou pro caratê.
        -- E depois do caratê?
        -- Faço sapateado.
        -- Quando poderemos brincar?
        -- Não sei, tenho que ver na agenda.
        Paulinho andava com uma agenda Pombo debaixo do braço. À noitinha chegava em casa mais cansado do que o pai em dia de plantão. Nunca mais brincou. Tinha todos os brinquedos da moda, mas só para mostrar aos amiguinhos do prédio. Paulinho dava um duro dos diabos. “Mas no futuro ele saberá nos agradecer”, dizia o pai. O garoto estava sendo preparado para ser um super-homem. E foi ficando adulto antes do tempo, como uma fruta que amadurece de véspera. Um dia, Flávia flagrou o filho com uma gravata à volta do pescoço tentando dar um laço. Quando fez sete anos disse ao pai que a partir daquele dia queria receber a mesada em dólar. Aos oito abriu o berreiro porque seus pais não lhe deram um cartão de crédito de presente. Com oito anos, entre uma aula de xadrez e de sânscrito, Paulinho saiu de casa muito compenetrado. Os amiguinhos da rua perguntaram onde ele ia:
        -- Vou ao banco.
        Caminhou um quarteirão até o banco, sentou-se diante do gerente, pediu sugestões sobre aplicações e pagou a conta de luz como um homenzinho. A façanha do garoto correu o prédio. A vizinhança começou a achá-lo um gênio. As mães dos amiguinhos deixaram de olhar Flávia com superioridade. Os pais, enfim, puderam sentir-se orgulhosos. “Estamos educando o menino no caminho certo”, declarou o pai batendo no peito. Na festa de 11 anos, que mais parecia um coquetel do corpo diplomático, um tio perguntou a Paulinho o que ele queria ser quando crescesse.
        -- Criança!
        Paulinho cresceu. Cresceu fazendo cursos e mais cursos. Abandonou a infância, entrou na adolescência, tornou-se um jovem alto, forte, espadaúdo. Virou Paulão. Entrou para a faculdade, formou-se em Economia. Os pais tinham sonhos de vê-lo na Presidência do Banco Central. Casou com uma jornalista. Paulão respirou aliviado por sair debaixo das asas da mães, que até às vésperas do casamento queria colocá-lo num curso de preparação matrimonial. Na lua de mel, avisou à mulher que iria passar os dias em casa dedicando-se à sua tese de mestrado. A mulher ia e vinha do emprego e Paulão trancado no seu gabinete de estudos. Uma tarde o marido esqueceu de passar a chave na porta. A mulher chegou, abriu e deu de cara com Paulão sentado no tapete brincando com um trenzinho.

                                       NOVAES, Carlos Eduardo. A cadeira do dentista e outras crônicas. São Paulo: Ática, 1994. p. 15-7.
                        Fonte: Livro – PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 7ª Série – Atual Editora -1998 – p. 145-8.
Entendendo a crônica:

01 – A vida de Paulinho altera-se profundamente quando seus pais resolvem que ele deve fazer cursos.
a)   O que os pais de Paulinho alegam ao tomar essa decisão?
Alegam que Paulinho precisa pensar no futuro.

b)   Qual é o verdadeiro desejo de Paulinho?
O de apenas brincar.

c)   Considerando a idade do garoto, você acha esse desejo normal ou anormal? Justifique.
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: normal, é a idade que só pensa em brincar.

02 – Há diferenças entre o pai e a mãe de Paulinho quanto ao modo de lidar com o filho: um defende o modelo liberal de educação, e o outro, mais ansioso, representa o modelo autoritário. Dos dois:
a)   Qual é mais liberal? Por quê?
O pai é mais liberal, pois tenta inicialmente o diálogo com o filho.

b)   Qual é mais ansioso e autoritário? Por quê?
A mãe, que, pressionada pela competição entre as mães, toma a iniciativa de dizer ao marido que ambos deviam conversar com o filho.

c)   De acordo com as decisões tomadas pelos pais, qual o modelo de educação vitorioso?
O modelo da mãe, que não estava interessada em atender aos desejos do filho.

