Texto: A lua no bolso
Noticiário elaborado com telegramas da
AP, UPI e AFP.
Exatamente às 23 horas, 56 minutos e 31
segundos (hora de Brasília), o comandante Neil A. Armstrong tocou o solo da Lua,
descendo pela cabine do módulo lunar, 6h 38 depois de ter pousado na superfície
do satélite natural da Terra. “A porta está se abrindo”, disse Armstrong às 23h
39. Um minuto depois o astronauta vislumbrava diretamente a superfície da Lua.
Lentamente, com movimentos extremamente seguros, começou a descer a escadinha
do módulo, pisando sempre com o pé esquerdo. Quando alcançou o segundo degrau a
televisão começou a transmitir diretamente da Lua para a Terra, focalizando
perfeitamente o astronauta. Já sobre o solo lunar, Armstrong afastou-se do
módulo e começou a executar suas primeiras tarefas, tornando realidade um sonho
milenar do homem. [...]
Durante a descida, puxando um anel na
fuselagem do módulo, Armstrong ligou uma câmera de televisão que transmitiu seu
primeiro passo na Lua para a Terra.
Armstrong disse ainda que “a superfície
da Lua é fina e poeirenta, como carvão em pó sob meus pés. Posso ver as pegadas
que minhas botas deixam nas finas partículas”. Comunicou que recolheu a
primeira amostra e disse: “Agora vou tentar pegar uma pedra. Isso é muito
interessante. A primeira impressão é de uma superfície muito branda. Mas agora
parece ter muita consistência. Tentarei agora obter outra amostra”.
Os médicos do Centro de Controle
disseram que “a informação é boa e a tripulação lunar parece que vai bem”.
Nas imagens vindas da Lua podia-se ver
como pano de fundo o escuro do espaço e luminosamente branca – em contraste – a
superfície da Lua sobre a qual a imagem de Armstrong parecia um tanto difusa em
branco e preto.
Caminhava como alguém que carrega um
grande peso às costas.
“É algo parecido com o deserto no Oeste
dos Estados Unidos. Mas é muito bonito aqui fora”, acrescentou Armstrong.
Disse que “estou achando difícil
inclinar-me”, referindo-se aos movimentos que precisava fazer para apanhar as
amostras, as quais começou a descrever.
“Olhando para cima, para o módulo, eu
estou diretamente na sombra. Agora estou vendo Buzz (Aldrin) nas janelas. Posso
ver tudo muito claro”, disse Armstrong ao primeiro minuto do dia 21, hora de
Brasília.
Depois à zero e 16 minutos, Edwin
Aldrin também desceu à superfície lunar.
Antes de Aldrin descer, Armastrong fez
uma rápida revisão visual no módulo, declarando que estava dando para ver tudo
com clareza.
“Ok, Buzz, você está pronto para
descer?” perguntou Armstrong. Aldrin, em resposta, começou a descer
vagarosamente a escada. “Precisamos tomar cuidado e inclinar-nos na direção em
que queremos ir”, disse um dos astronautas para o outro. “Principalmente se
você quer cruzar os pés.” Às vezes eles pareciam estar realizando exercícios
físicos, especialmente com os braços. “Não se afunda mais que poucos
centímetros quando se caminha”, acrescentou Aldrin. Os dois se comunicavam pelo
rádio, pois com seus capacetes e trajes espaciais selados não poderiam
conversar doutra forma. Houve problemas de falta de foco com a câmara e certas
interrupções.
Folha de
São Paulo. São Paulo, 21 jul. 1969.
In: Kauffmann, Carlos; Mota, Vinícius.
Primeira página: Folha de São Paulo.
São
Paulo: Publifolha, 2006. p. 113. (Fragmento).
Interpretação do texto:
01 – O texto acima foi
escrito para cumprir uma finalidade específica. Qual é ela?
Informar como se deu a chegada do primeiro
homem à Lua.
a) Como
essa finalidade é alcançada?
O texto informa, de modo detalhado, como o astronauta americano Neil
Armstrong, primeiro, e depois seu companheiro Edwin “Buzz” Aldrin saem do
módulo lunar e tocam a superfície da Lua. Traz também uma série de impressões
de Neil Armstrong sobre a cobertura do solo lunar e o grau de dificuldade para
se movimentar colher amostras, etc.
02 – O título do texto – “A
Lua no bolso” – pode ser interpretado literalmente? Explique.
Não. Porque não é possível colocar um
satélite do tamanho da Lua no bolso, como também é absurda a ideia de que ela
poderia ser “retirada” do espaço. O título precisa, portanto, ser interpretado
de modo figurado. No contexto, a expressão pôr “a Lua no bolso” ganha uma
conotação metafórica e significa conquistar a Lua.
a) Que
relação de sentido pode ser identificada entre o título e o texto?
