segunda-feira, 9 de novembro de 2020

POEMA: A PESCA - AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA - COM GABARITO

 Poema: A pesca 

  Affonso Romano de Sant'Anna

O anil
O anzol
O azul

O silêncio
O tempo
O peixe

A agulha
vertical
mergulha

A água
A linha
A espuma

O tempo
O peixe
O silêncio

A garganta
A âncora
O peixe

A boca
O arranco
A rasgão


Aberta a água
Aberta a chaga
Aberto o anzol

Aquelíneo
Ágil-claro
Estabanado

O peixe
A areia
O sol.

                                              SANT’ANNA, Affonso Romano de. Poesia sobre poesia. Rio de Janeiro, Imago, 1975. p.145.

                                 Fonte: Livro – Português – 5ª Série – Linguagem Nova – Faraco & Moura – Ed. Ática -  2002 – p. 183.

Entendendo o poema:

01 – Qual o tema retratado no poema?

         De uma pescaria, desde sua preparação até pescar o peixe.

02 – Podemos afirmar que o poema retrata uma sequência de acontecimentos ou uma cena estática? Justifique.

       Sim, retrata uma sequência de acontecimentos. O começo do dia, a preparação; depois – à espera do peixe; e em seguida – o movimento da agulha dentro d’água, e assim por diante.

03 – Qual é a forma verbal usada para expressar ações?

         Presente do Indicativo

 04 - No poema a sequência dos versos procura reproduzir as ações envolvidas no ato de pescar. No entanto, há apenas um verbo. Identifique-o.

O verbo é mergulha.

05 - Que classes de palavras predominam no poema? Que efeito se obtêm com esse predomínio?

Substantivos. Um efeito de palavras soltas.

06 - Cada estrofe ou conjunto de estrofes representa um momento da pescaria. Identifique-o

  1° a 2° estrofe: Ele está se preparando para jogar a isca (começando a pescar);
    3° e 4° estrofe: Ele joga a linha na água;
    5° estrofe: Ele está esperando o peixe vir para pegar a isca;
    6° e 7° estrofe: Ele consegue pegar o peixe;
    8° e 9° estrofe: Ele tira o peixe do anzol e o peixe, se estabanando;
    10° estrofe: O peixe, enfim, pula pra areia.

07 - A penúltima estrofe é formada por adjetivos. Indique quais deles remetem à ideia de movimento e explique a importância desse traço para o poema.

Ágil-claro e estabanado. Pelo simples fato de ser passar a ideia de que o peixe está se debatendo para se libertar do homem.

08 -  A palavra aquelíneio não faz parte do léxico português. Em comparação com longilíneo (''de forma longa e fina''), que significado é possível atribuir a ela?

Significa: de forma, podemos dizer, de forma "aquática" e fina.

 

POESIA: VÍCIO DA FALA - OSWALD DE ANDRADE - COM GABARITO

 Poesia: Vício da fala

   Oswald de Andrade

Para dizerem milho dizem mio

Para melhor dizem mió

Para pior pió

Para telha dizem teia

Para telhado dizem teiado

E vão fazendo telhados.

Disponível em: Acesso em: 20 set. 2017.


Entendendo a poesia:

01 – A poesia a seguir, intitulada de “Vício da fala”, de autoria de Oswald de Andrade, é um texto característico do modernismo brasileiro de primeira fase, cuja característica é a crítica bem-humorada da cultura e da sociedade brasileira. Com base nisso, escolha a alternativa que melhor descreve essa crítica trazida pelo texto:

a)   O poeta retrata a realidade dura dos trabalhadores da construção civil, mas entende que o trabalho manual é muito lento, por esse motivo eles não conseguem estudar.

b)   O poeta retrata a realidade dura dos trabalhadores da construção civil, criticando o ensino da língua portuguesa nas escolas como insuficiente para ensinar o português padrão.

c)   O poeta retrata a realidade dura dos trabalhadores que constroem as cidades e que, por sua vez, carecem de oportunidades para uma vida melhor, como a educação, por exemplo.

d)   O poeta retrata uma realidade social caracterizada pela diferença de classes sociais, já que os trabalhadores não podem comprar o material para os telhados que eles constroem.

