Entrevista: Rosinalva
Dias, Trabalho Pedagógico de Alfabetização
Rosinalva
Dias, professora da escola pública, no ensino fundamental há 24 anos, vinte dos
quais na 1ª série, fala sobre seu trabalho na sala de aula e nos conta um pouco
de sua história profissional, na busca de uma prática educativa de qualidade e
de uma rotina adequada para o trabalho pedagógico de alfabetização.
Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj67OEVUoVRSnIQe4NymlKPNoSpO7ZnqvUP7ve6kxxSvhkn1DSthcttcS9PBeMXP1PwQ8Wf29Upga1LEoCoGqeZfPsAjOlVJg254l3yZqHlrZCJ_Sh8gRrNrBMsLVbJ4V933qDhBjyKkK7liA3vZiGQ9kKDlBfsNp_XVGVercUX-CvMEmvWqPlJB8xQCEI/s320/2%C2%BA_Sem-6_CAPA-e1597335853807.png
PROFA:
Como você planeja o trabalho nas primeiras semanas de aula?
Rosinalva:
Todo início de ano, nós, professores, ficamos ansiosos não só para conhecer os
novos alunos, como também para organizar a rotina do trabalho pedagógico nas
primeiras semanas de aula. Alguns anos atrás, isso não era muito tranquilo para
mim e nem para os meus colegas, não só porque não tínhamos claro que atividades
desenvolver, mas porque os objetivos de alcance do ano não eram discutidos pela
equipe escolar. Antes de contar o que faço hoje, nas primeiras semanas de aula,
gostaria de destacar que é importante que o professor tenha claros os objetivos
didáticos colocados para a série com a qual vai trabalhar.
PROFA: E quais são seus objetivos, em
Língua Portuguesa, para a sua classe de 1ª série?
Rosinalva:
O que espero é que meus alunos cheguem alfabetizados ao final do 1o ano, isto
é, que saibam ler e escrever com autonomia, mesmo que cometam ainda muitos
erros. Há alguns anos, venho utilizando em meu plano de trabalho os objetivos
apresentados nos Parâmetros Curriculares Nacionais. E tenho contado com a
parceria da coordenadora pedagógica da minha escola, que tem me ajudado a
compreender o real significado desses objetivos e a expressá-los de fato no meu
planejamento. Com a implementação dos ciclos em nosso município, aumentou a
minha preocupação em definir os objetivos para o ano letivo, pois o fato de não
haver retenção, entre a 1ª e a 2ª série, para os alunos que não se alfabetizam,
não significa que a grande maioria não possa aprender a ler e escrever em um
ano. Essa possibilidade depende, em grande parte, das metas que a gente traçar.
PROFA:
Alfabetizar todos os alunos em um ano não é a meta de todo professor
alfabetizador?
Rosinalva:
Sim. Todos querem que seus alunos se alfabetizem no 1º ano, mas a proposta de
organização da escolaridade em ciclos provocou algumas distorções sérias, em
alguns casos, por falta de clareza dos professores sobre os seus fundamentos.
Eu mesma cheguei a dizer que, agora, com os ciclos, os alunos teriam dois anos
para aprender a ler e escrever – o que não é a finalidade de um sistema de
ciclos –, e isso se refletiu diretamente em minha prática. O que acontecia
comigo, e acontece com muitos colegas ainda, é o seguinte: acham que se os
alunos não aprendem no 1º ano, devem começar tudo de novo no 2º e, com esse
raciocínio, repetem-se as mesmas atividades propostas no ano anterior e eles
continuam sem saber ler e escrever.
PROFA:
Conte como você organiza seu trabalho no início do ano?
Rosinalva:
Na década de 80, eu já tinha como objetivo alfabetizar todos os alunos em um
ano, mas meus primeiros dias de aula eram muito diferentes dos de hoje em dia.
Nas duas escolas públicas em que trabalhava, sempre tive de três a cinco dias
de reuniões de planejamento no início do ano, sendo que um dos dias era
reservado para organizar o trabalho na primeira semana de aula. Eu sentava com
as minhas colegas e definíamos uma série de atividades. A rotina do trabalho
proposta para a semana era mais ou menos assim:
•
Segunda-feira: apresentação dos alunos, visita à escola para
conhecer suas dependências e funcionários, desenho da escola, leitura de
história, apresentação do nome de cada criança no crachá e cópia do cabeçalho.
