quinta-feira, 19 de setembro de 2019

POEMA: A CRISTO N.S. CRUCIFICADO, ESTANDO O POETA NA ÚLTIMA HORA DE SUA VIDA - GREGÓRIO DE MATTOS E GUERRA - COM GABARITO


Poema: A CRISTO N. S. CRUCIFICADO, estando o poeta na última hora de sua vida
          
     Gregório de Mattos e Guerra

Meu Deus, que estais pendente de um madeiro,
Em cuja lei protesto de viver,
Em cuja santa lei hei de morrer,
Animoso, constante, firme e inteiro:

Neste lance, por ser o derradeiro,
Pois vejo a minha vida anoitecer;
É, meu Jesus, a hora de se ver
A brandura de um Pai, manso Cordeiro.

Mui grande é o vosso amor e o meu delito;
Porém pode ter fim todo o pecar,
E não o vosso amor que é infinito.

Esta razão me obriga a confiar,
Que, por mais que pequei, neste conflito
Espero em vosso amor de me salvar.

                    Gregório de Mattos. “A Cristo Senhor Nosso...”. In: AMADO, James. Obras completas de Gregório de Mattos. Bahia, Janaína, 1969. v. l, p. 47.
Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p. 148-9.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:
  • Madeiro: Cruz.
  • Protesto: Prometo.
  • Animoso: Amoroso.
  • Inteiro: Resoluto, decidido.
02 – Por que o poeta se mostra confiante em obter o perdão divino? Em que estrofe ele justifica a sua confiança?
      Porque o amor divino é infinito.

03 – Que diferença o poeta mostra entre o pecado humano e o amor divino?
      O pecado humano é finito e o amor divino é infinito.

04 – A antítese é uma das figuras predominantes no estilo Barroco, revelando os conflitos. Copie as antíteses que se encontram no poema.
      “Em cuja lei protesto de viver / Em cuja santa lei hei de morrer”; “porém pode ter fim todo o pecar, /e não o vosso amor, que é infinito.”

05 – Há duas entidades no poema: a divina (Cristo) e a humana (o poeta). Quais são as doutrinas que se associam a esta oposição, uma medieval e a outra renascentista?
      O teocentrismo e o antropocentrismo.



CONTO: DEMETER E PERSÉFONE - CLAUDE POUZADOUX - COM QUESTÕES GABARITADAS

CONTO: Demeter e Perséfone


      Hades aproveitou um dia em que Perséfone passeava sozinha. Quando ela se inclinou para aspirar o perfume de uma flor, a terra tremeu com grande estrondo. Uma falha se abriu bruscamente, e dela surgiu o deus do Inferno, num carro puxado por quatro cavalos negros. A jovem nem teve tempo de se recuperar do susto, porque ele a agarrou pela cintura e a levou consigo. O carro sumiu tão depressa quanto tinha aparecido, e a brecha se fechou atrás deles.
          Os gritos desesperados de Perséfone foram ouvidos por sua mãe, Deméter. Ela acudiu, mas tarde demais. Nada assinalava a passagem do deus. Somente o ar agitado conservava o vestígio dessa aparição súbita, e as flores caídas atestavam silenciosas uma agitação recente.
         Apavorada, a pobre mãe não sabia mais aonde ia. Errava pelo lugar, esquecendo seus deveres para com os homens. Normalmente, sua função de deusa da colheita, do trigo e de todas as plantas lhe impunha vigiar a produção agrícola. Na ausência de Deméter, o trigo se recusou a germinar, as plantas cessaram de crescer, e a terra inteira se tornou estéril. Então os deuses resolveram intervir.
         O Sol, que tudo viu, revelou a Deméter onde estava sua filha. A princípio ela ficou aliviada por Perséfone estar viva, mas quando soube quem a detinha, exigiu que Zeus obtivesse sua libertação.
"Entendo sua dor de mãe", o deus lhe respondeu. "Intercederei por você junto a Hades. Ele vai devolver sua filha, ou não me chamo Zeus!"
         Mas Hades se negou a deixar a doce companheira partir. Deméter decidiu então abandonar suas funções. Pouco lhe importava como os deuses e os mortais viveriam sem ela. Ela também não podia viver sem a filha. Assumiu o aspecto de uma velhinha e se exilou voluntariamente na terra.
         Iniciou-se então um período cruel para os homens. De novo o solo secou, e a fome ameaçou a espécie humana. Essa situação não podia mais persistir. Os deuses se reuniram no palácio de Zeus e concordaram em persuadir Hades a devolver Perséfone à mãe. Zeus tomou a palavra:
         "Caro irmão, você é o soberano do reino subterrâneo. Como tal, age de acordo com a sua vontade, contanto que não se meta neste mundo. Ora, desde que você reteve Perséfone, sua mãe recusa alimento aos mortais. Pela mesma razão, os sacrifícios se fazem raros. Você não pode deixar essa situação se agravar. Devolva a moça!"
         "Está bem!", disse o deus esperto. "Mas antes preciso verificar se ela não comeu ou bebeu alguma coisa durante sua estada, senão ela não pode mais voltar à terra. E a lei."
         Interrogada, Perséfone respondeu com candura que tinha experimentado as sementes de uma romã. Hades exultou. Mas acabaram fazendo um trato: Deméter teve que aceitar que sua filha permanecesse três meses ao lado de Hades e subisse para ficar com ela o resto do ano.
        Assim é que, durante três meses, a terra se entristece, junto com Deméter, pela ausência de Perséfone. E o inverno, e o solo se torna improdutivo. Logo que a moça volta, a vida renasce, e a natureza inteira festeja o encontro entre mãe e filha. Somente Hades acha demorada essa primavera que o separa de sua companheira.

