quinta-feira, 14 de abril de 2022

TEXTO: PLANTAS CARNÍVORAS - REVISTA RECREIO - COESÃO TEXTUAL - COM GABARITO

 Texto: Plantas carnívoras

       NHAAAC!!!

   As plantas carnívoras têm este nome porque capturam e digerem seres vivos. Mas você não precisa ter medo. Elas são tão pequenas e delicadas que não oferecem perigo para nós.

        Existem cerca de 550 espécies dessas plantas no mundo. Os cientistas acham que as primeiras surgiram na Terra há uns 65 milhões de anos, na época dos dinossauros! A maioria se alimenta apenas de animais minúsculos, mas algumas podem capturar pequenos pássaros e roedores.

        ARMADILHA

As plantas carnívoras atraem bichinhos com suas cores e perfume, mas cada espécie tem um jeito de prendê-los. Algumas se fecham, aprisionando o inseto quando ele se aproxima. Outras capturam a presa com seus pelos pegajosos. E há ainda as que têm folhas colantes. É só um bicho pousar nelas e não consegue mais sair! [...]

Recreio, n° 2.

Fonte: Gramática Reflexiva – 6° ano – Atual Editora – William & Thereza – 2ª edição reformulada – São Paulo. 2008. p. 40.

Entendendo o texto:

01 – O texto lido apresenta coerência, isto é, conexão de ideias? Por quê?

      Sim, pois as ideias têm lógica entre si, de modo que uma vai ampliando ou complementando a outra.

02 – A coerência textual está diretamente ligada à coesão textual, isto é, à conexão entre palavras e partes do texto. Observe o 1° parágrafo do texto.

a)   A que palavra ou expressão empregada anteriormente se referem a expressão este nome e a palavra elas?

Referem-se à expressão plantas carnívoras.

b)   A palavra mas liga duas ideias do texto: o fato de as plantas digerirem seres vivos e a possibilidade de o leitor ter medo das plantas. Que sentido a palavra mas expressa nesse contexto? Marque a melhor opção:

Adição      Oposição      Causa      Consequência.

03 – No 2° parágrafo do texto, as expressões dessas plantas, as primeiras, a maioria e a palavra algumas retomam uma mesma expressão do 1° parágrafo. Qual é ela?

      Espécies dessa plantas.

04 – Observe o 3° parágrafo. A que palavra ou expressão se refere:

a)   A palavra suas?

Plantas carnívoras.

b)   A palavra los, em “perde-los”?

Bichinhos.

c)   As palavras algumas e outras?

Plantas carnívoras.

 

REPORTAGEM: A PRIMEIRA REBELIÃO - JORNAL DO BRASIL - COM GABARITO

 Reportagem: A primeira rebelião

      A palavra robô foi criada pelo dramaturgo e romancista tcheco Karel Capek, nascido em 1890 e morto em 1938. É um neologismo do tcheco robota, que significa trabalho. Foi introduzida na peça teatral R. U. R. (Rossum’s Universal Robots), representada pela primeira vez no Teatro Nacional, de Praga, em 1921. É uma peça de ficção científica e faz parte de um ciclo que inclui as novelas A Guerra das Salamandras e Fábrica do Absoluto, onde Capek (pronuncia-se Tchapek) satiriza a automatização do trabalho, o nazismo e as utopias inacessíveis.

      R. U. R. se passa nos tempos futuros, numa ilha de propriedade de um certo Rossum (tirado do tcheco rozum, que significa razão). R. U. R. É uma fábrica de operários-artificiais, os robôs. Em 1932 Rossum descobriu o segredo da matéria viva e tentou fabricar homens; um sobrinho aperfeiçoou a ideia, simplificando a anatomia humana e permitindo a fabricação em série.

        Dez anos mais tarde eclode uma revolução dos robôs, convencidos de que sua fabricação impede os nascimentos naturais. A ação da peça se concentra na tentativa de descobrir os planos originais de Rossum. Os planos, no entanto, são queimados – o que impede a fabricação de robôs dóceis para combater os robôs rebeldes.

        Um médico, Gall, dotou algumas centenas de robôs da faculdade de excitação nervosa. Os robôs rebeldes massacram todos os seres humanos (à exceção de Alquist, o único que trabalha com suas próprias mãos). O comitê governante dos robôs pede a Alquist para fabricar homens artificiais, coisa que ele não consegue. No último ato, a humanidade será salva por dois jovens robôs, Primus e Helena, que, na verdade, são humanos, porque se amam. E a história da humanidade começa novamente.

