Texto: As virtudes (e vícios) do estilo
José Lemos Monteiro
A expressividade resulta de uma soma de
procedimentos que atestam o domínio, embora às vezes intuitivo, das leis da
organização e funcionamento do sistema linguístico. Não se trata, pois, de um
desvio gratuito e inconsequente das regras gramaticais. Em geral, quem se
afasta de uma determinada norma com intuito expressivo, assim procede porque a
conhece bem e usa o desvio como uma possibilidade de escolha. Em outra
situação, a mesma regra que foi infringida é aceita e cumprida sem nenhum
problema.
Um bom desempenho linguístico é,
portanto, o alicerce do estilo de quem se expressa bem. Trata-se de uma das
mais relevantes qualidades, de que decorrem quase todas as demais.
Naturalmente, virtudes ou defeitos são valores subjetivos e relativos. O que
para uns é belo a outros desagrada. O gosto pessoal tem sua parcela de
influência e, por isso, todo julgamento de valor deve ser visto com alguma
cautela, mais do que nunca respeitando os fatores contextuais.
Não pretendemos discutir os critérios
para a determinação do que deve ser considerado correto ou incorreto em
linguagem. Todavia, é preciso não confundir a correção com a pura gramatiquice.
O bom senso está acima de tudo e, por isso, rejeita para o moderno português
construções fossilizadas que, apesar de haverem sido empregadas por grandes
vernaculistas do passado, hoje parecem extemporâneas e desusadas. A língua está
em função da cultura e assim evolui constantemente. As normas gramaticais é que
infelizmente não acompanham o ritmo das mudanças do idioma.
A despeito dessas observações, há um
padrão linguístico a ser observado. Se alguém deseja escrever, deve seguir essa
norma, a mesma de que se utilizam os bons autores. Existem regras de
organização frasal que precisam ser respeitadas, para que o texto possa ser
considerado correto. Em linhas gerais, são regras de concordância, de regência
ou de colocação.
MONTEIRO, José Lemos. A
estilística. São Paulo: Ática, 1991.
Fonte: Português – José
De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora
Scipione. p. 214-215.
Entendendo o texto:
01
– Qual a relação entre a expressividade e o domínio das regras gramaticais, de
acordo com o autor?
Essa pergunta
direciona a atenção para a ideia de que a expressividade não é um desvio
arbitrário das normas, mas sim um uso consciente e estratégico da linguagem.
02
– Por que o autor afirma que um bom desempenho linguístico é o alicerce do
estilo?
A questão busca
compreender a importância da competência linguística como base para a
construção de um estilo próprio e eficaz.
03
– O que o autor entende por "virtudes" e "defeitos" no
estilo?
Essa pergunta
explora a natureza subjetiva e relativa dos julgamentos estéticos sobre a
linguagem.
04
– Qual a importância do contexto na avaliação do estilo?
A questão destaca a
necessidade de considerar os fatores situacionais e culturais na análise da
linguagem.
05
– O que o autor quer dizer com a afirmação de que "o bom senso está acima
de tudo"?
Ele incentiva a
reflexão sobre a importância do julgamento crítico e da adaptação da linguagem
às diferentes situações comunicativas.
06
– Por que o autor afirma que as normas gramaticais não acompanham o ritmo das
mudanças do idioma?
A questão
questiona a rigidez das normas gramaticais e a necessidade de flexibilizá-las
para atender às demandas da língua em constante evolução.
07
– Quais as principais regras de organização frasal que devem ser respeitadas
para que um texto seja considerado correto?
Essa pergunta
resume as principais regras gramaticais mencionadas no texto e sua importância
para a clareza e coesão textual.
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