03 – Você já sabe que a ironia é um recurso de expressão que provoca uma quebra de expectativa, fazendo com que a frase ganhe um sentido contrário àquilo que se disse.
a)   Por que o título é irônico?
É irônico porque chama as mães de “maravilhosas”; o esperado seria chama-las de “terríveis”.

b)   Retire do primeiro parágrafo um trecho em que tal recurso tenha sido empregado.
No trecho: “Não era para menos. Afinal o garoto até aquela idade – imaginem – se limitava a brincar e ir à escola”, e na referência ao curso de amamentação.

04 – Leia estas frases:
·        “As outras moradoras do prédio [...] olhavam-na com um ar de superioridade”.
·        “Flávia começou a se sentir a última das mães”.
·        “Os vizinhos certamente iriam julgá-lo uma criança anormal”.
·        “Resolveu imitar as outras mães, e além da natação colocou Paulinho na ginástica olímpica, cursinho de artes [...]”.
·        “Tinha todos os brinquedos da moda, mas só para mostrar aos amiguinhos do prédio”.
Com base nessas frases, responda:
a)   Como a mãe de Paulinho se sente diante das outras mães, cujos filhos se destacam em diferentes cursos?
Sente-se inferiorizada.

b)   Quais são, então, as razões verdadeiras que motivam os pais de Paulinho a tomarem a decisão de colocá-lo em diversos cursos?
A competição entre as mães, a pressão social.

c)   Qual das frases abaixo confirma sua resposta anterior?
·        “Pegou o marido pelo braço dizendo que os dois precisavam ter uma conversa com o filho”.
·        “As mães, vocês sabem, disputam entre elas um torneio surdo nas costas dos filhos”.
·        “ ‘Mas no futuro ele saberá nos agradecer’, dizia o pai”.

05 – segundo o texto, dos 6 aos 8 anos, Paulinho fez diversos cursos, até que finalmente encontrou sua vocação e começou a se destacar entre os demais garotos do prédio.
a)   Em que tipo de atividade o garoto começou a se destacar?
Em atividades relacionadas a negócios (economia, dinheiro, aplicações).

b)   Essa “vocação” precoce está relacionada à sua futura profissão? Justifique.
Sim, porque quando adulto ele se tornou economista.

c)   Quais as consequências dessas intensas atividades no desenvolvimento do garoto? Justifique sua resposta com uma frase do texto.
Ele perde a infância e amadurece precocemente: “E foi ficando adulto antes do tempo, como uma fruta que amadurece de véspera”.

06 – Na festa de 11 anos de Paulinho, quando lhe perguntam o que quer ser quando crescer, ele responde: “Criança!”. O garoto cresce, vira Paulão e se casa.
a)   Considerando a relação que os pais tiveram com o filho durante seu crescimento, o que significa o casamento para Paulão?
Significa a libertação do domínio dos pais, principalmente do domínio da mãe.

b)   Pelo desfecho da história, Paulão realiza o desejo que teve aos 11 anos?
Sim, ao afastar-se da mãe, conseguiu finalmente ser criança de novo.

c)   Segundo o texto, “Paulinho dava um duro dos diabos” nos seus cursos. “‘Mas no futuro ele saberá nos agradecer’, dizia o pai”. Na sua opinião, Paulão, agora que é adulto, está agradecido aos pais?
Resposta pessoal do aluno.

07 – Das afirmativas seguintes, apenas uma apresenta erro quanto às ideias principais do texto. Identifique-a e explique por que está errada.
a)   O texto põe em discussão determinado modelo de educação, que não respeita as fases naturais do desenvolvimento da criança.
b)   A educação é vista pelos pais de Paulinho como simples objeto de consumo, em que o mais importante não é a criança, mas o jogo social.
c)   O texto deseja mostrar os sacrifícios a que alguém tem de se submeter desde a infância para vencer na vida.
d)   O texto demonstra que o consumismo não se limita a objetos – carros, detergentes, geladeiras, etc. –, mas se estende também a comportamentos, criando modismos, e chega até à educação.
e)   O texto critica a competição social, que se reflete também na educação dos filhos.