POUZADOUX, Claude. Contos e lendas da mitologia grega. São Paulo, Cia. das Letras, 2001, p. 77-80.
Fonte: Livro – Português – 5ª Série – Linguagem Nova – Faraco & Moura – Ed.Ática -  2002 – p. 74 a 78.

Estudo do texto
1)   O texto lido é uma história retirada da mitologia. Esse texto estaria adequado num livro de Ciências ou de Geografia como explicação científica para a sucessão de estações do ano? Por quê?
Não. Trata-se de um texto ficcional, inadequado a uma explicação científica dos fatos.

2)   Raptos são frequentes na mitologia.
Pesquise e responda. Que pena a lei brasileira prevê para o crime de rapto?
O art. 219 do Código Penal cuidava do crime de “rapto violento ou mediante fraude”.
Conforme a narração típica, configurava referido crime: “Raptar mulher honesta, mediante violência, grave ameaça ou fraude, para fim libidinoso”. A pena era de reclusão, de dois a quatro anos.
A nova lei aboliu a expressão “mulher honesta” do Código Penal e também cuidou de acrescentar, entre outras regras já analisadas, o inciso V ao §1º do art. 148, com a seguinte redação: “Se o crime é praticado com fins libidinosos”.
O art. 148 tipifica o crime de sequestro ou cárcere privado, contendo formas qualificadas no § 1º, sendo estas punidas com reclusão, de dois a cinco anos.
3)   ... a terra tremeu com grande estrondo. Uma falha se abriu... Você sabe explicar como acontece um terremoto?
A “casca” da Terra (a litosfera) é formada por placas que se movimentam alguns centímetros por ano. Quando esse movimento atinge o limite de resistência das rochas, ocorre uma ruptura. O movimento repentino dos blocos de cada lado dessa ruptura gera vibrações que se propagam em todas as direções. Os terremotos ocorrem mais frequentemente no contato entre duas placas litosféricas, mas podem ocorrer no interior de uma delas, sem que a ruptura atinja a superfície.
4)   Na mitologia romana, a deusa que representa a agricultura é Ceres. Que palavra, em português, relaciona-se com o nome dessa deusa?
Cereal.             
5)   “Você não pode deixar essa situação se agravar. Devolva a moça!”
a)   Que entonação Zeus certamente utilizou ao dizer a frase destacada?
Tom de ordem.
b)   Reescreva a frase para que seja lida como um pedido.
“por favor”, “por obséquio”, etc.






terça-feira, 17 de setembro de 2019

SONETO: DE QUANTAS GRAÇAS TINHA, A NATUREZA - LUIZ VAZ DE CAMÕES - COM GABARITO

Soneto: De quantas graças tinha, a Natureza
           
   Luiz Vaz de Camões

De quantas graças tinha, a Natureza
Fez um belo e riquíssimo tesouro,
E com rubis e rosas, neve e ouro,
Formou sublime e angélica beleza.

Pôs na boca os rubis, e na pureza
Do belo rosto as rosas, por quem mouro;
No cabelo o valor do metal louro;
No peito a neve em que a alma tenho acesa.

Mas nos olhos mostrou quanto podia,
E fez deles um sol, onde se apura
A luz mais clara que a do claro dia.