Jornal do Brasil, 9 dez. 1981.

Fonte: Português – Linguagem & Participação, 6ª Série – MESQUITA, Roberto Melo/Martos, Cloder Rivas – Ed. Saraiva, 1ª edição – 1998, p. 235.

Entendendo a reportagem:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Satiriza: ridiculariza.

·      Nazismo: sistema político totalitário implantado na Alemanha de 1933 até o final da Segunda Guerra Mundial.

·        Utopia: ideal impossível de se realizar.

·        Inacessível: que não se pode alcançar.

·        Eclode: surge, vem à luz.

02 – Conforme o texto, explique o título do texto (peça).

      Refere-se a uma fábrica de operários-artificiais, os robôs.

03 – Quem era Rossum e qual sua descoberta?

      Rossum era o proprietário de uma ilha. Ele descobriu o segredo da matéria viva e tentou fabricar homens.

04 – A ação da peça se passa entre 1932-42. Por que, mesmo assim, é considerada uma obra de ficção científica?

      Porque, como foi escrita em 1921, também fazia projeções para o futuro, falando de automatização do trabalho, algo muito distante do desenvolvimento tecnológico de então.

05 – O que há em comum no enredo dessa peça?

      Ela fala de seres artificiais que se comportam como serres humanos. Ele fala em acontecimento futuro. É uma obra de ficção científica.

06 – Como você vê as tentativas de o homem criar máquinas que, à sua imagem e semelhança, realizam atividades que, até há pouco, eram exclusivas dos humanos? Justifique sua opinião.

      Resposta pessoal do aluno.

CONTO: OS CARROS AUTOMÁTICOS - ISAAC ASIMOV - COM GABARITO

 CONTO: Os carros automáticos

           Isaac Asimov

        Sentamos no banco embaixo do velho carvalho. Dali dava para avistar toda a extensão do pequeno lago e a rodovia particular que tínhamos do lado oposto. Era um dia quente, os carros estavam do lado de fora, distraindo-se – uns trinta deles, pelo menos. Mesmo a distância eu podia ver que Jeremiah estava entregue à sua brincadeira de costume, acompanhando em marcha lenta um dos modelos mais sérios, mais antigos, e de repente arrancando em plena potência, cantando pneus e o ultrapassando com estridência em questão de segundos. Há duas semanas ele tinha assustado o velho Angus, fazendo-o perder a direção e sair do asfalto; aí tive que desligar seu motor por dois dias.

        Pelo que vejo agora, não adiantou muito; parece que não há nada a fazer. Jeremiah é um desses modelos esportivos, eles são assim mesmo, dão o maior trabalho.

        -- Muito bem, Sr. Gellhorn – falei. – Quais são as informações que deseja?

        Mas o cara estava distraído, olhando em redor.

        -- Que lugar fantástico, Sr. Folkers.

        -- Pode me chamar de Jake. Todo mundo chama.

        -- Ok, Jake. Quantos carros você tem aqui?

        -- Cinquenta e um. Todo ano chegam mais um ou dois. Houve um ano em que vieram cinco. Até agora não perdemos nenhum. Estão todos funcionando perfeitamente. Temos até mesmo um Mat-O-Mot de 2015 em perfeito funcionamento. Um dos primeiros automáticos. Foi o primeiro carro que trouxemos para cá.

        O velho Matthew. Agora ele costumava ficar na garagem a maior parte do dia, afinal de contas ele era o avô de todos os carros positrônicos. Da época em que os carros automáticos eram utilizados apenas por veteranos de guerra, paraplégicos e chefe de Estado. Mas naquela época Samson Harridge era meu patrão, ele era rico o bastante para ter um carro automático. Eu era seu chofer.

        Pensar naquilo fez com que me sentisse velho. Sou do tempo em que não existia um único automóvel no mundo capaz de encontrar sozinho o caminho de casa. Já dirigi umas coisas enormes e desajeitadas cujo motorista não podia tirar as mãos do volante por um só momento. Monstrengos desse tipo matavam dezenas de milhares de pessoas todo ano.