TEXTO: A PUBLICIDADE NA TV - CIRO MARCONDES FILHO - COM GABARITO


Texto: A PUBLICIDADE NA TV
         
    Ciro Marcondes Filho

        O pesquisador Jesús Martin Barbero diz que, através da publicidade, nossa sociedade constrói dia a dia a imagem que cada um tem de si. Para ele, a publicidade é um espelho, apesar de bem deformado, pois a imagem do lado de lá é muito mais bela que a imagem do lado real.
        A publicidade, no passado, teve a função de vender produtos. Era sua razão de ser. Hoje, ela tem outra função muito especial: a de demonstração de modelo a serem seguidos, isto é, a apresentação de padrões físicos, estéticos, sensuais, comportamentais, aos quais as pessoas devem se amoldar. A publicidade dirá regras de reconhecimento e valorização social. […]
        Se no passado ela funcionava como a TV, as revistas, o cinema, apresentando indiretamente esses modelos estéticos, hoje a venda de mercadorias – sua aparente razão de ser – tornou-se secundária. Em primeiro lugar, ela vende, idealiza os modelos estéticos, sexuais e comportamentais.
        Além disso, a publicidade na sociedade industrial capitalista funciona como um reforço diário das ideologias, do princípio da valorização das aparências, da promoção de símbolos de status (carros, roupas, ambientes, bebidas, joias, objetos luxuosos de uso pessoal). De certa maneira, como no humor, a publicidade reforça também tendências negativas, encobertas ou disfarçadas, da cultura. Ela confirma diferenças, segregações, distinções, trabalhando em concordância com os preconceitos sociais e com as discriminações de toda espécie […]. Em suma, ela é produzida para estar de acordo e, portanto, para reforçar as desigualdades e os problemas sociais, culturais, étnicos ou políticos. Essa função reforçadora é seu suporte para a venda de mercadorias, pois, ao mesmo tempo que incita ao consumo, é o próprio veículo, o transporte de valores e dos desejos que estão ancorados na cultura que as consome. As mercadorias trazem em si, incorporado, tudo aquilo que a sociedade deseja, e por isso são consumidas.
        […]
        A publicidade, especialmente a de TV, veicula valores: a raça branca (dominante) é transmitida, por exemplo, como a única bela, modelar, válida. No Peru, na África, no Nordeste brasileiro, a criança branca de olhos azuis, docemente cuidada por sua mãe loira, de cabelos sedosos e aveludados, é o tipo ideal de publicidade.
        A pesquisadora alemã Karin Buselmeler realizou uma interessante pesquisa sobre a imagem da mulher na televisão. Ela constatou, em primeiro lugar, que a mistificação do trabalho doméstico ocorre de forma mais clara na publicidade, colocando os afazeres de casa como um “trabalho nobre” de mulher. A mulher aparece nesses quadros como a responsável pela felicidade da família, felicidade só atingível pela aquisição de produtos oferecidos pela publicidade. O filho teria poucas chances de brincar no parque infantil se não cuidasse atentamente de seus cabelos; o marido, se não possuir camisa branca, brilhante, será olhado de modo atravessado pelos colegas. De tudo isso a mulher tem de cuidar.
        […]
        Em resumo, concluímos então que a publicidade trabalha através da promoção de puras aparências: não se compram mercadorias por suas qualidades inerentes nem pelo seu valor de uso, mas pela imagem que o produto veicula no ambiente da vida do consumidor. Nenhuma dessas mercadorias realiza de fato o que pretende, isto é, nenhum cigarro propicia aventuras, nenhum carro traz vida luxuosa, nenhum uísque conquista mulheres. Em todos esses casos, o produto é inteiramente secundário; as pessoas são seduzidas por alguma coisa que está fora e muito além dele.
  Ciro Marcondes Filho. Televisão – A vida pelo vídeo. São Paulo: Moderna, 1988. p. 77-80.
                             Fonte: Livro- PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 7ª Série – Atual Editora -1998 – p. 163-6.