Enfim, Senhora, em vossa compostura
Ela a apurar chegou quanto sabia
De ouro, rosas, rubis, neve e luz pura.

Luís Vaz de Camões. “Soneto”. In: Obra completa. Rio de Janeiro, Aguilar, 1963. p. 530.
Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p. 124-5.

Entendendo o soneto:

01 – Com relação ao número de estrofes e de versos, como está estruturado o soneto de Camões?
      Em quatro estrofes: 02 quartetos e 02 tercetos.

02 – Identifique os elementos da Natureza presentes nesse soneto.
      Rubis, neve, ouro/metal louro; rosas; boca, rosto, cabelo, peito, olhos; sol / luz.

03 – O soneto camoniano pertence a que gênero literário?
      Gênero lírico.

04 – Segundo Platão, devemos amar mais a beleza espiritual do que a material. Camões descreve-nos a mulher revestida por uma luminosidade espiritual, idealizando-a. Que versos do soneto melhor exemplificam esta afirmação?
      “Formou sublime e angélica beleza”; “A luz mais clara que a do claro dia”.

05 – O poeta buscou no mundo natural os elementos que serviram como termos de comparação na descrição da mulher amada. Que característica da estética clássica revela-se nessas comparações?
      A harmonia entre o ser humano e a natureza.

06 – Como é chamado o movimento de grande transformação política, econômica e cultural que assinala o início dos tempos modernos?
      Renascimento.


CRÔNICA: BARROCO, ALMA DO BRASIL - AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA - COM GABARITO -

Crônica: Barroco, Alma do Brasil
           
 Affonso Romano de Sant’Anna

        Já se disse airosamente que o futebol brasileiro, com suas improvisações e dribles surpreendentes, teria algo a ver com o Barroco. As pernas tortas de Garrincha, a instabilidade que provocava no adversário, o improviso rápido e fulminante de Pelé ou as circunvoluções de Tostão marcaria um tipo de jogo oposto ao futebol-força praticado modernamente. Mas a encenação que, resumindo a alma brasileira, reúne espetacularmente as contradições barrocas é o desfile do carnaval na avenida.
        O carnaval carioca, congregando esculturas populares, música e dança, constitui-se numa ópera barroca e popular, numa grande procissão profana, numa exibição do triunfo da premonição dionisíaca e apocalíptica de que ‘‘tudo vai acabar na quarta-feira.’’
        Se fizéssemos uma coleta das afirmativas e alusões feitas nos últimos anos sobre a alma brasileira e o barroco seria um não acabar. (...) Roger Bastide, que veio ao Brasil dar uns cursos e acabou passando aqui a maior parte de sua vida, via em nossas florestas a continuação dos templos barrocos.
                            Affonso Romano de Sant’Anna. “Barroco, alma do Brasil”. Rio de Janeiro, Bradesco Seguros / Comunicação Máxima, 1997. p. 202.
Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p. 140-1.

Entendendo a crônica:

01 – De acordo com a crônica, qual o significado das palavras abaixo:
·        Airoso: Gentil, honroso.

·        Circunvolução: Movimento à volt de um centro; contorno sinuoso; saliência ondulada; voltas da coluna torcida.

·        Congregar: Reunir.

·        Profana: O que não é sagrado ou é contrário ao respeito devido às coisas sagradas.

·        Memento Mori: ‘‘lembra-te de que deves morrer’’.

·        Premonição: Aviso, pressentimento.

·        Dionisíaco: Cuja natureza é semelhante ao deus grego da alegria e do vinho.

02 – Para caracterizar a alma barroca do Brasil, o cronista utiliza algumas comparações que aproximam o futebol da arte barroca. Escreva em seu caderno as correlações que ele estabelece entre os fatos futebolísticos a seguir e o Barroco.
a)   A instabilidade que Garrincha provoca nos adversários.
Ao contrário da arte renascentista, o Barroco reflete os conflitos, a desarmonia e o desequilíbrio da época.

b)   As circunvoluções de Tostão.
A arquitetura barroca caracteriza-se pela profusão de formas e ornamentos; nos textos, a ordem inversa torna o discurso suntuoso.

03 – Ao referir-se às pernas tortas de Garrincha, o cronista também realiza uma associação com a arquitetura barroca. Veja a foto de um chafariz e explique esta associação.
      O chafariz possui ornamentos curvos, sinuosos.