        Os automáticos resolveram esse problema. Um cérebro positrônico pode reagir muito mais rápido do que um cérebro humano, claro, e as pessoas não tinham que manter as mãos nos controles o tempo inteiro. Sentavam ao volante, digitavam as instruções sobre o trajeto e o carro fazia o resto sozinho.

        Hoje em dia todo mundo já está acostumado, mas eu me lembro de quando surgiram as primeiras leis retirando das autoestradas os carros velhos e só autorizando viagens em carros automáticos. Deus do céu, que balbúrdia. Disseram que isso era fascismo, que era comunismo, mas o fato é que as estradas ficaram muito mais tranquilas e as mortes por acidentes pararam como por encanto; um número muito maior de pessoas passou a viajar com muito mais segurança.

        Claro que os automáticos eram de dez a cem vezes mais caros do que os carros manuais, e não havia muita gente que pudesse pagar esse preço. A indústria começou a derivar para a produção de ônibus automáticos. A qualquer momento você podia chamar uma empresa e em poucos minutos ter um desses ônibus à sua porta, indo na direção que você queria. Você tinha que viajar ao lado de outras pessoas que iam para o mesmo lado, mas qual era o problema?

        Samson Harridge, no entanto, tinha um automóvel particular, e eu fui contra ele desde o instante em que o vi. Naquele tempo, eu não via o tal carro como “Matthew”, não podia imaginar que ele se tornaria no futuro o decano de nossa Fazenda. A única coisa que eu sabia era que aquele carro ia me jogar no desemprego, por isto o odiei.

        Falei:

        -- Bem, acho que não vai mais precisar de mim, Sr. Harridge.

        -- Ora, Jake, que bobagem está me dizendo? – foi a resposta dele. – Você não está pensando que vou deixar essa geringonça tomar conta de mim, não é mesmo? Você é quem vai ficar ao volante.

        Eu falei:

        -- Mas esse carro funciona sozinho, Sr. Harridge. Ele capta e analisa a imagem da estrada, evita os obstáculos, sejam eles carros ou pedestres, e arquiva os trajetos na memória.

        -- Sim, é o que dizem. Mesmo assim, prefiro que você esteja sentado ao volante, no caso de alguma coisa não correr bem.

        É engraçado como a gente pode chegar a se afeiçoar a um carro. De um dia para o outro eu já o tinha batizado de Matthew e passava a maior parte do tempo dando polimento nele, checando o motor. Um cérebro positrônico funciona melhor quando está em contato permanente com o seu “corpo”, ou seja, o chassi, de modo que ajuda bastante se a gente mantiver o tanque cheio para que o motor possa ficar ligado dia e noite. Depois de algum tempo acostumei-me tanto àquilo que bastava ouvir o som do motor para saber como Matthew estava se sentindo.

        O Sr. Harridge também gostava muito de Matthew, ao seu modo. Ele não tinha ninguém mais para gostar. Tinha ficado sem três esposas, através da viuvez ou do divórcio; e acabou vivendo mais tempo do que cinco filhos e três netos. Desse modo, quando morreu não foi surpresa para ninguém que ele fizesse converter suas propriedades numa Fazenda para Automóveis Aposentados, onde eu era o curador e Matthew o primeiro membro de uma família que viria a se tornar ilustre.

        Minha vida passou a ser apenas isso. Nunca me casei. Você não pode ser casado e ao mesmo tempo se dedicar a carros automáticos de uma maneira adequada.

Sonhos de Robô. São Paulo, Record, 1991. p. 151-153.

Fonte: Português – Linguagem & Participação, 6ª Série – MESQUITA, Roberto Melo/Martos, Cloder Rivas – Ed. Saraiva, 1ª edição – 1998, p. 231-4.

Entendendo o texto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Carvalho: tipo de árvore.

·        Extensão: tamanho.

·        Estridência: barulho em tom alto.

·        Positrônico: referente ao pósitron antipartícula do elétron (parte do átomo).

·        Paraplégicos: pessoas com problemas de locomoção, com paralisia de certos membros.

·        Balbúrdia: confusão.

·        Fascismo: sistema político muito autoritário.

·        Comunista: pensamento político que proíbe a propriedade particular dos meios de produção.

·        Decano: o mais velho.

·        Geringonça: máquina estranha, engenhoca.

