quarta-feira, 6 de novembro de 2024

TEXTO: ATAS DO I CONGRESSO NACIONAL DA ABRALIN - (FRAGMENTO) - JOSÉ LUIZ FIORIN - COM GABARITO

 Texto: Atas do I Congresso Nacional da ABRALIN – Fragmento

           José Luiz Fiorin

        É um mito a pretensa possibilidade de comunicação igualitária em todos os níveis. Isso é uma idealização. Todas as línguas apresentam variantes: o inglês, o alemão, o francês etc. Também as línguas antigas tinham variações. O português e outras línguas românicas provêm do latim, o chamado latim vulgar, muito diferente do latim culto. Além disso, as línguas mudam. O português moderno é muito distinto do português clássico. Se fôssemos aceitar a ideia de estaticidade das línguas, deveríamos voltar a falar latim. Ademais o português provém do latim vulgar, poder-se-ia falar que ele está todo errado.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPOoyEuaVhFi0wRSAMZzFpSUSHoS3pP3zxbf5HS5OOXlj_ChIff6_51BgLjEeyRlTMLaIJNBljH1ue0P1BnCu5y62Ny09CZ-MRkE7eRfXmHsEI6qrWomY-jCc5fw6htXo2KIqcFCydd_rH6eImrKFiMc_AMAdZULyn0ZdP3ehEApq7emuyTHeyr7EA9-s/s1600/LINGUISTICA.jpg


        A variação é inerente à língua porque as sociedades são divididas em grupos: há os mais jovens e os mais velhos, os que habitam numa região ou noutra, os que têm esta ou aquela profissão, os que são de uma classe social, e assim por diante. O uso de determinada variedade linguística serve para marcar a inclusão num desses grupos, dá uma identidade para seus membros. Aprendemos a distinguir a variação.

        Quando alguém começa a falar, sabemos se é do interior de São Paulo, gaúcho, carioca ou português. Sabemos que certas expressões pertencem à fala dos mais jovens, que determinadas formas se usam em situação informal, mas não em ocasiões formais. Saber uma língua é conhecer variedades. Um bom falante é “poliglota” em sua própria língua. Saber português não é aprender regras que só existem numa língua artificial usada pela escola.

        As variantes não são feias ou bonitas, erradas ou certas, deselegantes ou elegantes; são simplesmente diferentes. Como as línguas são variáveis, elas mudam. “Nosso homem simples do campo” tem dificuldade de comunicar-se nos diferentes níveis do português não por causa da variação e da mudança linguística, mas porque foi barrado o acesso à escola ou porque, neste país, se oferece um ensino de baixa qualidade às classes trabalhadoras e porque não se lhes oferece a oportunidade de participar da vida cultural das camadas dominantes da população.

FIORIN, José Luiz. In: Atas do I Congresso nacional da ABRALIN. Excertos.

Fonte: Português – José De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora Scipione. p. 140-141.

Entendendo o texto:

01 – Qual a principal tese defendida por Fiorin sobre a língua?

      A principal tese é que a variação linguística é um fenômeno natural e inerente a todas as línguas, sendo resultado de fatores sociais e históricos. A ideia de uma língua pura e imutável é um mito.

02 – Por que Fiorin considera a ideia de uma língua estática como um mito?

      Fiorin argumenta que a ideia de uma língua estática é um mito porque as línguas são dinâmicas e sofrem constantes mudanças ao longo do tempo. Além disso, as línguas são usadas por diferentes grupos sociais, cada um com suas próprias características e necessidades, o que gera a diversidade linguística.

03 – Qual a relação entre a variação linguística e a identidade social?

      A variação linguística está intimamente ligada à identidade social. A escolha de determinadas variantes linguísticas serve para marcar a inclusão em um grupo social específico, seja por idade, região, profissão ou classe social.

04 – Por que Fiorin critica a ideia de que existe uma única forma correta de falar?

      Fiorin critica a ideia de que existe uma única forma correta de falar porque ela desconsidera a diversidade linguística e a dinâmica das línguas. Ao estabelecer uma norma única, exclui-se um grande número de falantes e marginalizam-se as variedades linguísticas consideradas menos prestigiosas.

05 – Qual o papel da escola no ensino da língua?

      Segundo Fiorin, a escola tem um papel fundamental no ensino da língua, mas deve levar em consideração a variação linguística e a diversidade dos falantes. O ensino de língua deve promover o contato com diferentes variedades linguísticas e valorizar a língua dos alunos, em vez de impor uma norma artificial.

06 – Quais os fatores sociais que contribuem para a dificuldade de comunicação de pessoas de diferentes classes sociais?

      A dificuldade de comunicação entre pessoas de diferentes classes sociais não se deve à variação linguística em si, mas a fatores sociais como a desigualdade de oportunidades, o acesso limitado à educação e a falta de contato com diferentes variedades linguísticas.

07 – Qual a importância de reconhecer e valorizar a diversidade linguística?

      Reconhecer e valorizar a diversidade linguística é fundamental para promover a inclusão social e a valorização da cultura. Ao aceitar e respeitar as diferentes formas de falar, contribuímos para a construção de uma sociedade mais justa e democrática.

 

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