04 – O Barroco é fruto da tentativa de conciliação entre o espiritualismo medieval (teocêntrico) e o humanismo renascentista (antropocêntrico), do que resultou o chamado “jogo dos” e a profusão de antíteses e paradoxos. Para o cronista, de que maneira este elemento estaria presente na alma brasileira?
      Através do carnaval.

05 – “A vida é passageira”, dizia o homem barroco. Essa consciência da transitoriedade da vida, relacionada à presença da morte e da degradação física e moral é outra característica do Barroco. Que verso citado pelo cronista retoma a ideia da frase latina “lembra-te de que deves morrer”, justificando assim a tolerância aos excessos do carnaval?
      “Tudo vai acabar na quarta-feira”.


POEMA: INVENÇÃO DE ORFEU -JORGE DE LIMA - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poema: Invenção de Orfeu
          
   Jorge de Lima – Canto VIII (Fragmento)

Era uma vez um povo de marujos
que quis passar às Índias impossíveis,
dobrando cabos, moçambiques, bacos,
nadando em Áfricas desertas e armadilhas.
Ó herança em meu sangue devastada!
Ó piloto afogado, ó rei sem nau!
[...]
Amo-te “idioma-vasco”, sempre ouvido
no clima dessas quíloas afogadas,
esses mares antigos navegados,
escorbutos comendo a língua viva,
sebastianismos vendo irreais reinos,
essa linguagem toda, minha fala.

                                       LIMA, Jorge de. “Invenção de Orfeu”. In: Poesias completas. Rio de Janeiro, Aguilar, 1974. v. 3. p. 203.
Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p.120-1.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o poema, qual o significado das palavras abaixo:

·        Bacos: Referência a Baco, Deus do vinho.

·        Escorbuto: Doença causada pela carência de vitamina C, caracterizada por hemorragias e queda dos dentes.

·        Orfeu: Personagem mitológica; poeta.

·        Quíloas: Referente a Quíloa, cidade situado em uma ilha da costa do Zanzibar, no oceano Índico.

·        Sebastianismo: Referente a D. Sebastião, rei de Portugal.

02 – Em que verso da primeira estrofe o poeta expressa a forte influência da cultura portuguesa em nossa formação? Transcreva-o.
      No 5° verso: “Ó herança em meu sangue devastada!”

03 – O poeta narra feitos humanos ou divinos?
      Feitos humanos.

04 – Por que o poeta se refere à nossa língua como “idioma-vasco”?
      Porque a língua portuguesa era o idioma de Vasco da Gama.

TEXTO:GREVE - GIANFRANCESCO GUARNIERI - COM GABARITO

Texto: Greve
      
   Gianfrancesco Guarnieri

[...]

Tião – Não te mete nisso, Bráulio!
Bráulio – Não te mete, não te mete! Assim é fácil! Me desculpe D. Romana, mas não sei porque seu filho veste calças!
Romana (confusa e irritada) – Pera aí, seu Bráulio! O que é que houve?
Tião – Nada, mãe! Só que eu fui um dos dezoito que furaram a greve. Só isso!
Bráulio – De tu eu não esperava isso, Tião!
Tião – Bráulio! Tu não sabe por que foi!
Bráulio – Não, velho, pra isso não tem desculpa. Tu traiu a gente e isso não tem desculpa.
Maria (segurando a mão de Tião) – Por que, Tião?
Tião – Não te preocupa, Maria. O que interessa pra gente é que eu não vou perde o emprego. Eu entrei, furei a greve, o encarregado tomou nota do nome da gente. Deu mil cruzeiros pra cada um de gratificação e disse que a gente não ia arrepende. Pra mim é o que basta.
Romana – Desta vez, filho, tu fez besteira!
Tião – Cada um resolve seus galhos como pode! O meu, eu resolvi desse jeito.
Bráulio – Traindo teus companheiros! Se todo o mundo pensasse assim, adeus aumentos, meu velho!
Tião – Eu não podia arrisca!
Bráulio – Arrisca o que?
Tião – Meu emprego. A gente precisa viver!
Bráulio – O que é que tu arriscava, não arriscava nada!
Tião – Como não? Se eu perco meu emprego como é que eu fico?
Bráulio – Não fica muito pior, não! Arriscá salário mínimo é o mesmo que não arriscá nada. E depois, todo mundo tem seus galhos pra quebrá, ninguém ia aguentá muito tempo. Tu quis agir sozinho, meu velho, e sozinho não adianta!
Tião (obstinado) – Greve é defesa de um direito. Eu não quis defender meu direito e chega!
Bráulio – Tu te sujou, Tião! Agora vai sê pior!...
Tião – Tenho meu emprego!
Bráulio (exaltando-se mais) – Ninguém vai perde o emprego, a gente já venceu a greve!
Tião – Podia não vencer!
[...]
               GUARNIERI, Gianfrancesco. Eles não usam black-tie. 7. ed. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1991. p. 99-100.
Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p. 86-7.