Apresentação da vogal A,
treinando uma página do seu traçado, levantamento de palavras que começam com A
e pintura do desenho de objetos com nomes iniciados por A.
•
Terça-feira: apresentação da vogal E, da mesma forma que foi feita a apresentação do A. Cópia
do próprio nome, construção de maquete da sala (1ª parte), desenho livre e
brincadeira no pátio.
•
Quarta-feira: Trabalho com a vogal I, tal como foi feito com o A e o E. Cópia do nome,
construção de maquete da sala (2ª parte) e leitura de história.
•
Quinta-feira: trabalho com a vogal O, tal como com as anteriores. Colagem do nome com papel
crepom, jogos, criação de uma história, oralmente, a partir de sequências de
gravuras e canto de músicas infantis.
•
Sexta-feira: trabalho com a vogal U, da mesma forma que foi feito com as anteriores. Recorte,
colagem e apresentação de uma história em vídeo.
Como se pode ver, essas
atividades pouco contribuem para que se possa conhecer quais são os saberes que
os alunos possuem quando chegam à escola e não favorecem o alcance dos
objetivos de ensino e aprendizagem em Língua Portuguesa.
PROFA:
Você diz que hoje faz um trabalho diferente. O que provocou essa mudança?
Rosinalva:
Sem dúvida o conhecimento teórico que fui construindo ao longo do tempo. Eu
sempre fiz os cursos que a Secretaria de Educação oferecia; aliás, tudo que sei
é fruto das oportunidades que tive e nunca deixei de aproveitar. Uma das
primeiras coisas que aprendi nos cursos de formação em serviço é que os alunos,
mesmo os não-alfabetizados, têm conhecimentos sobre a escrita. Lembro-me de
alunos que não usavam letras para escrever, mas que sabiam que se escreve da
esquerda para a direita e faziam garatujas imitando escritas de adultos –
conhecimentos que para mim não tinham o menor valor. Na verdade, o que fui
aprendendo sobre o que pensam os alunos a respeito da escrita foi mudando o meu
olhar e o meu jeito de trabalhar: aprendi a enxergar não mais o que eles não
sabiam, mas quais saberes já possuíam. Quando temos clareza disso, muda a nossa
relação com os alunos e o respeito intelectual por eles passa a ser muito
maior. Considerar um aluno “fraquinho”, ou considerar que ele tem pouco
conhecimento sobre a escrita, pode parecer a mesma coisa, mas não é. Essa
compreensão faz toda a diferença.
PROFA:
Saber como os alunos aprendem é suficiente para organizar uma prática
pedagógica de qualidade?
Rosinalva:
Acreditei nisso durante alguns anos. Com o tempo e muito estudo aprendi que não
é assim. É necessário ter domínio dos conteúdos que ensinamos aos alunos. Todo
professor que trabalha com a área de Língua Portuguesa precisa ter certos
conhecimentos básicos, como, por exemplo: o que é ler, o que caracteriza e o
que diferencia a linguagem oral e a escrita, para que serve a gramática, o que
é prioritário ensinar aos alunos… entre muitos outros.
PROFA:
Há outro tipo de conhecimento que o professor precisa dispor para ensinar os
alunos a ler e escrever?
Rosinalva:
Há sim. É o conhecimento didático, isto é, de como se ensina. Saber como os
alunos aprendem e dominar os conteúdos do ensino não basta: é necessário saber
como ensinar considerando os processos de aprendizagem e a natureza dos
conteúdos a serem aprendidos.
PROFA:
Mas como ensinar não foi sempre a preocupação central dos professores?
Rosinalva:
É verdade. Só que nos preocupávamos com o ensino sem considerar as formas de
aprender dos alunos. Hoje sabemos que o conhecimento didático que nos pode ser
útil se apóia nos conhecimentos sobre o sujeito da aprendizagem (o aluno) e
sobre o que é objeto de seu conhecimento (no caso da alfabetização, a Língua
Portuguesa).
PROFA:
Como esses conhecimentos a ajudaram a rever seu trabalho no início do ano?
Rosinalva:
Eu continuo sentando com os meus colegas e planejando com eles o que faremos na
sala de aula. Temos um plano anual que é sempre revisto antes de começar o ano
letivo, desde a linguagem até as propostas. Ele sofre alterações, porque
durante o ano anterior sempre aprendemos muitas coisas novas, principalmente
nas reuniões coletivas da equipe escolar. E quanto mais nosso conhecimento
avança, mais nosso olhar se renova e mais o nosso plano é aprimorado. Ele
também é modificado em função das turmas de alunos, que são sempre diferentes.
