segunda-feira, 18 de novembro de 2024

HISTÓRIA: O PRÍNCIPE MAQUIAVEL - CAP.XXV - FRAGMENTO - NICOLAU MAQUIAVEL - COM GABARITO

 História: O Príncipe Maquiavel – cap. XXV – Fragmento

        DE QUANTO PODE A FORTUNA NAS COISAS HUMANAS E DE QUE MODO SE LHE DEVA RESISTIR

        Não ignoro que muitos têm tido e têm a opinião de que as coisas do mundo sejam governadas pela fortuna e por Deus, de forma que os homens, com sua prudência, não podem modificar nem evitar de forma alguma; por isso poder-se-ia pensar não convir insistir muito nas coisas, mas deixar-se governar pela sorte. Esta opinião tornou-se mais aceita nos nossos tempos pela grande modificação das coisas que foi vista e que se observa todos os dias, independente de qualquer conjetura humana. Pensando nisso algumas vezes, em parte inclinei-me em favor dessa opinião.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiA8dWaD5HMSOSLc903rxVG8PQms0TuHdXW65UGkeqD5Tl_6AYqvC8PBTWJOzw0cI5P98Ynmm1cL9Xk3XYj7Qr06P3AiPLSft8Dl1kN1UAqn7DiiXgMZHVuQ1xNkAB5DNUgg7LZJXM4GPr_QG2VafU1nFhlEHLin9Z4lOyWKJFsPLAQgYynmYfyMPcaExI/s320/o-principe.jpg


        Contudo, para que o nosso livre arbítrio não seja extinto, julgo poder ser verdade que a sorte seja o árbitro da metade das nossas ações, mas que ainda nos deixe governar a outra metade, ou quase. Comparo-a a um desses rios torrenciais que, quando se encolerizam, alagam as planícies, destroem as árvores e os edifícios, carregam terra de um lugar para outro; todos fogem diante dele, tudo cede ao seu ímpeto, sem poder opor-se em qualquer parte. E, se bem assim ocorra, isso não impedia que os homens, quando a época era de calma, tomassem providências com anteparos e diques, de modo que, crescendo depois, ou as águas corressem por um canal, ou o seu ímpeto não fosse tão desenfreado nem tão danoso.

        [...].

Nicolau Maquiavel. O príncipe (tradução Márcio Plugliese). Curitiba: Hemus, 2002, p. 169.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 110-111.

Entendendo a história:

01 – Qual a principal tese defendida por Maquiavel nesse fragmento?

      A principal tese é que a fortuna, ou seja, o acaso e as circunstâncias externas, exercem um papel significativo nas vidas dos homens e nos acontecimentos históricos. No entanto, Maquiavel argumenta que a ação humana, representada pela virtude, também desempenha um papel fundamental, permitindo que os indivíduos influenciem os eventos e minimizem os impactos da fortuna.

02 – Qual a comparação utilizada por Maquiavel para ilustrar a relação entre a fortuna e a ação humana?

      Maquiavel compara a fortuna a um rio torrencial. Assim como um rio inunda as planícies e destrói tudo em seu caminho, a fortuna pode causar grandes mudanças e transtornos. No entanto, os homens podem construir diques e canais para controlar o fluxo das águas, assim como podem tomar medidas para mitigar os efeitos da fortuna.

03 – Qual a importância da virtude na visão de Maquiavel?

      A virtude, para Maquiavel, representa a capacidade do indivíduo de agir com prudência, coragem e sagacidade. É através da virtude que o príncipe pode tomar decisões acertadas, antecipar os acontecimentos e aproveitar as oportunidades que a fortuna lhe oferece. A virtude permite que o indivíduo não seja apenas um mero espectador dos eventos, mas um agente ativo na construção de seu próprio destino.

04 – Como a ideia de livre arbítrio se relaciona com a influência da fortuna?

      Maquiavel reconhece a influência da fortuna, mas não a considera determinante. Ele acredita que os seres humanos possuem livre arbítrio, ou seja, a capacidade de escolher suas ações. A virtude permite que os indivíduos exerçam esse livre arbítrio de forma a moldar os acontecimentos e superar os obstáculos impostos pela fortuna.

05 – Qual a implicação prática das ideias de Maquiavel para os governantes?

      Para Maquiavel, os governantes devem ser virtuosos, ou seja, capazes de tomar decisões estratégicas e adaptar-se às circunstâncias. Ao mesmo tempo, eles devem estar preparados para lidar com os imprevistos e as mudanças que a fortuna pode trazer. A combinação de virtude e adaptabilidade é essencial para que um governante possa manter o poder e garantir a estabilidade do Estado.

 

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