Como o texto informa detalhadamente a “conquista” da Lua pelo homem,
descrevendo o sucesso da primeira missão tripulada a aterrissar no satélite da
Terra, o título antecipa, com uma metáfora, o resultado da missão. Como os
homens conquistaram a Lua, estavam com ela “no bolso”.
03 – Releia o trecho abaixo para
responder à questão.
“Exatamente às 23 horas, 56 minutos e
31 segundos (hora de Brasília), o Comandante Neil A. Amstrong tocou o solo da
Lua, descendo pela cabine do módulo lunar, 6h38 depois de ter pousado na
superfície do satélite natural da Terra. “A porta está se abrindo”, disse
Armstrong às 23h39. Um minuto depois o astronauta vislumbrava diretamente a
superfície da Lua. Lentamente, com movimentos extremamente seguros, começou a
descer a escadinha do módulo, pisando sempre com o pé esquerdo. Quando alcançou
o segundo degrau a televisão começou a transmitir diretamente da Lua para a Terra,
localizando perfeitamente o astronauta. Já sobre o solo lunar, Armstrong
afastou-se do módulo e começou a executar suas primeiras tarefas, tornando
realidade um sonho milenar do homem.”
a)
O autor do texto tomou o cuidado de oferecer,
no primeiro parágrafo, uma série de informações que permitissem ao leitor
responder a algumas perguntas: o quê? quem? quando? como? por quê? No caderno,
transcreva do texto as respostas para tais perguntas.
O quê? A chegada do homem à Lua.
Quem? O astronauta americano Neil Armstrong.
Quando? Exatamente às 23 horas, 56 minutos e 31 segundos do dia 20 de julho
de 1969.
Como? Descendo a escadinha do módulo lunar, depois de ter pousado na
superfície do satélite natural da Terra.
Por quê? Para tornar realidade um sonho milenar do homem: a conquista da
Lua.
04 – Agora, compare as
informações apresentadas no primeiro parágrafo ao tipo de informação que consta
das parágrafos seguintes. Podemos afirmar que elas cumprem funções diferentes.
Por quê?
As informações oferecidas no primeiro
parágrafo ajudam o leitor a se situar diante do fato relatado. Nesse sentido,
trazem dados precisos para responder às perguntas: “o quê? Quem? Quando? Como?
Por quê? .
Nos parágrafos seguintes, o texto traz
informações mais ampliadas e detalhadas sobre o acontecimento relatado no
parágrafo inicial. Os demais parágrafos do texto trazem novas informações que
ajudam o leitor a compreender melhor as circunstâncias em que o fato noticiado
ocorreu, mas não modificam o foco do texto, estabelecido no primeiro parágrafo.
05 – As aspas foram
utilizadas com frequência ao longo do texto. Observe as seguintes passagens:
“A porta está se abrindo”, disse
Armstrong às 23h39.
Armstrong disse ainda que “a superfície
à Lua é fina e poeirenta, como carvão em pó sob meus pés. Posso ver as pegadas
que minhas botas deixam nas finas partículas”.
“É algo parecido como o deserto no
Oeste dos Estados Unidos. Mas é muito bonito aqui fora”, acrescentou Armstrong.
a)
Analise o uso das aspas nas passagens acima.
Pode se afirmar que, em todos os casos, elas foram utilizadas para atribuir a
autoria de uma opinião ao astronauta Neil Armstrong? Explique.
NÃO. Na primeira passagem, as aspas foram utilizadas somente para
indicar que foi Armstrong quem disse que a porta se abria. Suas duas falas
seguintes, porém, refletem opiniões particulares sobre a sensação provocada
pelos primeiros passos no solo lunar, algo que somente quem pisou naquela
superfície poderia descrever; e sobre a impressão provocada pela paisagem
lunar. Armstrong usa o recurso da comparação com algo terrestre conhecido para
descrever o que vê a seus interlocutores. É interessante observar a preocupação
do astronauta em afirmar a beleza do que via, como se temesse ser mal
interpretado pela comparação feita.
06 – Em alguns momentos,
podemos identificar passagens descritivas no texto. A primeira delas aparece já
no primeiro parágrafo. Qual a importância da descrição em uma notícia como
esta?
A descrição é essencial em uma notícia
como essa, porque o fato relatado é algo inimaginável para os leitores. Trata-se
da primeira vez que um homem pisa na Lua. Tudo o que acontece, portanto, é
novo. Ao recorrer à descrição, o autor do texto oferece imagens que auxiliam os
leitores a reconstituírem, mentalmente, os movimentos dos astronautas e, assim,
a criarem representações visuais para o que aconteceu naquele histórico
momento.