PROFA:
Então, ter um plano já definido é fundamental para planejar os primeiros dias
de aula?
Rosinalva: Sem
dúvida, mas o planejamento não é fechado, ele sofre alterações. É fundamental
que se tenha claro o que se pretende ensinar para que se possa fazer um
diagnóstico sobre o que os alunos já sabem a respeito. Isto serve não só para
Língua Portuguesa, mas para qualquer área do conhecimento.
PROFA:
Conte-nos: o que você e seus colegas fazem nas primeiras semanas do ano letivo?
Rosinalva:
A partir do plano que envolve as diferentes áreas do conhecimento, nós
priorizamos algumas para trabalhar. Na verdade, só não damos ênfase inicial a
História, Geografia e Ciências, pois organizamos as atividades dessas áreas por
meio de projetos, e estes só começam a ser desenvolvidos em meados de março.
Listamos todas as atividades que julgamos importantes para os alunos realizarem
e que podem nos dar informações sobre quais são os seus saberes em cada área a
ser trabalhada.
PROFA: E que
atividades são essas que vocês listam?
Rosinalva:
Em Língua Portuguesa, as atividades envolvem principalmente:
• leitura e escrita dos nomes
dos alunos;
• escrita de diferentes tipos
de texto curto;
• apresentação do alfabeto com
letra de fôrma maiúscula e minúscula;
• leitura diária de diferentes
tipos de textos e principalmente de boas histórias (priorizamos os contos
infantis tradicionais);
• manuseio de diferentes
portadores de texto: gibis, revistas, jornais, livros etc.
• leitura feita pelos alunos
que ainda não leem convencionalmente (para isso é necessário ir apresentando as
atividades, para que eles possam se familiarizar com as propostas);
• roda de conversa para
conhecer músicas, poemas, parlendas, quadrinhas e histórias que fazem parte do
repertório dos alunos (caso eles tenham um repertório restrito, é o momento de
ampliá-lo);
• roda de conversa informal,
de notícia, de novidades etc.
PROFA: Nas primeiras semanas os alunos
usam algum caderno?
Rosinalva:
Sim, nele os alunos registram as atividades do dia e também copiam nomes
significativos para eles: o nome da escola, seu próprio nome, os nomes dos
colegas e de outras coisas que lhes façam sentido etc. Além disso, são coladas
no caderno todas as atividades mimeografadas propostas na sala de aula. Essa é
uma forma de os pais acompanharem o trabalho que é desenvolvido na classe e os
alunos começarem a aprender os procedimentos de utilização do caderno.
PROFA:
Quais são os materiais que vocês consultam para preparar as atividades de
alfabetização?
Rosinalva:
Hoje está mais fácil a pesquisa de material para organizar as atividades
didáticas. Além de podermos contar com os PCNs, em nossa escola, por exemplo, a
coordenadora pedagógica fez um trabalho de formação, com todos os professores,
utilizando o Módulo de Alfabetização do Programa Parâmetros em Ação, o que deu
maior fundamentação para nossa prática. A coordenadora também nos apresentou
vários exemplos de atividades, por escrito e em programas de vídeo, discutindo
conosco as melhores formas de desenvolvê-las com os alunos. Também, compramos
alguns livros que foram indicados na bibliografia do Módulo de Alfabetização:
cada professor comprou um e fomos trocando entre nós.
PROFA:
Você afirmou que as primeiras semanas de aula são para conhecer os alunos? E se
eles não souberem fazer as atividades?
Rosinalva:
O objetivo é oferecer uma diversidade de situações que permitam conhecer o que
os alunos sabem e, caso não saibam o que se imaginava que soubessem, apresentar
a eles propostas que contribuam para que comecem a se familiarizar com o que
desconhecem. Os primeiros dias de aula são para o professor diagnosticar os
saberes dos alunos, mas são também para eles aprenderem muitas coisas.
PROFA:
Você não faz as atividades do chamado período preparatório?