Entendendo o texto:

01 – As primeiras falas de Tião, Bráulio e Romana já nos permitem identificar a que classe social estes personagens pertencem. Que elemento nos permite, de imediato, essa identificação?
      A linguagem.

02 – Qual foi a reação de Maria ao saber que Tião tinha “furado” a greve?
      De surpresa.

03 – Na primeira fala de Romana, o autor da peça indica quais sentimentos a atriz que a interpretará deve demonstrar. Como Romana se sente diante da situação?
      Confusa e irritada.

04 – O que levou Tião a não participar da greve?
      O medo de perder o emprego.

05 – Você acha que a greve é um direito que deve ser exercido pelos cidadãos? Em que condições você admitiria uma greve de estudantes? Furar uma greve é um direito do indivíduo? Qual a importância da união entre trabalhadores para a conquista de direitos ou para a melhoria da qualidade de vida?
      Resposta pessoal do aluno.

domingo, 15 de setembro de 2019

POEMA: AUTO DA BARCA DO INFERNO (FRAGMENTO) - GIL VICENTE - COM GABARITO

Poema: Auto da barca do inferno (Fragmento)
           
    Gil Vicente
[...]
        Vem um Corregedor, carregado de feitos, e, chegando à barca do Inferno, com sua vara na mão, diz: 
Corregedor – Hou da barca!
Diabo – Que quereis?
Corregedor – Está aqui o senhor juiz!
Diabo – Oh amador de perdiz, gentil cárrega trazeis!
Corregedor – No meu ar conhecereis que não é ela do meu jeito.
Diabo – Como vai lá o direito?
Corregedor – Nestes feitos o vereis.
Diabo - Ora, pois, entrai. Veremos que diz i nesse papel...
Corregedor – E onde vai o batel?
Diabo – No Inferno vos poremos.
Corregedor – Como?! À terra dos demos há-de ir um corregedor?!
Diabo – Santo descorregedor, embarcai, e remaremos!
[...]
Corregedor – Oh! Renego da viagem e de quem me há-de levar! Há 'qui meirinho do mar?
Diabo - Não há cá tal costumagem.
Corregedor - Não entendo esta barcagem, nem hoc non potest esse.
Diabo - Se ora vos parecesse que não sei mais que linguagem!...
Entrai, entrai, corregedor!
Corregedor – Hou! Videtis qui petatis! Super jure magestatis tem vosso mando vigor?
Diabo – Quando éreis ouvidor / nonne accepistis rapina? / Pois ireis pela bolina / onde nossa mercê for.
[...]
 Gil Vicente. “Auto da barca do inferno”. In: Gil Vicente: Barca do inferno, Inês Pereira, Auto da Índia. Estabelecimento dos textos, apres. intr.. e notas de João Domingues Maia. 4. ed. São Paulo, Ática, 1998. p. 44-5.
Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p. 110-1.

Entendendo o poema:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Corregedor: Antigo magistrado cujas atribuições eram análogas às dos atuais juízes de direito.

·        Feitos: Autos judiciais, processos.

·        Cárrega: carga.

02 – Por que se pode afirmar que o “Auto da barca do inferno” é um auto de moralidade?
      Porque visa analisar e criticar os vícios e virtudes dos indivíduos.

03 – No “Auto da barca do inferno”, cada uma das personagens carrega consigo os símbolos da sua profissão. Que símbolo da sua profissão carrega o Corregedor?
      Os feitos, isto é, autos judiciais ou processos.

04 – De que o Diabo acusa o Corregedor?
      De ter aceitado subornos.

05 – Qual a relação que se pode estabelecer entre o Corregedor e a sua linguagem?
      O Corregedor usa expressões latinas que caracterizam a sua profissão.



