Poesia: OS LUSÍADAS – Canto I – Fragmento
Luís de Camões
As armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes
navegados
Passaram ainda além da
Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força
humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto
sublimaram;
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram
dilatando
A Fé, o Império, e as terras
viciosas
De África e de Ásia andaram
devastando,
E aqueles que por obras
valerosas
Se vão da lei da Morte
libertando,
Cantando espalharei por toda
parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e
arte.
Cessem do sábio Grego e do
Troiano
As navegações grandes que
fizeram;
Cale-se de Alexandro e de
Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre
Lusitano,
A quem Neptuno e Marte
obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga
canta,
Que outro valor mais alto se
alevanta.
E vós, Tágides minhas, pois
criado.
[...]
Rosemeire da Silva e Carlos Cortez (introdução e comentário). A poesia
épica de Camões. São Paulo: Policarpo, p. 22.
Fonte: Linguagem em
Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São
Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 119.
Entendendo a poesia:
01 – De acordo com o texto,
qual o significado das palavras abaixo:
·
Taprobana: atual Sri Lanka.
·
Esforçados: equivalente a barões dedicados, empenhados, lutadores.
·
Edificaram: fundaram.
·
Sublimaram: elevaram.
·
Terras viciosas: terras não cristãs.
·
Engenho: inspiração, talento.
·
Arte: ter capacidade de escrever de acordo com as regras da poesia
épica.
02
– Qual é o tema central do fragmento e qual a sua importância para a obra como
um todo?
O tema central do
fragmento é a exaltação dos feitos dos portugueses, em especial suas grandes
navegações e conquistas. Essa introdução estabelece o tom épico de toda a obra,
posicionando Portugal como uma nação heroica e destinada à grandeza.
03
– A quem o poeta se dirige no início do poema e qual a intenção dessa
invocação?
O poeta se dirige
às Tágides, ninfas do rio Tejo, solicitando sua inspiração para a composição do
poema. Essa invocação é uma tradição da poesia épica, servindo para conectar o
poeta à musa inspiradora e conferir maior autoridade à sua narrativa.
04
– Quais são os feitos dos portugueses que o poeta destaca no fragmento?
O poeta destaca
as grandes navegações portuguesas, que ultrapassaram os limites conhecidos até
então, e as conquistas em terras distantes como a África e a Ásia. Além disso,
celebra a expansão da fé cristã e a criação de um novo reino.
05
– Qual a relação entre o passado glorioso de Portugal e o presente do poeta?
O poeta busca
conectar o passado glorioso de Portugal, marcado pelas grandes navegações e
conquistas, com o presente, celebrando a identidade nacional e buscando
inspiração nos feitos de seus antepassados para compor sua obra.
06
– Como o poeta se posiciona em relação aos feitos de outros heróis da
antiguidade?
O poeta coloca os
feitos dos portugueses em um patamar superior aos feitos de heróis da
antiguidade como Alexandre, o Grande, e os troianos, afirmando que a história
de Portugal merece ser cantada de forma mais grandiosa e sublime.
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