Rosinalva:
Não faço e, para ser sincera, nunca fiz. Sempre tive uma intuição de que o
período preparatório não servia para nada. Meus alunos sempre aprenderam a ler
e escrever sem ter passado pelas atividades do período preparatório, mesmo
quando eu alfabetizava pelo método analítico-sintético. É escrevendo, copiando
textos significativos, fazendo desenhos que os alunos exercitam a coordenação
motora. É realizando as diferentes atividades de leitura e escrita propostas na
sala de aula que eles põem em uso a capacidade de discriminação visual e auditiva
e as demais capacidades que se pretende desenvolver nesse período. O período
preparatório não é condição para aprender a ler e escrever.
PROFA:
Você e os seus colegas fazem um planejamento com atividades iguais para todas
as turmas, desenvolvidas nos mesmos horários do dia?
Rosinalva:
Não. Como eu disse anteriormente, nós listamos todas as atividades das áreas a
serem trabalhadas, o que, nesse período inicial, inclui jogos de mesa e
conhecimento do espaço da escola e das pessoas que nela trabalham. Depois, cada
professor faz a organização da sua rotina semanal, considerando o que
discutimos e as necessidades específicas do seu agrupamento. Portanto, não
existe mais aquela coisa estranha de todo mundo, no mesmo horário, realizar as
mesmas atividades.
PROFA:
De onde vêm os recursos para vocês comprarem os materiais de que precisam?
Rosinalva:
Alguns vêm da verba do Fundef: foi com esse dinheiro que compramos o
mimeógrafo, o vídeo, a tevê e outros materiais para os alunos: jogos,
brinquedos e alguns materiais escolares. Os livros, recebemos do Ministério da
Educação. As revistas e gibis foram doados, inclusive por familiares dos
professores. Dificilmente podemos contar com a ajuda financeira dos pais, mas
quando fazemos festas que revertem em fundos para a escola eles comparecem e
colaboram de uma forma ou de outra. O pouco que arrecadamos, investimos em
livros e outros materiais para os alunos. Não é nada fácil, mas os resultados
são sempre gratificantes. Com o tempo a gente vai aprendendo que quando se quer
verdadeiramente algo nada nos impede de conseguir. O material que temos ainda é
pouco, mas já provocou grandes avanços em nosso trabalho.
PROFA:
Há uma pergunta que ainda gostaríamos de fazer. Como você faz quando encontra
na sua classe alunos já alfabetizados, no início do ano? Existe uma rotina
semanal diferente para eles? Não seria melhor remanejá-los?
Rosinalva:
Não é fácil responder essas questões em poucas palavras… Mas vamos lá. Em todas
as classes, há alunos que iniciam o ano alfabetizados: nesse caso, não há
necessidade de se fazer uma rotina diferenciada e sim propostas que atendam a
suas necessidades de aprendizagem. Por exemplo, quando os alunos com escrita
não-alfabética realizam uma atividade de leitura de um texto com algum tipo de
apoio que permita tornar o desafio de ler possível para eles, os alunos já
alfabetizados podem ler esse mesmo texto sem nenhum tipo de apoio, ou escrever
o texto, ditado pelo professor. Quando a proposta é de escrita, os alunos que
já estão alfabetizados escreverão de forma mais próxima da convencional e os
que ainda não estão alfabetizados escreverão conforme suas próprias hipóteses
de escrita. Durante todo o ano em minha sala de aula, há situações em que todos
realizam a mesma atividade, cada qual de acordo com a sua competência; há
situações em que o texto é o mesmo e a proposta é que varia, conforme as
possibilidades de realização dos alunos; e há situações em que as propostas são
mesmo diferenciadas. Mas isso não significa uma rotina de trabalho diferente
para alunos que já sabem ler e que ainda não sabem… E a possibilidade de
remanejamento nem passa pela nossa cabeça, por vários motivos. Em primeiro
lugar, porque é horrível para um aluno ficar mudando de professora em função do
que sabe ou não. E, depois, porque os alunos com um nível de conhecimento
superior à média da classe são informantes importantes, que em muito contribuem
com o trabalho de todos. O cuidado necessário, entretanto, é para não colocá-los
na condição de ajudantes do professor, pois eles são alunos que precisam ter
atendidas as suas próprias necessidades de aprendizagem.
PROFA: Mas,
de qualquer forma, esses alunos com mais conhecimento não ficam prejudicados?