02 – A poesia “Vício da fala” é um texto do movimento modernista brasileiro, que, em sua primeira fase, teve seu auge nos anos 20 com a Semana de Arte Moderna de São Paulo, que se tornou o marco inicial do próprio movimento. Nessa semana, os expoentes da arte modernista brasileira puderam apresentar seus trabalhos relacionados à arte, à literatura etc. Considerando-se a crítica trazida pela poesia “Vício da fala” e as próprias características desse movimento, escolha a alternativa que melhor resume esse modernismo de primeira fase:

a)   Movimento de encontro de uma identidade nacional por meio da descrição de paisagens idílicas e tipos humanos brasileiros apresentados como heróis.

b)   Movimento de vanguarda que procurou romper com os modelos tradicionais, principalmente europeus, buscando sua própria identidade artística.

c)   Movimento experimental que valorizou a mistura de sensações muito mais do que o sentido estrito das imagens e palavras em relação à realidade.

d)   Movimento que buscou, por meio da arte e da literatura, reconstruir de forma clara e objetiva os dados da realidade vivida nos meios urbanos e rurais.

 

03 – Sobre o poema de Oswald de Andrade, julgue as seguintes proposições:

I. O poema de Oswald de Andrade volta-se contra o preconceito linguístico e nos chama a atenção para a necessidade de uma espécie de ética linguística pautada na diferença entre as línguas, nesse caso em uma única língua.

II. O poema critica a maneira de falar do povo brasileiro, sobretudo das classes incultas que desconhecem o nível formal da língua.

III. Para ele, os falantes que dizem “mio”, “mió”, “pió”, “teia”, “teiado”, de certa forma, constroem um “telhado”, ou seja, criam novas formas de pronúncia que se sobressaem, em muitos casos, à norma culta.

IV. A palavra “vício”, encontrada no título do poema, denota certo preconceito linguístico do autor, que julga a norma culta superior ao coloquialismo presente na fala das pessoas menos esclarecidas.

a)   Todas estão corretas.

b)   I e III estão corretas.

c)   I, III e IV estão corretas.

d)   II e III estão corretas.

04 – No contexto histórico-cultural do movimento modernista brasileiro, o poema “Vício na fala” tem como motivação uma importante questão para os seus maiores representantes, particularmente Mário de Andrade e Oswald de Andrade. Trata-se de

a)     Experimentar uma estética revolucionária, que seja uma possibilidade para a interpretação da realidade nacional.

b)     Criticar a elite cultural nacional por reconhecer e reverenciar o valor literário dos erros da norma linguística não culta.

c)     Valorizar a tendência principal do movimento realista brasileiro: tornar irrelevantes os erros gramaticais da fala popular.

d)     Ironizar a pretensão literária dos autores pré-modernistas, cujos textos tinham por base os desvios da norma culta.

05 – Assinale a alternativa correta sobre a variedade do português utilizado na construção do poema.

a)   O texto trata de vícios de linguagem na fala de descendentes de imigrantes italianos e alemães na Região Sul do Brasil.

b)    O poeta se refere a uma variedade de língua usada no Brasil pelos escravos, que desapareceu após a abolição da escravatura.

c)   O autor aborda a pronúncia estereotipada dos brasileiros que moram em regiões de fronteira e têm contato com a língua espanhola.

d)   O poema apresenta exemplos de variação linguística no português falado no Brasil, característica de diferentes grupos sociais.

e)   O poema critica o modo como as pessoas incultas usam a língua portuguesa no Brasil.

06 – De quem o poeta está falando?

      O poeta refere-se ao povo (aos trabalhadores) brasileiros.

 

TEXTO: RETALHOS CÓSMICOS - MARCELO GLEISER - COM GABARITO

 TEXTO: RETALHOS CÓSMICOS   

  Marcelo Gleiser

        Olhar para o céu noturno é quase um privilégio em nossa atribulada e iluminada vida moderna. Companhias de turismo deveriam criar “excursões noturnas”, em que grupos de pessoas são transportados até pontos estratégicos para serem instruídos por astrônomos sobre maravilhas do céu noturno. Nasceria, assim, o “turismo astronômico”, a fim de complementar perfeitamente o novo turismo ecológico. E por que não?

        Turismo astronômico ou não, talvez a primeira impressão ao observarmos o céu noturno seja uma sensação com itens diversos: paz, permanência, sossego, profunda ausência de movimento, fora um eventual avião ou mesmo um satélite distante (uma estrela que se move!).

        Vemos incontáveis estrelas, emitindo sua radiação eletromagnética, perfeitamente indiferentes às atribulações humanas. Essa idealização pacata para os céus é muito distinta da visão de um astrofísico moderno. As inocentes estrelas são verdadeiras fornalhas nucleares, de modo que produzem uma quantidade enorme de energia a cada segundo.