·        Converter: transformar.

·        Curador: aquele que cuida de uma instituição cultural.

·        Adequada:  certa, correta.

02 – Onde acontecem os fatos apresentados no texto?

      Os fatos acontecem em um museu de automóveis automáticos.

03 – Quando acontecem esses fatos?

      Esses fatos acontecem num futuro distante, em algum ponto do século XXI.

04 – Quem são Jeremiah e Matthew?

      São carros automáticos: Jeremiah é um carro esportivo, brincalhão e “sem juízo”; Matthew é o mais velho dos carros automáticos, o primeiro que foi trazido pelo milionário.

05 – Quem é o narrador? O que sabemos dele?

      O narrador é Jake Folkers, motorista do falecido milionário Samson Harridge. Jake é solteiro e cuida do museu dos carros automáticos.

06 – Como são os carros automáticos? Que habilidades eles têm?

      Os carros automáticos dirigem a si mesmos. Chegam a ter vida própria: captam e analisam a imagem da estrada, evitam obstáculos e arquivam os trajetos na memória.

07 – Qual é a grande vantagem dos automóveis automáticos sobre os atuais?

      A vantagem é a segurança. Os automóveis automáticos praticamente não sofrem acidentes, evitando automaticamente carros e pedestres.

08 – Como se sentia o senhor Harridge quanto aos carros automáticos?

      Devia gostar muito deles porque destinou sua fortuna para um museu de carros automáticos.

09 – E Jake Folkers, como se sentia com relação aos carros automáticos?

      Igualmente, devia gostar deles, pois nem se casou para dedicar-se ao museu de carros automáticos “de maneira adequada”.

10 – O texto se passa no século XXI. As personagens se comportam de modo diferente dos seres humanos?

      A pergunta é especulativa. As personagens se comportam como os seres humanos atuais. A diferença reside no comportamento das máquinas.

11 – Você gostaria de possuir um carro automático? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno.

 

 

REPORTAGEM: TECNONAVEGANTES - SILVIO FERRAZ - REVISTA VEJA - COM GABARITO

 Reportagem: Tecnonavegantes

            Computador à prova d’água, satélites e novos materiais simplificam as expedições no mar

Silvio Ferraz, de Porto Belo

        Ao zarpar da Espanha, em 1519, com cinco naus e 267 homens, o português Fernão de Magalhães levava o que havia de mais moderno em navegação: a bússola coma rosa-dos-ventos de 360 graus. Foi tudo que precisou para a primeira expedição a dar a volta na Terra pelos oceanos. Quase cinco séculos depois, a tecnologia o distancia tanto dos navegadores de hoje quanto o 14Bis de Santos Dumont de um caça supersônico. O telefone portátil por satélite transmite voz, imagens e dados de qualquer ponto do planeta, mesmo em alto-mar e sob forte tempestade. Cartas náuticas são digitalizadas, “lidas” por computador e jogadas para uma rede de satélites, que indicam a perfeita localização do barco direto para o piloto automático. O material do mastro de um veleiro é igual ao usado nos foguetes espaciais. Todas essas novidades fazem parte de duas expedições brasileiras cujo objetivo é fechar o milênio navegando ao redor do mundo em roteiros pouco convencionais.

        Nesta semana levanta ferros na pequena enseada de Porto Belo, em Santa Catarina, o barco Avsso (perfeito, em tupi), sob o comando de Vilfredo Schurmann e sua família. A nova meta dos Schurmann é repetir a rota de Fernão de Magalhães e completa-la nos 500 anos da descoberta do Brasil, em 22 abril de 2000. Dentro de um ano e meio será a vez de Amyr Klink dar início a uma volta ao mundo contornando os polos Norte e Sul a bordo de seu novo barco, o Paratii II. Mais do que o roteiro da aventura, o que impressiona nos dois barcos é a parafernália tecnológica de última geração. De comum, mesmo, entre Magalhães e os tecnonavegantes só a coragem e o amor ao desafio dos mares.