Rosinalva:
Eu também pensava assim. Mas se eles têm suas próprias necessidades de
aprendizagem atendidas esse risco não existe. Além do que, quando esses alunos
experimentam situações em que precisam ensinar o que sabem aos colegas que
ainda não sabem, acabam aprendendo muito também. Hoje sabemos que diante da
tarefa de ensinar o outro, todo indivíduo aprende mais sobre o que ensina, pois
precisa organizar os conhecimentos disponíveis para dar explicações e elaborar
argumentações convincentes. Isto parece fácil, mas não é. Por fim, quero dizer
uma coisa que me parece necessária: ter uma classe heterogênea é muito bom para
os alunos, mas ainda um grande desafio para o professor.
Entendendo a entrevista:
01 – Qual a experiência
profissional de Rosinalva Dias no ensino fundamental, e especificamente na 1ª
série?
Rosinalva Dias tem 24 anos de experiência
no ensino fundamental em escola pública, sendo 20 desses anos dedicados à 1ª
série.
02 – Qual a principal
preocupação de Rosinalva Dias ao planejar as primeiras semanas de aula?
Sua principal
preocupação é organizar a rotina do trabalho pedagógico e ter claros os
objetivos didáticos para a série, além de conhecer os novos alunos.
03 – Qual o objetivo de
Rosinalva para seus alunos de 1ª série em Língua Portuguesa ao final do ano?
O objetivo é que
seus alunos cheguem alfabetizados ao final do 1º ano, ou seja, que saibam ler e
escrever com autonomia, mesmo que ainda cometam erros.
04 – Como a implementação dos
ciclos no município de Rosinalva influenciou sua prática e a de seus colegas, e
o que ela aprendeu sobre isso?
A implementação
dos ciclos gerou, inicialmente, a distorção de que os alunos teriam dois anos
para se alfabetizar, o que Rosinalva percebeu não ser o objetivo. Ela aprendeu
que essa mentalidade levava à repetição das mesmas atividades no 2º ano, sem
avanços, e que a definição clara de metas anuais é crucial.
05 – Qual a principal mudança
no planejamento inicial de aula de Rosinalva, em comparação com sua prática na
década de 80?
Antes, o
planejamento era focado em uma rotina rígida de apresentação de vogais e
cópias, que pouco contribuía para conhecer os saberes dos alunos. Atualmente, o
foco é em diagnosticar os conhecimentos prévios dos alunos sobre a escrita,
reconhecendo seus saberes e não apenas suas deficiências.
06 – Qual a importância do
conhecimento teórico na mudança da prática pedagógica de Rosinalva?
O conhecimento
teórico a ajudou a mudar seu olhar sobre os alunos, aprendendo que mesmo os
não-alfabetizados possuem conhecimentos sobre a escrita. Isso a fez enxergar o
que os alunos já sabiam, aumentando o respeito intelectual por eles.
07 – Além de saber como os
alunos aprendem, que outros dois tipos de conhecimento Rosinalva considera essenciais
para uma prática pedagógica de qualidade?
Ela menciona o
domínio dos conteúdos (saber o que ensinar, como ler, o que é gramática, etc.)
e o conhecimento didático (saber como ensinar, considerando os processos de
aprendizagem e a natureza dos conteúdos).
08 – Que tipo de atividades
são priorizadas por Rosinalva e seus colegas em Língua Portuguesa nas primeiras
semanas do ano letivo?
As atividades
incluem leitura e escrita de nomes, escrita de textos curtos, apresentação do
alfabeto, leitura diária de diferentes tipos de textos e histórias, manuseio de
portadores de texto (gibis, revistas), rodas de conversa sobre repertório dos
alunos (músicas, poemas), e rodas de conversa informais.
09 – Como Rosinalva lida com a
presença de alunos já alfabetizados em sua classe no início do ano?
Ela não faz uma
rotina semanal diferenciada, mas oferece propostas que atendam às necessidades
de aprendizagem de cada um. Os alunos já alfabetizados podem ler sem apoio,
escrever textos ditados ou aprofundar-se, enquanto os demais realizam
atividades adaptadas ao seu nível.
10 – Por que Rosinalva
considera uma classe heterogênea (com diferentes níveis de conhecimento)
benéfica?
Ela acredita que
é "muito bom para os alunos" porque os que têm maior conhecimento
podem atuar como informantes importantes, contribuindo com o trabalho de todos.
Além disso, ao precisarem ensinar o que sabem aos colegas, eles próprios
aprendem mais, organizando seus conhecimentos e elaborando explicações.