Entendendo o texto:

01 – No 1° parágrafo, o texto compara a publicidade a um espelho. Com base na leitura de todo o texto, responda:
a)   Por que a publicidade é comparada a um espelho?
Porque ela reflete os valores e os comportamentos sociais.

b)   Por que a imagem, nesse espelho, é distorcida?
Porque o mundo criado pela publicidade é artificial e não traz os problemas do mundo real.

c)   Destaque do 5° parágrafo um exemplo que justifique sua resposta anterior.
O caso da criança branca, de olhos azuis, que serve como único modelo de criança em diferentes países do mundo.

02 – Segundo o texto, no passado a publicidade se preocupava em promover exclusivamente o produto, com mensagens diretas como “compre isso”, “leve aquilo”, etc. Hoje, com o aumento da competição, a promoção do produto é feita indiretamente.
a)   O que, na publicidade atual, ganha mais importância do que o próprio produto oferecido?
Os modelos ou valores estéticos, sexuais e comportamentais.

b)   Dos slogans publicitários que seguem, quais se identificam mais com a publicidade antiga, que promovia diretamente o produto, e quais se identificam com a publicidade “moderna”, que veicula valores? Justifique sua resposta.
·        “Wellaton. Ponha isso na sua cabeça”.
·        “Use Vidrex e você vai ver como esse negócio vicia”.
·        “Se você é dono de seu nariz, cuide bem dele. Bom ar, Sachet e Aerossol”.
·        “A fama se identifica para que você não se misture”.
Em todos os itens se vê algum componente a mais do que a mera promoção do produto; porém o 3° e o 4° itens envolvem explicitamente valores: ser “dona de seu nariz” sugere que a consumidora é uma mulher independente e moderna; “para que você não se misture” sugere exclusivamente e destaque social.

03 – Você já reparou como na publicidade se repetem certos comportamentos sociais tidos como modelos? As mulheres estão sempre encontrando soluções para administrar a casa com menor esforço (anúncios de bancos, por exemplo) e carros. De acordo com o texto:
a)   Por que é necessário lançar mão desses papéis sociais para vender produtos?
Porque, para vender produtos, a publicidade necessita reproduzir a ideologia vigente, isto é, os símbolos, valores e comportamentos sociais, inclusive com suas desigualdade e preconceitos.

b)   Como reforço das ideologias, a publicidade tem cumprido um papel conservador ou transformador em relação aos valores da sociedade? Por quê?
Um papel conservador, porque ela não questiona nem discute esses valores, simplesmente os reproduz.

04 – Na fase final do 4° parágrafo – “As mercadorias trazem em si, incorporado, tudo aquilo que a sociedade deseja, e por isso são consumidas” – o autor destacou a expressão por isso em virtude de uma das justificativas seguintes. Qual é ela?
a)   Ele quer dizer que o consumidor atual não se contenta em saber das qualidades do produto, mas é levado a compra-lo quando a publicidade é criativa.
b)   Ele quer dizer que atualmente o consumidor compra um produto não apenas por causa de suas qualidades, mas também porque vê projetados nele os valores e os desejos sociais.

05 – De acordo com o penúltimo parágrafo do texto:
a)   A publicidade veicula uma imagem de que os afazeres domésticos da mulher são “nobres”. Na sua opinião, por que a publicidade mistifica a figura feminina?
Porque leva em conta que a mulher é uma grande consumidora e muitas vezes a compradora oficial para toda a família.

b)   Compare o penúltimo parágrafo ao texto a seguir, da pesquisadora Nelly de Carvalho:
Possuir objetos passa a ser sinônimo de alcançar a felicidade: os artefatos e produtos proporcionam a salvação do homem, representam bem-estar e êxito. Sem a auréola que a publicidade lhes confere, seriam apenas bens de consumo; mas mistificados, personalizados, adquirem atributos da condição humana.
                                           Publicidade – A linguagem da sedução, cit. p. 13.

