Cantiga: Acho que Deus me deu tudo
Francisco de Sousa
Acho que Deus me deu tudo
Para meu padecer
Os olhos – para vos ver,
Coração – para sofrer,
E língua – para ser mudo.
Olhos com que vos olhasse,
Coração que consentisse
Língua que me condenasse:
Mas não já que me salvasse
De quantos males sentisse.
Assim que me Deus tudo
Para meu padecer:
Os olhos – para Vos ver,
Coração – para sofrer,
E língua – para ser mudo.
Francisco de Souza.
Fonte: Português – José
De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora
Scipione. p. 328.
Entendendo a cantiga:
01
– Qual a principal emoção transmitida pela cantiga?
A principal
emoção transmitida pela cantiga é a angústia amorosa. O eu lírico expressa um
sofrimento profundo e intenso, causado pelo amor não correspondido ou por uma
paixão impossível. A repetição da ideia de "padecer" reforça a
intensidade desse sofrimento.
02
– Como os sentidos são utilizados para expressar o sofrimento amoroso?
Os sentidos são utilizados
de forma poética para expressar o sofrimento amoroso. Os olhos são utilizados
para ver a amada, o coração para sentir a dor e a língua para a incapacidade de
expressar plenamente o que se sente. Essa personificação dos sentidos
intensifica a experiência emocional do eu lírico.
03
– Qual a relação entre o divino e o humano na cantiga?
A relação entre o
divino e o humano é ambivalente. Por um lado, Deus é visto como aquele que
concede os sentidos, ou seja, a capacidade de amar e sofrer. Por outro lado,
essa mesma capacidade de amar se torna uma fonte de sofrimento, levando o eu
lírico a questionar o porquê de Deus ter lhe dado tais dons se eles apenas lhe
trazem dor.
04
– Qual o significado da última estrofe?
A última estrofe
repete a primeira, criando um efeito de circularidade e intensificando a ideia
de sofrimento eterno. A repetição enfatiza a incapacidade do eu lírico de
escapar da dor amorosa, sugerindo que ele está preso a um ciclo de sofrimento.
05
– Qual o papel da linguagem poética na construção do sentido da cantiga?
A linguagem
poética desempenha um papel fundamental na construção do sentido da cantiga. A
utilização de metáforas, como a personificação dos sentidos, e a repetição de
palavras e estruturas criam um ritmo e uma sonoridade que intensificam a
expressão dos sentimentos. A simplicidade da linguagem, aliada à profundidade
dos sentimentos expressos, torna a cantiga uma obra marcante e atemporal.
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