        A título de exemplo, a morte de uma estrela modesta como o Sol virá acompanhada de uma explosão que chegará até a nossa vizinhança, transformando tudo o que encontrar pela frente em poeira cósmica. No entanto, o leitor não precisa se preocupar com esse perigo de extinção da vida na Terra; porque o Sol ainda produzirá energia “docilmente” por mais uns 5 bilhões de anos.

Fonte: (Marcelo Gleiser, Retalhos Cósmicos)

Entendendo o texto:

01 – Acerca do texto de Marcelo Gleiser, há uma referência correta em:

a)   Na primeira frase do texto, os termos “atribulada” e “iluminada” caracterizam dois aspectos contraditórios e inconciliáveis a que o autor chama de “vida moderna”.

b)   No terceiro parágrafo, o sentido da expressão “perfeitamente indiferentes às atribulações humanas” indica que se desfez aquela “primeira impressão” e desapareceu a “sensação de paz”.

c)   No quarto parágrafo, a expressão “estrela modesta”, referente ao Sol, implica uma avaliação que vai além das impressões ou sensações de um observador comum.

d)   No último parágrafo afirma-se que as estrelas são inocentes por serem capazes de produzir uma quantidade enorme de energia a cada segundo.

02 – O autor considera a possibilidade de se olhar para o céu noturno a partir de duas distintas perspectivas, que se evidenciam no confronto das expressões:

a)   “Maravilhas do céu noturno” / “Sensação de paz”.

b)   “Instruídos por um astrônomo” / “Visão de um astrofísico”.

c)   “Radiação eletromagnética” / “Quantidade enorme de energia”.

d)   “Poeira cósmica” / “Visão de um astrofísico”.

e)   “Ausência de movimento” / “Fornalhas nucleares”.

03 – De acordo com o texto, as estrelas:

a)   São consideradas “Maravilhas doo céu noturno” pelos observadores leigos, mas não pelos astrônomos.

b)   Possibilitam uma “Visão pacata dos céus”, impressão que pode ser desfeita pelas instruções de um astrônomo.

c)   Produzem, no observador leigo, um efeito encantatório, em razão de serem “verdadeiras fornalhas nucleares”.

d)   Promovem um espetáculo noturno tão grandioso, que os moradores das cidades modernas se sentem privilegiados.

e)   Confundem-se, por vezes, com um avião ou um satélite, por se movimentarem do mesmo modo que estes.

04 – Considere as seguintes afirmações:

I – Na primeira frase do texto, os termos “atribulada” e “iluminada” caracterizam dois aspectos contraditórios e inconciliáveis do que o autor chama de “vida moderna”.

II – No segundo parágrafo, o sentido da expressão “perfeitamente indiferentes às atribulações humanas” indica que já se desfez aquela “primeira impressão” e desapareceu a “sensação de paz”.

III – No terceiro parágrafo, a expressão “estrela modesta”, referente ao sol, implica uma avaliação que vai além das impressões ou sensações de um observador comum.

Está correto apenas o que se afirma em:

a)   I.

b)   II.

c)   III.

d)   I e II.

e)   II e III.

05 – Transpondo-se corretamente para a voz ativa a oração “para serem instruídos por um astrônomo (...)”, obtém-se:  

a)   Para que sejam instruídos por um astrônomo (...).

b)   Para um astrônomo os instruírem (...).

c)   Para que um astrônomo lhes instruíssem (...).

d)   Para um astrônomo instruí-los (...).

e)   Para que fossem instruídos por um astrônomo (...).

06 – Na frase “O sol ainda produzirá energia (...)”, o advérbio ainda tem o mesmo sentido que em:

a)   Ainda lutando, nada conseguirá.

b)   Há ainda outras pessoas envolvidas no caso.

c)   Ainda há cinco minutos ela estava aqui.

d)   Um dia ele voltará, e ela estará ainda à sua espera.

e)   Sei que ainda serás rico.

 

CONTO: TRABALHADORES DO BRASIL - WANDER PIROLI - COM GABARITO

 Conto: Trabalhadores do Brasil

             Wander Piroli

    Como uma ilha entre as pessoas que se comprimiam no abrigo de bonde, o homem mantinha-se concentrado no seu serviço. Era especialista em colorir retrato e fazia caricatura em cinco minutos. No momento ele retocava uma foto de Getúlio Vargas, que mostrava um dos melhores sorrisos do presidente morto.