        No barco de Klink, os avanços tecnológicos começam pelo casco – feito de alumínio especial – e vão até o mastro de fibra de carbono, material usado para fabricar os foguetes da NASA, a agência espacial americana. O novo barco, ainda em construção, terá portentosos 93 pés de comprimento (cerca de 28 metros). Planejado para enfrentar as condições mais adversas, poderá estocar alimento e fornecer água potável (por meio de dessalinizadores) par dez tripulantes durante até quatro anos, sem aportar uma ´nica vez em terra firme. Se faltar combustível, o Paratii II terá dois geradores eólicos para produzir energia. Seu custo de fabricação deixaria os reis de Espanha e Portugal, principais financiadores das grandes expedições do século XV, de cabelos arrepiados: 6 milhões de reais.

        Rede de satélites

        No caso dos Schurmann, o veterano barco que a família usou para dar a volta ao mundo durante dez anos – numa viagem concluída em 1994 – teve tudo trocado, com exceção da estrutura, um projeto francês com casco de ferro e comprimento de 55 pés (16,7 metros). O veleiro ganhou uma vestimenta tecnológica que consumiu 600.000 reais, em números redondos. Não só para navegar com mais precisão e segurança, como para transformar a viagem numa aventura virtual da qual participarão estudantes e “marinheiros” de poltrona, em todo o mundo, através da Internet. O barco é equipado com dois computadores de mesa e outros dois portáteis, ligados a um sistema de transmissão de alta potência e versatilidade. Outra vedete a bordo é o Gap – um sistema de voz e imagem para teleconferências. Tudo isso vai permitir que, durante os dois anos e meio de circunavegação, informações atualizadas sobre a viagem sejam distribuídas diariamente pela Internet.

        Quem não se recorda da Guerra do Golfo, há quase sete anos, na qual o jornalista Peter Arnett, da CNN, se celebrizou por ser o único com equipamento capaz de transmitir notícias de uma Bagdá em chamas? Arnett usava um telefone do tamanho de uma mal de viagem, pesando 20 quilos, e uma antena com o diâmetro de um guarda-sol. O barco dos Schurmann tem essa maravilha tecnológica, com uma diferença: hoje, ela pesa menos de 1 quilo e tem o tamanho de um CD player portátil. De fabricação norueguesa, o telefone pode ficar exposto às intempéries e manter a qualidade de sua transmissão mesmo em meio a um temporal – seja de voz, faz ou imagens digitalizadas. A tampa substitui o enorme guarda-sol que Arnett usava como antena. Basta ao usuário digitar um comando e uma senha para o aparelho procurar o satélite mais próximo e iniciar a transmissão. Seu custo: 34.800 dólares.

        O barco encontra-se também conectado à rede internacional de emergência Trimble: um aperto no botão vermelho é suficiente para uma rede de satélites espalhar entre barcos e navios o pedido de socorro urgente. Vários desses objetos, até há pouco privativos das Forças Armadas americanas, não podiam sequer ser cogitados para uso em veleiros em virtude de seu excessivo peso. Uma simples antena pesava 135 quilos. Os fabricantes esmeraram-se para possibilizar o convívio dessas máquinas maravilhosas e altamente sensíveis com a salinidade do meio ambiente, conseguindo tornar a maioria à prova d’água.

        Mar bravio e gelo

        Amyr Klink foi buscar o alumínio especial para seu Paratii II na França, depois de dedicada pesquisa. Afinal, o barco enfrentará frio intenso, mares bravios e muito gelo pelo proa. Seu projeto é circunavegar no sentido longitudinal, contornando os polos. Era preciso compatibilizar resistência com leveza. “Escolhi o alumínio estrudado, obtido com moderna tecnologia, cujo processo de fabricação é semelhante ao da máquina de fazer macarrão”, simplifica Klink. Mas a grande novidade do novo barco é mesmo o mastro de fibra de carbono, que fica em pé sem o auxílio de estaiamento. Um mastro comum é ligado a uma série de cabos de aço, que distribui a força do vento pelas velas e o mantém em pé. Para ter uma ideia, o Paratii I, usado por Klink na viagem à Antártida, tem dezessete cabos de aço e em cada um desses cabos há dois terminais com quatro pinos cada um. Se um único pino desses cair, o mastro desaba. O novo mastro, com tecnologia inglesa chamada de aerorig, parece um T invertido, gira 360 graus e não é ligado a nenhum cabo de aço. “Isso representa uma brutal facilidade para o navegador solitário”, diz Klink. “Um barco com esse mastro pode fazer manobras radicais a poucos metros de distância da costa. Não é preciso nem ligar o motor. Podem-se usar as velas até o último momento.”

