Soneto: Meu ser evaporei na lida insana
M. M. Barbosa du Bocage
Meu ser evaporei na lida insana
Do tropel de paixões, que me arrastava.
Ah! Cego eu cria, ah! mísero eu sonhava
Em mim quase imortal a essência humana.
De que inúmeros sóis a mente
ufana
Existência falaz me não dourava!
Mas eis sucumbe a Natureza escrava
Ao mal, que a vida em sua origem dana.
Prazeres, sócios meus e meus
tiranos!
Esta alma, que sedenta em si não coube,
No abismo vos sumiu dos desenganos.
Deus, oh Deus!… Quando a morte a
luz me roube,
Ganhe num momento o que perderam anos,
Saiba morrer o que viver não soube.
BOCAGE, M. M. Barbosa du. Sonetos. Lisboa: Livraria Bertrand, s/d.
Fonte: Português – José
De Nicola – Ensino médio – Volume 1 – 1ª edição, São Paulo, 2009. Editora
Scipione. p. 384.
Entendendo o soneto:
01
– Qual a principal temática abordada por Bocage nesse soneto?
O soneto de
Bocage explora a efemeridade da vida, a luta contra as paixões e o
arrependimento diante da morte. O eu lírico reflete sobre a vaidade das
ambições mundanas e a busca incessante por prazeres que, no final, se revelam
ilusórios.
02
– Que figura de linguagem é predominante no soneto? E qual o seu efeito?
A metáfora é a
figura de linguagem mais evidente no soneto. Bocage utiliza diversas metáforas
para expressar seus sentimentos e ideias, como "Meu ser evaporei na lida
insana", comparando sua vida ao vapor que se dissipa. O efeito dessas
metáforas é intensificar a expressão dos sentimentos do eu lírico e criar
imagens mais vívidas para o leitor.
03
– Qual a importância da natureza no contexto do soneto?
A natureza é
representada como uma força poderosa e implacável que subjuga o homem. A
"Natureza escrava" simboliza a condição humana, subjugada pelas
paixões e pelos males da vida. A natureza, portanto, representa um contraponto
à vaidade humana e à busca por imortalidade.
04
– Qual o papel da religião no soneto?
A religião
aparece no soneto como uma busca por consolo e salvação diante da morte. O eu
lírico invoca Deus, expressando um desejo de redenção e de que, após a morte,
possa compensar os erros cometidos durante a vida.
05
– Qual o tom geral do soneto? E como ele se relaciona com a temática abordada?
O tom geral do
soneto é melancólico e reflexivo. O eu lírico demonstra arrependimento pelas
escolhas feitas e pela vida levada, expressando um sentimento de angústia
diante da finitude da existência. Esse tom melancólico reforça a temática da
efemeridade da vida e da necessidade de refletir sobre as nossas ações.
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