        O homem estava sentado num tamborete rústico, com os joelhos cruzados e a cabeça baixa. À sua direita havia uma mesinha de desarmar, entulhada de lápis de vários tipos e cores, folhas de papel em branco, borrachas, tesoura e um pouco de estopa. Havia ainda uma tabuleta em cima da pequena mesa, apoiando-se na pilastra onde estavam expostos seus trabalhos: fotografias coloridas de grandes personalidades e caricaturas também de grandes personalidades.

        Nem sequer a chegada do bonde fez o homem levantar a cabeça. Trabalhava variando de lápis calmamente, como se não tivesse nenhuma pressa ou mesmo não desejasse terminar o serviço. Getúlio na foto continuava sorrindo para o homem com um de seus melhores sorrisos.

        Uma mulher esturrada, de alpargata e vestido muito largo, aproximou-se e parou à sua frente. O homem levantou a cabeça:

        -- Você, Maria.

        Ela moveu o rosto com dificuldade e fez o possível para sorrir, fixando atenta e profundamente a cara do homem.

        -- Aconteceu alguma coisa?

        -- Não – murmurou a mulher.

        O homem pôs a fotografia e o lápis na mesa e esperou que a mulher falasse. Olhavam-se como duas pessoas de intensa convivência.

        -- Não houve mesmo nada? – tornou o homem.

        -- Claro que não, Zé. Eu vim à toa.

        -- E os meninos?

        -- Mamãe está com eles.

        -- Como é que você arranjou para chegar até aqui?

        -- Uai, eu vim.

        -- A pé? Você não devia ter vindo, Maria. Estou achando que houve alguma coisa.

        -- Não teve nada, não. Mamãe chegou lá em casa e então eu aproveitei para dar um pulo até aqui.

        -- Ah – o homem sorriu. E uma onda de carinho, quase imperceptível, assomou-lhe o rosto lento e sofrido.

        -- Fez alguma coisa hoje, Zé?

        -- Fiz um – respondeu levantando-se. – Senta aqui. Você deve estar cansada.

        A mulher sentou no tamborete, desajeitada.

        -- Você não devia ter vindo, Maria – disse o homem.

        -- Eu sei, mas me deu vontade. Mamãe ficou lá com os meninos.

        -- Mas ela não estava doente?

        -- Você sabe como mamãe é.

        -- E o Tonhinho?

        -- Está lá. 

        -- O carnegão saiu?

        A mulher fez sim com a cabeça e em seguida olhou para o abrigo, onde havia pequenas lojas de frutas, café, pastelaria.

        -- Espera um pouquinho aí – disse o homem, e caminhou na direção de uma das lojas.

        A mulher permaneceu sentada no tamborete, observou por um momento o vendedor de agulhas, que continuava gritando, depois deteve a vista na foto de Getúlio Vargas sorrindo para os trabalhadores do Brasil. O homem reapareceu com um saquinho manchado de gordura.

        -- Esses pastéis.

        -- Oh, Zé, para que você fez isso?

        -- Vamos, come um.

        -- Você não devia ter comprado.

        -- Vamos.

        A mulher retirou um pastelzinho do saco e começou a mastigá-lo com muito prazer.

        -- Come o outro, Zé.

        -- Já comi uns dois hoje. Esse outro também é seu.

        -- Então eu vou levar ele pros meninos.

        -- É pior, Maria.

        O homem ficou de pé, ao lado da mulher, observando-a comer o segundo pastel. A mulher acabou de comer, limpou a boca na manga do vestido e fez menção de levantar-se:

        -- Fica aqui, Zé. Pode aparecer alguém.

        -- Não, eu passei a manhã toda assentado.

        A mulher sentada e o homem em pé conservaram-se silenciosos durante um breve e ao mesmo tempo longo momento, ora olhando um para o outro, ora cada um olhando as pessoas agora espalhadas no abrigo ou não olhando coisa nenhuma. A mulher se ergueu:

        -- Acho que eu vou andando. 

        -- Já vai?

        -- Mamãe não aguenta eles, você sabe.

        -- Ah, é mesmo. Você não devia ter vindo.

        O homem tirou uma nota de dentro do bolso do paletó e estendeu-a para a mulher.

        -- Volta de bonde.

        -- Não, Zé.

        -- É muito longe, criatura.

        -- Não.

        -- Ora, minha nega.