        A data da partida de Klink ainda não está definida (provavelmente no começo de 1999), mas o barco sairá, como sempre, de Parati, na costa do Rio de Janeiro. Dali, o navegador segue para o Polo Norte num percurso que poderá durar de um a dois anos. Completada a empreitada, o próximo desafio é o grande canal da China, onde pretende passar oito meses. Em seguida, a Antártida, que hospedará o Paratii II por oito meses, antes do retorno ao Brasil. No total, a viagem deve durar cerca de quatro anos. Ao contrário das vezes anteriores, Klink terá companhia nessa viagem: “Vou levar sete cientistas comigo para realizar pesquisas e produzir documentários”, explica.

Com reportagem de Virginie Leite (Revista Veja, 26 nov. 1997).

Fonte: Português – Linguagem & Participação, 6ª Série – MESQUITA, Roberto Melo/Martos, Cloder Rivas – Ed. Saraiva, 1ª edição – 1998, p. 212-4.

Entendendo a reportagem:

01 – Qual é o tema deste texto?

      Trata-se de tema relacionado a navegantes modernos.

02 – Qual é o aspecto das navegações solitárias que o texto destaca?

      É o grande desenvolvimento tecnológico. Equipamentos antes pesados transformaram-se, foram reduzidos e tiveram sua qualidade aumentada.

03 – Quais são as qualidades humanas sempre necessárias aos navegadores.

      São o amor ao desafio dos mares e a coragem.

PESQUISA: O FIM DO MITO - CARLA GULLO E RITA MORAES - COM GABARITO

 Pesquisa: O fim do mito

Pesquisa exclusiva ISTO É/Brasmarket mostra que os brasileiros assumem o preconceito racial e derrubam a tese da convivência pacífica entre negros e brancos, apesar da liderança de Celso Pitta na disputa da prefeitura paulista

                Carla Gullo e Rita Moraes

        A maior cidade do país pode ter seu primeiro prefeito negro eleito pelo voto. Celso Pitta, ex-secretário de Finanças de Paulo Maluf, não para de subir nas pesquisas e causa surpresa aos analistas de plantão. Não pelo seu currículo ilustrado nos Estados Unidos e na Inglaterra, mas pelo comportamento do eleitorado tradicionalmente conservador. O poder, em princípio, sempre pertenceu aos brancos. O fato de em 442 anos de existência São Paulo nunca ter feito um prefeito negro é um sintoma de uma doença muito mais profunda que se espalha por todo o território nacional. O Brasil sofre de um intenso e silencioso racismo, especialmente contra o negro.

        O mito da democracia racial começa a cair por terra. No entanto, este é o segundo maior país de descendentes afros do mundo, com mais de 65 milhões de negros e mestiços. Só perde para a Nigéria, com uma população de 112 milhões de habitantes. A ascensão de Pitta não significa a derrubada da barreira do preconceito. Para muitos especialistas se o candidato fosse de uma classe mais baixa, não tivesse estudo e o apadrinhamente de Paulo Maluf, jamais alcançaria índices tão elevados nas pesquisas. “Esses itens superam a rejeição”, diz a historiadora Maria Luiza Tucci Carneiro, da Universidade de São Paulo, autora do livro O racismo na história do Brasil, da editora Ática. Embora o preconceito de cor e classe seja mudo, a população sabe que este País discrimina. “O brasileiro tende a ser politicamente correto e tem dificuldade de assumir o racismo. Mas reconhece o problema, nem que seja no outro”, afirma o sociólogo Carlos Hasenbalg, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro. Pesquisa exclusiva ISTO É / Brasmarket confirma a tese dos analistas. Um levantamento realizado em 11 capitais mostrou que 83% dos entrevistados acreditam que existe segregação em relação aos negros. A discriminação aos pobres também foi citada: 90,3% acham que há preconceito contra as classes mais baixas.