MENSAGEM ESPÍRITA: MÃOS À OBRA - LIVRO PÃO NOSSO -EMMANUEL - CHICO XAVIER - PARA REFLEXÃO

Mãos à obra

“Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.” – Paulo.
 (1ª Epístola aos Coríntios, 14:26.)
A igreja de Corinto lutava com certas dificuldades mais fortes, quando Paulo lhe escreveu a observação aqui transcrita.
O conteúdo da carta apreciava diversos problemas espirituais dos companheiros do Peloponeso, mas podemos insular o versículo e aplicá-lo a certas situações dos novos agrupamentos cristãos, formados no ambiente do Espiritismo, na revivescência do Evangelho.
Quase sempre notamos intensa preocupação nos trabalhadores, por novidades em fenomenologia e revelação.
Alguns núcleos costumam paralisar atividades quando não dispõem de médiuns adestrados.
Por quê?
Médium algum solucionará, em definitivo, o problema fundamental da iluminação dos companheiros.
Nossa tarefa espiritual seria absurda se estivesse circunscrita à freqüência mecânica de muitos, a um centro qualquer, simplesmente para assinalarem o esforço de alguns poucos.
Convençam-se os discípulos de que o trabalho e a realização pertencem a todos e que é imprescindível se movimente cada qual no serviço edificante que lhe compete. Ninguém alegue ausência de novidades, quando vultosas concessões da esfera superior aguardam a firme decisão do aprendiz de boa-vontade, no sentido de conhecer a vida e elevar-se.
Quando vos reunirdes, lembrai a doutrina e a revelação, o poder de falar e de interpretar de que já sois detentores e colocai mãos à obra do bem e da luz, no aperfeiçoamento indispensável.

CRÔNICA: MODOS DE XINGAR - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

Crônica: MODOS DE XINGAR
               Carlos Drummond de Andrade 

        – BILTRE!
        – O que?
        – Biltre! Sacripanta!
        – Traduz isso para o português.
        – Traduzo coisa nenhuma. Além do mais, charro! Onagro!
        Parei para escutar. As palavras jorravam de um Ford de bigode. Quem as proferia era um senhor idoso, terno escuro, fisionomia respeitável, alterada pela indignação. Quem as recebia era um garotão de camisa esporte, dentes clarinhos emergindo da floresta capilar, no interior de um fusca. Desses casos de toda hora: o fusca bateu no Ford. Discussão. Bate-boca. O velho usava o repertório de xingamento de seu tempo e de sua condição: professor, quem sabe? Leitor de Camilo Castelo Branco.
        Os velhos xingamento. Pessoas havia que se recusavam a usar o trivial das ruas e botequins, e iam pedir a Rui Barbosa, aos mestres da língua, expressões que castigassem fortemente o adversário. Esse material seleto vinha esmaltar artigos de polêmica (polemizava-se muito, nos jornais do começo do século), discursos políticos (nos intervalos de estado de sítio, é lógico) e um pouco os incidentes de calçada.

                                     ANDRADE, Carlos Drummond de. Modos de xingar, In, Poesia e prosa. 5ª ed. Rio de Janeiro: Nova Aguiar, 1979, p. 1411-13.
Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p.94-5.
Entendendo a crônica:

01 – De acordo com a crônica, qual o significado das palavras abaixo:
·        Biltre: Homem vil, abjeto, infame.

·        Sacripanta: Pessoa desprezível, capaz de quaisquer violências e indignidades.

·        Charro: Rústico, grosseiro.

·        Onagro: Burro, jumento.

·        Ford de bigode: Automóvel do começo do século XX.

·        Trivial: Comum, vulgar, que é sabido de todos.

·        Esmaltar: Abrilhantar, dar cores diversas a alguma coisa, variar.

·        Estado de sítio: Suspensão temporária de certos direitos e garantias individuais.

02 – As duas personagens do texto de Drummond possuem características pessoais bastante contrastantes. O que, basicamente, caracteriza este contraste e justifica o emprego do vocabulário em desuso?
      A diferença de idade.

03 – Que outros elementos materiais contribuem para caracterizar a defasagem do tempo entre as personagens?
      O senhor dirigia um Ford de bigode, o jovem dirigia um fusca, que, à época em que o texto foi escrito, era considerado um carro moderno. Pode-se acrescentar, ainda, as diferenças de aparência entre os dois.

04 – Como o cronista caracteriza as palavras do velho senhor? Por quê?
      Como palavras estranhas, porque estavam fora de uso.

05 – Que fato linguístico podemos depreender do texto de Drummond?
      Que a língua, com o passar do tempo, sofre transformações.

06 – Qual o significado, no texto, da palavra Jorravam? Está em sentido conotativo ou denotativo?
      Saiam. Conotativo.