Os dois textos apresentam semelhanças quando discutem a forma como a publicidade relaciona produtos de consumo com felicidade. Qual é essa semelhança?
      Ambos os textos demonstram que a publicidade transmite a ideia de que só obtendo os produtos que ela oferece é possível alcançar a felicidade.

06 – Leia esta análise de Jair F. dos Santos, sobre anúncios de iogurte:
        Veja um close do iogurte Danone em revistas ou na TV. Sua superfície é enorme, lustrosa, sedutora, tátil – dá água na boca. O Danone verdadeiro é um alimento mixuruca, mas seu simulacro hiper-realizado (imagem ampliada do objeto) amplifica, satura sua realidade. Com isso, somos levados a exagerar nossas expectativas e modelamos nossa sensibilidade por imagens sedutoras.
                                  O que é pós-moderno. São Paulo: Brasiliense. p. 13.

Compare esse texto ao último parágrafo de Ciro Marcondes, que afirma: “o produto é inteiramente secundário: as pessoas são seduzidas por alguma coisa que está fora e muito além dele”. Como se vê, ambos os autores mencionam a sedução como meio de estimular o consumidor. De acordo com os textos:
a)   Por que o produto, com suas qualidades, não é suficiente para convencer o consumidor, havendo necessidade da sedução?
Porque, atualmente, o que leva o consumidor a comprar o produto é o conjunto de significados que o acompanham, criados pela publicidade.

b)   No anúncio do iogurte mencionado por Jair F. dos Santos, o que estaria fora do próprio iogurte e seria responsável pela sedução do consumidor?
Sua imagem ampliada e lustrosa, que sugere um alimento saboroso.



TIRA: MAFALDA APRENDE A LER (ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA SUBJETIVA


Tira: Mafalda aprende a ler
       

      Fonte: Livro – PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 7ª Série – Atual Editora -1998 – p. 234.
Entendendo a tira:

01 – No 2° quadrinho, há uma oração reduzida de gerúndio.
a)   Identifique-a e classifique-a.
Ir pensando – oração subordinada substantiva subjetiva.

b)   Transforme-a em uma oração desenvolvida.
É bom que você vá pensando.

02 – Apesar de o texto não ser claramente um anúncio, ele tem elementos que se relacionam com a publicidade.
a)   Qual é seu público-alvo?
Os filhos.

b)   A que comemoração ele se refere?
Ao Dia das Mães.

c)   Quem é o anunciante?
A mercearia Manolo.

d)   Que produtos ele promove?
Sabões e panos de chão.

03 – Os produtos anunciados são pouco “nobres” para serem dados às mães no Dia das Mãe. Como o anúncio os torna atraentes a seu possível consumidor?
      Com a argumentação do 3° quadrinho: as mães baterão com menos força.

04 – Na 2° frase do 2° quadrinho;
a)   Identifique o objeto direto.
O seu grande sortido de sabões, panos para o chão, etc.

b)   Considerando a resposta dada ao item anterior, transforme o objeto direto numa oração subordinada substantiva objetiva direta, fazendo as adaptações necessárias.
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: A mercearia Manolo sugere que vocês, filhos, comprem sabões e panos de chão.

05 – No último quadrinho, há um período composto por subordinação.
a)   Divida-o em orações.
Não se esqueçam / de que uma mãe cansada bate com menos força.

b)   Classifique-as.
1ª oração: OP.
2ª oração: OSSOI.




domingo, 3 de maio de 2020

MÚSICA(ATIVIDADES): OBRIGADO MÃE - NAIARA AZEVEDO - COMPOSITOR: FERNANDO VINHOTE

Música(Atividades): Obrigado Mãe

                                         Naiara Azevedo
                                         Compositor: Fernando Vinhote
Pode passar o tempo que for
Não vai existir nada igual
Deus foi tão perfeito quando criou
Um ser sublime tão especial
Não importa como ela é
E nem importa de onde vem
Não importa a cor nem a religião
Importa é que todo mundo tem.

Mãe é aquela que gera, é aquela que ama
É aquela que canta canção de ninar
E que no abraço faz o medo passar
Mãe é aquela que adota, que chama de filho
Que pega na mão e te ensina a andar
Te deita no colo e ensina a amar
Muito obrigado mãe.