        Em São Paulo, esses índices são de 84% e 74,8%. Do total de entrevistados, 36% dizem que a discriminação acontece mais no convívio social que no trabalho (18,2%) ou na escola (3,5%). Quase 220% dos brasileiros, contudo, acham que a discriminação contra o negro se dá em todas as áreas. Na capital paulista, os nordestinos são rejeitados. Para 58,9% dos paulistanos é importante tomar medidas que desestimulem a vinda deles para o Sul e o Sudeste e 37,7% acham que essa migração agrava os problemas da cidade. “O nordestino representa o mestiço. Por isso a discriminação se estende a eles”, afirma a historiadora Maria Luiza. O preconceito, mesmo que indiretamente, acaba respingando em Luiza Erundina, apesar de ela ser a segunda colocada na disputa em São Paulo. Ela não é negra, mas vem de uma classe mais baixa, é mulher e, não bastasse, nordestina. “Esse último atributo é o pior a ser vencido”, acredita a candidata. Erundina furou o cerco em 1988, quando foi eleita prefeita da cidade. Ironicamente, na época, sua vitória foi atribuída a uma reação anti-malufista. Hoje, Paulo Maluf refez sua imagem e reconquistou seu eleitorado. “Na rasteira, ele leva milhares de nordestinos mais pobres que tentam imitar a classe média”, explica a antropóloga Terezinha Bernardo, da PUC de São Paulo. “A classe média, por sua vez, não tem ideias próprias. Ela se espalha na elite e muitas vezes é ainda mais conservadora”, acredita. A senadora negra Benedita da Silva, que disputou a Prefeitura do Rio em 1992 com o prefeito César Maia, não teve a mesma sorte de Pitta. “Faziam gestos de macaco para mim e diziam que eu ia plantar bananeira no Palácio”, lembra ela. “Eu era discriminada por ser negra, favelada e mulher”.

Revista ISTO É, 4 set. 1996. p. 74-6.

Fonte: Português – Linguagem & Participação, 6ª Série – MESQUITA, Roberto Melo/Martos, Cloder Rivas – Ed. Saraiva, 1ª edição – 1998, p. 185-6.

Entendendo a pesquisa:

01 – De acordo com o texto, de que se trata?

      Trata-se do preconceito racial. Embora tenha como ponto de partida a eleição de Celso Pitta.

02 – Qual é o tipo do texto quanto à forma?

      É um texto jornalístico que apresenta dados reais e comenta comportamentos e atitudes de brasileiros realmente existentes.

03 – Qual foi o acontecimento que provocou a pesquisa ISTO É / Brasmarket?

      Foi a possibilidade de São Paulo ter o primeiro prefeito negro da sua história.

04 – Por que o problema do racismo é importante em nosso país?

      É importante porque vivem no país mais de 65 milhões de negros. O Brasil é o segundo país de descendentes afros do mundo.

05 – Além dos negros, segundo o texto, quem mais é vítima de discriminação no nosso país?

      Também são discriminados os nordestinos e os mais pobres.

 

PESQUISA: A TELEVISÃO E VOCÊ - CARLOS ALBERTO DI FRANCO - COM GABARITO

 Pesquisa: A televisão e você

              Carlos Alberto Di Franco

 Pesquisa realizada pelo Jornal da Tarde nos dias 12 e 13 de junho comprovou que a televisão, por falta de conteúdo e pela pragmática estratégia de que conquistará audiência com cenas de violência e sexo pesado, se transformou num contínuo clip, assanhado e desregrado, em que as imagens deixaram de se relacionar diretamente com o que está sendo dito, espelho de sua indigência conceitual.

        A pesquisa abrangeu 14 horas de programação, das 8 às 22 horas, incluindo comerciais e programas jornalísticos. Foram analisadas sete emissoras de sinal aberto (Bandeirantes, CNT, Cultura, Globo, Manchete, Record e SBT) e cinco canais por assinatura (Cartoon Network, Fox, HBO, Telecine e TNT). Os canais pagos apresentaram os maiores índices de cenas de violência. Em relação a sexo, drogas e comportamentos antissociais, o ranking ficou dividido entre as emissoras de sinal aberto e as TVs por assinatura.

        Em fevereiro de 1991, na véspera da entrada em vigor do Código de Ética da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), afirmei que a televisão dava um passo importante em direção ao profissionalismo e aos seus deveres éticos e sociais. O código, uma resposta voluntária e sem tutela governamental aos apelos da sociedade, indicava um esforço de responsabilidade editorial por parte da TV brasileira. Defendi, então, um crédito de confiança ao trabalho da Abert.