        A mulher pegou o dinheiro com a mão indecisa.

        -- Vou ver se levo.

        O homem assentiu com a cabeça, abriu a boca mas não disse nada. A mulher desviou o rosto e piscou os olhos várias vezes.

        -- Não chega tarde não, viu, Zé.

        -- Chego não.

        -- Você vai fazer.

        -- Hoje eu sei que vai melhorar.

        -- Vai sim, Zé. Eu seu que vai. Eu sei.

        A mulher se afastou rapidamente, sem voltar o rosto. O homem empinou-se um pouco para vê-la atravessar a rua. Depois sentou no tamborete e pegou um lápis e o retrato.

        Durante muito tempo o homem permaneceu com a cabeça baixa, imóvel dentro de sua ilha, curvado sobre a foto que mostrava o presidente morto com aquele sorriso de seus melhores dias.

                                       Wander Piroli. A mãe e o filho da mãe: e a máquina de fazer amor. Belo Horizonte: Leituras, 2009.

                       Fonte: Livro – Para Viver Juntos – Português – 9° ano – Ensino Fundamental – Anos Finais – Edições SM – p. 46-50.

Entendendo o conto:

01 – Qual é o principal evento narrado nesse conto?

      O conto narra a visita de uma mulher a seu companheiro (ou marido), no local onde ele trabalha.

02 – As personagens conversam pouco, porém algumas de suas ações revelam o sentimento que poderia existir entre elas.

a)   Qual é, provavelmente, esse sentimento?

Sentimento de carinho, afeição.

b)   Copie o quadro abaixo no caderno e complete-o com atitudes das personagens que sugerem esse sentimento ao leitor.

-- Sem que a mulher peça, o homem:

* Levanta do tamborete e oferece a ela o lugar;

* O homem compra pastéis para a mulher;

* Oferece dinheiro para que ela volte de bonde.

-- Ela, em troca:

* Faz menção de devolver o lugar oferecido;

* Oferece a ele o segundo pastel;

* A mulher recomenda a ele que não chegue tarde e mostra esperança de que o dia melhore (que ele tenha trabalho).

03 – Releia este trecho:

        “-- Não houve mesmo nada? – tornou o homem.

         -- Claro que não, Zé. Eu vim à toa.

         [...]

         -- A pé? Você não devia ter vindo, Maria. Estou achando que houve alguma coisa.

        -- Não teve nada, não. Mamãe chegou lá em casa e então eu aproveitei para dar um pulo até aqui.

        [...]

        -- Você não devia ter vindo, Maria – disse o homem.

        -- Eu sei, mas me deu vontade.”

a)   Dentre as opções abaixo, copie a resposta certa: O que o homem tem a intenção de dizer à mulher, ao repetir que ela não deveria ter ido até a praça?

·        Que ela cometeu um grave erro indo até lá.

·        Que ela não precisava ter feito tal sacrifício só para vê-lo.

b)   A mulher afirma que sua visita não foi motivada por nenhum problema. O que a teria levado até lá?

Ela foi porque teve vontade, porque quis estar perto do marido.

c)   O fato de a visita da mulher não ter sido motivada por um problema reforça ou contradiz o sentimento que, possivelmente, as personagens alimentam uma pela outra? Explique.

Reforça, pois, pelos comentários do homem, percebemos que ela fez um sacrifício indo até lá, e apenas para vê-lo por uns momentos.

04 – Releia estas passagens.

        I – Ela [...] fez o possível para sorrir, fixando atenta e profundamente a cara do homem.

        II – O homem [...] esperou que a mulher falasse. Olhavam-se como duas pessoas de intensa convivência.

        III – O homem ficou de pé, ao lado da mulher, observando-a comer o segundo pastel.

        A comunicação entre as personagens, nesses trechos, acontece por meio de um gesto específico. Qual?

      O olhar.

05 – As falas das personagens são curtas. Essa característica da linguagem pode ser associada a certa reserva ou secura na manifestação do afeto entre as personagens. Copie um trecho do texto em que o narrador confirma esse jeito de ser das personagens.

      “Ela moveu o rosto com dificuldade e fez o possível para sorrir, fixando atenta e profundamente a cara do homem.”

      “-- Ah – o homem sorriu. E uma onda de carinho, quase imperceptível, assomou-lhe o rosto lento e sofrido.”.

06 – Analise as circunstâncias em que acontece o encontro das personagens.

a)   Em que horário do dia deve ter ocorrido? Em que você se baseia para concluir isso?