Qualquer coisa que eu diga, vai ser pouco demais
Só falar eu te amo mãe, vai faltar algo a mais
Quero te agradecer por me deixar nascer
Sei que você passou noites mal dormidas
Muito obrigado mãe, por ter me dado a vida.

Mãe é aquela que gera, é aquela que ama
É aquela que canta canção de ninar
E que no abraço faz o medo passar
Mãe é aquela que adota, que chama de filho
Que pega na mão e te ensina a andar
Te deita no colo e ensina a amar
Muito obrigado mãe.

Qualquer coisa que eu diga, vai ser pouco demais
Só falar eu te amo mãe, vai faltar algo a mais
Quero te agradecer por me deixar nascer
Sei que você passou noites mal dormidas
Muito obrigado mãe, por ter me dado a vida.

Entendendo a canção:

       01 – Qual o título da canção?

       02 – Quem é o compositor e a cantora?

      03 – De acordo com a letra da canção, quem é o ser sublime criado por Deus?

     04 – Em que versos está a afirmação, que ser mãe é aquela que gera e cuida?

     05 – No trecho: “Que pega na mão e te ensina a andar / Te deita no colo e ensina a amar”. Quem faz isso?

   06 – O que podemos entender no verso: “Quero te agradecer por me deixar nascer”?

       07 – Em que verso o filho agradece a Mãe por ter dado a vida?


     

sexta-feira, 1 de maio de 2020

POEMA: MINHA MÃE DIZIA - PAULO LEMINSKI - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poema: Minha mãe dizia
           
   Paulo Leminski

Minha mãe dizia
-- Ferve, água!
-- Frita, ovo!
-- Pinga, pia!
E tudo obedecia.

Poesia fora da estante. In: Vera Aguiar, coord. Porto Alegre: Projeto, 1995. p. 104.
Fonte: Livro – PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 7ª Série – Atual Editora -1998 – p. 93.
Entendendo o poema:

01 – O poema retrata algumas experiências de um garoto durante a infância. Essas experiências são descritas por um eu lírico adulto ou criança? Justifique sua resposta com base nos tempos verbais do 1° e 4° versos.
      Por um eu lírico adulto, pois os verbos estão no pretérito imperfeito e sua visão dos fatos é distanciada.

02 – O poema está organizado em três estrofes: a 1ª e a última possuem um único verso, e a 2ª é formada por três versos introduzidos por travessão – sinal de que alguém está falando.
a)   Quem é o emissor dessas falas? Justifique sua resposta com um verso do poema.
É a mãe, conforme comprova o 1° verso: “minha mãe dizia”.

b)   A que ou a quem esse emissor se dirige quando fala?
À água, ao ovo e à pia.

c)   Qual é a função sintática dos termos que o emissor evoca?
São vocativos.

d)   As ações expressas pelos verbos ferver, fritar e pingar estão relacionadas a que tipo de atividade diária do emissor?
Estão relacionadas às atividades cotidianas de uma dona de casa.

03 – Os elementos evocados pelo emissor na 2ª estrofe são retomados por uma única palavra.
a)   Qual é essa palavra?
Tudo.

b)   A que classe gramatical ela pertence e qual é a função sintática?
É um pronome indefinido, com a função sintática de aposto.

c)   Com que termo sintático a forma verbal obedecia concorda?
Concorda com o aposto tudo.

04 – Em suas redações, o eu lírico revela ter uma visão especial sobre a mãe, como se ela, detendo poderes especiais, fosse capaz de fazer o mundo à sua volta se mover de acordo com sua vontade.
a)   Que modo verbal a mãe utiliza para expressar o seu desejo?
O modo imperativo.

b)   Para demonstrar o poder da mãe, o poeta emprega a personificação ou prosopopeia, uma figura de linguagem que consiste em atribuir vida ou qualidades humanas a serres inanimados ou não humanos. Identifique o verso em que tal recurso foi utilizado.
E tudo obedecia.