Poesia: Valsa
Carlinhos Vergueiro
Eu não vim de longe
Eu não sou um monge
Eu não faço ioga
Eu não sei de tudo
Não estou em voga
Eu não fico mudo
Não sufoco o riso
Eu não apregoo
Não aperfeiçoo
Eu nunca medito
Eu estou na rua
Eu não sou maldito
E quem bebe
Bebe a dor
E quem joga
Joga a dor
Quem se agita
Agita a dor
Quem trabalha
Engana a dor.
Fonte: Português – José
De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora
Scipione. p. 305.
Entendendo a poesia:
01 – Qual a principal mensagem
transmitida pelo poema?
A principal
mensagem do poema é uma crítica à postura intelectualizada e distante da vida,
representada por figuras como o monge, o iogue e o intelectual que "sabe
de tudo". O poeta contrapõe essa figura a uma postura mais simples,
autêntica e engajada com a realidade, representada pelo "eu" lírico
que "está na rua" e "não é maldito". A valsa, como ritmo
musical, serve como metáfora para a vida, que é marcada por altos e baixos,
alegrias e tristezas.
02 – Como o poeta constrói a
oposição entre a figura do intelectual e a figura do "eu" lírico?
O poeta constrói
essa oposição através da negação de características típicas do intelectual,
como o estudo aprofundado, a busca pela perfeição e a meditação. Em
contrapartida, ele afirma sua presença no mundo real, sua autenticidade e sua
capacidade de sentir e expressar suas emoções. A repetição da negação ("Eu
não...") enfatiza essa oposição e cria um ritmo poético que contrasta com
a seriedade do discurso intelectual.
03 – Qual o papel da dor na
visão de mundo do poeta?
A dor é um
elemento central na visão de mundo do poeta. Ela é universal e inevitável,
presente em todas as esferas da vida: quem bebe, joga, se agita ou trabalha, de
alguma forma, "engana a dor". A dor não é vista como algo negativo,
mas como uma parte integrante da experiência humana, que nos torna mais fortes
e autênticos.
04 – Qual a relação entre o
título "Valsa" e o conteúdo do poema?
O título
"Valsa" sugere uma dança leve e elegante, que contrasta com a
temática da dor e do sofrimento presente no poema. Essa contradição pode ser
interpretada como uma metáfora para a vida, que é marcada por momentos de
alegria e tristeza, de leveza e de peso. A valsa, como ritmo musical,
representa a complexidade da experiência humana, que não se resume a momentos
de felicidade ou de sofrimento, mas a uma constante oscilação entre ambos.
05 – Qual o papel da linguagem
poética na construção do sentido do poema?
A linguagem
poética desempenha um papel fundamental na construção do sentido do poema. A
repetição de estruturas sintáticas e a utilização de versos curtos e rimados
conferem ao texto um ritmo musical que evoca a dança da valsa. A simplicidade
da linguagem e a ausência de adjetivos rebuscados contribuem para criar uma
atmosfera de informalidade e autenticidade, aproximando o leitor do
"eu" lírico.
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