Provavelmente no fim da manhã, já que Zé diz que passara a manhã toda sentado.

b)   Quantos trabalhos o homem tinha feito até aquele momento?

Apenas um.

c)   As personagens dizem que o dia vai melhorar, ou seja, que Zé vai ter mais trabalho. Elas se baseiam em algum dado objetivo para prever isso? Explique.

Elas não se baseiam em dados objetivos; trata-se mais de um desejo de que o dia melhore do que de uma previsão realista.

07 – Os silêncios, as falas curtas das personagens e a ausência de demonstrações de alegria e de afeto reforçam qual das ideias a seguir? Copie a resposta no caderno.

a)   A ideia de que a vida dura que as personagens levam as fez se cansarem uma da outra e tornou-as pessoas sem sentimentos.

b)   A ideia de que as personagens levam uma vida dura, enfrentando dificuldades financeiras, carente de alegria e prazeres.

08 – A vida das personagens do conto é marcada pela pobreza. Para cada item a seguir, anote as informações do texto que comprovam isso.

a)   Meio de transporte utilizado pela mulher.

Ela faz o percurso a pé na ida; na volta, para economizar, reluta em tomar o bonde.

b)   Aparência das personagens.

O homem tem rosto lento e sofrido; a mulher é esturrada.

c)   Maneira como a mulher se veste.

Ela usa um vestido muito largo e alpargatas.

d)   Ocupação do homem.

Retoca retratos e faz caricaturas em uma banca armada em um abrigo de bonde.

CLIPPING: CARTA CAPITAL - MAIS DO QUE UM DIÁRIO - (FRAGMENTO) - FÁBIO CIPRIANI - COM GABARITO

 Clipping: Carta CapitalMais do que um diário - Fragmento

             Fábio Cipriani

        [...]

Embora a internet tenha sido criada em 1969, a revolução começou de fato quando as ferramentas necessárias para a produção de artigos na rede ficaram simples e compreensíveis para grande parte dos usuários. Elas foram oferecidas por sites de hospedagem, como o Xanga.com, fundado em 1999, nos EUA. A partir dali o próprio usuário podia facilmente criar sua página e escrever o que quisesse para que todos o Jessem. Estava subvertida a ordem. Não era mais necessário ter o conhecimento técnico ou dinheiro para comprar um domínio na internet – era o advento da verdadeira liberdade de expressão virtual. Nascia o blog.

        O problema é que o volume de informações acumulado nos blogs cresce muito mais rápido do que os meios de filtrá-las. “O internauta precisa manter um índice de desconfiança, do contrário torna-se politicamente ingênuo e sujeito a intempéries como e-mails perigosos e informações falsas”, alerta Trivinho.

        [...]

                                                                                     Disponível em:                                    http://www.fabiocipriani.com/midia/clipping-carta-capital-mais-do-que-um-diario.

Acesso em: 3 maio 2015.

                    Fonte: Livro – Para Viver Juntos – Português – 9º ano – Ensino Fundamental – Anos Finais – Edições SM – p. 74.

Entendendo o clipping:

01 – Por que é um problema o fato de o volume de informações nos blogs crescer mais rápido do que os meios de filtrá-las?

      Porque isso exige do internauta uma atenção e uma desconfiança muito maiores em relação ao que lê nos blogs, já que pode haver desde informações erradas até disseminação de preconceito e indução a comportamento inadequados.

02 – Identifique e classifique a oração subordinada substantiva no trecho em destaque no último parágrafo (para isso, primeiro encontre os verbos do período).

      Verbo: é, cresce; “Que o volume de informações acumuladas nos blogs cresce muito mais rápido”: oração subordinada substantiva predicativa.

03 – Copie as frases abaixo no caderno e complete-a com a mesma informação (o volume de informações acumuladas nos blogs cresce muito mais rápido do que os meios de filtrá-las). Empregue orações subordinadas substantivas.

a)   O problema é este:

O problema é esse: que o volume de informações acumuladas nos blogs cresce muito mais rápido do que os meios de filtrá-las.

b)   O usuário dessa ferramenta precisa ter consciência.

O usuário dessa ferramenta precisa ter consciência de que o volume de informações acumuladas nos blogs cresce muito mais rápido do que os meios de filtrá-las.

04 – Classifique as orações subordinadas que você acrescentou às frases do item 3.

      As orações são, respectivamente, subordinada substantiva apositiva e subordinada substantiva completiva nominal.