        Frustrou-se a minha expectativa. O documento, na opinião de inúmeros telespectadores, é um jogo de faz-de-conta. Para verificar a esquizofrenia entre o discurso e a prática não é necessário enfrentar uma noite insone. Basta recorrer à programação da tarde. Segundo a pesquisa do JT, grande parte das cenas é levada ao ar em horários em que o público é predominantemente infantil. A sociedade, atônita e inerte, assiste a uma escalada de corrupção light de menores. A passividade é, de longe, a pior sequela dos 20 anos de ditadura. A cidadania morre na garganta. E a lei não sai do papel.

        O artigo 5°, inciso IX, da Constituição diz que é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença. Esquece-se, no entanto, que essa mesma Constituição determina enfaticamente no seu artigo 221, inciso IV, que as emissoras de rádio e televisão respeitem “os valores éticos e sociais da pessoa e da família”. O direito à liberdade de expressão, inerente à democracia, nada tem que ver com o auê que invadiu a tela mágica. (...)

        Sobram lamúrias, mas faltam iniciativas. Documentos de auto-regulamentação, sérios e operativos, estão aí. Basta invoca-los. Qualquer cidadão pode recorrer ao Código de Defesa do Consumidor ou descobrir as possibilidades do excelente Código de Auto-Regulamentação Publicitária. Por que não tentar a sinceridade d Abert? Você, caro telespectador, já pensou, por exemplo, na eficácia de uma carta dirigida a um jornal ou de um simples telefonema a um anunciante?

        Como salientou Millôr Fernandes, armado de afiada ironia, “Cidadão, num país em que não há qualquer cidadania, passou a significar só cidade grande”. A observação é aguda e dramática. Padecemos de conformismo crônico. Mas atitudes letárgicas não costumam favorecer a liberdade. É preciso fugir do anonimato e exercer os direitos do consumidor. Não clame por censura. Ela é ilusória e, frequentemente, perniciosa. Exija qualidade. Instrumentos não faltam. Talvez, caro leitor, só falte você.

O Estado de S. Paulo, 8 jul. 1996.

Fonte: Português – Linguagem & Participação, 6ª Série – MESQUITA, Roberto Melo/Martos, Cloder Rivas – Ed. Saraiva, 1ª edição – 1998, p. 168-9.

Entendendo a pesquisa:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Pragmática: voltada para a prática.

·        Estratégia: planificação das atitudes a tomar para alcançar uma vitória.

·        Atônita: aturdida, estonteada.

·        Inerte: sem reação, imóvel.

·        Indigência: pobreza.

·        Sequela: dano deixado por uma doença.

·        Conceitual: de ideias, de opiniões.

·        Enfaticamente: de modo forte, insistentemente.  

·        Desregrado: sem regras, desenfreado.

·        Inerente: próprio de.

·        Ranking: lista organizada dentro de um critério.

·        Auê: tumulto, confusão.

·        Éticos: relativos aos valores morais.

·        Lamúrias: queixas, reclamações.

·        Código: conjunto de normas.

·        Letárgicas: inertes, apáticas.

·        Tutela: direção, comando.

·        Eficácia: qualidade do que produz efeito.

·        Insone: sem dormir.

·        Ilusória: enganosa.

·        Esquizofrenia: nome de uma doença mental que afasta a pessoa da realidade.

·        Perniciosa: prejudicial.

02 – O que descobriu a pesquisa promovida pelo Jornal da Tarde?

      A pesquisa descobriu que a televisão abusa de cenas de sexo e violência para obter audiência.

03 – Qual é a opinião do autor sobre o Código de Ética da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão, à Abert?

      Na opinião do autor, o código não funciona: propõe um tipo de regulamentação que as TVs não seguem.

04 – Como é a programação da tarde das emissoras de televisão? Que efeito ela produz sobre o público de menores?

      Ela corrompe o público, apresentando programas totalmente inadequados a uma assistência predominantemente infantil.

05 – Você acredita que a programação das rádios e da televisão respeitam os valores éticos e sociais da pessoa e da família? Justifique sua resposta.

      Resposta pessoal do aluno.

06 – Qual a solução proposta pelo articulista do Jornal? Você a considera viável? Por quê?

      Ele propõe que o cidadão deixe de lamúrias e comece a agir. Sugere que, por exemplo, se mandem cartas às emissoras, aos jornais e se telefone aos anunciantes.